segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sri Srimad Bhagavad - Gita

Srimad Bhagavad Gita


Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja


Com comentários


Bhavanuvada de Srila Visvanatha Cakravarti Thakur, a jóia cristalina entre os mestres espirituais e guardião da Sri Gaudiya Sampradaya

&


Prakasika-Vrtti de Srila Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja, o melhor entre os Tridandi Sanyassis




Dedicado á

Sri Gurupadapadma

Sri Gaudiya Vedanta Acarya Kesari

Nitya Lila Pravista

Om Visnupada Astottarasata

Sri Srimad Srila

Bhakti Prajnana Kesava Goswami Maharaja


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O melhor da décima geração

Do Parampara de Sri Krsna

Caitanya Mahaprabhu

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Sri Caitanya Mahaprabhu e associados




Antes de mais nada, devemos saber pelo menos um pouco

sobre estes devotos Maha Bhagavatas (devotos puros quem são os comentaristas desta edição do Gita) que misericordiosamente nos iluminam com as puras e profundas explicações dos preciosos versos da Gita.

Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja é um devoto Rasika (aquele que está sempre saboreando a doçura do serviço devocional), vem servindo a Gaudiya Sampradaya por mais de sessenta anos ininterruptos, e trabalhou incansavelmente para que leitores sinceros de todo o mundo pudéssem compreender os profundos significados dos versos do Gita. Srila Bhaktivedanta Narayana Maharaja foi o idealizador deste projeto literário que complementa o extraordinário trabalho deixado por Bhaktivedanta Swami Maharaja (Prabhupada). Ele dedica esta edição ao seu amado Mestre Espiritual Nitya Lila Pravista Om Visnupad Sri Srimad Srila Bhakti Prajnana Kesava Goswami Maharaja, (o mais querido diiscípulo de Jagad Guru Bhaktisiddhanta Saravati Thakur e sanyassa Guru de sua Divina Graça Bhaktivedanta Swami Maharaja (Prabhupada).




Sri Srimad Srila Visvanatha Cakravarti Thakura é um Acarya renomado na nossa Sampradaya, Visvanatha quer dizer O Senhor do Universo, e " Cakravarti " significa rodiado em circulo, pois ele era sempre ouvido por devotos puros , que sentavam ao seu redor afim de aprender o caminho da devoção pura, e as conclusões filosóficas perfeitas. Ele é o principal seguidor de Srila Rupa Goswamipad e seus comentários são cheios de rasa.

Assim rendo-me milhões e milhões de vezes aos pés de lótus destes dois Vaishnavas, implorando pela sua misericórdia. Peço licença e inspiração também, ao presidente da Gaudiya Vedanta Samiti - Nitya Lila Pravista Om Visnupada Sri Srimad Srila Bhaktivedanta Vamana Goswami Maharaja, quem é um oceano de misericórdia e doçura, e á meu amado Sri Guru Paramaradyatta Gurupadpadma Sri Srimad Srila Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja , o melhor da décima primeira geração do Gaudiya Vaishnava Parampara e quem editou este extraordinário Bhagavad Gita, enriquecendo-o com seus maravilhosos comentários.


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Observações:

Srila Bhaktivinoda Thakura diz que embora Bhagavan Sri Krishna tenha dado instruções á Arjuna, na verdade estas instruções foram dadas para a liberação do mundo inteiro. Todas as conclusões da Gita levam o leitor ao objetivo final que é bhakti.





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A palavra brahma usada na Gita pode significar Bhagavan Sri Krishna, ou o seu aspecto impesssoal (ou seja, o brilho corpóreo que emana do corpo de Sri Krishna), mas Brahma indica o semi-deus Brahma (o primeiro ser criado).



Esta tradução tem como objetivo apresentar da maneira mais simples possível, os profundos comentários dos Acaryas dados nesta edição, tornando-os assim mais acessíveis aos leitores brasileiros. Perdoem qualquer erro que eu tenha cometido na tradução e digitação e por favor aceitem sua essência com o objetivo de realização transcendental.



B.V. Narayan Goswami Sevaka

Baladeva Das Brahmacari - Keshavaji Gaudiya Math (B.H) – 2009




Sri Hari, Ele toca sua flauta e assim rouba todos os corações.





Resumo dos dezoito capítulos da Gita por Sri Srimad Srila Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja




Capítulo 1- Sainya – Darsana:

Observando os exércitos ...................................

O Bhagavad Gita se compõe de dezoito capítulos cuja conclusão é bhakti. Arjuna atuou no campo de batalha como se estivesse imerso na lamentação e Krsna lhe explicou então que atma-dharma da entidade viva não tem relação alguma com o dharma do corpo, dinastia ou casta. A entidade viva é forçada á sofrer as misériasda lamentação, ilusão e do temor enquanto permanecer cativa de maya e considerar que o corpo é o próprio ser. Por tanto, é indispensável que aceite o refúgio de um guru genuíno(tattva-vit guru).


Capítulo 2 - Sankhya Yoga

O princípio das análises.........................................

A jiva percebe sua ignorância quando aceita o refúgio de um sad-guru e então trata de libertar-se das garras ilusórias de maya, abandonando seus pensamentos independentes e respeitando as instruções de Sri Gurudeva. O sad-guru está livre dos quatro defeitos – ilusão, propenssão á cometer erros, sentidos imperfeitos e a tendência á enganar-se – porque é uma um tattva – darsi ekantika - prema - bhakta. O sadhaka compreende a diferença entre a alma e o corpo material quando escuta as instruções da boca de lótus de seu misericordioso Gurudeva. Também compreende os efeitos degradantes do desfrute sensual e desenvolve apego por escutar acerca dos pensamentos, características e glórias dos sthita – prajna - munis. Logo, pela influência de sadhu-sanga, desperta em seu coração a consciência da necessidade de se obter tattva – jnana.


Capítulo 3 – Karma Yoga

O princípio da ação..................................................

A jiva compreende que karma-yoga consiste nos esfórços executados sem um desejo egoísta(niskama bhava) para o serviço de Bhagavan quando escuta as instruções dadas por Sri Krsna. Se seu coração está cheio de desejos de desfrute sensual, então a aceitação do hábito de sannyasi não é verdadeira renúnçia, senão que uma hipocrisia que jamais pode atrair auspiciosidade.

A jiva deve executar seu karma como um serviço á Sri Bhagavan porque a realização de karma para o desfrute sensual não produz nenhum resultado favorável. A execução de karma, como os yajnas védicos por exemplo, pode outorgar prazer sensual mundano, mas este prazer é temporário e está mesclado com infelicidade. Mesmo assim, karma yoga purifica o coração. Por tanto, é favorável abandonar todo tipo de akarma, vikarma e sakama karma e adotar unicamente o niskama-karma-yoga oferecido á Bhagavan.

Capítulo 4 – Jnana Yoga

O conhecimento transcendental .............................

O capítulo quatro começa com instruções sobre jnana-yoga. Primeiro explica que uma pessoa só pode obter tattva-jnana genuíno através da misericórdia de Sri Gurudeva, quem é um tattva-darsi. Esta misericórdia se manifesta através do proçesso de escutar de uma sucessão discipular fidedigna. Não se pode obter bhagavat tattva-jnana mediante o aprendizado mundano, inteligência ou conhecimento. Este capítulo explica também que em cada yuga aparece um avatara de Bhagavan. O nascimento e as atividades de Bhagavan são divinos ; é tolice e ofensivo pensar que são mundanos. Uma pessoa obtem tattva-jnana na associação de um tattva darsi guru, escutando gradualmente dele acerca das características de jnana-yoga e sua superioridade sobre karma-yoga. Ela pode cruzar fácilmente o oceano de nascimentos e mortes ao refugiar-se no tattva-jnana verdadeiro. O sadhaka não pode progredir se tem dúvidas sobre isto ; se carece de tattva-jnana ele se desviará do caminho, cairá e ficará novamente enredado no ciclo de karma.


Capítulo 5 – Karma-Sannyasa Yoga

Renúncia á ação ....................................................

O sadhaka obtém a qualificação para o karma sannyasa-yoga quando obtém tattva-jnana. Meste momento compreende que o verdadeiro sannyasa significa abandonar o apego pela ação e seus frutos. Para alguém cujo coração é ainda impuro, é benéfico e apropriado adotar o karma-yoga sem apegar-se ao processo e seus frutos, ao invés de renunciar completamente o karma. O niskama-karma-yoga oferecido á Bhagavan concede a qualificação para se obter a natureza do brahma ou brahmapada. Quem conhece o brahma obtém paz.

Capítulo 6 – Dhyana Yoga

O princípio da meditação .........................................

O sadhaka compreende á partir das instruções do tattva-vid guru que só se pode meditar em Bhagavan quando o coração está purificado. Um yogi ou sannyasi está livre de todo tipo de desejos materiais, pois ninguém pode alcançar a perfeição no yoga enquanto possui desejos de desfrute material. Uma pessoa que deseja alcançar a perfeição no yoga deve regular a ingestão de alimentos e atividades reáçionárias. Esta perfeição significa: 1- perceber Sri Bhagavan como Antaryami (superalma) no coração de todas as entidades vivas, e 2- compreender que todas as jivas existem apenas devido ao sustento e refúgio de Bhagavan. Este capítulo também declara que um bhakta é superior ao karmi, jnani ou yogi.


Capítulo 7 – Vijnana –Yoga

A compreenssão do conhecimento transcendental

O estudo constante destas instruções conduz á firme compreenssão e percepção de que Bhagavan Sri Krsna é o limite do para-tattva, A Realidade Absoluta Suprema e que além dele, não há outro parama -tattva. Uma pessoa pode liberar-se de maya apenas através da rendição exclusiva á seus pés de lótus. Há quatro tipos de pessoas que carecem de qualificação para dedicar-se ao Bhagavat bhajana porque executam atividades impiedosas. Estes são: os tolos, os deploráveis, os que possuem natureza demoníaca e os que possuem um conhecimento coberto por maya. Ao contrário, há quatro classes de pessoas dotadas de créditos piedosos (sukrti) que podem se dedicar á bhagavat-bhajana: os aflitos, os que buscam por fortuna, os questionadores e os jnanis. Os bhaktas de Bhagavan são difíçeis de ser encontrados neste mundo. Não se pode obter o benefício eterno através da adoração dos diversos semi-deuses(deva e devis).

Capítulo 8 – Taraka Brahma Yoga

Yoga com Parambrahma .....................................

Apenas os ekantikas bhaktas de Sri Krsna podem conhecer tattvas tais como o brahma-tattva, karma-tattva e adhibhuta-tattva, entre outros. Estes ekantika bhaktas podem alcançar Krsna muito facilmente. Os bhaktas de Bhagavan jamais nasce de novo. Bhagavan pode ser alcançado apenas mediante ananya bhakti(Gita 8.22).

Capítulo 9 – Raja - guhya Yoga

O conhecimento mais confidêncial .........................



O raja-vidya ou raja-guhya se refere unicamente –a suddha-bhakti-yoga. A prakrti, a natureza material, não é a causa original da criação cósmica, pois só obtém a potência para criar pela inspiração de Bhagavan. È tolo e ofensivo pensar que Bhagavan Sri Krsna é um ser humano ou que seu corpo sac-cit-ananda está composto pelos cinco elementos materiais igual aos corpos das almas condicionadas ordinárias ou baddha-jivas. Os mahatmas genuínos se dedicam ao bhajana de Sri Krsna com sentimentos devocionais exclusivos ou ananya bhava e Sri Krsna atende pessoalmente suas necessidades. A dedicaçãoi ao bhajana aos diversos devatas é contrária ás regras prescritas, pois Krsna é o único desfrutador e amo de todos os sacrifícios. Sri Bhagavan aceita tudo que seus suddha bhaktas lhe oferecemcom amor. O último verso deste capítulo, “man mana bhava mad-bhakto”, se concluique bhakti é o único meio para alcançar o Senhor Supremo.

Capítulo 10 – Vibhuti Yoga

A apreciação das opulências de Sri Bhagavan ......

Uma pessoa pode entender que Krsna é o fundamento de todas as vibhutis e saktis (energias), através do estudo sincero e constante deste capítulo. Também entende que todo universo material, junto com suas opulências, constituem apenas um quarto de sua grandeza. Ela pode compreender facilmente que tudo está direta ou inderatamente conectado á Bhagavan Sri Krsna quando obtém este conhecimento sobre os vibhutis. Bhagavan outorga buddhi-yoga á seus bhaktas para que possam entender o tattva-jnana. Assim, sua ignorância é destruída e eles se dedicam á bhagavat bhajan com amor.

Capítulo 11 – Visvarupa darsana yoga

A contemplação da forma universal do Senhor .......

Este capítulo revela que a visvarupa de Bhagavan é ilusória enquanto que a svarupa é transcendentale similar á humana. Apenas os bhaktas cujos olhos estão untados com prema podem obter o darsana(visão) da sua forma rasika sekhara. Bhagavan é alcançado apenas mediante ananya bhakti yoga.

Capítulo 12 – Bhakti Yoga

O serviço devocional puro ......................................

Este capítulo explica que Svayam Bhagavan Sri Krsna é a Realidade Suprema e o objeto supremo de adoração exclusiva da jiva. Os bhaktas dotados com ekantika bhakti são muito queridos por Ele. Pode-se alcançar Bhagavan facilmente aquele que pratica suddha bhakti, mas os nirvisesa brahmavadis só enfrentam misérias.

Capítulo 13 – Prakrti-Purusa-Vibhaga Yoga

A diferença entre a natureza material e o desfrutador.

Este capítulo oferece uma profunda compreensão da natureza material e da entidade viva. Através desta discussão, Bhagavan outorga tattva-jnana á seus bhaktas rendidos e os libera do oceano do mundo material.

Capítulo 14 – Guna-traya-Vibhaga Yoga

Os trê modos da natureza material

Um estudo analítico deste capítulo conduz á compreensaõ de que este mundo material desenvolve-se simplesmente pela ação e interação dos três gunas materiais: sattva, rajas e tamas. Os sadhakas que executam bhakti-yoga podem transcender estes três gunas com facilidade e finalmente obtém a qualificação para alcançar Bhagavan.

Capítulo 15 – Purusottama Yoga

A compreensão da Pessoa Suprema .....................

Este mundo material se extende desde os sistemas planetários inferiores até os superiores e as jivas são partes separadas ou amsas de Bhagavan. Aquieles que se opõem á Bhagavan são atados por seu karma e perambulam por diversas espécies de vida, inferiores e superiores. Uma pessoa pode receber a misericórdia de um Guru genuíno como resultado da sua boa fortuna e dedicar-se por completo ao bhajana de Sri Krsna.

Capítulo 16 – Daivasura Sampada Yoga

As qualidades divinas e demôniacas .....................

Este capítulo explica as naturezas divina e demoníaca. A jiva confundida por maya é controlada pela natureza divina ou demoniaca. Ela inclina-se á bhagavat-bhajana quando se refugia na natureza divina, mas quando adota a natureza demoníaca ela se opõe á Bhagavan e assim vai ao inferno. Aqueles que possuem esta natureza pregam a filosofia mayavada. Portanto é necessário liberar-se desta tendência mediante á execução de bhagavat-bhajana na associação dos suddha bhaktas.




Capítulo 17 – Sraddha-Traya-Vibhaga Yoga

Os três tipos de fé .........................................

Este capítulo explica os três tipos de fé. Uma pessoa desenvolve fé em sattva, rajo ou tamo de acordo com sua ssociação e natureza que adquiriu de seus samskaras prévios. A nirguna sraddha aparece no coração da jiva quando se associa com suddha bhaktas de Hari; assim ela dedica-se ao bhajana de Bhagavan, quem é nirguna. Estes bhaktas são verdadeiros sadhus.

Capítulo 18 – Moksa Yoga

O princípio da liberação ........................................

Este capítulo explica a essencia da Gita. Primeiro, Sri Krishna é identificado como o bhagavat-tattva supremo e logo imparte esta instrução confidencial. Aqui se explica que o rasamayi seva á Sri Krsna em sua morada suprema é alcançado através da seguinte sequência:

1. Rendição á ele
2. Praticar os nove processoa de bhakti
3. Refugio em bhava-bhakti




Conteúdo

Capítulo Um – Observando os exércitos

Capítulo Dois – Sankhya Yoga

Capítulo Tres – Karma Yoga

Capítulo Quatro – Jnana Yoga

Cápitulo Cinco – Karma Sannyasa Yoga

Capítulo Seis – Dhyana Yoga

Capítulo Sete – Vijnana Yoga

Capítulo Oito – Taraka Brahma Yoga

Capítulo Nove – Raja Guhya Yoga

Capítulo Dez – Vibhuti Yoga

Capítulo Onze – Visvarupa Darsana Yoga

Capítulo Doze – Bhakti Yoga

Capítulo Treze – Prakrti-Purusa-Vibhaga Yoga

Capítulo Quatorze – Guna Traya Vibhaga Yoga

Capítulo Quinze – Purusottama Yoga

Capítulo Dezeseis – Daivasura Sampada Yoga

Capítulo Dezesete – Sradha Traya Vibhaga Yoga

Capítulo Dezoito – Moksa Yoga.




Radha e Krishna



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Seva Kunja (por Syamarani Devi Dasi)


Sanjaya narrando a batalha ao Rei Drhtarastra





Capítulo 1



Observando os exércitos
Sloka 1



Dhrtarastra uvaca
Dharma ksetre kuruksetre

Samaveta yuyutsavah

Mamakah pandavas caiva

Kim akuvarta sanjaya

Dhrtarastra disse: Oh! Sanjaya, depois de se reunirem em Kuruksetra, a terra da religião, com o desejo de lutar, o que fizeram meus filhos e os filhos de Pandu?

Comentário Bhavanuvada de Srila Visvanatha Cakravarti

Thakura

A Suprema Verdade Absoluta, parabrahma Sri Krisna, cujos pés de lótus são o objetivo de toda adoração e de todos os sastras, apareceu em sua forma original, similar á humana, como Sri Vasudeva nandana, o filho de Sri Vasudeva em Sri Gopala Puri, mesmo sendo Adhoksaja, supramamente inconcebível , se fez visível aos olhos dos homens ordinários por meio de sua potencia chamada Yoga Maya. Ele ensinou á partir das instruções do Bhagavad Gita visando liberar as entidades vivas deste mundo que estavam se afogando no oceano de nascimentos e mortes. Ele as submergiu no grande oceano de prema (amor puro) ao dár-lhes saundarya-madhurya, um gosto pela doçura de sua beleza e outras qualidades. Apareceu neste mundo ao sentir-se obrigado por sua promessa de proteger as pessoas santas e aniquilar as demoniacas. Sem hesitar com o pretexto de eliminar a carga da terra, concedeu a proteção suprema na forma da liberação aos infiéis e á todos que eram antagonicos e que se afogavam no vasto oceano da existencia material, a qual é comparada com o planeta infernal onde as pessoas pecaminosas são queimadas em azeite fervente.

Bhagavan Sri Krsna instruiu o Bhagavad Gita para que mesmo depois de seu desaparecimento, pudesse liberar as almas condicionadas que desde tempos imemoriais se encontram sob a influençia da ignorancia e estão completamente sujeitas á lamentação, ilusão e outros sofrimentos. Outro propósito foi ressaltar suas glórias mencionadas nos sastras e cantadas pelos sábios. Ele ensinou o Bhagavad Gita á seu muito querido associado Arjuna, quem voluntariamente havia aceitado o sentimento de lamentação e ilusão.

O Gita se compõe de três divisões: Karma yoga, Jnana yoga e Bhakti Yoga. Os dezoito capítulos do Bhagavad Gita estão infundidos com o significado dos vedas manifestos em dezoito tipos de conhecimento. Desta maneira, Sri Krsna revelou o objetivo supremo. Nos primeiros seis capítulos descreve-se o niskama karma yoga, a execução dos deveres prescritos sem apego por seus frutos. O jnana yoga ou yoga através do conhecimento, é descrito nos últimos seis capítulos. Os seis capítulos sobre Bhakti yoga que é mais confidencial e mais difícil de alcançar foram guardados no meio dos outros capítulos. Bhakti yoga é a vida de karma e jnana yoga pois sem bhakti estas são infrutíferas. Assim elas só são aceitáveis quando se mesclam com Bhakti.

Bhakti é de dois tipos: Kevala ou exclusivo, e Pradhani bhuta, que é a mescla com predomínio de bhakti. Kevala bhakti, é a melhor por ser indepedente e supremamente poderosa e não necessitar de nenhum vestígio de karma ou jnana yoga. Por outro lado, Pradhana bhuta bhakti está mesclado com karma e jnana, e será tratada com maior profundidade mais adiante. Para explicar a natureza da lamentação e ilusão de Arjuna o narrador do Mahabharata, Sri Vaisampayana, um discípulo de Vyasadeva, relatou a seção do Bhisma parva á seu ouvinte Janamejaya, começando com o verso Dhrtarastra uvaca. Dhrtarastra perguntou á Sanjaya. Ó Sanjaya, sentindo desejo de lutar, o que fizeram meus filhos e os filhos de Pandu, reunidos em Kuruksetra?

Aqui poderia surgir uma pergunta: Dhrtarastra já havia mencionado que seus filhos e os filhos de Pandu haviam se reunidos com o único propósito de lutar, logo sem dúvida iam lutar. Por que então a intenção de perguntar: Que fizeram eles?. Em resposta Dhrtarastra usou a palavra dharma ksetre, terra da religião. No sruti está dito: Kuruksetram deva yajanam: Kuruksetra é a arena de sacrifício dos semideuses: Então esta terra é famosa como aquela que nutre o Dharma. Por influencia da associação com esta terra a ira das pessoas irreligiosas como Duryodhana pode ser apaziguada e deste modo, poderiam inclinar-se ao Dharma. Os pandavas são religiosos por natureza, então a influencia de Kuruksetra poderia despertar neles o discernimento de compreender a impropriedade de aniquilar seus próprios parentes e deste modo ambos poderiam buscar um acordo pacífico. Externamente Dhrtarastra finge que seria feliz com um acordo pacífico , mas internamente sentia uma grande insatisfação. Ele pensava que se houvesse um acordo , os Pandavas ainda seriam um impedimento para seus filhos. Dhrtarastra pensava: Os guerreiros de meu grupo, tais como Bhisma e Drona , não podem ser vencidos nem sequer por Arjuna, então como nossa vitória é certa, será proveitoso lutar.

Aquí, graças ao componete Ksetra na palavra Dharma ksetre, Sarasvati-Devi faz a seguinte menção á palavra Dharma. Yudhistira, a encarnação do Dharma, junto com seus associados são como plantas de arroz, e seu sustentador Bhagavan é como o agricultor. Os diversos tipos de assistencia prestados por Krsna aos Pandavas podem ser comparados a regar o cultivo e arar o campo. Os Kauravas encabeçados por Duryodhana são como os vermes que crescem no campo de arroz. Isto indica que assim como um mal é arrancado pela raíz nos campos de arroz, Duryodhana e os outros Kauravas seriam aniquililados e arrancados de dharma ksetra, a terra da religião.

Prakasika Vrtti

O comentário que ilumina o dilúvio de significados essenciais

Por Sri Srimad Srila Bhaktivedanta Narayana Maharaja

Ofereço minhas reverencias aos pés de lótus de Om Visnupada Astottarasata Sri Srimad Bhakti-Prajnana Kesava Goswami Maharaja, que é muito querido por Krsna. Ele é uma personalidade completamente divina que sustenta com grande afeto quem se refugia nele. Aflito ao ver o sofrimento das pessoas que são aversas á Krsna, ele lhes outorga o Sri nama saturado de prema.

O Srimad Bhagavad Gita é a essencia de todos os Upanisads, Srutis e Puranas. Baseado na firme evidençia da literatura védica, recebido através da suçessão discipular, conclui-se que Vrajendra nandana Sri Krsna, o filho do rei de Vraja é Svayam Bhagavan, a original Personalidade de Deus. Ele é a personificação de todas as doçuras néctareas , o onipotente e a realidade absoluta onipotente não dual. Entre suas ilimitadas potências, três delas são proeminentes: a potência interna (svarupa sakti), a potência marginal (tatastha sakti) e a potência material externa(maya sakti). Pela vontade de Bhagavan Sri Krsna, Vaikunta, Goloka e Vrndavana são as transformações da potência interna. Todas as jivas são uma transformação da sua potência marginal, e a criação material é uma transformação da sua potência externa. As entidades vivas (jivas) são de dois tipos: liberadas (mukta) e condicionadas (baddha). As liberadas estão eternamente ocupadas em saborear a doçura do serviço á Bhagavan em Vaikuntha, Goloka e outras moradas transcendentais. Elas são chamadas nitya mukta , eternamente liberadas, pois nunca estão atadas á este mundo material, a prisão de maya. As vezes pela vontade de Bhagavan , elas aparecem neste mundo ilusório como seus associados com o único propósito de beneficiar a humanidade. As entidades vivas do outro tipo são chamadas de anadi baddha , ou condicionadas por maya desde tempos imemoriais. Como resultado deste condicionamento , a jiva sofre de três tipos de misérias enquanto perambula no ciclo de nascimentos e mortes.

Bhagavan Sri Krsna, o oceano de compaixão , criou uma aparente ilusão no coração de Arjuna , por meio de sua potencia inconcebível(acintya sakti). Assim com o pretexto de dissipar esta ilusão, ele falou este Bhagavad Gita com o propósito de liberar as jivas das garras de maya. A conclusão final do Bhagavad Gita é o serviço devocional supremamente puro á Bhagavan. Somente por se refugiar neste serviço , tal como se descreve no Gita , as jivas que estão sob a influência de maya , conseguem se situar na sua posição constitucional pura e assim oferecem serviço á Sri Krsna. Não há outra alternativa para as jivas condicionadas. Baseando em evidências concretas das escrituras , Srila Visvanatha Cakravarti Thakura e outros proeminentes acaryas vaishnavas, estabeleceram claramente que o orador do Bhagavad Gita não carece de potências,não está desprovido de variedade, não é sem forma , e não está desprovido de qualidades transcendentais tais como misericórdia transcendental. A jiva jamais é parambrahma, nem sequer no estado liberado.

Esta percepção da diferença se denomina vaisistya, significa especialidade ou característica distintiva única. Tal como o sol e seus raios são simultaneamente iguais e diferentes por ser possuídor dos atributos e atributos respectivamente, de forma similar a relação entre paramesvara e a jiva sendo una e ao mesmo tempo diferente está claramente demonstrada nos Vedas. Esta relação de igualdade e diferença simultãnea está além do nosso intelecto e só é compreensível com a ajuda dos Vedas, por isso é chamada de acintya, ou inconcebível. Assim o Bhagavad Gita trata da suprema realidade eterna que é inconcebivelmente igual e diferente de suas potências.

Mesmo que karma yoga, jnana yoga e Bhakti yoga sejam definidos como os três meios para alcançar a plataforma espiritual, Bhakti Yoga é o único método para se alcançar Bhagavan. A etapa preliminar de Bhakti yoga se denomina karma yoga, a intermediária jnana yoga e no estágio maduro se denomina Bhakti yoga. O conhecimento real do espírito aparece quando o coração se purifica através de karma yoga mesclado com bhakti, no qual se oferece o resultado das atividades á Bhagavan, tal como se descreve nos Vedas. Tanto jnana quanto karma são inúteis se carecem de Bhakti. Com a aparição do conhecimento verdadeiro a devoção exclusiva se manifesta no coração, e quando chega no estado maduro, o amor puro aparece no coração da entidade viva. Este tipo de amor é o único meio para alcançar e Ter uma compreensão direta de Bhagavan. Este é o mistério oculto do Bhagavad Gita. Ninguém pode obter a liberação através do conhecimento do aspecto impessoal(brahman). Somente quando o conhecimento está mesclado com devoção, pode-se Ter mukti (liberação) na forma de salokya, sarupya, samipya e sarsti, como um resultado intrísico. Mediante a execução de devoção pura descrito no Bhagavad Gita, pode-se conseguir o auspicioso serviço devocional saturado de amor divino para com Bhagavan em sua morada suprema chamada Gokoka Vrndavana. Quando se alcança esta morada não há a possibilidade de voltar á este mundo material. Obter este serviço é a meta última de toda entidade viva. A devoção é de dois tipos: exclusiva e mesclada. A mesclada também é de dois tipos:uma quando bhakti predomina sobre karma e jnana e a outra quando bhakti predomina sobre jnana. Mediante a execução de karma bhakti se purifica gradualmente o coração e se desenvolve tattva jnana, enquanto que pela prática de jnana bhakti se obtem mukti(liberação). Estes doi tipos visam á obtenção final de Bhakti, porém sem Bhakti elas são inúteis. Este Bhagavad Gita é comparado a uma pedra filosofal, que é similar á um cofre, onde a tampa do cofre é niskama karma yoga, a base é jnana yoga e o tesouro é Bhakti. Religiosos e pessoas que possuem bom caráter são qualificadas para estudar o Bhagavad Gita.

Dados sobre Arjuna: É um associado eterno de Bhagavan Sri Krsna. É completamente impossível que ele caia em estados como a lamentação e ilusão. Um associado eterno do senhor não possui tais ilusões. Bhagavan Sri Krsna armou tudo isso para o benefício das entidades vivas que estão atadas pela dor e ilusão. Ele disse: “Eu os liberarei do oceano da existencia material.”

Por sua própria vontade, Sri Krsna faz com que Arjuna se iluda simplesmente para liberar as jivas que realmente se encontram em lamentação e ilusão. Por meio de perguntas e respostas ,ele define a sua natureza real,assim como da jiva, a sua morada transcendental ,maya,bhakti e seus demais aspectos.

Em seu comentário do verso "sarva dharman parityajya" Srila Visvanatha Cakravarti Thakura explica que Krsna disse: “Depois de converete-te em um instrumento, estou difundindo esta mensagem para o benefício das jivas.” Arjuna é um associado eterno do Senhor, portanto não há sequer um vestígio de ilusão nele. Esta posição de Arjuna pode ser comprovada em todos os Sastras.

Kuruksetra: Srila Vyasadeva se refere ao campo de batalha de Kuruksetra como dharna ksetre; isto tem um significado confidencial. De acordo com o Srimad Bhagavatam ,esta terra se chama Kuruksetra em homenagem ao rei Kuru. No Mahabharata encontramos a seguinte história: Uma vez quando Kuru Maharaja estava arando esta terra, Indra apreciou e lhe perguntou: Por que está fazendo isto? Kuru Maharaja respondeu: Estou arando esta terra para que as pessoas que morram aqui possam alcançar os planetas celestiais. Ao escutar isto o senhor Indra retornou á seu planeta. Então o rei voltou a arar a terra de novo com grande entusiasmo. O senhor Indra vinha uma e outra vez para ridicularizar o rei. Ainda que Indra sempre vinha repetidamente agitar o Rei Kuru, este permanecia impertubável e continuava seu trabalho. Finalmente pela insistencia de outros semi deuses ,Indra lhe concedeu a benção de que qualquer um que abandonasse o corpo ou morresse em uma batalha nesta terra, alcançaria os planetas celestiais. Por tal razão a terra conhecida como Kuruksetra foi escolhida para a batalha.

A terra que se encontra entre os rios Sarasvati e Drsadvati é conhecida como Kuruksetra. Neste lugar tambem realizaram austeridades os grandes sábios Mudgala e Prthu Maharaja. Sri Parasurama fez sacrifícios nesta terra em cinco diferentes lugares depois de exterminar os Ksatriyas, por tanto era conhecida préviamente como Samanta Pancaka. Depois devido as atividades do rei Kuru se tornou famosa como Kuruksetra.

Sanjaya: Sanjaya era o filho do condutor de quadrigas chamado Gavalgama. Esperto nos sastras, generoso e religioso. Devido á estas virtudes o grande avó Bhisma lhe nomeou junto com Vidura, ministro real de Dhrtarastra. Sanjaya que era considerado como um segundo Vidura, era tambem um íntimo amigo de Arjuna. Pela misericórdia de Srila Vyasadeva recebeu a visão divina pela qual podia ver a batalha de Kuruksetra, ainda estando sentado longe, no palácio de Hastinapura,e narrou todos os eventos da guerra á Dhrtarastra. Maharaja Yudhisthira tambem descreve Sanjaya como bem querente de todos, de doce oratória, de temperamento pacífico, sempre satisfeito e imparcial. Se encontrava estabelecido dentra dos limites da moralidade e nunca se agitava pelo mau comportamento dos demais. Neutro e livre de todo o temor ele só falava palavras que estavam em harmonia com os princípios morais.




Sloka 2

Sanjaya uvaca

drstva tu pandavanikam

vyudham duryodhanas tada

acaryam upasangamya

raja vacanam abravit

Sanjaya disse: Ó rei! Imediatamente depois de examinar o exército dos Pandavas alinhado em formação militar, Duryodhana chegou perto de Dronacarya e falou-lhe as seguintes palavras:

Bhavanuvada

Depois de compreender a intenção interna de Dhrtarastra ,Sanjaya confirmou que definitivamente haveria uma guerra. Mas sabendo que o resultado seria contrário á perspectiva de Dhrtarastra, Sanjaya falou palavras como drstva que significa"depois de ver". Aquí a palavra vyudham se refere á formação estratégica do exército dos Pandavas. Assim o rei Duryodhana que sentia medo em seu interior, recitou nove versos, começando com a palavra pasyaitam no verso 1.3.

Prakasika-vrtti

No momento da guerra do Mahabharata, além de ser cego de nascimento, Dhrtarastra carecia tambem de visão, tanto moral quanto espiritual. Por este motivo estava coberto de lamentação e ilusão. Devido a influência de Kuruksetra, seu filho Duryodhana podia Ter devolvido a metade do reino aos Pandavas. Temendo isto ele se sentiu desconsolado. Sanjaya, sendo muito religioso e tambem vidente ,podia perceber os sentimentos internos de Dhrtarastra. Ele sabia que o resultado da batalha não seria á favor de Dhrtarastra, mas ainda sim ele ocultou esta informação de maneira muito inteligente, e enquanto tranquilizava Dhrtarastra, Sanjaya disse: “Duryodhana não está chegando á nenhum acordo com os Pandavas, mas depois de ver a extrema força e disposição do exército dos Pandavas, está aproximando-se de Dronacarya, seu guru na ciencia militar, para informa-lhe sobre a situação real.” Duryodhana tinha dois motivos para se aproximar de Dronacarya: Por um lado ele se sentiu atemorizado ao ver a poderosa formação do exército dos Pandavas; mas por outro, com o pretexto de oferecer respeito á seu guru, queria exibir sua habilidade política. Devido á sua experiencia na política, estava sem dúvida qualificado em todos os aspectos para a posição de rei. Este é o significado completo da declaração "Sanjaya uvaca" Sanjaya disse.

Duryodhana: Duryodhana era o mais velho dos cem filhos de Dhrtarastra e Gandhari. No momento do seu nascimento houve vários fatores negativos que fizeram com que Vidura temesse que ele seria a razão da destruição da dinastia Kuru.De acordo com o Mahabharata, Duryodhana nasceu de uma expansão de Kali. Ele era pecaminoso, cruel e uma desgraça para a dinastia Kuru. Precisamente, em sua cerimõnia de batismo, os sacerdotes e astrólogos eruditos, vendo as indicações de seu futuro, lhe chamaram Duryodhana. No final, com instruções de Krsna, Bhima o matou.

O sabda ratnavali diz:

"Um vyuha é a formação de um esquadrão militar composta por um bom rei, de tal maneira que se torna impossível a penetração do exército inimigo em qualquer direção. Desta forma o esquadrão se torna vitorioso na batalha."

Dronacarya: Dronacarya ensinou a ciência das armas tanto aos filhos de Pandu quanto aos de Dhrtarastra. Ele era filho do sábio Bharadvaja. Devido á que nasceu de um drona (recipiente de madeira para água) se tornou famoso com o nome de Drona. Além de ser um mestre na ciencia de armas, tambem era conhecedor de todos os vedas.Depois de satisfazer o grande sábio Parasurama, aprendeu com ele os segredos da ciência da guerra e outras mais. Ninguém podia matar-lo, pois recebeu a bendição de morrer no momento que escolhesse. Logo depois de Ter sido insultado pelo rei Drupada de Pancala, quem havia sido seu amigo de infancia, Dronacarya foi a Hastinapura ganhar seu sustento. Impressionado com as qualificações de Drona,o avô Bhisma lhe designou como o acarya para instruir e treinar Duryodhana, Yudhisthira e os demais príncipes. Arjuna era seu discípulo mais querido. Na batalha de Kuruksetra, Duryodhana lhe nomeou como o comandante chefe do seu exército.

Sloka 3

Pasyaitam pandu-putranam

Acarya mahatim camum

Vyudham drupada-putrena

Tava sisyena dhimata

Oh! Acarya! Contempla este grande exército dos Pandavas, disposto em falanges por teu inteligente discípulo Drstadyumna, o filho de Drupada.

Bhavanuvada

Com estas palavras, Duryodhana insinua: "Drstadyumna, o filho de Drupada,é realmante seu discípulo. Ele nasceu somente para matar-te, e mesmo que tu soubesse, continuou a dar-lhe treinamento militar, o que indica que sua inteligencia é escassa."

Aqui, Duryodhana usou a palavra dhimata, que significa inteligente, para referir-se á Drstadyumna . Isto tem um significado profundo. Duryodhana queria que Dronacarya compreendesse que ainda que Drstadyumna era seu próprio inimigo, havia aprendido pessoalmente dele a arte de matar-lo. Por tanto disse: "Agora observa sua grande inteligencia no momento de obter os frutos de seu treinamento." Duryodhana fez estes comentários diplomáticos só para provocar a ira de seu mestre, Dronacarya.

Prakasika –vrtti

Drstadyumna: O rei de Pancala, Drupada, realizou um sacrifício com o desejo de Ter um filho que pudesse matar Dronacarya. Do fogo do sacrifício apareceu um menino que vestia uma armadura e portava diversas armas. Neste momento se escutou uma voz celestial que predisse que o filho de Drupada mataria Drona. Os brahmanas chamaram o menino heróico de Drstadyumna. Ele aprendeu o dhanur veda de Drona, que era extremamente benevolente ,mesmo que soubesse que um dia Drstadyumna o mataria. Assim, Drona foi morto por seu próprio discípulo na guerra do Mahabharata.

Sloka 4 – 6

Atra sura mahesvasa

Bhimarjuna – sama yudhi

Yuyudhano viratas ca

Drupadas ca maha – rathah

Dhrstaketus cekitanah

Kasirajas ca viryavan

Purujit kuntibhojas ca

Saibyas ca nara-pungavah

Yudhamanyus ca vikranta

Uttamaujas ca viryavan

Saubhadro draupadeyas ca

Sarva eva maha rathah

Neste exército há poderosos arqueiros iguais á Arjuna e Bhima em combate, tais como Satyaki, o rei Virata, os maharathi, Drupada e outros. Reunidos nesta batalha, estão todos os maharathis como Dhrstaketu, Cekitana, o heróico Kasiraja, Purujit, Kuntibhoja, os nara srestras como Saibya, o melhor dos valentes, o vitorioso Yudhamanyu, o poderoso Uttamauja, Abhimanyu e os filhos de Draupadi, encabeçados por Pratibindhya.

Bhavanuvada

Aqui a palavra mahesvasah significa que todos estes grandes guerreiros portavam arcos indestrutiveis pelo inimigo. A palavra yuyudhana significa Satyaki. Saubhadrah é Abhimanyu, e Draupadeyah indica os filhos dos cinco Pandavas, encabeçados por Pratibindhya, quem nasceu de Draupadi. As características de um maharati são descritas aqui: em um grupo de grandes guerreiros expertos na astra sastra , o que pode lutar com uma quantidade ilimitada de guerreiros é conhecido como atirathi, aquele que pode lutar contra dez mil guerreiros é chamado de maharathi, o que pode lutar apenas com uma pessoa é conhecido como yoddha, e o que necessita assistencia para vencer um único inimigo se chama arddharathi.

Prakasika – vrtti

Yuyudhana : É outro nome do heróico Satyaki. Ele era um servo muito querido de Sri Krsna, ele era extemamente valente e um atirathi entre os comandantes em chefe do exército Yadava. Ele aprendeu de Arjuna os segredos da astra sastra. Na batalha do Mahabharata lutou ao lado dos Pandavas.

Virata:Virata era um rei piedoso da terra de Matsya. Os pandavas passaram um ano incógnitos sob sua proteção. Sua filha Uttara se casou com Abhimanyu, o famoso filho de Arjuna. Virata morreu na batalha do Mahabharata junto com seus filhos Uttara, Sveta e Sankha.

Drupada: Drupada era filho do rei Prsata , o rei de Pancala.Devido a que Maharaja Prsata e Maharsi Bharadvaja, o pai de Drona, eram amigos, Drupada e Drona foram tambem amigos desde sua infancia. Mais tarde quando Drupada se tornou rei, Drona foi até ele para pedir ajuda financeira, mas Drupada lhe insultou. Dronacarya não perdoou esta ofensa. Quando Arjuna completou sua educação na astra sastra, Drona o pediu que atacasse Drupada e oferecesse á seus pés como doação á gurudev. Arjuna cumpriu sua ordem. Dronacarya tomou a metade do reino de Drupada, e logo o liberou. Para vingar este insulto, Drupada realizou um sacrifício de cujo fogo apareceram Draupadi e Drstadyumna.

Cekitana: Cekitana era um Yadava da dinastia Vrsni. Era muito cortes, um Maharathi e um dos comandantes do exército Pandava. Na batalha do Mahabharata morreu nas mãos de Duryodhana.

Kasiraja: Kasiraja era o rei de Kasi. Ele nasceu de uma parte do asura Dirghajihva. Era um valente e intrépido herói que lutou ao lado dos Pandavas.

Purujit e Kuntibhoja: Eram irmãos de Kunti, a mãe dos Pandavas.Dronacarya os matou na batalha de Kuruksetra.

Saibya: Saibya era o sogro de Maharaja Yudhisthira, já que sua filha Devika se casou com este. Ele era um poderoso e héróico guerreiro.

Yudhamanyu e Uttamauja: Eram irmáos de sangue e príncipes do reino Pancala. Eram valentes e heróicos. Asvatthama os matou no final da guerra do Mahabharata.

Subhadra: A irmã de Bhagavan Sri Krsna, Subhadra, estava casada com Arjuna. O heróico Abhimanyu nasceu do ventre de Subhadra, por isto ele é conhecido tambem como Subhadra. Recebeu treinamento de astra sastrade seu pai, Arjuna, e tambem de Sri Balarama. Foi um herói de excepcional generosidade e um maharati. No momento da guerra do Mahabharata tinha dezesseis anos. Durante a ausencia de Arjuna, Abhimanyu era o único combatente capaz de penetrar o cakra vyuha, uma formação militar especial que havia sido ordenada por Dronacarya. Infiltrado nesta formação, foi injustamente assasinado pelos esforços combinados de sete maharatis, dentre quais estavam Drona, Krpa e Karna.

Draupadeya: Draupadi deu a luz a um filho de cada um dos cinco Pandavas. Seus nomes eram: Pratibindhya, Sutasoma, Srutakarma, Satanika e Srutasena. De forma coletiva eram conhecidos como Draupadeya. Foram assasinados no final da guerra de Kuruksetra por Asvattama, enquanto dormian no meio da noite.

Sloka7

Asmakam tu visista ye

Tan nibodha dvijottama

Nayaka mama sainyasya

Samjnrtham tan bravimi te

Oh! Dvija srestha, o melhor dos duas vezes nascidos (brahmanas)! Para tua informação tambem enumero os comandantes do meu exército, quem estão especialmente qualificados para liderar.

Bhavanuvada

Aqui a palavra nibodha significa"por favor entende" e a palavra samjnartham significa "para teu conhecimento preciso".

Sloka 8-9

Bhavan bhismas ca karnas ca

Krpas ca samitinjayah

Asvatthama vikarnas ca

Saumadattir jayadrathah

Anye ca bahavah

Mad arthe tyakta jivitah

Nana sastra praharanah

Sarve yuddha visaradah

Em meu exército há heróis como tu,como o avô Bhisma,como Karna, Krpacarya, Asvatthama, Vikarna, Bhurisrava o filho de Somadatta e Jayadratha, o rei de Sindhu, quem são sempre vitoriosos em batalhas. Há muitos outros grandes heróis que estão dispostos a sacrificar suas vidas por minha causa. Todos estão equipados com diversas armas e são expertos em guerras.

Bhavanuvada

Aqui a palavra Somadattih se refere a Bhurisrava. Tyakta-jivitah denota a uma pessoa determinada que faz aquilo que é requerido,ao compreender apropriadamente que será grandemente beneficiada, sobreviva ou não. No verso (1-33), Bhagavan disse:"Oh Arjuna! Já dei cabo na vida de todas estas pessoas, tu simplesmente tem que se converter-te em um instrumento". De acordo com esta declaração , Sarasvati Devi fez com que a palavra Tyakta-jivitah, saísse da boca de Duryodhana, indicando que seu exército já havia sido destruído.

Prakasika – Vrtti

Krpacarya: Na dinastia Gautama ,havia um sábio chamado Saradvan. Uma vez, depois de ver a apsara Janapadi, derramou semem espontaneamente, o qual caiu em um montão de palha no bosque. Este semem se dividiu em duas partes dos quais nasceram um menino e uma jovem. A jovem foi chamada Krpi, e o jovem, Krpa. Krpa foi logo reconhecido como um grande guerreiro. O sábio Saradvan pessoalmente fez de Krpa um experto em dhanurveda e outras artes. Krpa era extraordinariamente valente e piedoso.Na batalha do Mahabharata, lutou ao lado dos Kauravas, mas depois da batalha , Maharaja Yudhisthira lhe enviou para o adestramento do príncipe Pariksit.

Asvatthama: A irmã de Krpacarya , Krpi, foi casada com Dronacarya. De seu ventre nasceu Asvatthama, quem se formou de uma combinação das porções do Senhor Siva, de Yama, de Kama e de Krodha. Aprendeu os sastras e astra sastra de seu pai. Tambem aceitou a responsabilidade de ser o último comandante em chefe dos Kauravas na batalha do Mahabharata. Ele matou os cinco filhos de Draupadi enquanto estes dormiam profundamente,ao confundi-los com os cinco Pandavas. Em vingança, os Pandavas lhe insultaram severamente e lhe arrancaram uma jóia de sua testa. Então, Asvatthama cheio de ira,tentou matar o ainda não nascido Pariksit Maharaj, o único herdeiro da dinastia Pandava,lançando sua Brahmastra ao menino que se encontrava no ventre de sua mãe Uttara, a esposa de Abhimanyu. Sem vacilar, Bhagavan Sri Krsna, quem é muito afetuoso com seus Bhaktas, usou sua arma disco para proteger Maharaj Pariksit.

Vikarna: Vikarna era um dos cem filhos de Dhrtarastra, Bhimasena o matou na batalha do Mahabharata.

Somadatta: Era o filho de Bahlika e o neto do rei Pratika da dinastia Kuru. Satyaki o matou na batalha de Kuruksetra.

Bhurisrava: Bhurisrava era o filho do rei Somadatta na dinastia da lua. Ele foi um rei muito valente e famoso. Satyaki o matou na batalha.

Sastra: Uma arma que se usa para usar em combate corpo a corpo, tal como a espada, é chamada sastra.

Astra: Uma arma que se lança ao inimigo, yal como uma flecha, é chamada astra.



Sloka 10

Aparyaptam tad asmakam

Balam bhismabhiraksitam

Paryaptam tv idam etesam

Balam bhimabhiraksitam

Nosso exército , ainda que protegido por Bhisma é insuficiente, e por outro lado, o exército dos Pandavas, sobre a cuidadosa proteção de Bhima, é competente.

Bhavanuvada

Aqui a palavra aparyaptam significa insuficiente. Os Kauravas não são competentes e não tem forças suficiente para lutar contra os Pandavas. Bhisma abhirakstam. Ainda que nosso exército esteja bem protegido pelo avõ Bhisma, mesmo assim isto é insuficiente para conter a força dos Pandavas. Paryaptam bhimabhirakstam. Mas o exército dos Pandavas, ainda que protegido por Bhima que é menos experto na arte da arma e conhecimento, é competente para lutar contra nós. Desta declaração se entende que Duryodhana está completamente atemorizado.

Prakasika – Vrtti

O avó Bhisma é um herói sem igual que recebeu de seu pai a bendição de morrer no momento que escolhesse. Mesmo que lutava contra os Pandavas, ele era muito afetuoso com eles e não queria que eles saíssem derrotados.

Sloka 11

Ayanesu ca sarvesu

Yatha-bhagam avasthitah

Bhismam evabhiraksantu

Bhavantah sarva eva hi

Por tanto, todos vocês devem permanecer em suas posições estrategicamente, alinhadas em cada ponto da entrada, para proteger o avõ Bhisma por todos os lados.

Bhavanuvada

Duryodhana disse:"Por tanto, todos voçes (Drona e os demais) tem que ser cuidadosos" .Só com este propósito lhes disse: Dividam-se entre os acéssos ás falanges e não abandonem as áreas que lhes foram designados na batalha. Desta maneira, Bhisma não poderá ser morto pela retaguarda enquanto lutamos com o inimigo. O poder de Bhisma é agora a nossa própria vida.

Sloka 12

Tasya sanjanayam harsam

Kuru vrddhah pitamahah

Simha nadam vinadyoccaih

Sankham dadhmau pratapavan

O avó Bhisma , o valente ançião da dinastia Kuru, soprou seu búzio estrondosamente e produziu um som similar á um rugido de um leão, que causou prazer á Duryodhana.

Bhavanuvada

Para erradicar o temor de Duryodhana, e alegra-lo, o maior dos Kurus, Bhisma, fez soar seu búzio e produziu um som como o rugido de um leão.

Sloka 13

Tatah sankhas ca bheryas ca

Panavanaka gomukhah

Sahasaivabhyahanyanta

sa sabdas tumulo bhavat

Depois soaram repetidamente todos os búzios, tímbalos, tambores, mrdangas, trombetas, e outros instrumentos, fazendo um tumultuoso e temível som.

Bhavanuvada

O propósito deste verso é expressar que ambos exércitos mostraram seu entusiasmo pela guerra. Aqui, panavah,

Anakah e gomukhah fazem referencia á tambores, mrdangas e diversas trombetas.

Sloka 14

Tatah svetair hayair yukte

Mahati syandane sthitau

Madhavah pandavas caiva

Divyau sankhau pradadhmatuh

Logo, Sri krsna e Dhananjaya, situados em uma grande quadriga puxada por cavalos brancos, soaram seus búzios divinos.

Sloka15

Pancajanyam hrsikeso

Devadattam dhananjaya

Paundram dadhmau maha sankham

Bhima karma vrkodarah

Hrsikesa Sri Krsna soou seu búzio conhecido como Pancajanya: Arjuna soou seu búzio conhecido como Devadatta: e Bhima, o realizador de tarefas hérculeas soou seu grande búzio conhecido como Paundra.

Prakasika-vrtti

Pancajanya:Depois de finalizar a sua educação no asrama de seu guru ,Sri Krsna pediu á ele e a sua esposa que aceitassem alguma doação. Então eles pediram que Krsna devolvesse seu filho que havia se afogado no oceano. Ao perguntar á Varuna (a deidade do oceano), Sri Krsna descubriu que ele havia sido devorado por um caracol demoníaco que morava no oceano. Mesmo assim, Sri Krsna não encontrou o jovem dentro do ventre, depois de matar Pancajanya. Depois, Sri Krsna foi á Mahakalapuri, e trouxe o filho de seu guru, lhe presentiando como doação. Devido á que Sri Krsna tomou a concha de Pancajanya, á esta se conhece como tal.


Sloka 16

Anantavijayam raja

Kunti putro yudhisthirah

Nakulah sahadevas ca

Sughosa manipuspakau

Maharaja Yudhisthira, o filho de Kunti soprou seu búzio chamado Anantavijaya. Nakula soprou seu Sughosa e Sahadeva soprou seu búzio chamado Manipuspaka.

Sloka 17-18

Kasyas ca paramesvasah

Sikhandi ca maha rathah

Dhrstadyumno viratas ca

Satyakis caparajitah

Drupado draupadeyas ca

Sarvasah prthivi pate

Saubhadras ca maha bahuh

Sankhan dadhmuh prthak prthak

Oh! Dhrtarastra, rei da terra! Depois, o rei de Kasi, o grande arqueiro, o maharathi Sukhandi, Drstadyumna, o rei de Virata, o inconquistável Satyaki, o rei Drupada, os filhos de Draupadi, e Abhimanyu o filho de Subhadra, soaram seus respectivos búzios.

Bhavanuvada

A palavra Pancajanya e outras mencionadas neste verso são os nomes dos búzios de Krsna e de outros guerreiros no campo de batalha. Aparajita significa "aquele que porta um arco".

Sloka 19

sa ghoso dhartarastranam

hrdayani vyadarayat

nabhas ca prthivim caiva

tumulo bhyanunadayan


Ressoando no céu e na terra, este tumultuoso e terrível som deixou em pedaços os corações dos filhos de Dhrtarastra.

Sloka 20

Atha vyavasthitan drstva

Dhartarastran kapi dhvajah

Pravrtte sastra sampate

Dhanur udyamya pandavah

Hrsikesam tada vakyam

Idam aha mahi pate

Oh Rei! Depois de ver seus filhos em formação de batalha, Arjuna, levantou seu arco e se preparou para disparar suas flechas. Depois, ele disse as seguintes palavras á Hrsikesa.

Prakasika-vrtti

Kapi dhvajah: Este é um nome de Arjuna que aponta a presença de Hanuman na bandeira de sua quadriga. Arjuna estava muito orgulhoso de sua habilidade como arqueiro. Em uma ocasião, quando passeava na beira de um rio portando seu arco Gandiva, viu um macaco. Oferecendo-lhe reverencias, ele disse: Quem és?

O macaco respondeu gentilmente. Sou Hanuman, o servo de Sri Rama. Então Arjuna lhe perguntou: Voce é o servo do mesmo Rama que incapaz de construir uma ponte de flechas sobre o oceano mandou os macacos construir uma de pedras para que seu exército pudesse cruzar o oceano. Se eu tivesse lá neste momento eu teria construído uma ponte de flechas tão poderosa que todo exército poderia cruza-la facilmente. Hanuman voltou á responder muito gentilmente. Sua ponte não iria suportar sequer o peso de um macaco do exército de Rama.Então Arjuna disse: ”Vou fazer uma ponte de flechas sobre este rio e voçe poderá cruza-lo com a carga mais pesada que tiver. Hanuman se expandiu então em uma forma gigantesca,saltou sobre as montanhas Himalayas e regressou com umas pedras muito pesadas nos pelos de seu corpo. ndentemente não se disfez. Arjuna , tremendo de medo orou á Krsna: "Por favor meu Senhor, a honra dos Pandavas está em suas mãos."

Quando Hanuman põs o peso completo de seus pés na ponte, se surpreendeu que ela não se quebrava. Se a ponte não caía, seria uma grande vergonha para ele. Dentro de seu coração Hanuman orou á Rama, quando olhou para debaixo da ponte e viu que Rama sustentava a ponte com sua espada. Então ele disse: "O que é isto? "Meu adorável senhor está suspendendo a ponte com sua espada!! "Imediatamente ele caíu aos pés de lótus de Sri Ramacandra.

Ao mesmo tempo , Arjuna viu o senhor não como Ramacandra, mas como Sri Krsna.Tanto Hanuman quanto Arjuna juntaram suas mãos reverencialmente para seus senhores adoráveis ,e então o Senhor disse:

"Não há diferença entre estas duas formas minhas. Eu, Krsna, na forma de Sri Rama ,venho estabelecer os limites da moralidade e da conduta religiosa apropriada. Na forma de lila purusottama Krsna, sou a personificação do néctar de todas as rasas. De hoje em diante vocês dois devem ser amigos. Em uma futura batalha, o poderoso Hanuman situado na bandeira da quadriga de Arjuna, lhe dará proteção de todos os lados "Por esta razão, Arjuna recebeu o nome de Kapi Dhvajah "Aquele que tem uma pintura de um macaco em sua bandeira."

Sloka 20-23

Arjuna uvaca

Senayor ubhayor madhye

Rathan sthapaya me cyuta

Yavad etan nirikse ham

Yoddhu kaman avasthitan

Kair maya saha yoddhavyam

Asmin rana samudyame

Yotsyamanam avekse ham

Ya ete tra samagatah

Dhratarastrasya durbuddher

Yuddhe priya cikirsavah

Arjuna disse: Oh Acyuta! Por favor, situa minha quadriga no meio de ambos os exércitos para eu poder ver todos os heróis presentes que desejam lutar nesta batalha.

Sloka 24-25

Sanjaya uvaca

Evam ukto hrsikes

Gudakesena bharata

Senayor ubhayor madhye

Sthapayitva rathottamam

Bhisma drona pramukhatah

Sarvesam ca mahiksitam

Sanjaya disse: Oh Bharata! Ao receber a ordem de Gudakesa, Hrsikesa Sri Krsna conduziu sua excelente quadriga no meio de ambos os exércitos, e diante de todos os reis e personalidades proeminentes como Bhisma, Drona e outros. Ele disse então: "Ó Partha, contempla todos estes Kauravas aquí reunidos."

Bhavanuvada

Hrsikesa significa o controlador dos sentidos. Ainda que Krsna é Hrsikesa, quando recebeu as ordens de Arjuna, ele foi controlador pelo sentido da fala de Arjuna. Bhagavan é controlado apenas por Prema.

Sloka 26

Tatrapasyat sthitan parthah

Pitrn atha pitamahan

Acaryan matulan bhratrn

Putran pauntran sakhims tatha

Svasuran suhrdas caiva

Senayor ubhayor api

Alí, no meio de ambos os exércitos, Arjuna viu seus tios paternos e maternos, seus avôs, mestres, primos, sobrinhos, netos, amigos, sogros e bemquerentes.

Sloka 27

Tan samiksya sakaunteyah

Sarvan bandhun avasthitan

Krpaya parayavisto

Visidann idam abravit

Ao ver todos seus amigos e familiares presentes no campo de batalha, Arjuna, o filho de Kunti, cheio de compaixão e angústia, disse:

Sloka 28

Arjuna uvaca

Drstveman svajanan krsna

Yuyutsun samavasthitan

Sidanti mama gatrani

Mukham ca parisusyati

Arjuna disse: Oh Krsna! Ao ver meus próprios parentes reunidos aquí com o desejo de lutar ,sinto que minhas extremidades fraquejam e que minha boca está secando.

Sloka 29

Vepathus ca sarire me

Roma-harsas ca jayate

Gandivam sramsate hastat

Tvak caiva paridahyate

Meu corpo treme e meu cabelo arrepia. Meu arco Gandiva está escorregando das minhas mãos e minha pele arde.

Sloka 30

Na ca saknomy avasthatum

Bhramativa ca me manah

Nimittani ca pasyami

Viparitani kesava

Oh Kesava! Sou incapaz de me manter em pé. Minha mente dá voltas e sinto muita angústia e aflição.

Bhavanuvada

Na oração"eu estou vivendo aquí com o propósito de ganhar riquezas.", aquí a palavra nimitta indica o propósito. Da mesma forma, nimitta neste veso, indica a intenção. Arjuna está dizendo: "Depois, apesar de ganhar a guerra, a obtenção do reino não nos trará felicidade. Pelo contrário, nos causará dor e aflição.

Prakasika-vrtti

Kesava: Aquí o devoto, Arjuna, está revelando os sentimentos de seu coração ao dirigir-se a Bhagavan com a palavra Kesava."Apesar de matar proeminentes asuras (demônios) como Kesi e outros, tu sempre mantém seus devotos. Da mesma forma, por favor, dissipa a lamentação e ilusão do meu coração e sustenta-me. Srila Visvanatha Cakravarti Thakura explicou que a palavra Kesava indica aquele que penteia o cabelo de sua amada.

Sloka 31

Na ca sreyo nupasyami

Hatva svajanam ahave

Na kankse vijayam krsna

Na ca rajyam sukhani ca

Oh Krsna! Eu não vejo nada de auspicioso em matar meus próprios parentes nesta batalha. Não desejo nem a vitória nem o reino, nem sequer a felicidade.

Bhavanuvada

Sreyo na pasyamiti significa "não vejo nada auspicioso". Os sanyassis que alcançam a perfeição no yoga e os guerreiros que morrem no campo de batalha alcançam o globo solar. Parece então que uma pessoa que morre na batalha obtém um resultado auspicioso.

Sloka 32-34

Kim no rajyena govinda

Kim bhogair jivitena va

Yesam arthe kanksitam no

Rajyam bhogah sukhani ca

Ta ime vasthita yuddhe

Pranams tyaktva dhanani ca

Acaryah pitarah putras

Tathaiva ca pitamahah

Matulah svasurah pautrah

Syalah sambhandhinas tatha

Etan na hantum icchami

Ghnato pi madhusudana

Oh Govinda! De que nos serve o reino, o desfrute ou a própria vida ,quando aqueles que queremos bem—mestres, tios, filhos, avôs, sogros, netos, cunhados, e outros parentes—estão diante de nós neste campo de batalha dispostos a perderem suas vidas e riquesas? Oh Madhusudana! Ainda que eles me matem, não desejo matar-los.

Sloka 35

Api trailokya-rajyasya

Hetoh kim nu mahi-krte

Nihatya dhartarastran nah

Ka pritih syaj janardana

Oh Janardana! Se matamos os filhos de Dhrtarastra,mesmo que seja para obter não só a soberania da terra, mas de todos os tres mundos, que felicidade obteremos com isto?

Sloka 36

Tasman narha vayam hantum

Dhartarastran as-bandhavan

Svajanam hi katham hatva

Sukhinah syama madhava

Oh Madhava! Ao matar todos estes agressores, apenas cometeremos pecado.Por tanto,matar Duryodhana e nossos outros familiares não é apropriado. Como poderíamos ser felizes após matar nossos próprios parentes?

Bhavanuvada

De acordo com o Sruti há seis tipos de agressores: o que ata fogo em uma casa, o que admnistra veneno, o que ataca com armas mortais, o que rouba, o que usurpa a terra e o que rouba a esposa de outrem. Arjuna argumentou:"Oh Bharata! se você diz que ao ver algum dos seis tipos de agressores devemos matar-los sem consideração, então se matássemos as pessoas aquí reunidas, sem dúvida cometeríamos pecado."

Prakasika-vrtti

De acordo com o smrti sastra, não se comete pecado se matam um dos seis tipos de agressores. Em contraponto, os srutis declaram que não se deve matar nenhuma entidade vivente. Quando surgem tais contradições,deve-se considerar os srutis como superiores. Seguimdo esta lógica, Arjuna sente que ainda que os filhos de Dhrtarastra são agressores, se ele os matam, irá cometer pecado.


Sloka 37-38

Yady apy ete na pasyanti

Lobhopahata-cetasah

Kula ksaya krtam dosam

Mitra drohe ca patakam

Kathamna jneyam asmabhih

Papad asman nivartitum

Kula ksaya krtam dosam

Prapasyabdhir janardana

Oh Janardana! A inteligencia de Duryodhana e dos demais ,estáo contaminadas pela cobiça de obter o reino. Assim sendo, eles são incapazes de conceber a ilegalidade que surge ao destruir a dinastia e muito os pecados que ocorreria ao lutar contra os amigos. Então, por que devemos nós, que temos conhecimento, cometer atos indevidos como estes.

Bhavanuvada

Arjuna pergunta: Por que estamos ocupados nesta batalha? Para responder sua própria pergunta , recita este verso que começa com as palavras yady apy.


Prakasika-vrtti

Arjuna considerou que nesta batalha havia mestres como Dronacarya , Krpacarya, e outros,tios maternos como Salya e Sakuni,familiares maiores como Bhisma ,os filhos de Dhrtarastra , parentes e familiares como Jayadratha e outros

Arjuna pensou: Os Vedas dizem que não podemos lutar com pessoas que executam yajna,com o sacerdote familiar,com um mestre,com o tio materno,com um convidado,com filhos pequenos,com pessoas maiores, nem com parentes."Mesmo assim ,é com estas pessoas com quem devo combater".Assim ,Arjuna expressou sua objeção de lutar contra seus próprios parentes."Mas,porque todos estão empenhados á lutar contra nós.".Ao considerar isto,Arjuna concluiu que eles deveriam estar dominados por interesses baixos e egoístas e por tanto perderam a habilidade de discriminar entre o que é bom ou mau. Como resultado eles ,ao destruir sua própria dinastia, cometeriam pecado."Já que não temos motivos egoístas , por que devemos ocupar-nos nestas atividades abomináveis e pecaminosas?.



Sloka 39

Kula-ksaye pranasyanti

Kula-dharmah sanatanah

Dharme naste kulam krtsnam

Adharmo bhibhavaty uta

Os prinçípios religiosos ancestrais transmitidos através de uma dinastia são também destruídos quando ela é destruída. Depois da ruína do Dharma, a dinastia inteira é subjugada pelo adharma.

Bhavanuvada

A palavra sanatanah se refere aos princípios religiosos que descendem da Dinastia desde um tempo ancestral.

Sloka 40

Adharmabhibhavat krsna

Pradusyanti kula-striyah

Strisu dustasu varna-sankarah

Oh Krsna! Quando uma dinastia é subjugada pelo adharma ,suas mulheres se degradam.Oh descendente de Vrsni! Quando as mulheres se tornam degradadas e incastas, nascem descendentes não desejados.

Bhavanuvada

O adharma ocupa as mulheres em atividades incastas.

Sloka 41

Sankaro narakayaiva

Kula-ghnanam kulasya ca

Patanti pitaro hy esam

Lupta-pindodaka-kriyah

Tal progenie não desejada leva ao inferno tanto a dinastia inteira quanto os destruídores da tradição familiar. Sem dúvida alguma,seus antepassados , privados de oblações de água e alimento ,sofrem o mesmo destino.


Sloka 42

Dosair etaih kula-ghnanam

Varna-sankara-karakaih

Utsadyante jati-dharmah

Kula-dharmas ca sasvatah

Devido ás ações perversas daqueles que destróem a tradição familiar ,os prinçípios religiosos da familia e da casta desaparecem.

Bhavanuvada

A palavra utsadyante, significa “eles desaparecem”.

Sloka 43

Utsanna-kula-dharmanam

Manusyanam janardana

Narake niyatam vaso

Bhavatity anususruma

Oh Janardana! Eu escutei que todos aqueles cuja dinastia carece de princípios religiosos, sofrem no inferno por um período ilimitado.

Sloka 44

Aho bata mahat-papam

Kartum vyavasita vayam

Yad rajya-sukha-lobhena

Hantum svajanam udyatah

Quão surpreendente é que, levados pela condição de desfrutar de felicidade imperial ,estamos dispostos á matar nossos próprios parentes e cometer este grande pecado.

Sloka 45

Yadi mam apratikaram

Asastram sastra-panayah

Dhrtarastra rane hanyus

Tan me ksemataram bhavet

Seria ainda mais auspicioso para mim se, desarmado e sem ofereçer resistençia, os filhos de Dhrtarastra fortemente armados me matassem.


Sloka 46

Sanjaya uvaca

Evam uktvarjunah sankhye

Rathopastha upavisat

Visrjya as-saram capam

Soka-samvigna-manasah

Sanjaya disse: Com sua mente perturbada pela lamentação, Arjuna pronunciou estas palavras no campo de batalha, põs de lado seu arco e flecha, e sentou em sua quadriga.

Assim conclui-se o primeiro capítulo do Srimad Bhagavad Gita








Capítulo 2

O prinçípio das análises

Sloka 1

Sanjaya uvaca

Tam tatha krpayavistam

Asru-purnakuleksanam

Visidantam idam vakyam

Uvaca madhusudanah

Sanjaya disse: Sri Madhusudana falou ao aflito Arjuna, quem estava cheio de compaixão e cujos olhos estavam agitados e cheios de lágrimas.

Sloka 2

Sri bhagavan uvaca

Kutas tva kasmalam idam

Visame samupasthitam

Anarya-justam asvargyam

Akirtti-karam arjuna

Sri Bhagavan disse: Oh Arjuna! Qual é a causa da sua ilusão neste momento crítico da batalha. Isto não é próprio de um ariano, pois não condiz com sua reputação, nem te conduzirá aos planetas celestiais.

Bhavanuvada

Neste capítulo, Bhagavan Sri Krsnacandra esboça os sintomas das pessoas liberadas. Ele dissípa a obscuridade causada pela lamentação e ilusão ao conçeder, em primeiro lugar, a sabedoria para discernir entre matéria e espírito.

Prakasika-vrtti

Dhrtarastra estava satisfeito ao saber que,ainda antes de começar a batalha , um sentimento religioso havia despertado no coração de Arjuna. Ele recusava encarar a batalha, atendo-se aos princípios da não violencia,que considerava sendo o Dharma supremo. Dhrtarastra pensou:"Seria uma grande fortuna se esta batalha não aconteçesse , pois assim, meus filhos poderiam permanecer soberanos do reino sem nenhum obstáculo."


Sloka 3

Klaibyam ma sma gamah partha

Naitat tvayy upapadyate

Ksudram hrdaya daurbalyam

Tyaktvottistha parantapa

Oh Partha! Não sejas covarde, isto não lhe é digno. Oh Parantapa! Abandona sua fraqueza de coração e levanta-te.

Bhavanuvada

Aqui Krsna diz: Oh Partha! Apesar de ser um filho de Prtha ,estás se comportando como um covarde.".Depois ele disse: "Tal covardia é própria de um ksatriya de baixa classe."Arjuna poderia dizer: Oh Krsna! Não duvides da minha coragem,eu desejo lutar.Mas por favor ,compreende que do ponto de vista moral,minha renunçia á lutar é para mostrar respeitos á meus gurus, Bhisma e Drona.".Krsna contesta."Minha resposta é ksudram,tal atitude não demonstra discriminação nem compaixão, senão lamentação e ilusão. Ambas revelam a fraquesa da sua mente.


Sloka 4

Arjuna uvaca

Katham bhismam aham sankhye

Dronanca madhusudana

Isubhih pratiyotsyami

Pujarhav arisudana

Arjuna disse: Oh Madhusudana! Oh Arisudana! Destruídor dos inimigos.! Como posso contratacar com minhas flechas, o avô Bhisma, e Dronacarya, quem são dignos de minha veneração?

Bhavanuvada

Para explicar porque não deseja combater, Arjuna argumenta que de acordo com o dharma sastra, a violação da honra de uma personalidade venerável é um ato fatídico.

Ao referir-se á Krsna como Madhusudana, Arjuna acode á esta lógica."Oh querido amigo,tu também destruístes inimigos em batalha, mas não assasinastes teu guru e nem seus parentes. Devido á que o denônio Madhu era seu inimigo, eu me referi á ti como Arisudana, ou o destruídor dos inimigos.

Prakasika-vrtti

Sandipani Muni era um famoso sábio pertençente á kasyapa gotra, que vivia na cidade de Avanti,atual Ujjain. Quando executaram seus passatempos, Sri Krsna e Baladeva o aceitaram como seus Siksa Guru para dar exemplo aos demais.Quando viviam em seu asrama, executaram o passatempo no qual aprenderam as sessenta e quatro artes em sessenta e quatro dias.Visvanatha Cakravarti Thakura comenta que Sandipani Muni era seguidor do senhor Siva, ele explica que se Krsna e Baladeva tivessem aceitado um guru Vaisnava, este os teriam reconheçido como o supremo, e os passatempos de aprendizagem não teriam ocorrido. Sandipani Muni era filho de Paurnamasi Yoga Maya, e os amigos de Krsna ,Madhumangala e Nandimukhi são filho e filha dele.

Sloka 5

Gurun ahatva hi mahanubhavan

Sreyo bhoktum bhaiksyam apiha loke

Hatvartha kamams tu gurun ihaiva

Bhunjiya bhogan rudhira pradigdhan

Seria melhor manter minha vida neste mundo mediante mendicancia do que matar meus gurus, que são grandes personalidades. Se os mato, os prazeres e riquezas que pudesse derfrutar neste mundo, ficariam manchados de sangue.

Bhavanuvada

Arjuna pensou que se converteria em traídor se matasse seus gurus, e qualquer prazer que tivesse depois deste ato, estaria manchado pelo resultado de atos pecaminosos.

Sloka 6

Na caitad vidmah kataran no gariyo

Yad va jayema yadi va no jayeyuh

Yan eva hatva na jijivisamas

Te vasthitah pramukhe dhratarastrah

Sou incapaz de decidir o que é melhor para nós: conquistar ou ser conquistados por eles. Mesmo se nós os matássemos, não iríamos desejar viver. Mas, eles estão do lado de Dhrtarastra e estão na nossa frente, preparados para a batalha.

Bhavanuvada

Aqui arjuna está falando sobre a possibilidade da vitória ou derrota. Ele disse: "Para nós, a vitória é igual á derrota".

Sloka 7

Karpanya dosopahata svabhavah

Prcchami tvam dharma sammudha cetah

Yac chreyah syan niscitam bruhi tan me

Sisyas te ham sadhi mam tvam prapannam

Dominado pela covardia e confundido sobre o dever, perdí meu heroísmo natural. Te suplico, por favor, que me digas o que é melhor para mim. Sou teu discípulo rendido e uma alma entregue á ti. Por favor instruí-me.

Bhavanuvada

Sri Krsna podia ridicularizar Arjuna dizendo:"Ainda que és Ksatriya, você decidiu converte-te em mendigo errante, mediante tua própria compreensão do significado dos sastras. Então, qual é o valor das minhas palavras?." Anteçipando-se, Arjuna começa este verso com a palavra Karpanya: O abandono do heroísmo natural se chama karpanya, que significa comportamento covarde. Para receber instruções de Krsna, Arjuna então lhe assegura."sou teu discípulo, não refutarei mais tuas declarações.

Sloka 8

Na hi prapasyami mamapanudyad

Yae chokam ucchosanam indriyanam

Avapya bhumav asapatnam rddham

Rajyam suranam api cadhipatyam

Ainda que obtivesse na terra um reino inigualável e próspero, com soberania até mais que os semideuses, não vejo como posso brecar este meu pesar que seca meus sentidos.

Bhavanuvada

Arjuna começa este verso coma palavra na hi: "Nos tres mundos, não encontro ninguém, a não ser tu, que possa dissipar minha lamentação."Assim como o intenso calor do verão seca as pequenas folhas, a compaixão está secando meus sentidos.

Sloka 9

Sanjaya uvaca

Evam uktva hrsikesam

Gudakesah parantapah

Na yotsya iti govindam

Uktva tusnim babhuva há

Sanjaya disse:Depois de pronunciar estas palavras , Gudakesa , o castigador dos inimigos ,disse á Krsna. "Oh Govinda, não lutarei, e logo ficou mudo."

Sloka 10

Tam uvaca hrsikesah

Prahasann iva bharata

Senayor ubhayor madhye

Visidantam idam vacah

Oh descedente de Bharata(Dhrtarastra)! Neste momento, Hrsikesa Sri Krishna sorrindo no meio dos exércitos, se dirigiu ao aflito Arjuna com as seguintes palavras:


Bhavanuvada

A frase senayor ubhayor madhye indica que a afição de Arjuna e as instruçõese garantias oferecidas por Krishna eram igualmente visíveisem ambos os exércitos. Em outras palavras, esta mensagem do Bhagavad Gita foi presenciada por ambos os exércitos.

Sloka 11

Sri bhagavan uvaca

Asocyan anvasocas tvam

Prajna vadams ca bhasase

Gatasun agatasums ca

Nanusocanti panditah

Sri Bhagavan disse: Enquanto falas palavras sábias, você se lamenta por nada. O sábio não se lamenta nem pelos vivos nem pelos mortos.

Bhavanuvada

"agata asun" significa onde não chega o ar vital". O erudito e o sábio não se lamentam sequer pelo corpo sutil, pois é indestrurível antes da etapa de mukti. Em ambas as condições, em vida ou com vida, a natureza do corpo grosseiro e sutil é imutável. É incorreto lamentar-se, já que a alma é eterna.

Prakasika-vrtti

O corpo grosseiro da entidade viva é composto por cinco elementos materiais - terra, agua, fogo, ar e éter e é temporário. Onde há nascimento , há morte é certa, seja hoje, amanhã ou daqui uns anos.

Sloka 12

Na tv evaham jatu nasam

Na tvan neme janadhipah

Na caiva na bhavisyamah

Sarve vayam atah param

Jamais houve um tempo em que eu, tu e todos estes reis não existiram, tampouco haverá no futuro um momento em que deixaremos de existir.



Bhavanuvada

Ainda que existe diferença entre Isvara e a jiva, ambos os tipos de alma são eternos e estão livres da morte. Assim a alma não é objeto de lamentação.

Prakasika-vrtti

As pessoas ignorantes que consideram que o corpo grosseiro é igual á alma, não compreendem que o verdadeiro ser não é material.

Sloka 13

Dehino smin yatha dehe

Kaumaram yauvanam jara

Tatha dehantara praptir

Dhiras tatra na muhyati

Assim como a alma corporificada neste corpo grosseiro passa da infância á juventude e logo á velhice, também passa á outro corpo depois da morte. Uma pessoa inteligente não se confunde pela destruição e nascimento do corpo.

Sloka 14

Matra-sparsas tu kaunteya

Sitosna-sukha-duhkha-dah

Agamapayino nityas

Tams titiksasva bharata

Oh Kaunteya! Quando os sentidos entram em contato com os objetos sensíveis, se experimenta frio e calor, felicidade e aflição.Tais experiências são flutuantes e temporárias. Oh Bharata! Por isso deve tolera-las.

Bhavanuvada

Não só a mente nos trazem problemas, mas os sentidos por exemplo, também nos causam problemas. Tolerar as sensações causadas pelos objetos dos sentidos, sabendo que estes também são temporários é uma obrigação prescrita nos Vedas. Assim sendo, banhar-se no inverno é incômodo, mas não se deve abandonar a rotina de se banhar, prescrita nos Sastras. Igualmente, as mesmas pessoas, como os irmãos, os filhos, etc, nos proporcionam felicidade ao nascer ou quando adquirem riquezas, mas estas mesmas pessoas produzem dor no momento de suas mortes. Sabendo que estas felicidades e aflições são temporárias ,devemos tolera-las. Krsna falou á Arjuna: "Não deves abandonar seu Dharma de lutar na batalha com a desculpa de ter afeição por seus parentes. O abandono do dever que os Sastras prescrevem, é sem duvida uma causa de grande pertubação."

Sloka 15

Yam hi na vyathayanty ete

Purusam purusarsabha

Sama dunkha sukham dhiram

So mrtatvaya kalpate

Oh! Tú é o melhor dos homens! A pessoa sensata que considera que a felicidade, a aflição, e a percepção dos diversos objetos sensíveis é a mesma coisa e não se pertuba por elas, sem dúvida está qualificada á liberar-se.

Sloka 16

Nasato vidyate bhavo

Nabhavo vidyate satah

Ubhayor api drsto`ntas

Tv anayos tattva darsibhih

Coisas temporárias– como o verão e o inverno – não tem uma existencia real, e o eterno – a alma –jamais é destruída. Os conhecedores da vedade chegaram á esta conclusão após estudarem sobre o eterno e o temporário.

Sloka 17

Avinasi tu tad viddhi

Yena sarvam idam tatam

Vinasam avyayasyasya

Na kascit karttum arhati

Deves saber que isso que se propaga por todo o corpo não pode ser destruído. Nada é capaz de destruir a alma imperecível.

Bhavanuvada

A alma é diminuta e só pode-se compreende-la quando o coração está purificado e livre dos tres modos da natureza material.

Prakasika-vrtti

Há duas verdades indestrutíveis: uma é a jiva atômica consciente, e a outra é Paramatma , que manifesta e controla todas as jivatmas. Assim como uma simples gota de pasta de sandalo aplicada em um só local refresca o corpo inteiro, a alma (jivatma) localizada no coração, ocupa todo o corpo.

Sloka 18

Antavanta ime deha

Nityasyoktah saririnah

Anasino prameyasya

Tasmad yudhyasva bharata

Deves considerar que os corpos materiais que a alma eterna, indestrutível e incomensurável, ocupa, são perecíveis. Oh! Descendente de Bharata! Por tanto, lute!

Sloka 19

Ya enam vetti hantaram

Yas cainam manyate hatam

Ubhau tau na vijanito

Nayam hanti na hanyate

Os que consideram que a alma mata ou é morta, são ignorantes. A alma não é morta e nem mata ninguém.

Bhavanuvada

Krsna diz: "Oh amigo Arjuna, tu és uma alma, tu não és o sujeito nem o objeto do ato de matar. "Por tanto ó amigo, por que temes a infamia só por que os ignorantes te chamarão de "asassino de seus superiores?"



Sloka 20

Na jayate mriyate va kadaci

Nayam bhutva bhavita va na bhuyah

Ajo nityah sasvato yam purano

Na hanyate hanyamane sarire

A alA A alma não nasce nem morre, tampouco experimenta o crescimento. Ela não nasce pois é eterna e permanente. A alma é primordial, é sempre jovem e não morre quando o corpo é destruído.

Sloka 21

Vedavinasinam nityam

Ya enam ajam avyayam

Katham as purusah partha

Kam ghatayati hanti kam

´Óh Partha! Como pode uma pessoa matar alguém, sabendo que a alma é eterna, não nascida, imutável e indestrutível?

Bhavanuvada

Sri Krsna responde á Arjuna: "Oh Partha! Logo que adquirir este conhecimento, não serás culpado de nenhum pecado, mesmo depois de lutar na batalha."

Sloka 22

Vasamsi jirnani yatha vihaya

Navani grhnati naro parani

Tatha sarirani vihaya jirnany

Anyani samyati navani dehi

Assim como uma pessoa abandona suas roupas velhas e aceita outras novas, a alma abandona os corpos velhos e inúteis e aceita outros novos.

Sloka 23

Nainam chindanti sastrani

Nainam dahati pavakah

Na cainam kledayanty apo

Na sosayati marutah

Esta alma não pode ser ferida por nenhuma arma, nem queimada pelo fogo, molhada pela água ou secada pelo vento.

Sloka 24-25

Acchedyo yam adahyo yam

Akledyo sosya eva ca

Nityah sarva gatah sthanur

Acalo yam sanatanah

Avyakto yam acintyo ya

Mavikaryo yam ucyate

Tasmad evam viditvainam

Nanusocitum arhasi

A alma é indivisível, indestrutível e insolúvel. É eterna, onipenetrante, permanente, inalterável e sempre existente. É imperceptível, inconcebível e, devido a que está livre dos seis tipos de transformações como o nascimento, é imutável. Depois de compreender a alma desta maneira, não deves lamentar-te.

Atha cainam nitya jatam

Nityam va manyase mrtam

Tathapi tvam maha-baho

Nainam socitum arhasi

Mas, se ainda pensas que a alma nasce e morre constantemente, não há razão para que fiques aflito por ela ó Maha Baho!

Bhavanuvada

Aqui Krsna está dizendo: "Ainda que pense que o nasçimemto é perpétuo,ainda sim tu deves executar o seu dever como um valente Ksatriya."

Krsna está tentando fazer com que Arjuna veja então o lado prático da batalha, deixando de lado o conhecimento acerca da alma.

Sloka 27

Jatasya hi dhruvo mrtyur

Dhruvam janma mrtasya ca

Tasmad apariharye rthe

Na tvam socitum arhasi

Para aquele que nasce a morte é certa, e para aquele que morre o nascimento é certo. Por tanto não deves lamentar-se por esta situação inevitável.

Sloka 28

Avyaktadini bhutani

Vyukta madhyani bharata

Avyakta nidhanany eva

Tatra ka paridevana

Oh Bharata!. Todos os seres humanos são imanifestos antes de seu nascimento. No interim , depois do nascimento, eles se manifestam , e após a morte voltam á imanifestar-se. Então ,por que te lamentas?


Sloka 29

Ascaryavat pasyati kascid enam

Ascaryavac cainam anyah srnoti

Srutvapy enam veda na caiva kascit

Há quem considera que a alma é surpreendente, outros falam dela como algo surpreendente e alguns após escutar sobre ela acham que é algo incompreensível e assim não á compreende.

Bhavanuvada

Krsna explica este verso para mostrar á Arjuna o quanto é maravilhoso a combinação do corpo com a alma e lhe esclarece sobre este tema.

Prakasika-vrtti

A alma, a pessoa que instrui sobre a alma, e a audiencia são todos maravilhosos, pois a verdade sobre a ciençia da alma é muito dificil de ser compreendida. Ainda assim, somente poucas personalidades são capazes de compreende-la e a consideram como algo maravilhoso. É estranho que a grande maioria,mesmo depois de escutar sobre a alma de um expert no assunto não consegue compreende-la.

Por esta razão Sri Caitanya Mahaprabhu nos deu a instrução de cantar os santos nomes e como resultado secundário deste canto, virá tambem o conhecimento acerca da alma.


Sloka 30

Dehi nityam avadhyo yam

Dehe sarvasya bharata

Tasmat sarvani bhutani

Na tvamsocitum arhasi

Oh Arjuna! A alma eterna que reside nos corpos de todas as entidades vivas jamais pode ser aniquilada. Por tanto, não é correto que te lamentes por nada.

Sloka 31

Svadharmam api caveksya

Na vikampitum arhasi

Dharmyad dhi yuddhac chreyo nyat

Ksatriyasya na vidyate

Por outro lado se consideras teu próprio dever de Ksatriya, não deves oscilar, pois não há atividade melhor para você do que a luta.

Bhavanuvada

Considerando os dois pontos de vista, é recomendável que Arjuna lute.

Sloka 32

Yadrcchaya copapannam

Svarga dvaram apavrtam

Sukhinah ksatriyah partha

Labhante yuddham idrsam

Oh Partha! Afortunados são os Ksatriyas que tem semelhante oportunidadede lutar, pois tal batalha é a porta de entrada para os planetas celestiais.

Sloka 33

Atha cet tvam imam dharmyam

Sangramam na karisyasi

Tatah svadharmam kirttin ca

Hitva papam avapsyasi

Mas, se não participas desta batalha religiosa, desobedecerás teu dever e perderá tua fama. Então a reacão virá até você.

Bhavanuvada

Neste e nos próximos três versos, Sri Bhagavan explica os defeitos de não lutar.

Sloka 34

Arkittincapi bhutani

Kathayisyanti te vyayam

Sambhavitasya cakirttir

Maranad atiricyate

O povo só irá falar sobre tua infâmia, e para uma pessoa honrosa, a desonra é mais dolorosa que a morte.

Sloka 35

Bhayad ranad uparatam

Mamsyante tvam maha rathah

Yesanca tvam bahu-mato

Bhutva yasyasi laghavam

Grandes guerreiros como Duryodhana e outros irão pensar que fugiste da batalha, cheio de temor. Aqueles que te honravam, irão te considerar um ser insignificante.

Sloka 36

Avacya vadams ca bahun

Vadisyanti tavahitah

Nindantas tava samarthyam

Tato duhkhataram nu kim

Teus inimigos te insultariam com palavras duras e criticariam tuas habilidades. Oh Arjuna! O que poderia ser mais doloroso para ti?

Sloka 37

Hato va prapsyasi svargam

Jitva va bhoksyase mahim

Tasmad uttistha kaunteya

Yuddhaya krta niscayah

Oh! Kaunteya! Se for morto na batalha, alcancarás os planetas celestiais, e se você sai vitorioso da batalha, desfrutarás do reino da terra. Por tanto, levanta com determinação e luta.

Sloka 38

Sukha duhkhe same krtva

Labhalabhau jayajayau

Tato yuddhaya yujyasva

Naivam papam avapsyasi

Sabendo que felicidade e aflição, vitória e derrota, fracasso e triunfo, são todos iguais, luta com esta mentalidade, pois só assim não cometerás pecado algum.

Bhavanuvada

"Assim como uma folha de lótus nunca molha enquanto permanece na água, um Ksatriya que luta na batalha jamais comete pecado.”

Prakasika-vrtti

Krsna fala á Arjuna: "Se lutas com a mentalidade de que felicidade e aflição, vitória e derrota, fracasso e triunfo são todos iguais, então não há pecado algum."

Uma pessoa que está apegada aos frutos de seus atos, está cometendo pecado, por tanto, a renúncia ao apego kármico, é sem dúvida necessária.

Sloka 39

Esa te bhihita sankhye

Buddhir yoge tv imam srnu

Buddhya yukto yaya partha

Karma bandham prahasyasi

Oh! Partha! Até este momento te expliquei o Sankhya-yoga, mas agora vou te explicar Bhakti Yoga, com este conhecimento te libertarás do cativeiro material.

Sloka 40

Nehabhikrama-naso sti

Pratyavayo na vidyate

Svalpam apy asya dharmasya

Trayate mahato bhayat

Os esforços realizados em Bhakti Yoga jamais são em vão. Mesmo uma pequena quantidade deste Yoga, libera a pessoa do mais grande perigo.

Bhavanuvada

Aqui , Krsna diz á Arjuna ."Buddhi Yoga é de dois tipos:1-Bhakti Yoga na forma de audição e canto, e 2-Niskama Karma Yoga na forma de entrega dos frutos dos atos desinteressados á Bhagavan. "Ambos estes dois tipos de Yoga se define com a palavra Buddhi-Yoga.

Prakasika-vrtti

Bhakti é primário e Niskama Karma é secundário. Bhakti Yoga é completamente transcendental aos modos materiais. Qualquer atividade em Bhakti nunca é perdida, a pessoa que não teve sucesso nesta vida, poderá continuar o processo na próxima vida, desde o estágio onde parou.

Sloka 41

Vyavasayatmika buddhir

Ekeha kuru-nandana

Bahu-sakha hy anantas ca

Buddhayo vyavasayinam

Oh! Filho dos Kurus! A inteligencia resoluta dos que praticam Bhakti é indivisível, mas a inteligencia dos indecisos em relação á Bhakti possuem ramificações ilimitadas.

Bhavanuvada

A inteligencia cuja meta é Bhakti yoga é suprema quando comparada aos demais tipos de inteligencia.
Sloka 42



Yam imam puspitam vacam

Pravadanty avipascitah

Veda-vada-ratah partha

Nanyad astiti vadinah

Oh! Partha! Os insensatos, que estão apegados ás declarações floridas dos Vedas, que na verdade só produz veneno, dizem que não há nada além disto nas escrituras.

Prakasika-vrtti

No Srimad Bhagavatam adverte-se para as afirmações Védicas.

Oh! Pracinabarhi! Devido á ignorancia, as atividades ritualísticas mencionadas nos Vedas parecem ser o objetivo supremo. Ainda que suas narrações parecem ser fascinantes aos ouvidos elas carecem de conexão com o absoluto. Por tanto ignore-as.

Sloka 43

Kamatmanah svarga-para

Janma-karma-phala-pradam

Kriya-visesa-bahulam

Bhogaisvarya-gatim prati

As pessoas de natureza luxuriosa, que fazem muitos rituais védicos pomposos para alcançar os planetas celestiais, onde há bastante opulencia e desfrute sensual, acabam se atando ao ciclo de nascimentos e mortes.

Sloka 44

Bhogaisvarya-prasaktanam

Tayapahrta-cetasam

Vyavasayatmika buddhih

Samadhau na vidhiyate

Aqueles que estão apegados ao desfrute e opulencia, cujas mentes estão cativadas pelas palavras floridas dos Vedas, não obterão inteligencia absoluta, com a qual pode-se meditar no Supremo.

Sloka 45

Traigunya-visaya veda

Nistraigunyo bhavarjuna

Nirdvandvo nity-sattva-stho

Niryoga-ksema atmavan

Oh! Arjuna! Supera os modos da natureza material descrita nos Vedas e situa-se transcendentalmente, livre de dualidades, desapegado da tendencia de aquisição e situa-se no eu(atma).

Bhavanuvada

No Srimad Bhagavatam Krsna diz:

"Viver na floresta está no modo da bondade, viver na cidade está no modo da paixão, viver em uma casa de apostas está no modo da ignorancia e viver onde eu moro (templo) está transcendental aos tres modos da natureza material (nirguna).

Sloka 46

Yavan artha udapane

Sarvatah samplutodake

Tavan sarvesu vedesu

Brahmanasya vijanatah

Assim como vários reservatórios de água que satisfazem um mínimo propósito provém de um grande lago, similarmente o resultado alcançado com a adoração aos semideuses é insignificante se comparado á realização alcançada pelo brahmana erudito que está dotado com Bhakti por Krsna.

Prakasika-vrtti

As diferentes atividades que podem ser executadas mediante o uso de pequenos poços separados, podem fácilmente ser executadas ao usar um grande estanque.

Assim também, os diferentes desejos que podem ser satisfeitos através da adoração aos semi deuses, podem ser fácilmente alcançados simplesmente adorando Krsna.

Sloka 47

Karmany evadhikaras te

Ma phalesu kadacana

Ma karma-phala-hetur bhur

Ma te sango stv akarmani

Sem dúvida , tens o direito de executar seu dever prescrito, mas em momento algum tens o direito de desfrutar dos frutos de sua ação. Não sejas motivado pelos frutos da ação , mas também não deixa de executar seu dever.

Sloka 48

Yoga-sthah kuru karmani

Sangam tyaktva dhananjaya

Siddhy-asiddhyoh samo bhutva

Samatvam yoga ucyate

Oh! Dhananjaya! Situado em Bhakti Yoga, abandonando os apegos pelos frutos da ação, executa os deveres prescritos e permanece equanime no êxito e fracasso. Isto se denomina Yoga.

Sloka 49

Durena hy avaram karma

Buddhi-yogad dhananjaya

Buddhau saranam anviccha

Krpanah phala-hetavah

Oh! Dhananjaya! Atividades fruitivas são bastante inferiores se comparadas á Bhakti, e quem anseia pelos frutos das atividades são ávaros.


Sloka 50

Buddhi-yukto jahatiha

Ubhe sukrta-duskrte

Tasmad yogaya yujyasva

Yogah karmasu kausalam

Uma pessoa inteligente abandona as atividades piedosas e pecaminosas nesta vida mesmo, por tanto, esforça-te nesta Yoga e executa todas as atividades desinteressadamente.

Sloka 51

Karma-jam buddhi-yukta hi

Phalam tyaktva manisinah

Janma-bandha-vinirmuktah

Padam gacchanty anamayam

Sem dúvida, os sábios que possuem inteligencia absoluta, abandonam os resultados nascidos das ações fruitivas, assim eles alcançam um lugar onde não há sofrimento algum, e são eternamente liberados do ciclo de nascimentos e mortes.

Sloka 52

Yada te moha-kalilam

Buddhir vyatitarisyati

Tada gantasi nirvedam

Srotavyasya srutasya ca

Quando sua inteligencia cruzar o denso bosque da ilusão, ficarás indiferente á tudo que já escutou ou está por escutar.

Sloka 53

Sruti-vipratipanna te

Yada sthasyati niscala

Samadhav acala buddhis

Tada yogam avapsyasi

Quando tua inteligencia estiver desapegada das diferentes interpretações dos Vedas e firme em transe, neste momento alcançarás o fruto do Yoga.



Sloka 54

Arjuna uvaca

Sthita-prajnasya ka bhasa

Samadhi-sthasya kesava

Sthita-dhih kim prabhaseta

Kim asita vrajeta kim

Arjuna disse: Oh! Kesava! Quais são os sintomas de uma pessoa cuja inteligencia está fixa na transcendência? Como ela se senta, fala e como ela caminha?

Sloka 55

Sri bhagavan uvaca

Prajahati yada kaman

Sarvan partha mano-gatan

Atmany evatmana tustah

Sthita-prajnas tadocyate

Sri Bhagavan disse: Oh! Partha! Uma pessoa possui inteligençia perfeita quando abandona todos os tipos de desejos materiais que surgem da mente. Dentro de sua mente controlada ele está satisfeito por Ter uma alma bem aventurada. Neste estado ele é visto como uma pessoa de inteligência perfeita.

Sloka 56

Dunkhesv anudvigna-manah

Sukhesu vigata-sprhah

Vita-raga-bhaya-krodhah

Sthita-dhir munir ucyate

O sábio cuja mente não se agita pelas misérias e permanece livre de ansiedade provocados pelos desejos sensuais, livre do apego e temor e ira, é chamado de sábio com inteligençia perfeita.

Bhavanuvada

São tres, os tipos de misérias.As que são provocadas pela sede,dor de cabeça,febre etc..,que provém do corpo e da mente,são chamadas Adhyatmika.

As que são provocados por entidades vivas tais como serpente, insetos etc.., são chamadas de Adhibhautika.

E as que provém dos semi-deuses, tais como a chuva, frio, calor etc...chaman-se Adhidaivika.

Aqui Krsna diz que aquele que não se agita devido á estas misérias, é um sábio controlado e inteligente.

Sloka 57

Yah sarvatranabhisnehas

Tat tat prapya subhasubham

Nabhinandati na dvesti

Tasya prajna pratisthita

A pessoa que não tem apegos mundanos exessivos, que não se regosija na vitória e nem se lamenta pela derrota, é considerada uma pessoa de inteligencia resoluta.

Sloka 58

Yada samharate cayam

Kurmo nganiva sarvasah

Indriyanindriyarthebhyas

Tasya prajna pratisthita

Quando uma pessoa pode retrair seus sentidos completamente dos objetos dos sentidos, assim como uma tartaruga retrai suas extremidades para dentro da carapaça, se diz que essa pessoa possui inteligência resoluta.

Sloka 59

Visaya vinivarttante

Niraharasya dehinah

Rasa-varjam raso py asya

Param drstva nivarttate

Uma pessoa que se identifica com seu corpo pode restringir-se dos objetos dos sentidos artificialmente, mas ainda permanece o gosto por esses objetos. Mas a pessoa de inteligencia clara,ao compreender a superalma, seu gosto pelos objetos sensíveis acaba automaticamente.

Sloka 60

Yatato hy api kaunteya

Purusasya vipascitah

Indriyani pramathini

Haranti prasabham manah

Oh! Filho de Kunti! Os sentidos agitados, sem dúvida arrastam á força a mente de um homem inteligente que possui conhecimento e se esforça para alcançar a liberação.

Prakasika-vrtti

Dominar os sentidos é tão dificil como controlar a mente. Mas, de cordo com as instruções de Sri Caitanya Mahaprabhu, esta difícil tarefa se torna fácil quando ocupa-se os sentidos no serviço á Bhagavan Sri Krsna.

Sloka 61

Tani sarvani samyamya

Yukta asita mat-parah

Vase hi yasyendriyani

Tasya prajna prathisthita

A pessoa deve controlar todos os sentidos,através de Bhakti Yoga, dedicando-se á mim, pois somente a pessoa com sentido controlado possui inteligencia determinada e pura.

Sloka 62

Dhyayato visayam pumsah

Sangas tesupajayate

Sangat sanjayate kamah

Kamat krodho bhijayate

Uma pessoa desenvolve apego pelos objetos dos sentidos ao comtenpla-los. Deste apego surge o desejo de desfrute e do desejo surge a ira.

Sloka 63

Krodhad bhavati sammohah

Sammohat smrti-vibhramah

Smrti-bhramsad buddhi-naso

Buddhi-nasat pranasyati

Da ira vem a confusão, da confusão surge o esquecimento, na perda da memória a inteligencia é destruída, e quando a inteligençia é destruída, a pessoa cai completamente nas garras da ilusão.

Sloka 64

Raga-dvesa-vimuktais tu

Visayan indriyais caran

Atma-vasyair vidheyatma

Prasadam adhigacchati

Sem dúvida, um homem com sentidos controlados, livre do apego e aversão, alcança paz mental mesmo quando desfruta dos objetos dos sentidos com os seus sentidos controlados.

Sloka 65

Prasade sarva-duhkhanam

Hanir asyopajayate

Prasanna-cetaso hy asu

Buddhih paryavatisthate

Uma pessoa de inteligencia clara se libera de todas as misérias, a mente de tal homem é muito pacífica e calma, e assim ele se fixa em atingir a meta desejada.

Sloka 66

Nasti buddhir ayuktasya

Na cayuktasya bhavana

Na cabhavayatah santir

Asantasya kutah sukham

Uma pessoa desconectada do Senhor não possui inteligencia espiritual e assim sendo, ela é incapaz de meditar em Paramesvara. Como pode haver felicidade para alguém que não possui paz?

Sloka 67

Indriyanam hi caratam

Yan mano nuvidhiyate

Tad asya harati prajnam

Vayur navam ivambhasi

Assim como o vento arrasta um bote sobre a água, simirlamente, a mente de uma pessoa descontrolada é arrastada pelos sentidos , então é arrastada também, sua inteligencia.

Sloka 68

Tasmad yasya maha-baho

Nigrhitani sarvasah

Indriyanindriyarthebhyas

Tasya prajna pratisthita

Oh!Maha-Baho! Por tanto ,a pessoa que é capaz de restringir seus sentidos completamente dos objetos dos sentidos, possui inteligencia absolutamente clara.

Sloka 69

Ya nisa sarva-bhutanam

Tasyam jagartti samyami

Yasyam jagrati bhutani

sa nisa pasyato muneh

Neste estado noturno mental no qual dorme todos os seres,um homem inteligente está desperto. Quando os seres ordinários estão mentalmente despertos, este momento é noite para o sábio iluminado.

Sloka 70

Apuryamanam acala-pratistham

Samudram apah pravisanti yadvat

Tadvat kama yam pravisanti sarve

As santim apnoti na kama-kami

Assim como o oçeano permanece calmo,quieto e imóvel, ainda que inúmeros rios deságuam nele, similarmente , o homem sábio permaneçe fixo e impertubável, ainda que a agitação dos sentidos entram á força dentro dele. Somente a pessoa que possui inteligência estável pode alcançar a paz. Isto não é alcançável para aqueles que tentam satisfazer os desejos materiais.


Sloka 71

Vihaya kaman yah sarvan

Pumams carati nihsprhah

Nirmamo nirahankarah

As santim adhigacchati

Aqueles que abandonam todos seus desejos materiais, e que estão livres de possesividade, estão livres de ansiedades e falso ego. Esta pessoa alcançará paz.

Sloka 72

Esa brahmi sthitih partha

Nainam prapya vimuhyati

Sthitvasyam anta-kale pi

Brahma-nirvanam rcchati

Oh!Partha! Esta é a situação daquele que alcançou o brahmam,mas aquele que não alcançou esta condição será confundido.Aquele que alcança tal estado, consegue a emancipação espiritual no momento da morte.


Bhavanuvada

Neste capítulo se explica espeçificamente o jnana yoga, karma yoga e indiretamente Bhakti Yoga. Por este motivo, este é considerado o resumo do Sri Gita.







Capítulo 3

KARMA YOGA

O prinçípio da ação

Sloka 1

Arjuna uvaca

Jyayasi cet karmanas te

Mata buddhir janardana

Tat kim karmani ghore mam

Niyojayasi kesava

Arjuna disse: Oh!Janardana! Se consideras que a inteligencia é melhor do que o trabalho fruitivo, então por que estäs me ocupando nesta terrível batalha?

Sloka 2

Vyamisreneva vakyena

Buddhim mohayasiva me

Tad ekam vada niscitya

Yena sreyo ham apnuyam

Minha inteligencia está confundida por tuas declarações ambíguas. Diga-me por favor, o que é mais benéfico á mim?

Sloka 3

Sri bhagavan uvaca

Loke smin dvi-vidha nistha

Pura prokta mayanagha

Jnana-yogena sankhyanam

Karma-yogena yoginam

Sri Bhagavan disse: Oh!Imaculado Arjuna! Já te expliquei que neste mundo há dois tipos de fé inquebrantável: A fé dos filósofos empiristas baseada no processo de especulação filosófica, e a fé dos yoguis baseada no processo de niskama-karma-yoga.

Sloka 4

Na karmanam anarambhan

Naiskarmyam puruso snute

Na ca sannyasanad eva

Siddhim samadhigacchati

Uma pessoa não pode alcançar liberação por deixar de fazer seus deveres prescritos, e nem uma pessoa pode alcançar a perfeição simplesmente por aceitar sannyasa.

Sloka 5

Na hi kascit ksanam api

Jatu tisthaty akarmakrt

Karyate hy avasah karma

Sarvah prakrti-jair gunaih

Certamente, nada permanece inativo sequer por um instante. Todas as pessoas certamente se ocupam inevitavelmente na ação, através dos modos materiais, de acordo com sua própria natureza.


Sloka 6

Karmendriyani samyamya

Ya aste manasa smaran

Indriyarthan vimudhatma

Mithyacarah sa ucyate

Uma pessoa tola, que controla os sentidos, mas permanece meditando nos objetos dos sentidos por meio da mente, é chamada de hipócrita.

Sloka 7

Yas tv indriyani mana

sa

Niyamyarabhate arjuna

Karmendriyaih karma-yogam

Asaktah sa visisyate

Oh!Arjuna! Aquele que sem apego, controla os sentidos através da mente, e que começou o processo de niskama-karma-yoga mediante os sentidos de trabalho, é superior ao hipócrita.

Bhavanuvada

Bhagavan recita este verso para explicar que um homem casado que segue as instruções dos Sastras, é superior ao falso renunciante. Aqui, a palavra karma-yoga refere-se á ação prescrita pelos sastras sem o desejo do resultado de tal atividade.

Sloka 8

Niyatam kuru karma tvam

Karma jyayo hy akarmanah

Sarira-yatrapi ca te

Na prasidhyed akarmanah

Você deve executar seus deveres segundo as regulações dos Sastras, pois a ação é melhor que a inação. Tua manutenção corporal não pode ser feita sem o trabalho.

Sloka 9

Yajnarthat karmano nyatra

Loko yam karma-bandhanah

Tad-artham karma kaunteya

Mukta-sangah samacara

Oh! Filho de Kunti! Com excessão da ação oferecida á Visnu dessinteressadamente, todas as demais atividades perpetuam a humanidade neste mundo. Por tanto, livre do apego, executa seus atos para sua própria satisfação.

Sloka 10

Saha yajnah prajah srstva

Purovaca prajapatih

Anena prasavisyadhvam

Esa vo stv ista-kama-dhuk

Em tempos remotos, tendo criado sua progenie,junto com os brahmanas qualificados para executar sacrifíçios, Prajapati Brahma lhes deu esta benção: "Que este sacrificio lhes traga prosperidade e sastifaça todos os seus desejos."

Bhavanuvada

Para explicar o verso anterior, Sri Krsna recita sete versos que começam com este, cuja palavra inicial é saha."Uma pessoa de coração impuro deve dedicar-se exclussivamente ao cultivo da ação desinteressada e não deve aceitar sannyasa. Mas se em sua condição atual não pode sequer executar tal ação, deve então dedicar-se á ação fruitiva e ofereçe-la á Visnu.

Levando em conta a tendencia de desfrute que teria a progenie, o Senhor Brahma disse: "Que este yajna satisfaça todas as suas metas."

Sloka 11

Devan bhavayatanenate

Deva bhavayantu vah

Parasparam bhavayantah

Sreyah param avapsyatha

Satisfazendo os semi-deuses mediante o sacrifíçio , eles também o satisfarão. Satisfazendo-se mutuamente, voces alcançarão suprema fortuna.

Sloka 12

Istan bhogan hi vo deva

Dasyante yajna-bhavitah

Tair dattan apradayaibhyo

Yo bhunkte stena eva sah

Estando satisfeitos com os sacrifícios, os semi-deuses o recompensarão concedendo-lhes tudo que desejam. Por tanto, aquele que desfruta dos ingredientes ministrados pelos semideuses sem oferece-los á eles, é sem dúvida um ladrão.

Sloka 13

Yajna sistasinah santo

Mucyante sarva kilbisaih

Bhunjate te tv agham papa

Ye pacanty atma-karanat

As pessoas santas que comem os restos de comida do sacrifício, estão livres de todo o pecado, mas , as que cozinham grãos e outros alimentos apenas para seu próprio prazer, estão comendo apenas pecado.

Sloka 14

Annad bhavanti bhutani

Parjanyad anna-sambhavah

Yajnad bhavati parjanyo

Yajnah karma-samudbhavah

As entidades vivas nasçem dos grãos produzidos pela chuva. A chuva por sua vez é produzida pelo sacrifício que nasce da execução dos deveres prescritos.

Sloka 15

Karma brahmodbhavam viddhi

Brahmaksara-samudbhavam

Tasmat sarva-gatam brahma

Nityam yajne pratisthitam

Deves saber que os deveres prescritos nascem dos Vedas, os Vedas nascem do Senhor Supremo imutável. Por tanto,o Brahma Supremo onipenetrante, se situa sempre no sacrifício.

Sloka 16

Evam pravarttitam cakram

Nanuvartayatiha yah

Aghayur indriyaramo

Mogham partha as jivati

Oh! Partha! Aquele que não segue o ciclo estabeleçido nos Vedas, vive em vão, pois é um desfrutador dos sentidos , e é a morada do pecado.

Sloka 17

Yas tv atma-ratir eva syad

Atma-trptas ca manavah

Atmany eva ca santustas

Tasya karyam na vidyate

Sem dúvida, a pessoa que se regosija no ser e se sente feliz consigo próprio, á ela não existe dever algum.

Sloka 18

Naiva tasya krtenartho

Nakrteneha kascana

Na casya sarva-bhutesu

Kascid artha-vyapasrayah

Aquele que é atmarama não alcança virtude alguma mediante a execução das ações neste mundo, tampouco incorre em pecado por sua inação e nem tem a necessidade de depender das jivas para conseguir seus propósitos.

Prakasika-Vrtti

Todas as jivas, tanto móveis tanto imóveis,começando por Brahma, permanecem absortas no desfrute material devido á sua identificação com o corpo; cada uma de suas ações está dirigida para o prazer sensual. Mas a pessoa que é Atmarama, transcendeu o egoísmo relativo aos prazeres mundanos e nem sequer se interessa por jnana ou vairagya,e por que estão completamente absortas em Bhakti, jnana e vairagya manifesta-se naturalmente neles.

Sloka 19

Tasmad asaktah satatam

Karyam karma samacara

Asakto hy acaran karma

Param apnoti purusah

Por tanto, executa seu dever prescrito sem nenhum apego. Executando os deveres prescritos sem apego, um homem alcança o Supremo.

Sloka 20

Karmanaiva hi samsiddhim

Asthita janakadayah

Loka-sangraham evapi

Sampasyan kartum arhasi

Janaka e outros reis santos, sem dúvida, alcançaram a perfeição por executar seus devers prescritos. Voce também, para o benefício do povo, também dve fazer isto.

Sloka 21

Yad yad acarati sresthas

Tat tad evetaro janah

sa yat pramanam kurute

lokas tad anuvarttate

Sem dúvida, as pessoas ordinárias atuam do mesmo modo que uma pessoa exaltada. Qualquer regra que uma pessoa exaltada estabeleça, estas pessoas o seguirão.

Slok 22

Na me parthasti karttavyam

Trisu lokesu kincana

Nanavaptam avaptavyam

Varta eva ca karmani

Oh!Partha! Para mim, não há nenhum dver prescrito, pois não há nada inalcançavel pra mim nos tres mundos. Mas até mesmo eu estou ocupado na execução dos deveres prescritos.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan se exibe como exemplo para instruir o povo comum neste e nos próximos versos.

Sloka 23

Yadi hy aham na vartteyam

Jatu karmany atandritah

Mama vartmanuvarttante

Manusyah partha sarvasah

Oh!Partha! Se em algum momento eu não me ocupasse cuidadosamente na execução dos meus deveres prescritos, as pessoas seguiriam meu comportamento em todos os aspectos.

Sloka 24

Utsideyur ime loka

Na kuryam karma ced aham

Sankarasya ca kartta syam

Upahanyam imah prajah

Se eu não realizasse meus deveres prescritos (Karma), todo o mundo se degradaria e eu seria o criador da população indesejada. Então eu seria o instrumento para a decadençia de todas as pessoas.

Sloka 25

Saktah karmany avidvamso

Yatha kurvanti bharata

Kuryad vidvams tathasaktas

Cikirsur loka-sangraham

Oh!Bharata! Assim como o ignorante executa o dever prescrito com apego, do mesmo modo, o sábio deve atuar sem apego, sempre desejando o bem estar do povo.

Sloka 26

Na buddhi-bhedam janayed

Ajnanam karma-sanginam

Yojavyet sarva-karmani

Vidvan yuktah samacaran

A pessoa erudita não deve confundir os ignorantes induzindo-os a abandonar seus deveres prescritos. Ao contrário,com uma mente equanime,ele deve anima-los a ocupar-se em todos seus deveres.

Sloka 27

Prakrteh kriyamanani

Gunaih karmani sarvasah

Ahankara-vimudhatma

Karttaham iti manyate

Uma pessoa confundida pelo falso ego,pensa que é o atuante ,mas, em todos os aspectos, as atividades se realizam pela vontade da natureza material do Senhor.

Sloka 28

Tattvavit tu maha-baho

Guna-karma-vibhagayoh

Guna gunesu varttanta

Iti matva na sajjate

Oh! Arjuna de braços poderosos. Um conheçedor da ciençia transcendental sabe das diferenças entre a alma , os modos materiais e a leis do Karma. Considerando que os sentidos se ocupam em seus objetos, ele se mantém desapegado.

Sloka 29

Prakrter guna-sammudhah

Sajjante guna-karmasu

Tan akrtsna-vido mandan

Krtsna-vin na vicalayet

As pessoas confundidas pelos três modos da natureza material se apegam aos modos e ao Karma, mas o sábio não deve se perturbar com estas pessoas menos inteligente e ignorantes.

Sloka 30

Mayi sarvani karmani

Sannyasyadhyatma-cetasa

Nirasir nirmamo bhutva

Yudhyasva vigata-jvarah

Fixa tua mente no ser interior, oferece todas as suas atividades á mim, e estando livre de todo o desejo, do sentido de possesividade e lamentação, lute.
Prakasika-Vrtti



Sri Bhagavan converte Arjuna em um instrumento visando ensinar os homens comuns a importançia de se executar o Karma prescrito ,livre do falso ego de se açhar o auante das açõesedo desejo pelos fruto destas ações.


Sloka 31

Ye me matam idam nityam

Anutisthanti manavah

Sraddhavanto nasuyanto

Mucyante te pi karmabhih

Aquelas pessoas quenão são invejosas, que tem plena fé em mim e que sempre se ajustam ao meu desejo, se liberam também do cativeiro das ações fruitivas.

Sloka 32

Ye tv etad abhyasuyanto

Nanutisthanti me matam

Sarva-jnana-vimudhams tan

Viddhi nastan acetasah

Mas as pessoas invejosas, que não seguem minhas instruções, carecem de inteligencia e de verdadeiro conheçimento, fracassam em seu intento de alcançar a perfeição.

Sloka 33

Sadrsam cestate svasyah

Prakrter jnanavan api

Prakrtim yanti bhutani

Nigrahah kim karisyati

Inclusive um sábio atua segundo sua propria inclinação, porque todos os seres seguem suas naturezas. Que poderiam obter coma repressão dos seus sentidos?
Prakasika-vrtti



Uma pessoas cujos sentidos estão descontrolados, pode Ter certa discriminação,mas é incapaz de refrea-los através do conheçimento dos Sastras.

Os desejos incontroláveis e degradados podem ser eliminados através de Sadhu Sanga, associação com os Santos poderosos.

Srila Bhaktivinoda explica: ”Krsna diz: ”Ó Arjuna, não pensa que um homem com conheçimento pode alcançar a liberação do cativeiro material apenas por saber sobre a matéria e espírito. A alma condiçionada deve esforçar-se de cordo com suas inclinações espeçíficas. Deve continuar atuando segundo sua inclinação de forma natural. Voçê deve entregar os frutos das suas ações a Sri Bhagavan. A renúnçia ao dever prescrito lhe trará a desviação do caminho da perfeição. Quando,através da minha misericórdia ou de meu devoto, o Bhakti yoga apareçe no no coração, não há neçessidade de seguir o dever prescrito , poiseste caminho é superior ao deniskama-karma-yoga. Mas, ainda sim, se Bhakti ainda não surgiu,o niskama-karma-yoga ofereçido á mim, é sempre benéfico.”

Sloka 34

Indriyasyendriyasyarthe

Raga-dvesau vyavasthitau

Tayor na vasam agacchet

Tau hy asya paripanthinau

Todos os sentidos são controlados pelo apego e a aversão por seus objetos. Por tanto o sadhaka não deve converter-se em um escravo dos seus sentidos, pois o apego e a aversão são totalmente desfavoráveis.
Prakasika-Vrtti



Os sentidos são de dois tipos: jnanendriya e karmendriya.Há cinco jnanendriyas: vista, ouvido, olfato, gosto e tato. Os karmendriyas são cinco também: fala, mãos, pernas, ânus e genitais. O sadhaka de Bhakti emprega estes dez sentidos e a mente em diversos tipos de serviço devocional para o prazer de Sri Krsna, ao invés de usar-los para seu próprio desfrute. Desta maneira, pode-se dominar os sentidos e alcançar a meta suprema da vida.

Srila Bhaktivinoda Thakura explica. “Krsna diz á Arjuna: “Oh Arjuna, se pensas que ao açeitar os objetos dos sentidos, as entidades vivas ficarão mais viçiadas ao prazer mundano e por tanto,sua liberação do cativeiro do Karma será impossível, então escuta-me. Não é certo que todos os objetos sensíveis sejam prejudiçiais para o progresso espiritual. O apego e a aversão á estes objetos é que são seus piores inimigos. Enquanto possuir um corpo material, deves aceitar os objetos dos sentidos, mas ao eliminar gradualmente o apego e a aversão, os quais são produtos da identificação córporea, te desapegarás totalmente deles. Você deve controlar o apego e a aversão que estão relaçionados com seu próprio prazer, porque eles promovem um temperamento oposto á Bhakti (devoção).

Sloka 35

Sreyam sva-dharma vigunah

Para-dharmat svanusthitat

Sva-dharme nidhanam sreyah

Para-dharmo bhayavahah

È melhor executar o próprio dever prescrito,ainda que de modo imperfeito,do que levar á cabo o dever de outros perfeitamente.É melhor morrer executando o próprio dever de acordo com o Varnasrama do que desempenhar o dever alheio,pois isto é muito perigoso.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda diz:”Alguém que segue seu dever,pode morrer antes de alcançar um estado superior de Dharma,mas ainda sim,isso lhe é benéfico,pois cumprir o dever alheio é sempre terrível e perigoso.Tal consideração não é aplicável aos praticantes de Nirguna Bhakti,pois alguém que alcançou isto pode abandonar seu dever sem vaçilação,pois neste momento seu Nitya Dharma(natureza constituçional)se manifesta como seu Sva Dharma.

Sloka 36

Arjuna uvaca

Atha kena prayukto ýam

Papam carati purusah

Anicchann api varsneya

Balad iva niyojitah

Arjuna disse:”Ó desçedente de Vrsni!Por que uma pessoa tem que ser ocupada ainda que contra sua próporia vontade, á cometer algum pecado?

Sloka 37

Sri bhagavan uvaca

Kama esa krodha esa

Rajo-guna-samudbhavah

Maha-sano maha-papma

Viddhy enam iha vairinam

Sri Bhagavan diz:”O desejo de desfrutar dos objetos dos sentidos, que depois se transforma em ira,nasçe do modo da paixão.Isto é imensamente grande e voraz.Considere isto como o prinçipal inimigo da jiva neste mundo.

Bhavanuvada

A luxúria,o desejo pelos objetos dos sentidos,vincula as pessoas com as atividades pecaminosas e as impulsiona á executa-las. Conclusão:O desejo que nasçe do modo da paixão,produz a ira,a qual está situada no modo da ignorânçia.

Segundo a declaração do Smrti se diz que a satisfação do desejo está aquém da capaçiadade de uma pessoa.Anteçipando a pergunta”Se não há a possibilidade de controlar a luxúria ofereçendo-a seus objetos:devemos nós controlá-la retraíndo-a?”

Bhagavan diz:”Ela é extremamente formidável e muito difícil de se controlar.”

Sloka 38

Dhumenavriyate vahnir

Yathadarso malena ca

Yatholbenavrto garbhas

Tatha tenedam avrtam

Assim como a fumaça cobre o fogo ou o ventre cobre o embrião, o conhecimento fica encoberto por diversos agrados da luxúria.

Sloka 39

Avrtam jnanam etena

Jnanino nitya-vairina

Kama-rupena kaunteya

Duspurenanalena ca

Oh!Arjuna! O Verdadeiro conhecimento do sábio é encoberto pelo inimigo eterno, a luxúria, que assim como fogo, jamais se sacia.

Bhavanuvada

No Srimad Bhagavatam se diz:”O fogo não se sacia com a manteiga clarificada, muito pelo contrário, ele se torna mais vivo. Igualmente, a sede de prazer sensual se intensifica mais e mais ao desfrutar dos objetos dos sentidos.

Sloka 40

indriyani mano buddhir

asyadhisthanam ucyate

etair vimohayaty esa

jnanam avrtya dehinam

Se diz que os sentidos, a mente e a inteligênçia, são as residencias da luxúria. Com sua ajuda,esta luxúria envolve o conhecimento e desconçerta a entidade viva.

Bhavanuvada

Os sentidos, a mente e a inteligência são como um grande forte onde reside este inimigo, a luxúria.E os objetos sensíveis, como o som, constituem seu reino. A alma corporificada é desconcertada por todos eles.

Sloka 41

Tasmat tvam indriyany adau

Niyamya bharatarsabha

Papmanam prajahi hy enam

Jnana-vijnana-nasanam

Óh melhor dos Bharatas! Por tanto,primeiro controla os sentidos,assim sem dúvida alguma você aniquilará este forte destruídor(a luxúria), que destrói tanto o conhecimento quanto a auto realização.

Bhavanuvada

O inimigo é vencido quando se conquista sua guarita; esta é a estratégia. Então, devemos primeiro controlar os sentidos. Controlando os sentidos, ou seja, desviando-os de seus objetos, a mente se libertará da luxúria em seu devido momento.

Prakasika-Vrtti

Sri Bhagavan disse á Uddhava: ”A mente só se pertuba quando os sentidos é posto em contato com seus objetos.”

“Assim sendo,a mente de uma pessoa que domina seus sentidos é sempre estável e paçífica.”

Sloka 42

Indriyani parany ahur

Indriyebhyah param manah

Manasas tu para buddhir

Buddher yah paratas tu sah

Se diz que os sentidos são superiores á materia inerte, a mente é superior aos sentidos, a inteligência é superior á mente, e a alma é superior á inteligência.

Sloka 43

Evam buddheh param buddhva

Samstabhyatmanam atmana

Jahi satrum maha-baho

Kama-rupam durasadam

Ó possuidor de braços poderosos! Desta maneira, compreendendo que a alma é superior á inteligênçia, controla com firmeza a mente através da inteligência pura e destrói este poderoso inimigo em forma de luxúria.

Capítulo 4
Jnana Yoga
O conheçimento Transçendental
Sloka 1
Sri bhagavan uvaca

Imam vivasvate yogam

Proktavan aham avyayam

Vivasvan manave praha

Manur iksvakave bravit

Bhagavan disse: Eu ensinei esta impereçível cieençia do Yoga primeiramente á Vivasvan, o deus do sol, quem por sua vez ensinou á Manu. Então Manu ensinou á Iksvaku.

Prakasika-vrtti



Neste capítulo, Sri Bhagavan introduz o conçeito da suçessão discípular de mestres espirituais auto realizados, sem o qual não se pode manifestar Bhakti ou Jnana Yoga neste mundo material. Só através dela se pode compreender temas espirituais. Na Índia, podemos ver como a fé e devoção na sucessão disçípular encontra-se até nas pessoas comuns.Os mantra que não são recebidos através da sucessão discípular são completamente infrutíferos. Nesta Kali Yuga existem quatro suçessões Vaishnavas: Sri, Brahma, Rudra e Kumara. Sri Krsna é a fonte de todas elase dele flui todo a verdade neste mundo.

No Gita, se explica como Krsna ensinou primeiramente o jnana yoga á Surya deva, Vivasvan, que por sua vez ensinou á manu, que logo ensinou á Iksvaku. Assim sendo, o sistema de suçessão discipular, parampara, é uma tradição ancestral e confiável mediante o conheçimento divino há sendo preservado até o presente momento.

Uma pessoa jamais compreenderá o Bhagavad Gita se não se situa no Guru Parampara, ainda que seja muito qualificada em termos de conheçimento material; portanto é necessário se proteger dos comentaristas maléficos, principalmente os Mayavadis(impersonalistas) os quais se identificam com o corpo material.
Sloka 2

Evam parampara-praptam

Imam rajarsayo viduh

As kaneleha mahata

Yogo nastah parantapa

Ó Arjuna! Esta ciência do yoga foi recebida através da suçessão discipular e os reis piedosos assim á aprenderam. Mas, devido á poderosa influência do tempo, esta ciência suprema se perdeu neste mundo.

Sloka 3



As evayam maya te dy

Yogah proktah puratanah

Bhakto si me sakha cet

Rahasyam hy etad uttamam

Hoje te ensino esta mesma ancestral ciência da conexão com o supremo. Por que você é meu amigo e meu devoto você pode enteder este conhecimento confidêncial supremo.

Prakasika-Vrtti



Um guru genuíno ensina princípios muito confidênciais apenas ao discípulo afetivo e rendido, que tem uma atitude de serviço.

Quem não possui estas qualidades, não são capazes de compreender o conheçimento transmitido pelo Guru. Aqui, Bhagavan sri Krsna está dizendo á Arjuna:”Por que tu és muito afetuoso e um querido amigo, eu estou o impartindo este conhecimento transcendental confidencial.

Sloka 4



Arjuna uvaca

Aparam bhavato janma

Param janma vivasvatah

Katham etad vijaniyam

Tvam adau proktavan iti

Arjuna disse: Tu nasceste recentemente, enquanto que Surya nasceu há muito tempo. Como você o ensinou este yoga?

Bhavanuvada



Considerando impossível a declaração anterior de Krsna, Arjuna pergunta: ”Você nasceu recentemente , enquanto que Surya(o deus do sol)nasceu há muito tempo atrás. Como posso crer então que tu ensinastes este yoga em um empos ancestrais?”

Sloka 5

Sri bhagavan uvaca

Bahuni me vyatitani

Janmani tava carjuna

Tany aham veda sarvani

Na tvam vettha parantapa

Sri Bhagavan disse: Ó Arjuna, castigador do inimigo. Voçê e eu já tomamos muitos nascimentos juntos. Eu me recordo de todos eles, mas você não.

Prakasika-vrtti



Aqui Krsna diz á Arjuna: ”Mesmo antes desta minha existência atual, eu vim na forma de muitos outros avataras, manifestando assim diversos nomes, passatempos e formas, os quais me recordo plenamente. Você apareceu comigo em todos eles, mas não se recorda porque pertences á categoria das partículas atômicas conscientes.”

Sloka 6

Ajo pi sann avyayatma

Bhutanam isvaro pi san

Prakrtim svam adhisthaya

Sambhavamy atma-mayaya

Ainda que sou não nasçido e que possuo um corpo transçendental e imperecível, e mesmo que sou o senhor de todos os seres, eu me manifesto através de minha própria potência interna.

Prakasika-Vrtti



“Em Sri Bhagavan não há distinção entre seu corpo e sua alma corporificada. ”Já nas entidades vivas, o corpo é diferente da alma corporificada, em outras palavras, seu corpo sutil e grosseiro são diferentes dela.”

Bhagavan apareçe neste mundo através de sua potênçia cit-sakti, enquanto que as jivas nascem neste mundo pela influênçia de maya-sakti.

Sri Krsna é o controlador e a fonte de ambas as potências.

Sloka 7



Yada yada hi dharmasya

Glanir bhavati bharata

Abhyutthanam adharmasya

Tadatmanam srjamy aham

Ó Bharata! Sempre que há um declínio do Dharma (religião) e um aumento de Adharma (irreligião), eu me manifesto neste mundo.

Prakasika-vrtti

Quando descende Sri Bhagavan? Sua explicação começa com a palavra yada; ”Incapaz de tolerar o declínio do Dharma e o aumento do Adharma, eu apareço com o propósito de reverter a situação.”

Sloka 8

Paritranaya sadhunam

Vinasaya ca duskrtam

Dharma – samsthapanarthaya

Sambhavami yuge yuge

Eu apareço em cada era para proteger meus devotos imaculados, aniquilar os ímpios e restabecer o Dharma.

Prakasika-Vrtti

Sri Bhagavan desçende á este mundo por três razões: aliviar as aflições dos devotos que sofrem sofrem por sua separação, para matar os demônios como Kamsa que se opõem fortemente contra os santos, e para difundir a mensagem da devoção pura. Sri Krsna é a origem de todos os inumeráveis avataras.

Sloka 9

Janma karma ca me divyam

Evam yo,vetti tattvatah

Tyaktva deham punar janma

Naiti mam eti so rjuna

Ó Arjuna! Meu nascimento e atividades são transcendentais. Quem conhece esta verdade não aceita outro corpo material após abandonar este corpo atual, se não que vem até mim.

Prakasika-Vrtti

Quem pela graça do Guru e dos Vaishnavas compreende que Sri Bhagavan açeita um nascimento transcendental e executa atividades transcendentais mediante sua potência inconcebível, obtem seu serviço eterno nesta mesma vida e pela misericórdia da sua energia de prazer alcança a liberação.

E aqueles que consideram que o nasçimento e atividades de Sri Krsna são mundanos, são subjugados e perambulam no ciclo de nascimentos e mortes , assim sendo, são afligidos pelos três tipos de misérias.

Sloka 10

Vita - raga – bhaya – krodha

Man – maya mam upasritah

Bahavo jnana – tapasa

Puta mad – bhavam agatah

Livre do apego , do temor e da ira, fixa tua mente em mim. Assim, através do conhecimento e das austeridades , muitas pessoas se purificam e alcançam amor por mim.

Bhavanuvada

As palavras vita – raga se refere á quem abandonou por completo o apego pelas pessoas que se dedicam á conversas inúteis. ”Meus devotos não se misturam com tais pessoas e nem ás temem. Se alguém pergunta o motivo de tal atitude, a resposta é que ela está totalmente absorto na meditação, deliberação, e ao canto sobre o meu nasçimento e minhas atividades.”

Prakasika-Vrtti

Bhaktivinoda Thakura interpreta á Krsna.”Há três razões para que os néscios não sentem inclinação por discutir sobre a natureza transçendental e totalmente pura do meu nasçimento,atividades e forma: O apego por coisas mundanas, o temor e a ira.”

Já os sábios se liberam do apego, temor e ira e me perçebem em todas as partes.Totalmente entregues á mim, eles são purificados mediante o fogo do conheçimento transcendental da penitênçia de tolerar o ardente veneno do comentário impróprio. Assim, eles obtém o mais puro e sublime amor por mim.”

Sloka 11

Ye yatha mam prapadyante

Tams tathaiva bhajamy aham

Mama vartmanuvarttante

Manusyah partha sarvasah

Ó filho de Prtha! Á aqueles que se rendem á mim, eu correspondo amavelmente na mesma medida. Na verdade, o mundo inteiro segue meu caminho em todos os aspectos.

Bhavanuvada

Surge á possível pergunta:”Apenas seus devotos exclusivos compreendem que teu nasçimento e atividades são eternos. Mas, o que aconteçe com os jnanis,e os praticantes de outros métodos que não açeitam a eternidade dos eu nasçimento, atividades , forma etc..? ”Krsna responde:”Eu os recompenso dando-lhes o resultado de sua adoração na mesma proporção das suas adorações.Para aqueles que me adoram em atitude de serviço,eu como Isvara,dou-lhes um nasçimento eterno. Outros,que refugiam em mim como os jnanis,que consideram meu nasçimento e atividades como sendo temporários,eu outorgo-lhes a açeitação de repetidos nasçimentos e mortes,sujeitos á destruição. Para os que desejam a liberação, que consiste na dissolução do corpo sutil e grosseiro, eu destruo seu enrendamento no ciclo de nasçimentos e mortes e conçedo-lhes a liberação. Assim sendo, todos seguem meu caminho.”

Sloka 12

Kanksantah karmanamsiddhim

Yajanta iha devatah

Ksipram hi manuse loke

Siddhir bhavati karmaja

Aqueles que desejam os frutos de suas atividades neste mundo, adoram os semideuses. De tal maneira eles obtém rapidamente os resultados de seu trabalho fruitivo.

Bhavanuvada

“Entre as pessoas á quem correspondo, os que desejam êxito material abandonam o caminho de Bhakti, o qual não é diferente de mim, pra transitar no caminho de karma no qual se obtém frutos rapidamente.”

Sloka 13

Catur – varnyam maya srstam

Guna – karma – vibhagasah

Tasya karttaram api mam

Viddhy akarttaram avyayam

O sistema quádruplo de ordens sociais (castas) foi criado por mim de acordo com as divisões de qualidades (guna) e ocupação (karma). Ainda que sou o criador deste sistema, deves saber que sou imutável e não sou o atuante direto.

Bhavanuvada

De acordo com as quatro castas, os brahmanas situam-se no modo da bondade e sua ocupação é controlar a mente e os sentidos. Os Ksatriyas estão no modo da bondade misturada com paixão e se ocupam na guerra, os vaisyas estão influênciados pelos modos da paixão e da ignorânçia e sua ocupação esta relaçionada com a agricultura e a proteção ás vacas,os sudras estão no modo da ignorância e se ocupam em trabalhos menores como deveres domésticos e serviçais.

Prakasika-Vrtti

Sri Bhagavan ,por sua misericórdia imotivada , cria o caminho da ação através da sua energia externa, com o propósito de liberar as jivas. Ao mesmo tempo, ele se ocupa em seus passatempos transçendentais, desfrutando com sua energia interna, pemanecendo assim imutável e sem criar. Ou seja, ele não é o criador ou atuante direto.

Sloka 14

Na mam karmani limpanti

Na me karma-phale sprha

Iti mam yo bhijanati

Karmabhir na sa badhyate

O karma jamais me afeta e eu não desejo seus frutos. Aquele que me compreende desta maneira, nunca é aprisionado por tais atividades.

Sloka 15

Evam jnatva krtam karma

Purvair api mumuksubhih

Kuru karmaiva tasmat tvam

Purvaih purvataram krtam

Assim, sabendo que inclusive as antigas almas liberadas executaram karma apenas para ensinar as pessoas comuns, você também deve executar suas ações igual fizeram seus antepassados.

Bhavanuvada

“As autoridades do passado, como Janaka, executaram karma para estabelecer o ideal da humanidade.”

Sloka 16

Kim karma kim akarmeti

Kavayo py atra mohitah

Tat te karma pravaksyami

Yaj jnatva moksyase subhat

Até o homem sábio se confunde ao determinar o que é ação e o que é inação. Por tanto, te explicarei o prinçípio da ação e ao compreende-la, te liberarás de toda inauspiciosidade.

Sloka 17

Karmano hy api boddhavyam

Boddhavyanca vikarmanah

Akarmanas ca boddhavyam

Gahana karmano gatih

O prinçípio da ação (karma) é muito profundo. Por tanto , deves entender o que é ação (karma), o que é ação pecaminosa (vikarma) e o que é inação (akarma).

Sloka 18

Karmany akarma yah pasyed

Akarmani ca karma yah

Sabuddhiman manusyesu

sayuktah krtsna -karma-krt

A pessoa inteligente que pode ver a inação na ação e ação na inação,está situada transcendentalmente ainda que realiza todo tipo de atividades.

Bhavanuvada

Janaka Maharaja e outros sábios de coração puro não açeitaram sannyasamesmo sendo dotados de conhecimento transcendental.Pelo contrário, executaram niskama-karma-yoga. O karma jamais cativa os que entendem que estas ações não constituem karma. Um karmasannyasi de coração impuro , que carece de conheçimento transçendental e que possui apenas conheçimento intelectual dos Sastras, é capaz apenas de pronunçiar discursos retóricos.

As pessoas de coração puro executam todo tipo de ação mas não açeitam Karma Sannyasa.Outros se consideram entendidos , mas na realidade são orgulhosos e charlatões.

Sloka 19

Yasya sarve samarambhah

Kama-sankalpa-varjitah

Jnanagni –dagdha-karmanam

Tam ahuh panditam budhah

Aquele cujo todos os esforços são desprovidos de desejos egoístas, sua ação é abrasada pelo fogo do conheçimento. Os sábios o denominam como sendo um erudito.

Prakasika-Vrtti

Quem executa karma livre dos desejos fruitivos, queima os resultados do seu karma prescrito , assim como os resultados de seu vikarma, no fogo do conheçimento transcendental produzido pela execução de niskama-karma-yoga.

Sloka 20

Tyaktva karma phalasangam

Nitya-trpto nirasrayah

Karmany abhipravrtto pi

Naiva kincit karoti sah

Os que abandonaram o apego aos frutos da ação , estão sempre satisfeitos e independentes. Por tanto, eles não fazem nada ainda que estejam ocupados na ação.

Sloka 21

Nirasir yata-cittatma

Tyakta-sarva-parigrahah

Sariram kevalam karma

Kurvan napnoti kilbisam

Aquele que atua unicamente para a manutenção de seu corpo, cuja mente está controlada e que abandonou toda busca por prazeres sensuais, ao agir ele não obtem nenhuma reação pecaminosa.

Sloka 22

Yadrccha-labha-santusto

Dvandvatito vimatsarah

Samah siddhav asiddhau ca

Krtvapi na nibadhyate

Ele não se enreda ainda que atue, pois está sempre satisfeito com o que vem espontaneamente. Ele abandonou toda a dualidade e inveja e é equanime no êxito e no fracasso.

Sloka 23

Gata-sangasya muktasya

Jnanavasthita-cetasah

Yajnayacaratah karma

Samagram pravilyate

Aquele que abandonou toda a assoçiação externa e cuja consçiênçia está situada no conheimento,de certo está liberado.Ao atuar para o prazer de Visnu,sua ação fruitiva se dissolve por completo.

Sloka 24

Brahmarpanam brahma havir

Brahmagnau brahmana hutam

Brahmaiva tena gantavyam

Brahma-karma-samadhina

A realidade espiritual é sem dúvida alcançada pelo brahmana que está absorto em transe executando uma ação espiritual. Os instrumentos usados no sacrifíçio também devem estar espiritualizados, tais como; a manteiga clarificada, o fogo, as oferendas de alimentos etc..

Sloka 25

Daivam evapare yajnam

Yoginah paryupasate

Brahmagnav apare yajnam

Yajnenaivopajuhvati

Alguns karma-yogis executam perfeitamente o sacrifício aos semi-deuses, mas os jnani-yogis ofereçem todas as suas atividades como oblações no fogo do brahma.

Prakasika-Vrtti

Os yajnas se dividem em dois grupos de acordo com a compreensão científica:O karma-yajna que consiste na oblação de oferendas;e o jnana-yajna,o sacrifíçio na forma de discussões açerca da verdade consçiente.

Os karma-yogis executam sua adoração aos representantes autorizados de Visnu, tais como Indra,Varuna etc..Por meio desta adoração, eles çhegam na plataforma de niskama-karma-yoga de forma gradual.

Os jnana-yogis executam ynana yoga através ofereçendo seu próprio ser na forma da manteiga clarificada no fogo do sacrifíçio do brahma,reçitando o pranava mantra om e a frase tat-tvam-asi,”eu sou seu servo”. Mais tarde, Krsna explicará a superioridade do jnana-yajna.

Sloka 26

Srotradinindriyany anye

Samyamagnisu juhvati

Sabdadin visayan anya

Indriyagnisu juhvati

Os naisthika-brahmacaris ofereçem os sentidos começando pelos ouvidos, no fogo da mente controlada. Outros, os grhasthas, oferecem os objetos sensíveis começando pelo som, no fogo dos sentidos.

Sloka 27

Sarvanindriya-karmani

Prana-karmani capare

Atma-samyama-yogagnau

Juhvati jnana-dipite

Outros yogis ofereçem as funções dos sentidos e seu ar vital no fogo do auto controle,iluminado pelo conheçimento transçendental(jnana).

Sloka 28

Dravya-yajnas tapo-yajna

Yoga-yajnas tathapare

Svadhyaya-jnana-yajnas ca

Yatayah samsita-vratah

Outros executam dravya-yajna doando suas posses em caridade, alguns executam tapo-yajna fazendo austeridades e outros praticam yoga-yajna estudando os oito tipos de yoga mística çhamado astanga yoga.

Outros ainda estudam os vedas, adquirindo assim o conheçimento transçendental. Todos estes ascetas seguem estritos votos.

Sloka 29

Apane juhvati pranam

Prane panam tathapare

Pranapana-gati ruddhva

Pranayama-parayanah

Apare niyataharah

Pranam pranesu juhvati

Os que estão dedicados no controle da respiração, oferecem a respiração (prana) na inspiração (apana) e vice versa. Detendo-lhes gradualmente permaneçem em transe. Outros ofereçem o prana no fogo do prana, enquanto restrigem a alimentação.

Prakasika-Vrtti

Este verso explica com mais detalhe o sistema óctuplo de yoga (astanga yoga). A palavra pranayama tem dois componentes;prana e yama. Prana significa “um tipo espeçial de ar” e ayama significa “expansão”. Neste contexto, a palavra expansão indica o controle do prana desde a ponta dos dos dedos dos pés até a ponta do cabelo. Pranayama significa expandir o prana com o objetivo de controlar as atividades sensuais.

Os smrti-sastras também descrevem estes tipos de yajnas, yogas, ou votos que visam o controle dos sentidos. Porém em Kali-yuga,quando vive- e pouco e tem-se pouca inteligênçia. :”As pessoas inteligentes adoram Krsna através do canto congressional dos santos nomes.”

Sloka 30

Sarve py ete yajna-vido

Yajna-kssapita-kalmasah

Yajna-sistamrta-bhujo

Yanti brahma sanatanam

Todos aqueles que conheçem o prinçípio do sacrifício se libera do pecado mediante sua execução. Eles desfrutam dos remanescentes do sacrifício e assim alcançam o brahma eterno.

Prakasika-Vrtti

O fruto prinçipal do yajna é alcançar o brahma, enquanto que o secundário é o desfrute material mundano e as perfeições místicas, tais como acapacidade de se tornar do tamanho de um átomo.

Sloka 31

Nayam loko sty ayajnasya

Kuto nyah kuru-sattama

Ó melhor dos Kurus! Se até este planeta é inalcançavel para aqueles que não executam yajna, ue dizer então dos planetas celestiais?

Sloka 32

Evam bahu-vidha yajna

Vitata brahmano mukhe

Karma-jan viddhi tan sarvan

Evam jnatva vimoksyase

Os Vedas descrevem detalhadamente os diversos tipos de sacrifícios. Conseguirás a liberação quando entenderes que todos eles nascem do karma.

Prakasika-Vrtti

O yajna descrito nos Vedas falam sobre atividades do corpo , da mente e da fala, por tanto, não há relação alguma com a verdadeira natureza da alma.

Sloka 33

Sreyan dravyamayad yajnaj

Jnana-yajnah parantapa

Sarvam karmakhilam partha

Jnane parisamapyate

Ó castigador do inimigo! Melhor que o sacrifíçio das posses materiais é o conhecimento (jnana yajna), porque todas ações culminam no conhecimento transcendental.

Prakasika-Vrtti

Bhaktivinoda Thakura diz que todos os tipos de yajna cultivam no conhecimento, assim sendo, jnana-yajna é superior aos outros.

O Sri Caitanya Caritamrta declara:”As cordas que nos atam á este mundo material, são facilmente desatadas por aqueles que cantam o Krsna Mantra, através do qual alcança-se o serviço amoroso á Krsna. Assim sendo,na era de Kali (desavenças), tudo, á não ser o canto dos santos nomes, são inúteis, pois não se enquadram na ocupação eterna da alma.”

Sloka 34

Tad viddhi pranipatena

Pariprasnena sevaya

Upadeksyanti te jnanam

Jnaninas tattva-darsinah

Deves compreender este conheçimento prostando-se em reverênçia á um guru que realmente conheçe e viu a verdade absoluta. Assim, oferecendo-lhe serviço devocional, esse conheçimento se revelará á ti.

Prakasika-Vrtti

Só se pode obter tal elevado conheçimento por meio da misericórdia de uma grande personalidade que conheça a verdade, e mais espeçificamente,de alguém que á perçebe e experimenta. Os sadhakas sinceros devem indagar acerca desta verdade refugiando-se em uma grande personalidade e ofereçendo-lhe reverências, fazendo-lhe perguntas e oferençendo-lhe servico. Este é o proçesso com o qual se pode obter tal conheçimento.

Sloka 35

Yaj jnatva na punar moham

Evam yasyasi pandava

Yena bhutany asesani

Draksyasy atmany atho mayi

Ó filho de Pandu! Depois de compreender este conhecimento dado pelos conheçedores da verdade, nunca mais estarás sujeito á ilusão. Mediante este conheçimento, você vai me perceber dentro de todos os seres como Paramatma e verás que todas elas estão situadas em mim.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta á Krsna. ”Devido á ilusão,estais tentando abandonar seu dever prescrito de participar da batalha, mas ao obter este conhecimento transcendental de um guru, não se tornarás mais vítima da ilusão. Assim, voçê entederá que todos os seres humanos, animais e as demais entidades vivas estão situadas em um princípio comum de almas espirituais.

Sloka 36

Api ced asi papebhyah

Sarve bhyah papa-krttmah

Sarvam jnana-plavenaiva

Vrjinam santarisyasi

Ainda se fosses o pior de todos os pecadores, poderías cruzar o oceano de pecados através do bote do conhecimento transcendental.

Sloka 37

Yathaidhamsi samiddho gnir

Bhasmasat kurute rjuna

Jnanagniih sarva-karmani

Bhasmasat kurute tatha

Ó Arjuna! Assim como um fogo ardente reduz á lenha á cinzas, o fogo do conhecimento transcendental queima todas as reações das atividades materiais.

Prakasika-Vrtti

O conhecimento transcendental destrói as reações de todo tipo de atividade material , porém não destrói aquelas que já germinaram (prarabdha-karma).

Na opinião de Srila Rupa Goswami, uma pessoa que se refugia no santo nome, mesmo que seja namabhasa (a sombra do nome puro), não somente destrói os resultados de seu karma em forma seminal mas também os que já germinaram.

Sloka 38

Na hi jnanena sadrsam

Pavitram iha vidyate

Tat svayam yoga-samsiddhah

Kalenatmani vindati

Neste mundo não há nada mais purificante que o conheçimento transcendental. Uma pessoa que alcançou a perfeição através de niskama-karma-yoga, recebe tal conhecimento em seu coração no devido momento.

Sloka 39

Sraddhavan labhate jnanam

Tat-parah samyatendriyah

Jnanam labdhva param santim

Acirenadhigacchati

Uma pessoa fiel que se dedicou á prática da ação desinteressada e assim controlou seus sentidos, obtém este conhecimento transçendental. Após obter este conhecimento ele alcança a paz suprema: a liberação do cativeiro material.

Sloka 40

Ajnas casraddadhanas ca

Samsayatma vinasyati

Nayam loko sti na paro

Na sukham samsayatmanah

As pessoas ignorantes, infiéis ou de natureza duvidosa, estão arruinadas. Para o indeciso não existe felicidade, nem neste mundo e nem no próximo.

Bhavanuvada

Depois de explicar as qualificações necessárias para obter o conheçimento transçendental, Bhagavan descreve agora a pessoa que é indigna de obte-la. Ajnah significa”tolo como um animal” e asraddadhanah indica aquele que tem conheçimento dos sastras mas não possui fé em nenhum prinçípio filosófico por ser incapaz de conciliar as contradições das diversas filosofias. Samsaya-atma indica aquele que duvida da possibilidade de êxito em seus esforços.

Sloka 41

Yoga-sannyasta-karmanam

Jnana-sanchinna-samsayam

Atma-vantam na karmani

Nibadhnanti dhananjaya

Ó conquistador de riquezas! Aquele que renunciou á ação através do processo de niskama-karma-yoga e cujas dúvidas foram dissipadas pelo conhecimento transcendental compreendendo assim sua própria natureza interna, jamais é atada ás reações do seu karma.

Prakasika-Vrtti

Nos dois últimos slokas,Bhagavan conclui o tema. De acordo com as instruções de Krsna, um apessoa se refugia em niskama-karma-yoga quando oferece todas as ações aos seus pés de lótus. O proçesso descrito permite a purificação do coração e sua consequente iluminação através do conhecimento transçendental, que por sua vez acaba com todas as dúvidas.

A partir do momento da iluminação, a pessoa se livra do cativeiro do karma.

Sloka 42

Tasmad ajnana-sambhutam

Hrt-stham jnanasinatmanah

Chittvainam samsayam yogam

Atisthottistha bharata

Por tanto ó Bharata! Corta com a espada do conheçimento transcendental, a dúvida nascida da ignorância que situa em seu coração. Refugia-te neste yoga (niskama-karma-yoga) e prepara-te para a batalha.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura diz:”Neste capítulo explica-se as instruções açerca de duas divisões do sistema eterno de yoga. A primeira , denominada jada-dravya maya-vibhaga, consiste na realização de rituais mundanos ou no sacrifíçio das posses materiais. A Segunda divisão se denomina atma-yathatma-rupa-cinmaya-vibhaga, ou conhecimento sobre o ser e Bhagavan.

Quando pratica-se a primeira sem algum objetivo espiritual,este se converte simplesmente em karma, e quem se dedica á ela são denominados karma-jada ou pessoas profundamente absortas no desfrute mundano. Mas, aqueles que praticam rituais mundanos com o único propósito de avançar espiritualmente são yukta, ou seja, estão situados apropriadamente. Quando discutimos sobre a natureza real das atividades espirituais , devemos considerar dois aspectos; o conheçimento sobre o prinçípio da entidade viva, e o conhecimento acerca da Suprema Personalidade de Deus, Bhagavan Sri Krsna. Só quem compreende e perçebe a verdade sobre Bhagavan pode entender a essênçia do conhecimento da natureza da alma como serva de Krsna.

Assim se conclui o quarto capítulo do Srimad Bhagavad Gita.





Capítulo 5

Karma-sannyasa yoga

A renúnçia da ação


Sloka 1

Arjuna uvaca

Sannyasam karmanam krsna

Punar yoganca samsasi

Yac chreya etayor ekam

Tan me bruhi su-niscitam

Arjuna disse: Ó Krsna, primeiro você descreveu a renúnçia á ação (sannyasa karma yoga) e agora descreve a ação desinteressada ofereçida á Bhagavan (niskama-karma-yoga) . Diga-me claramente por favor, qual caminho me é mais benéfico?

Bhavanuvada

No quarto capítulo se diz que karma é superior á jnana com o propósito de animar os ignorantes á atuar apropriadamente,de modo que ao final pudéssem alcançar a perfeição no conhecimento transçendental. Este quinto capítulo explica o conhecimento açerca da verdade absoluta e as características de quem possui uma natureza equânime. Arjuna está perplexo depois de escutar os dois últimos versos do capítulo anterior; ele pensa que Krsna se contradiz e por isso argumenta agora:”Anteriormente voçê disse sobre a renúnçia da ação,a qual apareçe quando o niskama-karma-yoga produz conheçimento transcendental. Depois você falou novamente sobre niskama-karma yoga. Mas o karma sannyasa yoga e o niskama-karma yoga são de naturezas opostas, assim como as entidades vivas móveis e as inertes. Não compreendi sua intenção, por favor esclarece minha dúvida. Qual dos dois é mais benéfico á mim?”

Sloka 2

Sri bhagavan uvaca

Sannyasah karma-yogas ca

Nihsreyasa-karav ubhau

Tayos tu karma-sannyasat

Karma-yogo visisyate

O plenamente opulento Senhor disse:Tanto a renúnçia ás atividades (karma-sannyasa)como a ação desinteressada (niskama-karma-yoga) são auspiciosas, mas a última é sem dúvida superior.


Sloka 3

Jneyah as nitya-sannyasi

Yo na dvesti na kanksati

Nirdvandvo hi maha-baho

Sukham bandhat pramucyate

Ó tu de braços poderosos! Aquele que não reprime e nem deseja nada é digno de ser conhecido como sannyasi; devido ao fato de estar livre da dualidade de aversão e apego, ele se libera façilmente do cativeiro do mundo material.

Bhavanuvada

É possivel alcançar a liberação que se obtem através de sannyasa sem entrar nesta ordem. Com este propósito, Bhagavan diz: ”Oh Maha baho, deves compreender que niskama-karma yogi de coração puro é sempre renunciado.”

Sloka 4

Sankhya-yogau prthag balah

Pravadanti na panditah

Ekam apy asthitah samyag

Ubhayor vindate phalam

O ignorante diz que o jnana-yoga e o niskama-karma yoga são diferentes, mas o sábio refuta esta opinião Seguindo corretamente qualquer destes yoga, se alcança o resultado de ambos na forma de liberação.

Bhavanuvada

“Ó Arjuna! Você perguntou qual deles é superior,mas esta não é uma pergunta inteligente, pois o sábio refuta esta opinião, pois os dois caminhos culminam no mesmo objetivo.”

Sloka 5

Yat sankhyaih prapyate sthanam

Tad yogair api gamyate

Ekam sankhyam ca yoganca

Yah pasyati sapasyati

O resultado alcançado por meio do estudo analítico (sankhya-yoga) se obtém através de niskama-karma yoga. Os verdadeiros sábios consideram que ambos produzem o mesmo resultado.

Bhavanuvada

Este verso esclarece o verso anterior.Sankhya significa sannyasa e yoga significa niskama-karma yoga. Quem vê com olhos de sabedoria que os processos são essencialmente idênticos, mesmo sendo métodos diferentes, vêem corretamnente a coisa.

Sloka 6

Sannyasas tu maha-baho

Duhkham aptum ayogatah

Yoga-yukto munir brahma

Na cirenadhigacchati

Ó Maha baho! A prática de renúncia sem niskama-karma yoga produz miséria, mas quem se dedica á niskama-karma yoga obtém conhecimento transcendental e rápidamente alcança a transçendençia.

Bhavanuvada

Sannyasa se torna miserável quando o coração se pertuba por desejos materiais, pois só o niskama-karma yoga outorga paz ao coração.

No Srimad Bhagavatam se diz: ”Os tridandi-sannyasis que careçem de conheçimento e renúnçia apropriados, que não controlou os cinco sentidos e a mente, perdem ambos os mundos. ”Por isso o niskama-karma yogi após converter-se em jnani, alcança rápidamente a plataforma espiritual.

Sloka 7

Yoga-yukto visuddhatma

Vijitatma jitendriyah

Sarva-bhutatmabhutatma

Kurvann api na lipyate

Quem se dedica ao niskama-karma yoga com inteligência e coração puros e com sentidos controlados, é objeto de afeição por parte de todos. A ação não recai sobre ele, mesmo que ele seja o atuante.

Sloka 8-9

Naiva kincit karomiti

Yukto manyeta tattva-vit

Pasyan srnvan sprsan jighrann

Asnan gacchan svapan svasan

Pralapan visrjan grhnann

Unmisan nimisann api

Indriyanindriyarthesu

Varttanta iti dharayan

Quando um niskama-karma yogi desenvolve consçiência trascendental, conclui-se que ainda que ele vêja, toca, cheira, escuta, move-se, come, dorme, respira, fala, abre e fecha os olhos, realmente ele não está atuando; apenas seus sentidos é que estão ocupados em seus objetos.

Sloka 10

Brahmany adhaya karmani

Sangam tyaktva karoti yah

Lipyate na sapapena

Padma-patram ivambhasa

Oferecendo suas atividades ao senhor supremo e livre do apego pelos frutos do karma, a alma pura não é afetada pelo pecado assim como a flor de lótus não é afetada pela água.

Sloka 11

Kayena manasa buddhya

Kevalair indriyair api

Yoginah karma kurvanti

Sangam tyaktvatma-suddhaye

Para purificar sua mente , o niskama-karma yogi abandona o apego e atua com seu corpo, mente e inteligência. As vezes, realiza atos apenas com os sentidos, sem sequer ocupar sua mente.

Sloka 12

Yuktah karma-phalam tyaktva

Santim apnoti naisthikim

Ayuktah kama-karena

Phale sakto nibadhyate

Abandonando os frutos da ação, o niskama-karma yogi alcança paz eterna. Mas aquele que está apegado aos frutos das atividades, se enreda cada vez mais devido ao ímpeto da luxúria.

Sloka 13

Sarva-karmani manasa

Sannyasyaste sukham vasi

Nava-dvare pure dehi

Naiva kurvan na karayam

A entidade viva auto controlada , que renunciou á todas as atividades por meio de sua mente, sem dúvida permanece feliz na cidade de nove portas(no corpo que está livre do falso ego), sabendo que não é a atuante e nem que está ocupando outros na ação.

Bhavanuvada

Aqui,Sri Krsna ensina que uma pessoa que atua sem apego, é de certo um sannyasi. Ainda que realiza atividades corporais externas, a pessoa auto controlada que renunçia mentalmente todas suas ações, é sempre feliz. E onde vive essa pessoa? Sri Krsna responde ”na cidade de nove portas”, quer dizer, em um corpo livre do falso ego.

Prakasika-Vrtti

O Srimad Bhagavatam estabelece: ”O corpo humano é como uma casa”. O assunto foi abordado detalhadamente na narração sobre Puranjana. A casa do corpo humano possui nove portas: olhos, ouvidos, boca, narinas, ânus e genitais. Um yogi perçebe que seu próprio ser é diferente do corpo.

Sloka 14

Na karttrtvam na karmani

Lokasya srjati prabhuh

Na karma-phala-samyogam

Svabhavas tu pravarttate

O Senhor Supremo Paramesvara não é responsável pela tendênçia de atuar de uma pessoa, nem de suas ações ou dos frutos das ações. Esta responsabilidade está relacionada somente com a inclinação natural da pessoa.

Bhavanuvada

É somente a natureza condicionada da entidade viva, ou sua ignorância adquirida desde tempos imemoriais , que á induz á desenvolver seu ego de atuante.

Sloka 15

Nadatte kasyacit papam

Na caiva sukrtam vibhuh

Ajnanenavrtam jnanam

Tena muhyanti jantavah

Paramesvara tampouco assume as reações pecaminosas ou piedosas de alguém. A ignorância é quem cobre o conhecimento transcendental das entidades vivas, fazendo com que elas se confundam.

Sloka 16

Jnanena tu tad ajnanam

Yesam nasitam atmanah

Tesam adityavaj jnanam

Prakasayati tat param

Mas para aqueles cuja a ignorânçia foi destruída pelo conheçimento,o sol brilhante na forma do conheçimento sobre a alma, ilumina a escuridão e revela o Senhor Supremo.

Sloka 17

Tad-buddhayas tad-atmanas

Tan-nisthas tat-parayanah

Gacchanty apunar-avrttim

Jnana-nirdhuta-kalmasah

Aqueles que possuem uma inteligênçia fixa em Paramesvara(Krsna), cuja mente está sempre meditando nele,que se dedica exclusivamente á ele, que se ocupa em escutar e cantar suas glórias,e cuja a ignorância foi completamente destruída pelo conheçimento trascendental, alcança a liberação, este nunca mais volta á nasçer.

Bhavanuvada

O conheçimento transçendental ilumina somente assuntos sobre jivatma (alma individual), mas não esclareçe sobre Bhagavan. No Srimad Bhagavatam, Krsna esclarece: ”Eu só posso ser alcançado através de Bhakti yoga.”

Prakasika-Vrtti

O conheçimento se encontra no modo da bondade, mas paramatma (super alma) está além dos três modos materiais e é seu controlador. Por isto, apesar do conhecimento no modo da bondade poder destruir a ignorânçia,não pode dar conhecimento sobre Paramatma. No Gita (18-55) se diz:”Apenas Bhakti pode manifestar conhecimento sobre a verdade acerca de Sri Bhagavan.”

Sloka 18

Vidya-vinaya-sampanne

Brahmane gavi hastini

Suni caiva svapake ca

Panditah sama-darsinah

O sábio equipado com conhecimento e gentileza, vê com equanimidade um brahmana, uma vaca, um elefante, um cachorro e um comedor de cachorro (candala)

Bhavanuvada

O sábio dedicado completamente á Sri Bhagavan, transcende os modos materiais e perde seu interesse pelos gunas (modos materiais). Desta maneira , ele desenvolve equanimidade. Se diz que o brahmana e a vaca estão no modo da bondade, portanto são superiores ao elefante que está no modo da paixão e ao cachorro que está no modo da ignorância, porém o sábio que transcendeu os modos materiais não estabelece tais diferenças entre eles. Pelo contrário, ele vê que Paramatma (a superalma) está situada em todas as entidades vivas.

Sloka 19

Ihaiva tair jitah sargo

Yesam samye sthitam manah

Nirdosam hi samam brahma

Tasmad brahmani te sthita

Aqueles cujas mentes estão fixas na equanimidade, conquistam o universo inteiro nesta mesma vida. Elas possuem as qualidades imaculadas do brahma e por isso estão situadas nele.

Sloka 20

Na prahrsyet priyam prapya

Nodvijet prapya capriyam

Sthira-buddhir asammudho

Brahma-vid brahmani sthitah

Aquele que conheçe o brahma e está firmemente fixado nele, possui uma inteligência resoluta e jamais se confunde. Ele não se regosija ao receber algo prazeiroso e nem se perturba ao obter algo desagradável.

Bhavanuvada

Devido ao seu falso ego , as pessoas são confundidas pela felicidade e lamentação, mas o sábio jamais se perturba , pois está livre do falso ego.

Sloka 21

Bahya-sparsesv asaktatma

Vindaty-atmani yat sukham

Sabrahma-yoga-yuktatma

Sukham-aksayam asnute

Uma alma desapegada dos prazeres sensuais , encontra felicidade dentro de sí mesmo. Ao estar unida com o espírito supremo mediante o processo de yoga, obtém felicidade ilimitada.

Bhavanuvada

Apenas as pessoas que estão unidas á Bhagavan por meio do yoga, não se apegam aos prazeres sensuais, porque ao realizar Paramatma a pessoa alcança a bem aventurança ilimitada.”Por que então ela se interessaria em comer excremento já que sempre saboreia o néctar.?”

Sloka 22

Ye hi samsparsaja bhoga

Dunkha-yonaya eva te

Ady-antavantah kaunteya

Na tesu ramate budhah

Ó Kaunteya! Os prazeres nascidos do contato sensual , sem dúvida é a causa de toda a miséria. Eles sempre tem um início e um fim, por tanto, o sábio não se apega á eles.

Sloka 23

Saknotihaiva yah sodhum

Prak sarira-vimoksanat

Kama-krodhodbhavam vegam

Sayuktah sasukhi narah

A pessoa que , mesmo antes de abandonar seu corpo, consegue tolerar os impulsos da luxúria e da ira, é um yogi e está sempre feliz.

Sloka 24

Yo ntah-sukho ntararamas

Tathantar-jyotir eva yah

Sayogi brahma-nirvanam

Brahma-bhuto dhigacchati

Aquele que se sente feliz internamente,cujo regosijo é interno e que está iluminado internamente, está realmente situado no brahma e alcança a bem aventurança do brahma-nirvanam (emancipação da existençia material).

Prakasika-Vrtti

Sri Bhagavan explica aqui o método para alcamar de forma natural os impulsos da luxúria e da ira. Estes impulsos podem ser controlados pela experimentação do ser. Srila Bhaktivinoda Thakura: ”Um sannyasi que está livre da luxúria e da ira, que controlou sua mente e que conhece sobre a natureza de atma,obtêm muito rápidamente plena compreensão do brahma nirvanam.”

Sloka 25

Labhante brahma-nirvanam

Rsayah ksina-kalmasah

Chinna-dvaidha yatatmanah

Sarva-bhuta-hite-ratah

Os sábios que estão livres do pecado e da dúvida, que controlaram suas mentes e que estão ocupados ao bem estar eterno de todas as entidades vivas, alcançam a liberação do ciclo de nascimento e morte através da compreensão do brahma.

Sloka 26

Kama-krodha-vimuktanam

Yatinam yata-cetasam

Abhito brahma-nirvanam

Varttate viditatmanam

Os sannyasis que estão livres da luxúria e da ira, que controlam suas mentes e que são versados no atma-tattva, conseguem a extinção da vida material através da realização espiritual.

Sloka 27-28

Sparsan krtva bahir bahyams

Caksus caivantare bhruvoh

Pranapanau samau krtva

Nasabhyantara-carinau

Yatendriya-mano-buddhir

Munir moksa-parayanah

Vigateccha-bhaya-krodho

Yah sada mukta eva sah

Aquele que está livre do desejo, temor e da ira, elimina completamente os desejos sensuais externos de sua mente, como o son e o tato. Logo,ele fixa sua vista entre as sobrancelhas e equilibra no seu nariz os movimentos ascendentes e desçendentes do prana e apana. Desta maneira ele equilibra seus ares vitais, controla seus sentidos, mente e inteligência e se dedica á obter moksa (liberação). Este sábio está sem duvida liberado.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta á Krsna: ”Ó Arjuna! O coração só se purifica através de niskama-karma-yoga ofereçido á mim. Depois de se purificar o coração se obtém jnana, o qual produz jnana-svarupa-bhakti, ou bhakti na forma de conheçimento. Este é o método para compreender a Verdade Absoluta. Finalmente , a experiênçia do brahma nasce de bhakti oferecida com o conhecimento transcendental. Agora te explicarei astanga-yoga como meio para os que já purificaram o coração alcançar o brahma;por favor escuta. As percepções externas tais qual o tato, forma, gosto, som, etc.. devem ser eliminados por completo da mente. Enquanto praticas este controle mental, fixa seus olhos entre as sobrançelhas e na ponta do nariz,pois se você os fecha pode ser que começe á dormir e se mantem os olhos completamentes abertos pode ser distraído pelos objetos externos. Deve mante-los semi feçhados de modo que a visão se fixe entre as sobrançelhas e na ponta do nariz. Respirando pelo nariz deves regular a respiração e a inspiração visando equilibrar os movimentos asçendentes e desçendentes. Sentados assim,os asçetas controlam sua mente, sentidos e inteligência. Abandonando o desejo, o temor e a ira, eles praticam com o único propósito de alcançar o brahma. Assim eles se liberam do cativeiro material. Então, o astanga yoga deve ser praticado como parte do niskama-karma yoga.

Sloka 29

Bhoktaram yajna-tapasam

Sarva-lika-mahesvaram

Suhrdam sarva-bhutanam

Jnatva mam santim rcchati

Aquele que me conhece como o beneficiário de todos os sacrifícios e austeridades, o controlador Supremo de todos os planetas e o bem querente de todas as entidades vivas, sem dúvida se libera e obtém paz.

Bhavanuvada

O mesmo que aconteçe com o jnani (praticante de jnana-yoga), o astanga yogi se libera através do conheçimento açerca de Paramatma, o qual se manifesta através de Bhakti. Sri Krsna declara no Srimad Bhagavatam. ”Eu só posso ser alcançado através de Bhakti. Os yogis podem compreender meu aspecto parcial, Paramatma, apenas por nirguna Bhakti.”




Capítulo 6

Dhyana Yoga

O prinçípio da meditação

Sloka 1

Sri bhagavan uvaca

Anasritah karma-phalam

Karyam karma karoti yah

Sasannyasi ca yogi ca

Na niragnir na cakriyah

Sri Bhagavan disse: Os que levam á cabo seus deveres prescritos sem desejar o resultado de suas ações são verdadeiros sannyasis e yogis. Quem não oferece yajnas, tais como agni-hotra-yajna, não são sannyasis e os que simplesmente abandonam todas as atividades corporais não são yogis.

Bhavanuvada

No sexto capítulo estuda-se os diversos tipos de yoga executados pelos yogis que possuem mentes auto-controladas. Também explica os métodos para se controlar a mente instável.

Uma pessoa ocupada na prática de astanga yoga não deve abandonar impulsivamente o niskama-karma-yoga, o qual purifica o coração. Por esta razão Bhagavan diz: ”Os que realizam seus deveres prescritos sabendo que são obrigatórios, sem desejar seus resultados, são verdadeiros sannyasis. Porque suas mentes estão livre do desejo de prazer sensual, tais pessoas são denominadas yogis. ”A palavra niragni indica que não se considera um sannyasi, pelo simples fato de renúnciar ás ações que lhe são próprias, como por exemplo o agni-hotra-yajna. Akriyah significa que uma pessoa não é um yogi apenas por renunciar ás atividades corporais e se sentar imóvel com os olhos entre abertos.

Sloka 2

Yam sannyasam iti prahur

Yogam tam viddhi pandava

Na hy asannyasta-sankalpo

Yogi bhavati kascana

Ó Arjuna! Deves saber que aquilo que o sábio chama de niskama-karma-yoga não é diferente da renúncia á ação, pois uma pessoa que é incapaz de abandonar o desejo pelos frutos da ação assim como o prazer sensual, jamais pode converter-se em yogi.

Sloka 3

Aruruksor-muner yogam

Karma karanam ucyate

Yogarudhasya tasyaiva

Samah karanam ucyate

A ação desinteressada é o meio para se alcançar dhyana-yoga, mas quando ascende á plataforma de dhyana-nistha, firmeza na meditação, a renúncia ás ações que distraem sua mente passa á ser benéfica.

Bhavanuvada

Muni quer dizer que para que os aspirantes póssam estabelecer-se no yoga, devem executar niskama-karma-yoga, pois isto purifica o coração. Não obstante, uma vez que já alcançou firmeza na meditação, devem deter todas ações que podem distraí-los.

Sloka 4

Yada hi nendriyarthesu

Na karmasv anusajjate

Sarva-sankalpa-sannyasi

Yogarudhas tadocyate

Uma pessoa que não está apegada aos objetos sensíveis nem ás ações, realmente alcançou o yoga. Esta pessoa sem dúvida é um renunciado (sannyasi), pois renunciou o desejo pelos frutos de suas ações.

Sloka 5

Uddhared atmanatmanam

Natmanam avasadayet

Atmaiva hy atmano bandhur

Atmaiva ripur atmanah

Uma pessoa deve liberar-se desapegando a mente do mundo material e á impedindo de se degradar de novo, pois a mente pode ser tanto a melhor amiga quanto a pior inimiga da alma.

Bhavanuvada

A mente desapegada dos objetos sensuais, libera a entidade viva. A mente apegada é a causa do nosso enredamento no mundo material.

Sloka 6

Bandhur atmatmanas tasya

Yenatmaivatmana jitah

Anatmanas tu satrutve

Varttetatmaiva satru-vat

Para aquele que conquistou a mente, esta é sua aliada; mas uma pessoa carente de conhecimento espiritual, que ocupa sua mente em atividades perigosas, esta se torna sua pior inimiga.

Bhavanuvada

Para a entidade viva que controla sua mente, esta é sua amiga. Mas a entidade viva que tem uma mente descontrolada, esta é sua perigosa inimiga.

Sloka 7

Jitatmanah prasantasya

Paramatma samahitah

Sitosna-sukha-duhkhesu

Tatha manapamanayoh

Aquele que controlou a mente, e que está livre das dualidades como frio e calor, felicidade e tristeza, honra e blasfêmia, apego e inveja, é uma alma exaltada e está profundamente absorto em transe (samadhi).

Bhavanuvada

Nestes três versos se definem as características de um yogi.

Sloka 8

Jnana-vijnana-trptatma

Kutastho vijitendriyah

Yukta ity ucyate yogi

Sama-lostasma-kancanah

È denominado um verdadeiro yogi, a pessoa que está plenamente satisfeita através do conhecimento trascendental e de sua compreensão prática. Esta pessoa está firmemente situada em sua natureza real e porque conquistou os sentidos, ela vê com equanimidade a areia, a pedra ou o ouro.

Prakasika-Vrtti

“A pessoa que está livre da perturbação sensual e permanece eternamente situada em seu próprio ser (svarupa) se denomina kuta-sthah.”


Sloka 9

Suhrn-mitrary-udasina

Madhyastha-dvesya-bandhusu

Sadhusv api ca papesu

Sama-buddhir visisyate

È ainda mais elevada, a pessoa que vê de modo equanime os seus benquerentes, amigos, inimigos, pessoas neutras , mediadores, invejosos, parentes e pecadores.

Bhavanuvada

Aqueles que possuem este tipo de equanimidade são superiores aos que foram descritos no verso anterior.

Sloka 10

Yogi yunjita satatam

Atmanam rahasi sthitah

Ekaki yata cittatma

Nirasir aparigrahah

Um yogi deve fixar sua mente em samadhi (transe). Ele deve viver só em um lugar isolado, e deve controlar seus pensamentos e seu corpo, estando assim livre do desejo e do refute pelos objetos dos sentidos.

Prakasika-Vrtti

Ao finalizar a explicação sobre os sintomas de um yogi-arudha, Bhagavan explica agora o proçesso da prática de yoga, tal como foi dada neste presente verso.


Slokas 11-12

Sucau dese pratisthapya

Sthiram asanam atmanah

Naty-ucchritam nati-nicam

Cailajina-kusottaram

Tatraikagram manah krtva

Yata-cittendriya-kriyah

Upavisyasane yunjyad

Yogam atma-visuddhaye

Em um lugar sagrado, o yogi deve-se colocar sobre o solo, a grama çhamada Kusa e uma pele de veado em cima de uma esteira de palha,fazendo assim um assento nem muito alto nem muito baixo. Sentado neste assento deve praticar yoga para purificar a mente, com uma conçentração firme e com todos os pensamentos e atividades controladas.

Sloka 13-14

Samam kaya-siro-grivam

Dharayann acalam sthirah

Sampreksya nasikagram svam

Disas canavalokayam

Prasantatma vigata-bhir

Brahmacari-vrate sthitah

Manah samyamya mac-citto

Yukta asita mat-parah

Mantendo seu corpo, quadril e cabeça erguidos, deve fixar sua visão na ponta do nariz. Deste modo, firme em seu voto de celibato, cheio de paz, livre do temor e com a mente controlada, deve se ocupar continuamente em pensar em mim.

Bhavanuvada

“Mantendo seu corpo ereto e estável e retraindo sua mente dos objetos dos sentidos ,deve dedicar-se a minha Bhakti enquanto meditas em mimha charmosa forma de Vishnu com quatro braços.”

Sloka 15

Yunjann evam sadatmanam

Yogi niyata manasah

Santim nirvana-paramam

Mat-samstham-adhigacchati

Assim, sempre ocupando a mente em mim ,o yogi de mente controlada se situa em mim e finalmente alcança a paz da liberação absoluta.

Prakasika-Vrtti

Sri Bhagavan explica qual é o resultado de se praticar dhyana-yoga. ”Através da prática de yoga, após Ter alcançado experiênçia transcendental em relação á Bhagavan, o yogi supera o ciclo de nascimentos e mortes dentro da existência material. ”Desta maneira, os yogis alcançam o aspecto impessoal (nirvisesa-brahma).

Sloka 16

Natyasnatas tu yogo sti

Na caikantam-anasnatah

Na cati-svapna-silasya

Jagrato naiva carjuna

Ó Arjuna! Sem dúvida, aquele que come muito pouco ou come demais, dorme muito pouco ou dorme demais, não consegue alcançar a perfeição no yoga.

Bhavanuvada

Nestes versos, Sri Bhagavan explica os sintomas de um yogi. ”Uma pessoa deve encher a metade de seu estomago com alimentos, deixar um quarto para o ar vital e deixar o outro quarto para a livre circulação do ar.”

Prakasika-Vrtti

Para realizar um sadhana perfeito, o yogi não deve praticar quando está faminto ou cansado , ou se sua mente está perturbada. Deve-se observar certos princípios enquanto canta hari-nama, seguindo os diversos aspectos de Bhakti e recordando os passatempos de Krsna. Mantendo a conçentração de pensamento, o sadhaka deve passar algum tempo cantando hari-nama com uma atitude indivisa em lugar solitário. Srila Bhaktivinoda Thakura dá estas instruções no Hari-nama-cintamani.

Sloka 17

Yuktahara –viharasya

Yukta-cestasya karmasu

Yukta-svapnavabodhasya

Yogo bhavati duhkha-há

A prática de yoga destrói todas as misérias materiais daquele que é controlado em sua alimentação, em seu trabalho, e equilibrado no sonho e na vigília.

Bhavanuvada

Tanto as atividades materiais quanto as transcendentais conduzirão ao êxito a pessoa que é regulada em sua alimentação e no descanso.

Sloka 18

Yada viniyatam cittam

Atmany evavatisthate

Nisprhah sarva-kamebhyo

Yukta ity ucyate tada

Se diz que o yogi alcançou a perfeição quando está livre da ansia pelo desfrute sensual, e tem a mente controlada e estabelecida em seu ser.

Sloka 19

Yatha dipo nivata-stho

Nengate sopama smrta

Yogino yata-cittasya

Yunjato yogam atmanah

Assim como uma lamparina permanece aceza em um lugar sem vento, a mente controlada de um yogi permanece firme em sua meditação no atma (alma).

Slokas 20-25

Yatroparamate cittam

Niruddham yoga-sevaya

Yatra caivatmanatmanam

Pasyann atmani tusyati

Sukham atyantikam yad tad

Buddhi-grahyam atindriyam

Vetti yatra na caivayam

Sthitas calati tattvatah

Yam labdhva caparam labham

Manyate nadhikam tatah

Yasmim sthito na duhkhena

Gurunapi vicalyate

Tam vidyad duhkha-samyoga

Viyogam yoga-samjnitam

Saniscayena yoktavyo

Yogo nirvinna-cetasa

Sankalpa-prabhavan kamams

Tyaktva sarvan asetasah

Manasaivendriya-gramam

Viniyamya samantatah

Sanaih sanair uparamed

Buddhya dhrti-grhitaya

Atma-samstham manah krtva

Na kincid api cintayet

Na etapa do yoga denominada de samadhi, a mente do yogi é controlada pela prática de yoga. Assim ele desapega dos objetos sensíveis e se satisfaz internamente percebendo a superalma (paramatma) com a mente purificada. Nesta etapa, o yogi experimenta bem aventurança eterna por meio da sua inteligência transcendental, a qual se encontra além da juridição dos sentidos. Assim estabelecido, ele nunca se desvia da sua natureza intrísica sabendo que não há nada superior do que a bem aventurança do ser. Neste estágio , ele está livre de qualquer contato com as dualidades tais como frio e calor,feliçidade e tristeza etc.. e também das misérias materiais. Deve-se praticar yoga com uma mente perseverante, abandonando todo o capriçho. Com os sentidos controlados completamente pela mente, deve-se seguir as instruções dos Sadhus e dos Sastras. Também deve-se desenvolver desapego gradualmente, com a inteligência resoluta e determinada, fixando a mente no ser e sem pensar em mais nada.

Bhavanuvada

Nestes versos, Bhagavan explica as atividades iniçiais e finais de uma pessoa que pratica astanga-yoga: o abandono dos desejos materiais é a atividade inicial e a despreocupação pelos demais é o ato final.

Sloka 26

Yato yato niscalati

Manas cancalam asthiram

Tatas tato niyamyaitad

Atmany eva vasam nayet

A mente agitada e instável deve ser controlada e fixada no ser, e deve-se evitar que ela perambule pelos objetos dos sentidos.

Prakasika-Vrtti

Quando a mente do sadhaka é instável e corre atrás dos objetos sensíveis, ele deve refrea-la imediatamente, evitando assim o contato com os objetos externos e fixando-a unicamente no ser.


Sloka 27

Prasanta-manasam hy enam

Yoginam sukham uttamam

Upaiti santa-rajasam

Brahma-bhutam akalmasam

Este yogi sossegado que vê tudo em conexão com o brahma e está livre tanto da influência de rajo-guna como das reações pecaminosas prévias, alcança a bem aventurança suprema na forma da auto realização.

Sloka 28

Yunjann evam sadatmanam

Yogi vigata-kalmasah

Sukhena brahma-samsparsam

Atyantam sukham asnute

Desta maneira, liberado dos pecados e sempre regulando a mente, o yogi alcança facilmente a bem aventurança suprema na forma da vivência do brahma.

Sloka 29

Sarva-bhuta-stham atmanam

Sarva-bhutani catmani

Iksate yoga-yuktatma

Sarvatra sama-darsanah

Uma pessoa conectada através do yoga experimenta o brahma em todas as partes. Ele percebe a Superalma em todas as jivas e vê todas as jivas na Superalma.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: ”Arjuna pergunta; Que tipo de bem aventurança se experimenta através do contato com o brahma? Sri Krsna responde e expõe brevemente que o yogi que alcançou samadhi se comporta de duas maneiras:segundo sua bhava(visão), e de acordo com sua kriya (atividade). A natureza de sua visão lhe permite perceber a Superalma nas jivas e as jivas na Superalma. Suas atividades refletem uma visão equânime em todas as partes.”

Sloka 30

Yo mam pasyati sarvatra

Sarvanca mayi pasyati

Tasyaham na pranasyami

Saca me na pranasyati

Jamais estou ausente para aquele que me percebe em todos os seres e vê todos os seres em mim. Ele também jamais é ausente á mim.

Prakasika-Vrtti

Sri Bhagavan nunca está fora da visão dos sadhakas que tem uma experiência direta dele e, ao mesmo tempo, eles jamais estão fora da sua visão. Como resultado do contato recíproco, o adorador jamais cai.

Sloka 31

Sarva-bhuta-sthitam yo mam

Bhajaty-ekatvam asthtitah

Sarvatha varttamano pi

sa yogi mayi varttate

O yogi que me adora em meu aspecto onipenetrante (Superalma) , ascende á etapa de inteligência resoluta aceitando-me como a Realidade Absoluta Suprema. Ele existe em mim em qualquer circunstância.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: ”Se recomenda que o yogi medite na forma de quatro braços de Sri Vishnu durante a etapa de sadhana, o qual culmina na perçepção da minha forma Syamasundara, durante o estado de transe. Em tal estado, sua inteligência se libera das dualidades de tempo com respeito a parama-tattva. ”O yogi que me adora e me ofereçe sua Bhakti (devoção) através do ouvir e cantar minhas glórias. Em todas as etapas e circunstânçias –ação, liberação e meditação,ele vive em mim.”

“Assim sendo, Krsna Bhakti é sem dúvida o estado supremo do samadhi no yoga.”

Sloka 32

Atmaupamyena sarvatra

Samam pasyati yo rjuna

Sukham va yadi va duhkham

sa yogi paramo matah

Ó Arjuna! O yogi que vê todos os seres vivos como sendo iguais á si, e que considera a felicidade ou aflição alheia como sendo seu também, esse é o melhor dos yogis.

Sloka 33

Arjuna uvaca

Yo yam yogas tvaya proktah

Samyena madhusudana

Etasyaham na pasyami

Cancalatvat sthitam sthiram

Arjuna disse:Ó Madhusudana!Este processo de yoga que você falou, baseado na equanimidade , sou incapaz de compreender devido á natureza instável da mente.

Bhavanuvada

Arjuna se dirige á Bhagavan neste verso pensando que os sintomas de equanimidade que ele mencionou são difíceis de ser desenvolvidos devido á natureza instável da mente.

Sloka 34

Cancalam hi manah krsna

Pramathi balavad drdham

Tasyaham nigraham manye

Vayor iva suduskaram

Ó Krsna! A mente é naturalmente inquieta, poderosa, obstinada e capaz de avassalar por completo a inteligência, o corpo e os sentidos. Me parece que controla-la é tão difícil quanto controlar o vento.

Bhavanuvada

Assim como uma poderosa enfermidade pode não ser afetada por um remédio com capacidade para curar-la, a mente, que é muito poderosa por natureza, não sempre aceita a inteligência dotada com sabedoria.”

Sloka 35

Sri bhagavan uvaca

Asamsayam maha-baho

Mano durnigraham calam

Abhyasena tu kaunteya

Vairagyena ca grhyate

Sri Bhagavan disse: Ó maha-baho! A mente é sem dúvida instável e dificil de se controlar. Ainda assim ,pode ser dominada através da prática constante e da renúncia.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan açeita a observação de Arjuna e dissipa sua dúvida com este verso. ’O que você disse está certo. Mesmo assim, até uma enfermidade crônica é curada se tomamos remédio regularmente que foi receitado por um médico competente , ainda que isto demore algum tempo. Assim também, a mente instável pode ser dominada mediante prática constante de yoga, de acordo com as instrunções de um sad-guru,pela prática regular de dhyana-yoga e mediante renúncia genuína.”

Sloka 36

Asamyatatmana yogo

Dusprapa iti me matih

Vasyatmana tu yatata

Sakyo vaptum upayatah

Para aquele que possui uma mente descontrolada, a auto realização através do yoga é muito difícil. Mas aquele que controlou a mente e se esforça na prática constante e na renúncia, pode alcançar-me sem dúvida. Esta é minha opinião.

Sloka 37

Arjuna uvaca

Ayatih sraddhayopeto

Yogac calita-manasah

Aprapya yoga-samsiddhim

Kam gatim krsna gacchati

Arjunta perguntou; Ó Krsna! Qual é o destino de uma pessoa que começou o proçesso de yoga com fé, mas logo cai de novo em coisas mundanas e não consegue a perfeição?

Sloka 38

Kaccin nobhaya-vibhrastas

Chinnabhram iva nasyati

Apratistho maha baho

Vimudho brahmanah pathi

Ó Maha Baho Krsna! Alguém que fracassa nos proçessos de karma e jnana, desviando-se do caminho para alcançar o brahma, não pereçe como uma nuvem que se disperssa por não Ter refúgio algum?




Bhavanuvada

Arjuna pergunta: ”O que acontece com uma pessoa que se desvia do proçesso de karma e jnana? Ele deseja abandonar o desejo de desfrute sensual quando começa no caminho do yoga, mas ao mesmo tempo,devido á sua renúncia incompleta, o desejo permanece dentro de sí. Parece que tal pessoa se encontra desamparada pois, não alcançou seu seguinte destino, (os planetas celestiais) e também não obteve a liberação. Te pergunto então se a pessoa que se desviou do sadhana que visa a obtenção do brahma se encontra desamparada. Ela está perdida ou não?

Sloka 39

Etan me samsayam krsna

Chettum arhasy asesatah

Tvad-anyah samsayasyasya

Chetta na hy upapadyate

Ó Krsna! Esclarece minha dúvida por completo. Além de ti não há ninguém que possa remover esta minha dúvida.

Sloka 40

Sri bhagavan uvaca

Partha naiveha namutra

Vinasas tasya vidyate

Na hi kalyana-krt kascid

Durgatim tata gacchati

Sri Bhagavan respondeu: Ó Partha! O yogi que fracassou não está perdido nem neste mundo e nem no próximo. Ó meu querido amigo, uma pessoa que realiza atividades auspiciosas jamais obtém um destino desfavorável.

Sloka 41

Prapya punya-krtam lokan

Usitva sasvatih samah

Sucinam srimatam gehe

Yoga-bhrasto bhijayate

A pessoa que se desvia do caminho do yoga após Ter praticado por algum tempo, alcança os planetas das pessoas piedosas e depois de desfrutar ali durante muitos anos, nasce em uma família aristocrática e virtuosa.

Prakasika-Vrtti

Os yogis que se desviam do caminho do astanga yoga se dividem em duas categorias. Na primeira categoria estão os que caem após terem praticado yoga durante curto período. Ditos yogis não alcançam destinos inferiores; pelo contrário, desfrutam a feliçidade dos planetas superiores (celestiais) reservados para as pessoas que ofereçem yajnas (sacrifícios) tais como asvamedha. Depois eles nascem em famílias de brahmanas qualificados ou de homens aristocráticos ocupados em atividades prescritas pelo Dharma. Ambas situações são favoráveis para continuar sua prática de yoga.

Na Segunda categoria estão os que caíram após uma longa prática de yoga. Em sua próxima vida, alguns deles obtem o desfrute esperado, se satisfazem, e finalmente terminam seu processo de yoga.

Sloka 42

Athava yoginam eva

Kule bhavati dhimatam

Etaddhi durlabhataram

Loke janma yad idrsam

O yogi que se desvia depois de muito tempo de prática, nasce na família de um yogi de grande sabedoria. Este nascimento neste mundo é sem dúvida muito excepcional.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan descreveu o destino de um yogi que se desvia após praticar yoga durante um curto período. Agora, explica o destino de um yogi que cai depois de praticar durante muito tempo. Um exemplo disto é Nimi Maharaja (Srimad Bhagavatm 9.13.1-10).

Sloka 43

Tatra tam buddhi-samyogam

Labhate paurva-daihikam

Yatate ca tato bhuyah

Samsiddhau kuru-nandana

Ó Kuru nandana! O yogi fracassado recobra a consçiênçia conectada á Paramatma de seu nascimento anterior e se esforça de novo em alcançar a perfeição no yoga.

Prakasika-vrtti

Em ambos nascimentos , em virtude das impressões resultantes da prática de yoga em sua vida prévia, o yogi desviado obtem uma inteligência fixa em seus próprios prinçípios do dever e conhecimento relaçionado com Paramatma após purificar o coração de modo natural. Assim como alguém que acaba de despertar de um sonho, ele começa á esforçar-se seriamente para incrementar sua prática yogica. Este já não terá nenhum obstáculo. Esta é a razão por que um yogi não se perde nem alcança um destino desfavorável.

Sloka 44

Purvabhyasena tenaiva

Hriyate hy avaso pi sah

Jijnasur api yogasya

Sabda-brahmativarttate

Em virtude de sua prática prévia, ele se sente automaticamente atraído pelo caminho da liberação e estando relaçionado com a prática da realização transcendental (yoga) ele transcende as ações fruitivas descritas nos Vedas.

Sloka 45

Prayatnad yatmanas tu

Yogi samsuddha-kilbisah

Aneka-janma-samsiddhas

Tato yati param gatim

Na verdade, o yogi que se dedica com grande esforço e sinceridade se libera de todos os pecados depois de muitos nascimentos e finalmente obtém a perfeição. Desta maneira ele alcança o destino supremo.

Bhavanuvada

Uma pessoa se desvia do caminho do yoga quando se torna negligente em seus esforços. Este yogi retornará ao caminho do yoga em sua próxima vida, mas não alcançará a perfeição, pois isto levará muitas vidas até ficar totalmente maduro. Ele nunca se debilita nem cai. Pelo contrário, após muitas vidas, ele amadurece e obtém a perfeição.

Sloka 46

Tapasvibhyo dhiko yogi

Jnanibhyo´pi mato´dhikah

Karmibhyas cadhiko yogi

Tasmad yogi bhavarjuna

O yogi é superior ao asceta, ao jnani e ao karmi. Ó Arjuna! Por tanto, converte-te em um yogi.

Prakasika-Vrtti

Geralmente se pensa que um yogi, um asceta, um karmi, um jnani e um bhakta são iguais. Sri Bhagavan emite sua opinião categórica dizendo que não são e que existe uma graduação. Um niskama-karma-yogi é superior ao asçeta e á um sakama-karmi e o jnani é ainda superior á estes. Um astanga yogi é superior á um jnani e um bhakti-yogi é superior á todos, tal como se descreverá no próximo verso.

Sloka 47

Yoginam api sarvesam

Mad-gatenantaratmana

Sraddhavan bhajate yo mam

As me yuktatamo matah

Aquele que me adora constantemente com plena fé e pensa exclusivamente em mim, é na minha opinião, superior á todos os yogis.

Bhavanuvada

“Não há então ninguém superior ao yogi?”. Sri Bhagavan responde:”Não digas isto.” E recita este verso.No Srimad Bhagavatam se diz: ”Ó Maha-muni,entre milhões de seres liberados e perfeitos,uma pessoa pacífica que está dedicada á Sri Narayana (Krsna) é extremamente difíçil de se encontrar.

Nos próximos oito capítulos se delineará o proçesso de bhakti-yoga. No primeiro capítulo do Bhagavad Gita, a jóia cristalina dos Sastras, foi dado um esboço. Nos capítulos dois, tres e quatro foi descrito o niskama-karma-yoga. O quinto capítulo expõe jnana e o sexto descreve yoga (astanga). Mesmo assim, os primeiros seis capítulos tratam prinçipalmente açerca do karma.

Prakasika-Vrtti

Ao final de cada capítulo, Bhagavan Sri Krsna declara categóricamente que um bhakti-yogi é superior á todos os demais yogis. Existem várias etapas do yoga. A primeira é o niskama-karma-yoga. Quando adiçionada á jnana e renúncia, esta se converte em jnana-yoga,a segunda etapa. Quando adiciona-se dhyana (meditação em Isvara) á jnana-yoga, vem á se chamar astanga-yoga, a terceira etapa. Finalmente,quando se agrega afeto por Bhagavan, se converte em bhakti-yoga, a quarta etapa.Krsna diz á Arjuna: ”Ó Partha! Bhakti é o estágio máximo do yoga, portanto tu deves converte-te em um bhakti-yogi.







Capítulo 7

Vijnana-Yoga


A compreensão do conhecimento transcendental




Sloka 1

Sri Bhagavan uvaca

Mayy asakta-manah partha

Yogam yunjan mad-asrayah

Asamsayam samagram mam

Yatha jnasyasi tac chrnu

Sri Bhagavan disse: Ó Partha! Agora escuta como podes me conheçer praticando o processo de bhakti-yoga com tua mente apegada á mim e refúgiando só em mim, estando assim, livre de toda dúvida.

Bhavanuvada

Quando poderei refugiar-me nos pés de lótus de Sri Caitanya Mahaprabhu, a morada da bem aventurança eterna e o oçeano de misericórdia? Agora que abandonei os proçessos de desfrutes e da liberação e me refugiei no caminho de bhakti, quando me tornarei qualificado para degustar o néctar de prema?

O Srimad Bhagavatam afirma: ”Simplesmente mediante a prática de bhakti-yoga, meu devoto obtém por completo qualquer resultado favorável que se possa obter através da execução de karma, austeridades e outras atividades auspiciosas, e também pelo proçesso de jnana (conhecimento), vairagya (renúnçia), yoga (astanga-yoga) e atividades filantrópicas.”

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: ”Ó Partha! Nos seis primeiros capítulos expliquei jnana e astanga-yoga. Estes são os caminhos para se obter moksa e requerem a assistênçia de niskama-karma-yoga para purificar o coração. Nos próximos seis capítulos, explicarei o processo de bhakti-yoga, por favor escuta. Para obter conhecimento sobre mim, deves apegar tua mente e refugiar-te plenamente em mim por meio do processo de bhakti-yoga. Se fizeres isto, não há dúvida que me conhecerás.”

Sloka 2

Jnanam te ham as-vijnanam

Idam vaksayamy asesatah

Yaj jnatva neha bhuyo nyaj

Jnatavyam avasisyate

Agora te revelarei com detalhes o jnana enriquecido com vijnana. Quando compreenderes isto, não haverá nada desconhecido á ti neste mundo.

Prakasika-vrtti

Existem nove etapas no processo de nirguna bhakti(bhakti pura). 1-sraddha, 2-sadhu-sanga, 3-bhajana kriya, 4-anartha-nivrtti, 5-nistha, 6-ruci , 7-asakti, 8-bhava, 9-prema. Antes que o sadhaka alcançe a etapa de asaktimo conhecimento acerca de Bhagavan está saturado pela opulênçia do senhor, mas quando o asakti (apego) amadurece, ele experimenta a doçura do senhor em seu coração, o que se denomina vijnana.

Sloka 3

Manusyanam sahasresu

Kascid yatati siddhaye

Yatatam api siddhanam

Kascin mam vetti tattvatah

Dentre milhões de homens, pode ser que um se esfórce para alcançar a perfeição; dentre os que á alcançam, dificilmente alguém me conhece de verdade.

Prakasika-Vrtti

Bhagavan mostra neste verso que bhagavat-jnana (conheçimento açerca de Bhagavan) é muito exçepçional. No Srimad Bhagavatam se descreve: “Ó Maha-muni, entre milhões de pessoas perfeitas e liberadas, é muito difícil encontrar um devoto de Narayana. E ainda mais raro que os devotos atraídos por Narayana, são os devotos de Sri Krsna. A bem aventurança que se deriva ao saborear a doçura de Sri Krsna é milhões de vezes maior do que a bem aventurança de seu aspecto impessoal (brahma).

Sloka 4

Bhumir apo nalo vayuh

Kham mano buddhir eva ca

Ahankara itiyam me

Bhinna prakrtir astadha

Minha energia material externa é composta por oito divisões: terra, agua, ego, ar, terra, mente, inteligência e falso ego.

Prakasika-Vrtti

“Krsna diz á Arjuna que ele deve conheçer a quantidade de elementos perteçentes á energia externa(apara-sakti) relacionados com a matéria inerte. Os cincos elementos grosseiros: terra, água, fogo, ar e éter se denominam maha-bhuta, suas qualidades respectivas são o aroma,gosto, forma, tato e o som. Assim, eles somam dez elementos. Deves saber que os sentidos são seus elementos ativos começando pelo falso ego(ahankara) e são efeito de mahat-tattva.Ainda que a mente e a inteligênçia são classificados como elementos separados devido a suas funções destacadas e diferençiadas do resto dos elementos,elas constituem um só elemento.Todo este grupo são parte da minha energia externa.”

Sloka 5

Apareyam itas tv anyam

Prakrtim viddhi me param

Jiva-bhutam maha-baho

Yayedam dharyate jagat

Ó Maha-baho! Deves saber que minha energia externa, constituída por oito divisões, é inferior.Eu possuo outra potência conhecida como jiva-svarupa, a qual mesmo sendo superior, aceita o mundo material com o propósito de desfrutar os resultados do karma.

Bhavanuvada

A bahiranga-sakti mençionada é externa devido á sua natureza inerte.A tatastha-sakti ,na forma das jivas, é diferente e superior á aquela, pois possui consciência. A razão de sua superioridade indica que sua natureza consçiente sustenta o universo e essa energia aceita o mundo material unicamente para seu próprio desfrute.

Sloka 6

Etad yonini bhutani

Sarvanity upadharaya

Aham krtsnasya jagatah

Prabhavah pralayas tatha

Entende que todas as entidades vivas nasceram destas duas prakrtis (maya e jiva-sakti). Eu sou a causa única da criação e destruíção do universo inteiro.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna:”As jivas e a criação material inerte emanaram destas duas prakrtis.Tanto maya quanto jiva-sakti são minhas potências, pois se originam de mim. Eu, Bhagavan, sou a causa primordial da origem e da dissolução do universo.”

Sloka 7

Mattah parataram nanyat

Kincid asti dhananjaya

Mayi sarvam idam protam

Sutre mani-gana iva



Ó Dhananjaya! Não existe nada superior á mim. O universo inteiro depende de mim assim como as pérolas ensartadas em um cordão.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan disse: ”Desta forma,sou a causa de tudo.Assim como a causa e o efeito não são diferentes entre sí, tampouco são a energia e o energético.

Nos Srutis se estabelece: ”Antes da criação do universo, só existia a Realidade Absoluta incomparável.”

“Sou a causa de tudo,pois minhas energias são a causa de todas as criações.”Assim, depois de explicar sua natureza onímoda, Bhagavan expõe agora sua qualidade de onipresença.”Tanto o universo consciente como o inerte não são diferentes de mim, pois ambos são minhas criações.Eles são minha svarupa, e assim como as jóias se ensartam em um cordão, estão contidos em mim.”

Sloka 8

Raso ham apsu kaunteya

Prabhasmi sasi-suryayoh

Pranavah sarva-vedesu

Sabda khe paurusam nrsu

Ó Kaunteya! Eu sou o sabor da água, o brilho da lua e sol. Eu sou a sílaba om de todos os mantras védicos. Sou o som no éter e a habilidade do homem.

Bhavanuvada

“Como Antaryami, entro em cada universo que criei e existo nele. De modo similar, existo em essençia dentro dos seres humanos e demais entidades vivas. Em alguns lugares sou a causa e em outros sou o efeito.”

Sloka 9

Punyo gandhah prthivyanca

Tejas casmi vibhavasau

Jivanam sarva-bhutesu

Tapas casmi tapasvisu

Eu sou a fragância atrativa e original da terra, o calor do fogo, a vida de todos os seres e a austeridade dos ascetas.

Sloka 10

Bijam mam sarva-bhutanam

Viddhi partha sanatanam

Buddhir buddhimatam asmi

Tejas tejasvinam aham

Ó Partha! Conhece-me como sendo a causa eterna de todos os seres vivos.Sou a inteligênçia dos inteligentes e o poder dos poderosos.

Sloka 11

Balam balavatam caham

Kama-raga-vivarjitam

Dharmaviruddho bhutesu

Kamo smi bharatarsabha

Ó melhor da dinastia Bharata!Sou a força dos fortes , livre do apego e do desejo. Sou a união sexual conforme o dharma que tem como único propósito a procriação.

Sloka 12

Ye caiva sattvika bhava

Rajasas tamasas ca ye

Matta eveti tan viddhi

Na tv aham tesu te mayi

Entende que todos os estados de existência: sattvika (bondade), rajasika (paixão),tamasika (ignorância) – se manifestam por meio das qualidades de minha natureza material. Eu não estou exposto á estas qualidades pois todas elas estão sobre o controle de minha energia (Maha-maya).

Sloka 13

Tribhir-guna-mayair bhavair

Ebhih sarvam idam jagat

Mohitam nabhijanati

Mam ebhyah param avyayam

Enganados por esses tres estados de existências, o mundo inteiro não me conhece, visto que estou além das qualidades materiais e que sou imperecível.

Bhavanuvada

“A mente, os sentidos, a felicidade, a lamentação, o apego e a inveja estão sobre o controle da natureza adquirida. Mas eu estou acima dos três gunas e sou livre de qualquer transformação distorcida. Por esta razão,eles não podem me conhecer.”

Sloka 14

Daivi hy esa gunamayi

Mama maya duratyaya

Mam eva ye prapadyante

Mayam etam taranti te

Minha energia material composta pelos três gunas é difícil de ser superada. Mas os que se refugiam exclusivamente em mim, pode transcende-la muito facilmente.

Bhavanuvada

Pode surgir uma pergunta: Como uma pessoa pode se liberar da ilusão criada pelos três gunas? Sri Bhagavam responde: ”Maya se chama daivi porque seduz as jivas, que são divinas por natureza porém estão absortas nos prazeres do desfrute sensual. Esta bahiranga-sakti que pertençe á mim,é sumamente difícil de se superar. Porém se torna fácil de ser superada para aquele que se rende exclusivamente á mim, em minha forma de Syamasundara.”

Sloka 15

Na mam duskrtino mudhah

Prapadyante naradhamah

Mayayapahrta-jnana

Asuram bhavam asritah

Os hereges e néscios carentes de discriminação, e outros seres humanos cujo conhecimento foi roubado por minha energia ilusória (Maya) e que possuem natureza demôniaca, não se rendem á mim.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna:” Existem quatro tipos de pessoas que se refugiam em minha natureza demôniaca e não á mim: Os malvados, os néscios, os desprezíveis e os que possuem conhecimento coberto por Maya.

Sloka 16

Catur-vidha bhajante mam

Janah sukrtino ‘rjuna

Artto jijnasur atharthi

Jnani ca bharatarsabha

Ó tu, o melhor da dinastia Bharata! Quatro tipos de pessoas piedosas me adoram: os aflitos, os inquisitivos, os que buscam fortuna (riqueza) e os sábios.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: ”As pessoas aflitas tem o defeito dos seus diversos desejos, as inquisitivas possuem o defeito de estar atadas ao moralismo, os que buscam riquesa tem o defeito de lutar para alcançar os planetas celestiais e os jnanis que pensam que bhagavat-tattva é temporário, possuem o defeito de querer fundir-se no brahma. Quando se elimina estas impurezas do coração,os quatro tipos de pessoas mençionadas açima adquirem a qualificação para executar bhakti pura. Mas enquanto estas impurezas ainda existir nele, sua bhakti é considerada pradhani-bhuta. Por tanto, só quando as impurezas citadas desaparecerem por completo, é que ele obterá bhakti ; esta bhakti chama-se kevala,akincana ou uttama.”

Sloka 17

Tesam jnani nitya-yukta

Eka-bhaktir visisyate

Priyo hi jnanino´ty-artham

Aham sa mama priyah

Dentre estes, o meu devoto exclusivo cujos pensamentos estão sempre em mim, é o melhor de todos, pois sou muito querido por ele e ele é muito querido á mim.

Bhavanuvada

Dentre os quatro tipos de devotos elegíveis para executar bhakti, os que estão exclusivamente atraídos por bhakti são os melhores yogis.

Sloka 18

Udarah sarvah evaite

Jnani tv atmaiva me matam

Asthitah sahi yuktatma

Mam evanuttamam gatim

Mesmo sendo eles grandes almas, eu considero o jnani como sendo eu mesmo. Estas almas estão sempre conectadas comigo, e se refugiam em mim como seu destino supremo.

Bhavanuvada

“Eu sou bhakta-vatsala Bhagavan e considero o jnani dotado com pradhani-bhuta bhakti livre de desejos como sendo eu mesmo. Porém me é mais querido ainda, quem possui kevala bhakti imaculado.”

Sloka 19

Bahunam janmanam ante

Jnanavan mam prapadyate

Vasudevah sarvam iti

Samahatma sudurlabhah

Após muitas vidas de prática espiritual, o jnani que está dotado com o conheçimento de que tudo que é consçiente e inerte está relaçionado com Vasudeva, se rende á mim e me adora.Um mahatma assim é muito difícil de se encontrar.

Bhavanuvada

Alguém poderia argumentar: “Os jnanis te alcançam pois aceitam teu refúgio como o destino supremo, mas; Quanto tempo faltará para eles poderem preparar-se para entrar no reino de bhakti?.Bhagavan responde: “Os jnanis refugiam em mim, quando depois de muitas vidas, percebem Vasudeva em todas as partes. Este sadhus se rendem á mim pela influênçia da assoçiação apropriada que conçedo á eles. Ou seja, se rendem de acordo com a bhava (sentimento) que reçebem de tal assoçiação. Dentre milhões e milhões de homens, o jnani bhakta cujo pensamento repousa em mim é muito raro; que dizer então dos meus devotos exclusivos? eles são ainda mais raros.”

Sloka 20

Kamais tair tair hrta-jnanah

Prapadyante´nya-devatah

Tam tam niyamam asthaya

Prakrtya niyatah svaya

Aqueles cuja inteligência é roubada pelos seus diversos desejos luxuriosos, se rendem aos semi-deuses que podem satisfazer seus desejos. Arrastados deste modo pela sua própria natureza, eles adoram tais semi-deuses.

Prakasika-Vrtti

As pessoas afortunadas e inteligentes que estão influênçiadas por diversos tipos de desejos, tentam satisfaze-los mediante a adoração á Paramesvara Sri Krsna. Por sua misericórdia,quando satisfazem seus desejos, eles perdem gradualmente o interesse nestes desfrutes.

As pessoas nésçias e desafortunadas permaneçem cativas pelas qualidades da paixão e ignorânçia como resultado de sua aversão á Krsna e pensam que os semi-deuses podem satisfazer seus desejos mais rápidamente. Por isto eles adoram os diversos e insignificantes semi-deuses segundo suas naturezas específicas em uma tentativa de satisfazer seus desejos materiais, assim rápidamente eles se satisfazem.

Sloka 21

Yo yo yam yam tanum bhaktah

Sraddhayarcitum icchati

Tasya tasyacalam sraddham

Tam eva vidadhamy aham

Eu (Antaryami), outorgo a fé inquebrantável de um devoto fruitivo por qualquer semi-deus que ele deseja adorar fielmente.

Prakasika-Vrtti

Alguns pensam que se adorarem os semi-deuses, estes podem inspirar fé em bhagavat-bhakti no coração de seus adoradores. Sri Krsna explica que ele em sua forma Antaryami outorga aos adoradores de semi-deuses uma fé inquebrantável por qualquer semi-deus que eles desejam adorar, mesmo sendo tais semi-deuses nada mais que suas vibhutis. Ele não inspira fé em si mesmo nos corações de quem o rejeita. Se os semi-deuses não podem inspirar fé em si mesmos á seus adoradores, que dizer de produzir fé para Bhagavan?.

Sloka 22

sa taya sraddhaya yuktas

tasyaradhanam ihate

labhate ca tatah kamam

mayaiva vihitam hi tan

Dotados com este tipo de fé, eles se esfórçam na adoração dos semi-deuses e assim obtém a satisafação de seus desejos. Na realidade essas bençãos são dadas apenas por mim.

Bhavanuvada

Eles obtém satisfação para seus desejos adorando os semi-deuses, mas na realidade os semi-deuses não tem esta capacidade. Por tanto, Bhagavan diz: “Na realidade, eu é quem satisfaço seus desejos.”

Sloka 23

Antavat tu phalam tesam

Tad bhavaty alpa-medhasam

Devam deva-yajo yanti

Mad-bhakta yanti mam api

Os frutos obtidos por tais pessoas de escassa inteligência, são perecíveis. Os adoradores dos semi-deuses vão aos planetas celestiais de um semi-deus particular, enquanto que meus devotos vem á mim.

Prakasika-Vrtti

Aqui poderia surgir uma pergunta: “Já que os semi-deuse são vibhutis(membros corporais) de Krsna, não há diferença entre adorar os semi-deuses e adorar Bhagavan?.Bhagavan responde: “A pessoa que se refugia nos semi-deuses impulsionada por algum desejo realmente perdeu sua inteligênçia, pois os resultados são perecíveis.”

Os devotots dos semi-deuses obtém frutos pereçíveis, enquanto que os devotos de Bhagavan Sri Krsna obtém seu serviço eterno em sua morada transçendental. Por tanto, as pessoas inteligentes adoram a forma eterna de Bhagavan mesmo se possuem desejos materiais.

Sloka 24

Avyaktam vyaktim apannam

Manyante mam abuddhayah

Param bhavam ajananto

Mamavyayam anuttamam

Aqueles que carecem de inteligênçia consideram que eu, que sou imanifesto e transcendental á existência mundana, nasço como um ser humano ordinário. Eles não conhecem minha natureza suprema, exçelente, imutável e transçendental da minha forma, nascimento, passatempos e qualidades.

Sloka 25

Naham prakasah sarvasya

Yoga-maya-samavrtah

Mudho yam nabhijanati

Loko mam ajam avyayam

Eu não me revelo á todos. Os tolos não compreendem minha forma não nascida e imperecível, pois estou coberto pela minha potência chamada yoga-maya (interna).

Prakasika-Vrtti

Deve enteder-se aqui que Bhagavan possui dois tipos de maya-sakti: yoga-maya ou interna e maha-maya ou externa. Yoga-maya constitue sua svarupa sakti, a qual é experta em fazer o impossível se tornar possível, e maha-maya é a sombra da energia interna. Yoga-maya organiza a manifestação dos passatempos do onisçiente e onipotente Bhagavan situando ele e seus assoçiados em uma ilusão transcendental. Ela também arruma a união de Bhagavan com a jiva que pratica sadhana-bhakti. Por esta razão se denomina yoga-maya. Por outro lado,maha-maya cativa as jivas que são contrárias á Bhagavan e ás ata com os resultados de suas atividades. Maya-maya não pode afetar Bhagavan, porém ela encobre o conhecimento da jiva e obscura sua visão para com Bhagavan.

Sloka 26

Vedaham samatitani

Varttamanani carjuna

Bhavisyani ca bhutani

Mam tu veda na kascana

Ó Arjuna! Conheço todos os seres, tanto os móveis como os imóveis, conheço o passado, o presente e o futuro, mas ninguém me conhece.

Prakasika-Vrtti

Alguém poderia questionar; “Se Bhagavan está coberto por yoga-maya, ele deve estar iludido como a jiva e, por tanto, afligido pelo defeito da ignorânçia. “Bhagavan responde aqui: “Maya está ocupada em meu serviço, sujeita á meu poder e permaneçe sob meu controle.”

Ele enfatiza isto dizendo; “ Eu conheço o passado,o presente e o futuro,mas mesmo grandes personalidades como Maharudra não me conhece plenamente, pois seu conhecimento está coberto por yoga-maya; que dizer então dos homens ordinários?”

Sloka 27

Iccha-dvesa samutthena

Dvandva-mohena bharata

Sarva-bhutani sammoham

Sarge yanti parantapa

Ó Parantapa! No momento da criação, as jivas confundidas pelas dualidades da felicidade e aflição nasçidas do desejo e da aversão, tornam-se completamente cativadas pela ilusão.

Bhavanuvada

Quanto tempo as jivas tem estado cativadas por maya? Bhagavan responde: “Desde a criação.” O que ás confunde? “O desejo e a aversão nasçidos de seu karma prévio. “ Elas estão iludidas pelas dualidades que surgem do desejo pelos objetos que gostam e aversão pelos que não gostam.A honra e desonra, o frio e calor, a feliçidade e tristeza,os sexos masculino e feminino,para mençionar alguns exemplos. As pessoas estão profundamente apegadas á esposa, aos filhos e parentes. Quem tem estes profundos apegos mundanos não tem direito de dedicar-se á minha bhakti. Eu disse á Uddhava: “A pessoa afortunada que desenvolveu fé em escutar conversas sobre mim e que não sente nem repulsão nem apego excessivo pelos objetos sensíveis, alcança a perfeição em bhakti-yoga.”

Sloka 28

Yesam tv anta-gatam papam

Jananam punya-karmanam

Te dvandva-moha-nirmukta

Bhajante mam drdha-vratah

Mas as pessoas piedosas cujos pecados foram erradicados, se liberam da confusão criada pelas dualidades e se dedicam á minha adoração com grande determinação.

Bhavanuvada

Qual é então, a qualificação para executar bhakti? Bhagavan Sri Krsna responde: “Quando os pecados de uma pessoa são eliminados mediante atividades piedosas,dentro dela surge o modo da bondade (sattva-guna) e esta reduz seu modo da ignorância (tamo-guna) juntamente com seu efeito, a ilusão. Quando esta pessoa se assoçia com meu devoto, que não está escessivamente atraído á este mundo, sua ilusão se reduz e ele se ocupa volutariamente em meu bhajana com grande determinação.”

Sloka 29

Jara-marana-moksaya

Mam asritya yatanti ye

Te brahma tad viduh krtsnam

Adhyatmam karma cakhilam

Aqueles que lutam para liberar-se da enfermidade e da morte refugiando-se em mim,obtém o conheçimento do brahma,da natureza constituçional da jiva e do prinçípio do karma,o qual é a causa do cativeiro neste mundo material.

Prakasika-Vrtti

Bhagavan explicou iniçialmente os três primeiros tipos de sakama-bhaktas,entre eles os afligidos.”No prinçípio eles se dedicam ao meu bhajana com o propósito de alcançar seus objetivos, mas quando conseguem conseguem seus objetivos ,entendem que este são miseráveis e degradantes e assim se desapegam deles.Finalmente, mediante associação com os bhaktas,obtém o êxito em minha ekantika-bhakti.”

Bhagavan explica agora o quarto tipo de sakama-bhakta,o que deseja moksa (liberação).”Quando os sakama-bhaktas obtêm a assoçiação de meus suddha-bhaktas, eles perdem o desejo de se fundir-se em meu aspecto impessoal e se conçentram em situar-se em sua forma constituçional pura como servos de Krsna.”

Sloka 30

Sadhibhutadhidaivam mam

Sadhiyajnanca ye viduh

Prayana-kale pi ca mam

Te vidur yukta-cetasah

Aqueles que me conheçem como a deidade regente do princípio controlador dos elementos materiais grosseiros do cosmos, como o sustento dos semi-deuses e como o fundamento de todos os sacrifíçios, e cujas mentes estão apegadas á mim, me recordam até no momento da morte.

Prakasika-Vrtti

Sri Bhagavan diz: “Aqueles que mediante o poder de minha bhakti,me conheçe como o princípio regente de adhibhuta-tattva, o adhidaiva-tattva e adhiyajna-tattva, podem lembrar de mim no momento da morte. Eles não temem a morte porque jamais duvídam de mim.”


Assim conclui-se o sétimo cápitulo do Srimad Bhagavad Gita






Capítulo 8

Taraka Brahma yoga


Yoga com Parambrahma


Arjuna uvaca

Kim tad brahma kim adhyatmam

Kim karma purrusottama

Adhibhutanca kim proktam

Adhidaivam kim ucyate

Arjuna perguntou: Ó Purusottama! O que é brahma? O que é adhyatma? O que é karma? O que é adhibhuta? O que é adhidaiva?

Sloka 2

Adhiyajnah katham ko ´tra

Dehe ´smin madhusudana

Prayana-kale ca katham

Jneyo ´si niyatatmabhih

Ó Madhusudana! Quem é o senhor do sacrifício e como ele mora neste corpo? Como pode uma pessoa de mente controlada, te conhecer

no momento da morte?

Bhavanuvada

No oitavo capítulo, Bhagavan Sri Krsna explica o yoga, com o objetivo de responder as perguntas de Arjuna Dentro destas respostas, desenvolve-se as definições de yoga-misra bhakti e suddha-bhakti, incluindo a meta de ambos.

Sloka 3

Sri bhagavan uvaca

Aksaram paramam brahma

Svabhavo dhyatmam ucyate

Bhuta-bhavodbhava-karo

Visargah karma-samjnitah

Sri Bhagavan disse: A suprema verdade impereçível e eterna é o brahma. A jiva em seus estado puro se denomina adhyatma e o prinçípio do yajna no mundo material onde se desenvolvem os corpos das jivas e suas expansões se conhece como karma.

Bhavanuvada

As jivas situadas em seu estado puro mediante o cultivo de bhakti conseguem a conexão com Paramatma.

O samsara da jiva resulta nos elementos grosseiros e sutis que criam tanto os corpos humanos quanto os demais tipos de corpos,de acordo com a existênçia da jiva. O samsara, ciclo da existênçia material, é criado pelo karma da jiva, de modo que neste contexto a palavra karma indica a existência material da entidade viva (jiva).

Sloka 4

Adhibhutam ksaro bhavah

Purusas cadhidaivatam

Adhiyajno ´ham evatra

Dehe deha-bhrtam vara

Ó tu que é o melhor entre os seres corporificados! O perecível se denomina adhibhuta e a forma universal se chama adhidaiva, o senhor que rege todos os semi-deuses. Só eu sou adhiyajna e estando situado no corpo da jiva na forma de antaryami, nspiro as pessoas á executar atividades tais como o yajna.

Prakasika-Vrtti

Adhibhuta: Coisas grosseiras tais como as ondas ou roupas, que são perecíveis e trocam constantemente.

Adhidaiva. O ser cósmico total ou virat-purusa se chama adhidaiva poruqe tem soberania sobre os devatas.

Adhiyajna. Se refere ao purusa,que está situado nos corpos das jivas na forma do onipresente Antaryami. Nesta forma, inspira ações como o yajna e outorga os resultados do karma. É uma porção plenária de Bhagavan sri Krsna(svamsa tattva). No Svetasvatara Upanisad (4.6) se descreve:

“Ksirodakasayi-purusa e a jiva vivem como dois pássaros amigos nos galhos de uma árvore de banana,o qual é comparado ao corpo material temporário. A jiva saboreia os frutos da árvore de acordo com seu karma, enquanto que o outro pássaro, Paramatma, não desfruta deles senão que simplesmente permaneçe como testemunha das atividades da jiva.’’

Sri Sukadeva Goswami diz no Srimad Bhagavatam (2.2.8)

‘’Alguns yogis recordam o pradesa-matra purusa que se encontra no fundo de seus corações.’’

Srila Cakravarti Thakura disse: “Através de sua acintya-sakti, ele está situado dentro desta área em sua forma juvenil de quinze anos de idade.”

O Katha Upanisad declara: ”Antaryami tem o tamanho de um polegar e se instala no coração da jiva.”

Mas para os devotos, Krsna está situado nos corações em sua forma juvenil de quinze anos de idade na forma de Yasoda nandana Krsna, o adolescente transcendental. O Antaryami situado no coração de Arjuna é o mesmo Kisora Krsna que está sentado na sua carróça.

Sloka 5

Anta-kale ca mam eva

Smaran muktva kalevaram

Yah prayati sa mad-bhavam

Yati nasty atra samsayah

E aquele que no momento da morte abandona seu corpo recordando só á mim, sem dúvida alcança minha natureza. Não há nenhuma dúvida sobre isto.

Bhavanuvada

“Lembrando de mim, uma pessoa pode me conhecer, mas não é possível conhecer-me plenamente da mesma forma que se conhece os objetos materiais como por exemplo, os recipientes ou a roupa. “Através de quantos tipos de jnana pode-se recordar-me? Isto é explicado nos próximos quatro versos.”

Sloka 6

Yam yam vapi smaran bhavam

Tyajaty ante kalevaram

Tam tam evaiti kaunteya

Sada tad-bhava-bhavitah

Ó Kaunteya! Qualquer coisa que se recorde no momento da morte determina o estado de existênçia que uma pessoa alcançará em sua próxima vida, por Ter estado sempre absorta nesta contemplação.

Prakasika-Vrtti

Por lembrar de Bhagavan no momento da morte,uma pessoa alcança sua natureza.Assim também , uma pessoa alcança a natureza correspondente á outros seres e objetos que recordam neste momento.

Bharata Maharaja pensou em um veado no momento da sua morte,assim ele obteve um corpo de veado na sua próxima vida. Por isso, deve-se pensar apenas em Bhagavan Sri Krsna no momento da morte. Para alcançar este estado de consciência é indispensável esforçar-se nesta direção desde o princípio da vida.

A história de Puranjana mostra como ele obteve o corpo de uma mulher em sua seguinte vida como resultado de pensar em uma mulher no momento da morte. Na realidade, qualquer coisa que façamos durante nossa vida influi no estado de consçiênçia no momento da morte e de acordo com este estado, receberemos outro corpo. Por esta razão, os sadhakas devem executar hari-nama e praticar suddha-bhakti durante sua vida, para que no momento da morte sejam capazes de lembra-se de Bhagavan e para que seu caminho rumo á bem aventurança seja abençoado.

Sloka 7

Tasmat sarvesu kalesu

Mam anusmara yudhya ca

Mayy arpita-mano-buddhir

Mam evaisyasi asamsayah

Por tanto, deves recordar-me sempre e ao mesmo tempo executar teu dever prescrito de lutar. Com tua mente e inteligência dedicadas á mim, sem dúvida você me alcançará.

Sloka 8

Abhyasa-yoga-yuktena

Cetasa nanya-gamina

Paramam purusam divyam

Yati parthanucintayan

Ó Partha! Aqueles que estão dedicados á prática constante de yoga, com a mente indesviável e pensando continuamente em mim, alcançam a Pessoa Suprema.

Prakasika-Vrtti

É necessário ocupar-se em abhyasa-yoga para alcançar uma continuidade inquebrantável no bhajana, semelhante á corrente indetível de um rio. Uma pessoa só pode ocupar sua mente em lembrar de Bhagavan mediante o cultivo de abhyasa-yoga e a retraíndo-a dos objetos sensíveis.

Sloka 9-10

Kavim puranam anusasitaram

Anor aniyamsam anusmared yah

Sarvasya dharatam acintya-rupam

Aditya-varnam tamasah parastat

Prayana-kale manasa calena

Bhaktya yukto yoga-balena caiva

Bhruvor madhye pranam avesya samyak

Satam param purusam upaiti divyam

Deve-se lembrar dele como a pessoa divina e eterna, como o controlador supremo, como o menor do que o menor, como o sustentador de todos cuja forma é inconcebível, como aquele que é refugente como o sol e que é transçendental á natureza material. Sem sombra de dúvidas, aquele que no momento da morte fixa seu ar vital entre as sombrancelhas através da força do yoga, se concentra sem desviar sua atenção, e se ocupa em devoção, alcança o supremo.

Bhavanuvada

É impossível retrair a mente dos objetos sensíveis e recordar-se de Krsna sem a prática continua do yoga. Bhakti mesclada com qualquer tipo de yoga se denomina karma-misra-bhakti. Sri Bhagavan explica este processo nos quatro versos seguintes.

Sloka 11

Yad aksaram veda-vido vadanti

Visanti yad yatayo vita-ragah

Yad icchanto brahmacaryam caranti

Tat te padam sangrahena pravaksye

Agora te explicarei sobre a meta última que os sábios védicos definem como imperecível. Á elas ascendem os ascetas que estão livres de todos os desejos assim como os que anseiam alcança-la praticando o celibato.

Slokas 12-13

Sarva-dvarani samyamya

Mano hrdi nirudhya ca

Murdhny adhayatmanah pranam

Asthito yoga dharanam

Om ity ekaksaram brahma

Vyaharan mam anusmaran

Yah prayati tyajan deham

Sayati paramam gatim

O yogi alcança o destino supremo mediante o controle dos sentidos, concentrando a mente no coração, fixando o ar vital na parte superior da cabeça, absorvendo-se profundamente em samadhi (transe) pela prática do yoga, pronunciando a sílaba Om (a manifestação sonora do brahma) e abandonando seu corpo enquanto medita em mim.

Bhavanuvada

Aqui Sri Bhagavan explica como uma pessoa alcança o destino supremo de salokya-mukti e vai á seu planeta.

Sloka 14

Ananya-cetah satatam

Yo mam smarati nityasah

Tasyaham sulabhah partha

Nitya-yuktasya yoginah

Ó Partha! Sou facilmente alcançável por aquele que está constantemente absorto em bhakti-yoga e me recorda continuamente sem distrair a mente.

Bhavanuvada

No Gita (7.29) se explica karma-misra-bhakti e pradhani-bhuta bhakti, junto com seus fatores dominantes (karma, jnana e yoga). Agora neste verso, Sri Bhagavan explica kevala-bhakti, qual é nirguna e superior á todos demais tipos de yoga..”Sou fácilmente alcançável pelo bhakta que me recorda sem considerar tempo ou pureza do local, cuja mente não está atraída por karma, jnana ou yoga, que não adora nenhum dos semi-deuses e nem deseja liberação.

Sloka 15

Mam upetya punar janma

Duhkhalayam asasvatam

Napnuvanti mahatmanah

Samsiddhim paramam gatah

Depois de alcançar-me, as grandes almas jamais voltam á nascer neste mundo temporário, o qual é a morada de todas as misérias, pois alcançaram a perfeição suprema.

Bhavanuvada

O que acontece com aqueles que te alcançam? Bhagavan responde á Arjuna. “Eles não tem mais que aceitar outro nasçimento neste mundo material, senão que conseguem um nascimento similar ao meu, eterno e pleno de bem aventurança.”

Sloka 16

a-brahma-bhuvanal lokah

punar avarttino rjuna

mam upetya tu kaunteya

punar janma na vidyate

Ó Arjuna! Todos os planetas deste universo até Brahma-loka, são lugares de repetidos nascimentos e mortes , mas quem me alcança, ó Kaunteya, jamais volta á nascer.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna. ”Desde Brahma-loka ou Satya-loka até os planetas inferiores, tudo é temporário. As jivas destes planetas nasçem de novo, mas quem se refugia em mim através de kevala bhakti (bhakti sem misturas, pura), não volta á nascer.”

Sloka 17

Sahasra-yuga-paryantam

Ahar yad brahmano viduh

Ratrim yuga-sahasrantam

Te ´ho-ratra-vido janah

Aqueles que conhecem a verdade acerca do dia e da noite de Brahma, compreendem que sua duração é de mil ciclos de quatro eras.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: “De acordo com o cálculo,tanto o dia quanto a noite de Brahma são iguais á mil ciclos de quatro yugas(4.320.000.000). De tal forma, Brahma sucumbe no período de cem anos. Se esta é a situação de Brahma, como os sanyassis que alcançaram este planeta poderiam ser eternos? . Não é possível. Eles são obrigados á nascer de novo.

Sloka 18

Avyaktad vyaktayah sarvah

Prabhavanty ahar-agame

Ratry-agame praliyante

Tatraivavyakta-samjnake

Todas as jivas surgem do imanifesto quando amanhece, e se fundem neste estado imanifesto no momento do anoitecer.


Bhavanuvada

Da causa imanifesta, que é a noite de Brahma, vem seu dia ,o qual revela o campo para o desfrute na forma do corpo, dos objetos sensíveis e os demais objetos. O mundo inteiro se manifesta ativamente desta maneira. Logo, ao chegar a noite, se dissolve de novo na causa imanifesta enquanto ele (Brahma) dorme.”

Sloka 20

Paras tasmat tu bhavo ´nyo

Vyakto vyaktat sanatanah

Yah sa sarvesu bhutesu

Nasyatsu na vinasyati

Porém, superior á este estado imanifesto, há uma outra natureza eterna e maravilhosa que não se destrói nem no momento da grande dissolução, quando o mundo inteiro é aniquilado.

Bhavanuvada

Sobre o princípio não fenomenal do prajapati Hiranyagarbha Brahma, existe outra natureza imanifesta, a qual é eterna e sem começo e está além da causa de Hiranyagarbha.

Sloka 21

Avyakto ´ksara ity uktas

Tam ahuh paramam gatim

Yam prapya na nivarttante

Tad dhama paramam mama

Esta minha natureza imanifesta é chamada de aksara e constitue o destino supremo. Os que vão á esta morada jamais regressam á este mundo. Essa minha morada suprema é eterna.

Prakasika-Vrtti

Esta realidade imanifesta se denomina aksara-brahma e é o destino supremo das jivas. Ao obter essa morada suprema, não há possibilidade de regressar ao mundo material.

Sloka 22

Purusah as parah partha

Bhaktya labhyas tv ananyaya

Yasyantah-sthani bhutani

Yena sarvam idam tatam

Ó Partha! Eu sou a pessoa suprema cuja expansão está situada no coração de todos os seres e por quem o mundo inteiro é penetrado. Apenas sou alcançado pela prática de ananya-bhakti (devoção imaculada).

Bhavanuvada

“Esta pessoa suprema, que é minha expansão (Antaryami Paramatma), é alcançada unicamente através de ananya-bhakti. Ananya significa aquilo que não tem nenhum vestígio de karma, jnana, yoga ou desejos mundanos.”

Sloka 23

Yatra kale tv anavrttim

Avrttincaiva yoginah

Prayata yanti tam kalam

Vaksyami bharatarsabha

Ó melhor da dinastia Bharata! Agora te explicarei os momentos no qual os semi-deuses que regem o tempo definem se yogis vão ou não regressar á este mundo.

Prakasika-Vrtti

Os bhaktas não dependem do tempo no qual partem deste mundo para liberar-se. Por exemplo, se o sol se encontra ou não no hemisfério norte. O momento no qual eles entram nos passatempos transcendentais de Sri Krsna é sempre nirguna.

Sloka 24

Agnir jyotir ahah suklah

San-masa uttarayanam

Tatra prayata gacchanti

Brahma brahma –vido janah

Os conhecedores do brahma o alcançam quando abandonam este mundo durante a influência dos semi-deuses que regem o fogo (Agni), a luz, os dias favoráveis, a quinzena da lua crescente e os seis meses do curso norte do sol.

Prakasika-vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura diz que os yogis que abandonam o corpo em tais momentos, jamais regressam á este mundo.

Sloka 25

Dhumo ratris tatha krsnah

San-masa daksinayanam

Tatra candramasam jyotir

Yogi prapya nivarttate

O karma-yogi que toma o caminho dos semi-deuses que presidem sobre os momentos de neblina, da noite, da lua minguante e dos seis meses em que o sol transita o hemisfério sul, alcançam svarga. Depois de desfrutar os prazeres celestiais alí, eles regressam ao mundo material.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan explica agora o caminho de regressão dos karmis. Um karma-yogi que transita pela órbita destes semi-deuses, chegam ao planeta Svarga, onde desfrutam do resultado de seu karma. Finalmente, regressam ao mundo material, quando se esgotam seus créditos.

Sloka 26

Sukla-krsne gati hy ete

Jagatah sasvate mate

Ekaya yaty anavrttim

Anyayavarttate punah

Para abandonar este mundo, existem duas maneiras que são consideradas como sendo eterna: o brilhante e o escuro. Ao entrar no caminho luminoso alcança-se a liberação e ao entrar no caminho escuro regressa-se á este mundo.

Prakasika-vrtti

Os meios mencionados são o deva-yana – viagem pelo caminho dos semi-deuses – são iluminados pelo conhecimento e se denomina sukla-gati ou destinos iluminados. O segundo tipo é, ptri-yana – viagem para os antepassados – está cheio de ignorância e é chamado de krsna-gati ou caminho escuro.

Sloka 27

Naite srti partha janam

Yogi muhyati kascana

Tasmat sarvesu kalesu

Yoga-yukto bhavarjuna

Ó Partha! Os bhakti-yogis que conheçem todos estes caminhos jamais se confundem. Por tanto, Arjuna, permanece sempre fixo neste yoga.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna:”Os bhakti-yogis jamais se confundem, pois permaneçem fixos em bhakti-yoga com um conhecimento que se baseia em tattva(verdades absolutas). Por tanto, conhecem a diferença entre as duas metas e se refugiam em bhakti, que é superior. Em outras palavras, eles se refugiam em ananya-bhakti-yoga, sabendo que os outros caminhos são cheios de misérias. Ó Arjuna! Deves refugiar-te unicamente neste yoga.”

Sloka 28

Edesu yajnesu tapahsu caiva

Danesu yat punya-phalam pradistam

Atyeti tat sarvam idam viditva

Yogi param sthanam upaiti cadyam

Um bhakti yogi supera todos os resultados piedosos que se adiquire mediante o estudo dos Vedas, da execução de yajnas, das austeridades, caridades, karma e outros processos. Depois de adquirir o conhecimento sobre o que te expliquei, alcança-se a suprema, original e superexcelente morada.

Prakasika-Vrtti

Srila Visvanatha Cakravarti Thakura diz que uma pessoa consegue a bem aventurança plena através da prática de kevala-bhakti e que sem bhakti não pode-se obter nada. Assim, define-se o processo de bhakti como o proçesso supremo e auspicioso, anto pelas declarações diretas dos sastras como pelas indiretas.

Srila Bhaktivinoda interpreta Krsna neste verso: ”A fé se transforma em nistha ou absorção exclusiva em meu serviço, quando os anarthas de um devoto cuja fé é absoluta, são liminados pelo bhajana na associação dos meu devotos(bhaktas). O bhajana que se realiza em sadhu-sanga(associando-se com um santo) elimina todos os pecados mesmo que a fé não esteja desenvolvida plenamente.”

Os sentimentos devocionais mesclados com jnana e yoga, contaminados com bhukti e mukti, são anarthas que impedem a compreensão do bhajana-tattva. O bhajana de uma pessoa se purifica dos anarthas quando sua tendênçia á bhakti se torna kevala(pura) e refugia em visuddha-tattva, a Realidade Absoluta de Sri Bhagavan. Esta é a essência do oitavo capítulo.








Capítulo 9

Raja-Guhya Yoga

O conheçimento mais confidêncial


Sloka 1

Sri bhagavan uvaca

Idam tu te guhyatamam

Pravaksyamy anasuyave

Jnanam vijnana-sahitam

Yaj jnatva moksyase ´subhat

Sri Bhagavan disse: Ó Arjuna! Devido ao fato de não seres invejoso, eu te explicarei agora o conhecimento mais confidêncial,o qual está dotado com as características de suddha-bhakti e permite conheçer-me diretamente. Este conhecimento irá te liberar das misérias do mundo material.


Bhavanuvada

Este capítulo explica o conheçimento sobre a opulênçia do senhor Krsna, que seus devotos desejam para servi-lo favoravelmente. Aqui se descreve claramente a supremacia de suddha-bhakti.

Prakasika-vrtti

Aqui Bhagavan diz que deve-se explicar o conhecimento mais confidêncial apenas para aqueles que estão livres da inveja e do ódio, e que possuem um coração afetivo.

Sloka 2

Raja-vidya raja-guhyam

Pavitram idam uttamam

Pratyaksavagamam dharmyam

Su-sukham karttum avyayam

Este jnana é o rei do conheçimento e o monarca entre todos os temas confidênciais. É extremamente puro, e revela diretamente a natureza do ser conduzindo á perfeição do dharma. É executado com alegria e outorga resultados transcendentais e imperecíveis.

Bhavanuvada

Este conheçimento é o rei do conhecimento. Existem diversos tipos de conhecimento e adoração, mas seu único rei é bhakti, que é o monarca dos assuntos confidênciais. Todas as atividades pecaminosas são expiadas por meio de bhakti, o que demonstra que é puro e mais purificante que o conhecimento do ser ou tvam-padartha-jnana. Sripad Masdhusudana Sarasvati disse que esta bhakti pode destruir em menos de um segundo os estados grosseiros e sutis de todo tipo de atividades pecaminosas acumuladas durante milhôes de vidas, e também sua causa, a ignorânçia.

A prática de bhakti é caracterizada por ouvir, cantar, lembrar do Senhor Supremo(Krsna) etc.... Assim ocupa-se os sentidos, como os olhos e a lingua. Devido ao fato desta bhakti ser nirguna(transcendental), não é perecível como o jnana e karma.

Prakasika-vrtti

Kevala bhakti é a jóia preciosa do conhecimento. É supremamente confidêncial, muito purificadora e se experimenta pela percepção direta.

Os proçessos de karma, yoga e jnana não podem outorgar uma compreensão e percepção direta ao sadhaka(praticante) como bhakti. “Bhakti é tão poderosa que outorga uma experiência própria ainda nas etapas iniciais.”

Sloka 3

Asraddadhanah purusa

Dharmasyasya parantapa

Aprapya mam nivarttante

Mrtyu-samsara-vartmani

Ó Parantapa! As pessoas que não possuem fé no dharma que constitue minha bhakti não podem me alcançar. Elas perambulam pelo caminho da existência material que está repleto de morte.

Bhavanuvada

“As declarações dos sastras estabeleçem a superioridade de bhakti, mas as pessoas que não tem fé , consideram que estas declarações são exageradas. Eles rejeitam este dharma devido á sua inteligência de ateísta. Mesmo que uma pessoa pratique severos métodos alternativos para alcançar-me depois de Ter abandonado o caminho de bhakti, ela jamais terá êxito. Pelo contrário, perambulará continuamente pelo caminho da existência material que é saturado de morte.

Sloka 4

Maya tatam idam sarvam

Jagad avyakta-murttina

Mat-sthani sarva-bhutani

Na caham tesv avasthitah

Todo este universo é penetrado por mim em minha svarupa(forma imanifesta), a qual não se pode perceber com os sentidos materiais. Todos os elementos e entidades vivas estão situadas em mim, mas eu não estou neles.

Prakasika-Vrtti

A essênçia desta instrução de Krsna é a seguinte: “Este universo não é uma transformação minha, nem tampouco uma ilusão. Eu sou a Realidade Absoluta auto refulgente. As jivas e o universo são também reais; ambos são a transformação de minha sakti (potência). As jivas são eternas e se manifestaram de tatastha – sakti, que apesar de ser real, é temporária e está sujeita á destruição. As jivas e o mundo são transformações da minha sakti, a qual não é diferente de mim, por isso são simultaneamente iguais e diferentes de mim. “Este conceito é inconçebível, visto que pode ser compreendido apenas com a ajuda dos sastras, e não por intermédio da inteligência ordinária.

Sloka 5

Na ca mat-sthani bhutani

Pasya me yogam aisvaram

Bhuta-bhrn na ca bhuta-stho

Mamatma bhuta-bhavanah

Toda a criação não existe realmente em mim. Contempla minha opulênçia mística! Como Paramatma mantenho e sustento todos elementos e entidades vivas, ainda sim, não estou situado neles.

Bhavanuvada

“Ainda que todas as entidades vivas e os elementos estão situados em mim, não estão em minha svarupa, pois sou asanga, estou separado deles.

Ainda que sustento e mantenho a manifestação cósmica ilusória, ao mesmo tempo não estou nela pois não estou apegado á ela; pelo contrário, sou independente.”

Sloka 6

Yathakasa-sthito nityam

Vayuh sarvatra-go mahan

Tatha sarvani bhutani

Mat-sthanity upadharaya

Assim como o poderoso vento que sopra pra qualquer lado sempre descansa no céu, que se encontra separado dele, similarmente todos os seres descansam em mim, mas eu não estou neles.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan usa uma analogia para ilustrar suas características de onipenetrante e ilimitado; ”Devido á sua natureza, o vento está sempre em movimento, por isso ele é sarva-ga, se move para onde quiser. Se diz que ele é poderoso pois sua capaçidade é ilimitada. Ainda que o vento esteja situado no céu, simultaneamente não está situado nele. E devido á natureza asanga do céu, não está situado no vento, mesmo que ao mesmo tempo está. Da mesma forma,os cinco elementos, entre eles o céu e o vento que existem em todas as partes, não estão em mim pois minha natureza é asanga. Eles não estão em mim ainda que estão situados em mim. Reflexiona sobre minha explicação e trata de compreende-la.”

Sloka 7

Sarva-bhutani kaunteya

Prakrtim yanti mamikam

Kalpa-ksaye punas tani

Kalpadau visrjamy aham

Ó Kaunteya! No momento da devastação universal todos os seres entram em minha prakrtim. No começo de uma nova kalpa (ciclo de eras) eu os crio novamente com suas naturezas específicas por intermédio da minha potência

Bhavanuvada

Aqui se poderia Ter a seguinte dúvida: “Neste momento todos os seres visíveis e os elementos estão situados em ti, mas para onde vão durante a aniquilação?” Sri Bhagavan responde anteçipadamente a pergunta com este presente verso. “Eles entram em minha maya-sakti, que

está composta pelos três gunas e depois da aniquilação, melhor dizendo, no início da criação, eu os crio de novo junto com as suas naturezas específicas.”

Sloka 8

Prakrtim svam avastabhya

Visrjami punah punah

Bhuta-gramam imam krtsnam

Avasam prakrter vasat

Através de minha prakrti, que está composta pelos três gunas, crio várias vezes as inumeráveis entidades vivas atadas pelo seu karma, segundo suas naturezas individuais.

Prakasika-Vrtti

Este verso nos faz compreender que todas as espéçies de vida, animais, humanos etc..são criadas ao mesmo tempo. A teoria da evolução proposta por Darwim não tem nenhuma base, é uma crença completamente equivocada. É só percebermos que mesmo após milhões de anos, o ser humano não evoluiu nem tampouco outras espécies tem superado sua evolução.

Sloka 9

Na ca mam tani karmani

Nibadhnanti dhananjaya

Udasina-vad asinam

Asaktam tesu karmasu

Ó Dhananjaya! Visto que permaneço desapegado dos atos tal qual a criação como um observador neutro, tais ações não me afetam.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: ”Ó Dhananjaya! Nenhuma destas ações podem me atar. Sempre estou desapegado das ações como se fosse uma pessoa indiferente, ainda que na realidade não sou. Pelo contrário, estou sempre absorto em minhas próprias atividades espirituais bem aventuradas. Os diversos tipos de seres são criados por meio de minha potência externa, maya, juntamente com minha tatastha-sakti, as quais aumentam indiretamente minha bem aventurança transcendental. Minha svarupa não é perturbada por minhas saktis. Qualquer ação que as jivas executem sob a influênçia de maya, colaboram indiretamente para encrementar meus passatempos bem aventurados puramente divinos. Por isso minha atitude para com as atividades mundanas é como a de um observador imparcial.”

Sloka 9

Na ca mam tani karmani

Nibadhnanti dhananjaya

Udasina-vad asinam

Asaktam tesu karmasu

Ó Dhananjaya! Visto que permaneço desapegado e neutro em atos como a criação universal, as ações não me atam.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan recita este verso para responder a possível pergunta: ”Se tu que assim com a jiva, executa karma, por que sua ações não te ata?”

“O cativeiro surge devido ao apego ás atividades, como por exemplo, a criação, mas eu não estou apegado. Todos os meu desejos estão satisfeitos, pois sou aptakama.”

Sloka 10

Mayadhyaksena prakrtih

Suyate sa-caracaram

Hetunanena kaunteya

Jagad viparivarttate

Ó Kaunteya! Sob minha direção, a manifestação cósmica juntamente com todos os seres, móveis e imóveis, surge da minha sakti (potência externa) . Por isto o mundo material é criado várias e várias vezes.


Bhavanuvada

Sri Bhagavan recita este verso para dissipar a possível dúvida de Arjuna: ”Eu não consigo acreditar que tu, sendo o criador de toda a manifestação cósmica, permaneças tão indiferente.” “Sou apenas a causa instrumental; é a natureza material quem cria o mundo material. Minha função é apenas reger,assim como o rei Ambarisa Maharaja que concentra sua energia exclusivamente na execução dos deveres próprios do seu cargo.Assim como os súditos não são capazes de atuar sem a existência do trono real, a natureza material não pode executar nenhuma função sem os elementos que são sintomáticos da minha existênçia.”

Prakasika-Vrtti

Bhagavan é o amo dos modos materiais e o superintendente de maya.É a causa instrumental da natureza material e á rege em atos com a criação. É apenas pela influência do seu olhar que a natureza material é criada repetidamente. A natureza material recebe o poder de criar dele,pois está sob seu controle ; a matéria inerte não pode realizar a função de criação por si própria.

Sloka 11

Avajananti mam mudha

Manusim tanum asritam

Param bhavam ajananto

Mama bhuta-mahesvaram

Quando apareço em uma forma similar á humana, os néscios de inteligência mundana zombam de mim, pois são incapazes de compreender minha natureza suprema, o Senhor Supremo de todos os seres.



Prakasika-Vrtti

Sri Krsna é a origem de todas as manifestações visnu-tattva, enquanto que o nirvisesa brahma é descrito nos upanisads como sendo sua refulgência corpórea. Paramatma, que penetra o universo inteiro, é sua expansão párcial. Sri Narayana, o senhor de Vaikunta, é sua potência de passatempos. Sri Krsna é a origem de todos os avataras, o controlador dos controladores e a realidade transcendental suprema.Sri Krsna é o amo de todos os seres e o senhor dos universos. Ele é onisçiente, onipotente e sumamente compassivo. Ele pode fazer o que bem desejar, mas os nésçios zombam dele quando tem uma visão de sua charmosa forma de aspecto humano. Esses tolos comsideram que a forma de Yashoda Nandana Sri Krsna é mundana e mortal igual á dos seres humanos ordinários. Alguns pensam que o corpo de krsna é material e perecível, acreditam que há uma alma (paramatma) dentro de seu corpo. Quem pensa assim é tolo, pois os sastras declaram que o corpo de Krsna é sac-cid-ananda e que não há diferença entre ele e seu corpo.

Sloka 12

Moghasa mogha-karmano

Mogha-jnana vicetasah

Raksasim asurincaiva

Prakrtim mohinim sritah

As esperanças de liberação, ganância material e cultivo de conheçimento destes tolos, são completamente infrutíferas. Com suas mentes confusas, eles adquirem uma natureza ilusória e ignorante tal qual a dos ateus e dos demônios.

Bhavanuvada

“Qual é o destino de quem ridiculariza Sri Krsna ,pensando que ele possui um corpo humano feito por maya?.” Prevendo esta possível pergunta de Arjuna, Sri Krsna diz que mesmo que eles sejam bhaktas, suas esperanças e seus desejos de alcançar algum dos quatro tipos de mukti são infrutíferos. Se são karmis, não conseguem o resultado correspondente á seu karma, como por exemplo a residência em svarga (planetas celestiais), se são jnanis, não obtém moksa (liberação) como resultado de seu jnana. O que eles conseguem então? Sri Bhagavan responde na terceira linha deste verso. ”Eles adquirem uma natureza demoníaca.”

Sloka 13

Mahatmanas tu mam partha

Daivim prakrtim asritah

Bhajanty ananya-manaso

Jnatva bhutadim avyayam

Ó Partha! Mas as grandes almas que se refugiam em minha natureza divina, me conhecem como a causa original e imperec ível de todos os seres vivos. Eles se dedicam constantemente ao meu bhajana com suas mentes fixas exclusivamente em mim.

Bhavanuvada

“As grandes almas que alcançaram a glória pela misericórdia da minha bhakti e se refugiaram em minha natureza transcendental, se ocupam em meu bhajana servindo-me na minha forma de aspecto humano. Suas mentes não estão atraídas por karma ,jnana ou yoga, por tanto estão exclusivamentes absortos em mim.”

Sloka 14

Satatam kirttayanto mam

Yatantas ca drdha-vratah

Namasyantas ca mam bhaktya

Nitya-yukta upasate

Cantando constantemente as glórias dos meus nomes, qualidades, forma e passatempos, com um esforço resoluto e ofereçendo-me reverências com devoção, eles me adoram e permanecem sempre junto comigo.

Bhavanuvada

“Você disse que eles dedicam-se á seu bhajana, mas que bhajana é esse?” Sri Bhagavan responde com este verso.”Eles fazem kirtan constantemente, que sendo diferente de karma-yoga , não existe consideração sobre a pureza ou impureza do momento, do lugar ou da pessoa. Não existe restrição alguma para se cantar o santo nome, seja com a boca contaminada ou estando em um estado impuro. Meus bhaktas estão apegados ao meu kirtan e outras atividades devocionais e trabalham juntos com os sadhus para obter bhakti. Os que são estritos e jamais quebram seu voto de cantar um número fixo de santos nomes,que ofereçem uma certa quantidade de reverências á mim todos os dias,que executam outros tipos de serviços regularmente e que jejuam nos dias de Ekadasi, se chamam yatnavan, ou pessoas cuidadosas. Estes grandes bhaktas estão sempre desejando minha associação eterna."

Sloka 15

Jnana-yajnena capy anye

Yajanto mam upasate

Ekatvena prthaktvena

Bahudha visvato-mukham

Entre os que se dedicam ao cultivo de conhecimento, alguns me adoram com o conhecimento da conçepção monista, outros com o conhecimento da dualidade, outros através dos diversos semi-deuses e outros adoram minha forma universal.

Bhavanuvada

Neste capítulo e nos anteriores são descritos apenas os ananyas bhaktas como sendo mahatmas. Foi demonstrado que os bhaktas são superiores aos demais tipos de devotos, como por exemplo, os aflitos. Sri Bhagavan descreve agora os três tipos de bhaktas que não haviam sido descritos e que se classificam em uma categoria diferente. São eles: os que consideram as jivas como sendo iguais á Bhagavan; os que adoram os semi-deuses considerando-os o supremo e os que adoram a forma cósmica ou universal do Senhor.

Sloka 16-19

Aham kratur aham yajnah

Svadhaham aham ausadham

Mantro ´ham aham evajyam

Aham agnir aham hutam

Pitaham asya jagato

Mata dhata pitamahah

Vedyam pavitram omkara

Rk sama yajur eva ca

Gatir bhartta prabhuh saksi

Nivasah saranam suhrt

Prabhavah pralaya sthanam

Nidhanam bijam avyayam

Tapamy aham aham varsam

Nigrhnamy utsrjami ca

Amrtancaiva mrtyus ´ca

Sad asac caham arjuna

Ó Arjuna! Eu sou os rituais védicos tais como o agnistoma, os smarta-yajnas como o vaisva-deva e sou também a oblação aos antepassados. Sou a potência das ervas medicinais, o mantra, a manteiga clarificada, o fogo e o sacrifíçio. Sou a mãe, o pai, o mantenedor e o avô do universo. Eu sou o objeto do conheçimento e o purificador. Sou a sílaba om e também o rig-veda, yajur-veda e o sama-veda. Sou o destino na forma dos frutos do karma,o sustentador, o Senhor, o amo,a morada, o testemunho, o refúgio e o amigo mais querido. Sou também a criação, a dissolução, a base, o lugar de repouso e a semente eterna. Sou o controlador do calor e da chuva. Sou a imortalidade e a morte personificada. Sou a causa e também o efeito de tudo e tanto o espírito quanto a matéria estão em mim.

Bhavanuvada

“Por que as pessoas te adoram de diversas formas?”. Prevendo esta pergunta,Bhagavan dá uma explicação detalhada da sua natureza. Ele descreve sua forma cósmica ou universal. A palavra kratuh se refere aos yajnas, como o agnistoma, prescrito nos vedas, assim como o vaisva-deva descritos nos smrti-sastras dos smartas. A palavra ausadham indica a potênçia produzida pelas ervas medicinais. Pita significa que sendo ele a causa material efiçiente do universo, seja individual ou coletivamente, ele é potanto o pai e a mãe, visto que ele leva o universo em seu ventre. Ele mantém e alimenta todo o universo, por tanto é dhata, o sustentador, e ele é o avô por ser o pai de Brahma, o criador do universo. Vedyam significa”objeto de conhecimento e pavitram “o que purifica”.

A palavra gati significa fruto no sentido de resultado ou destino,seja ele bom ou mal,das ações passadas ou presentes Bharta significa esposo ou protetor, prabhuh significa controlador, saksi significa testemunho das atividades favoráveis e desfavoráveis, e nivasag significa morada. Saranam é aquele que libera outros das calamidades e suhrt é aquele que realiza trabalhos benéficos desinteressadamente. Prabhav-adya quer dizer;”Só eu realizo os atos como a criação, manutenção e destruição.”Nidhanam quer dizer; ”Sou o tesouro, visto que em minhas mãos tenho o lótus,a conçha,a maça e o disco.”Bija significa semente. Avyayam significa; ”Eu não sou perecível como as semntes de arroz. Sou imperecível, eterno e imutável. Na forma do sol dou o calor do verão e outorgo as chuvas na estação chuvosa. Sou a imortalidade, o ciclo de nascimentos e mortes, a substância sutil ou espiriual e sou a matéria grosseira.” Desta forma, relaciona-se este verso com o anterior.

Sloka 20

Trai-vidya mam soma-pah puta-papa

Yajnair istva svar-gatim prarthayante

Te punyam asadya surendra-lokam

Asnanti divyan divi deva-bhogan

Os que se dedicam ás atividades fruitivas descritas nos três vedas, me adoram através de yajna. Uma vez livres dos pecados por terem tomado soma, o remanesçente do yajna, oram para entrar em svarga (planetas celestiais). Quando, em virtude de suas atividades piedosas alcançam o planeta de Indra, eles desfrutam dos prazeres celestiais.

Prakasika-vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna:”A jiva me adora como Paramesvara apenas quando há um vestígio de bhakti nestes três tipos de adoração, então ela abandona gradualmente as impurezas da sua adoração mesclada e obtém moksa na forma de suddha-bhakti, Se o adorador abandona o conceito equivocado da unidade com Bhagavan, pode gradualmente alcançar suddha-bhakti ao deliberar suficiente e apropriadamente acerca de bhakti. A idéia de que os semi-deuses são iguais á Bhagavan pode culminar gradualmente na compreensão da minha sac-cid-ananda svarupa Syamasundara sempre que se fale de tattva em associação com os sadhus. Ao compreender que minha adoração é mais elevada do que á dos semi-deuses, elimina-se a adoração á Paramatma. O adorador pode concentrar-se então em minha forma sac-cid-ananda de aspecto humano.

“Mas se uma pessoa que pratica algum dos três tipos de adoração citados persiste na atração por karma e jnana, os quais são sintomas de aversão para comigo, não poderão obter o eternamente auspiçioso bhakti. Devido á esta aversão, os que adoram a unidade indiferenciada caem gradualmente na rede ilusória mayavada, enquanto que os adoradores dos semi-deuses ficam atados pelas leis do karma. Depois de estudar os três tipos de conhecimento védico sobre karma, se liberam do pecado ao tomar soma-rasa. Então eles me adoram através do yajna e suplicam ser promovidos ao planeta svarga, no plano dos semi-deuses, como prêmio para suas ações piedosas. Deste modo, desfrutam dos divinos prazeres dos semi-deuses.”

Te tam bhuktva svarga-lokam visalam

Ksine punye martya-lokam visanti

Evam trayi-dharmam anuprapanna

Gatagatam kama-kama labhante

Eles regressam ao mundo mortal quando seus méritos piedosos se esgotam, depois de Ter desfrutado de imensos prazeres celestiais. Deste modo, os que desejam prazeres sensuais e executam as atividades fruitivas descritas nos vedas, recebem apenas nasçimento e morte recorrentes no mundo material.

Prakasika-Vrtti

Aqueles que desejam prazeres materiais,como se descreve no verso anterior e são contrários á Bhagavan, caem de novo no samsara após desfrutar de prazeres celestiais e recebem como resultado outro nascimento mortal.

No Srimad Bhagavatam se diz: ”Eles desfrutam de prazeres celestiais até que seus mérito se esgotam. Então, impulsionados pelo poder do tempo, voltam a cair neste mundo contra sua própria vontade.”

Sloka 22

Ananyas cintayanto mam

Ye janah paryupasate

Tesam nityabhiyuktanam

Yoga-ksemam vahamy aham

Mas as pessoas que me comtemplam com exclusividade e me adoram através de tudo, eu me encarrego das suas necessiades para seu bem estar.

Bhavanuvada

“A felicidade de meus bhaktas não é produto dos frutos do karma, sou eu quem outorga. Eu concedo a felicidade aos sábios que através de bhakti, estão sempre unidos á mim.

Prakasika-Vrtti

Como Sri Bhagavan se ocupa do progresso e da manutenção de seus bhaktas? Cabe ilustra isto com uma história real.

Era uma vez um brahmana chamado Arjuna Misra ; que era um parama-bhakta de Sri Bhagavan. Toda manhã, após finalizar seu bhajana, dedicava duas horas á escrever seus comentário do Bhagavad Gita e depois saía para mendigar. Ao regressar, entregava á sua esposa o que reçebia e ela conzinhava e ofereçia o alimento á Sri Bhagavan com muito amor. Logo ela dava a maha-prasada á seu esposo e quando ele terminava ela comia seus remanentes com grande satisfação.Eles viviam em condição de grande pobreza e vestiam panos surrados, só tinham um dhoti em bom estado para sair de casa. Ambos consideravam suas pobrezas como uma dádiva de Bhagavan e estavam plenamente satisfeitos. Este era seus sentimentos constante e assim passavam seu tempo bem aventuradamente sem a menor perturbação pelas circunstânçias que se encontravam. Um dia após executar seu bhajana, ele se sentou para escrever sobre o seguinte verso:

Ananayas cintayanto mam

Ye janah paryupasate

Tesam nityabhiyuktanam

Yoga-ksemam vahamy aham

(B.G 9-22)

Ao ler, sua mente ficou confundida por um grave dilema que não podia resolver.; ”Será certo que Sri Bhagavan, o amo do universo,se encarrega pessoalmente do yoga-ksema de quemestá ocupado em sua ananya-bhakti? Não, isto não pode estar certo.Se fosse asssim,porque estou em tal situação? Dependo absolutamente dele e ofereço tudo á seus pés de lótus com devoção exclusiva.Por que então,tenho que viver com miséria e pobreza? Por tanto, a afirmação deste verso não pode Ter vindo de Bhagavan ,alguém deve Ter escrito isto. ”Ele tratou de resolver esta dificuldade confiando em sua própria inteligência ,mas sua perplexidade e dúvidas aumentaram.Finalmente,riscou este verso com tinta vermelha, parou de escrever e foi mendigar.O muito compassivo Bhagavan , que protege as almas rendidas, viu que havia surgido uma dúvida á respeito de suas palavras na mente de seu bhakta. Assumindo a forma de um menino muito charmoso, doce e com tez escuro, encheu duas cestas com uma grande quantidade de arroz, grãos, vegetais, manteiga clarificada e outros alimentos e ás colocou em varas de bambus Então levou os alimentos sobre seus ombros até a casa do brahmana. A porta estava feçhada por dentro. Primeiro ele bateu na porta e exclamou: ”Mãe, Mãe!”. Mas a pobre brahmani estava vestida apenas com panos rasgados e não se atreveu á abrir a porta. Devido á sua timidez ,ela se sentou em silênçio. Mesmo assim o menino continuava chamando.Vendo que não tinha outra alternativa, a mulher saiu timidamente com a cabeça baixa e abriu porta.Sri Bhagavan disfarçado de um menino entrou no pátio da casa,colocou os alimentos no chão e disse: ”Mãe, o brahmana lhe enviou isto. Leve pra dentro por favor.”

Até este momento a brahmani havia estado com a cabeça baixa,mas ao escutar a doçe voz do menino,levantou sua cabeça e viu que havia duas cesta cheias de alimentos no chão. Ela jamais havia visto tão grande quantidade de vegetais e grãos. O menino lhe pediu vária vezes e finalmente ela levou as cesta para o interior da casa. Enquanto comtemplava o charmoso rosto do menino e se sentia plenamente satisfeita ela pensava;”Que rosto charmoso! Como pode uma pessoa de tez escura possuir tal beleza transçendental?”. Ela estava paralizada devido á emoção,nunca imaginara que poderia existir tal beleza. Ela notou então que havia três arranhados sangrando no peito do menino, como se alguém tivesse cortado com uma faca afiada Com o coração inquieto, ela lhe disse chorando: ”Ó filho! Que homem malvado arranhou voçê? É espantoso! Mesmo um coração de pedra se derreteria só em pensar em ferir seus charmosos membros.Sri Krsna disfarçado de menino disse: Mãe, eu me atrasei em trazer isto,por isto teu esposo me arranhou assim.

Com os olhos cheios de lágrimas, a brahmani disse;”Que? Ele fez essas feridas em seu peito? Esperarei ele voltar e lhe perguntarei como pôde fazer algo tão abominável! Ó meu filho,não se sinta aflito, fique aqui um pouco.Vou cozinhar algo e logo poderás aceitar a prasada de Thakuraji.”

A brahmani convidou o menino para se sentar e foi até a cozinha preparar a oferenda. Krsna pensou: ”Já cumpri meu propósito de trazer estes alimentos. Quando o brahmana voltar pra casa descrubirá imediatamente a autentiçidade das minhas palavras e nunca mais terá dúvidas.”E assim, Krsna desapareceu após fazer o necessário para que desapereçesse as dúvidas de seu devoto. Nesse dia,apesar de seu grande esforço, o brahmana não reçebeu nada.Sem esperança,ele voltou á sua casa pensando que sua impossibildade de coletar era desejo de Thakuraji (deidade). Ao chegar, bateu na porta e sua esposa abriu;ao entrar ele viu que ela estava cozinhando e ele então perguntou:”Eu não reçebi nada hoje. O que estás cozinhando? ”Sua esposa respondeu;” Porque estás perguntando? Pouco tempo atrás enviaste tantas coisas com este menino que vamos Ter comida por seis meses.E teu coração é como uma pedra,eu não sabia disto. Este menino estava com três marcas vermelhas em seu peito; Como pôde fazer aquilo em seu charmoso corpo? Você não tem compaixão?. ”Completamente surpreendido, o brahmana pediu que lhe explicasse. ”Eu não enviei nada e nem machuquei nenhum menino. Não sei do que estás falando.”

Ao escutar as palavras de seu esposo ela lhe mostrou o arroz, a farinha e os demais alimentos, mas quando foi até o pátio para mostra-lhe o menino e suas feridas, ele já não estava mais lá. Ela procurou por toda casa e não o encontrou. A porta estava feçhada como antes. Ambos se olharam surpreendidos. O brahmana começou á entender a situação e seus olhos começaram á derramar torrentes de lágrimas. Depois de lavar suas mãos e pés, ele entrou no quarto da deidade e para esclareçer de vez sua dúvida, abriu seu Bhagavad Gita. ”Esta manhã risquei três linhas vermelhas sobre ao verso nityabhiyuktanam yoga-ksemam vahamy aham, mas os riscos não estão mais aqui. Com muita feliçidade saiu chorando do quarto da deidade. ” Ó mulher! Tu és infinitamente afortunada! Hoje você viu Sri Gopinatha em pessoa! Como eu poderia trazer tantos alimentos?Esta manhã,,enquanto escrevia o comentário do Bhagavad Gita, duvidei das declarações de Bhagavan e risquei algumas palavras com três linhas vermelhas. Por isto é que nossa Thakuraji, Gopinatha, tinha uns córtes. Por ser ele supremamente compassivo ele se deu ao trabalho de provar a autentiçidade das suas declarações e eliminar as dúvidas de um ateu que sou.”

Então ele ficou completamente sem voz. Carregado de amor ,ele exclamou”Há Gopinatha, Há Gopinatha!” e desmaiou. Os olhos da sua esposa que estava de pé diante de Gopinath, maravilhada, estava cheio de lágrimas. Após isto, o brahmana voltou á si e se banhou para executar seus deveres cotidianos. Ele ofereçeu as preparações que sua esposa havia cozinhado á Sri Gopinatha e com grande amor ambos aceitaram seus remanentes. Assim ele continuou escrevendo diariamente seu comentário do Bhagavad Gita e sua vida inundou-se de amor.

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna; ”Meus bhaktas só pensam em mim sem desvios. Para a manutenção de seus corpos ,aceitam qualquer coisa favorável á minha bhakti e rejeitam o desfavorável. Assim sendo eles estão sempre unidos comigo através de amor devoçional. Eu lhes dou a riqueza, satisfaço qualquer necessidade e os mantenho.”

Sloka 23

Ye ´py anya-devata-bhakta

Yajante sraddhayanvitah

Te ´pi mam eva kaunteya

Yajanti avidhi-purvakam

Ó Kaunteya! As pessoas que adoram os semi-deuses com fé, na realidade estão apenas me adorando, porém de uma maneira desautorizada.

Bhavanuvada

“Nenhum semi-deus existe independentemente de ti; tal é a natureza da forma universal. Pode-se então concluir que quem adora semi-deuses como Indra estão adorando á ti.; Porque então eles não se liberam? Sri Bhagavan responde: ”É certo que que me adoram, mas fazem isto sem seguir as regras prescritas pra alcançar-me. Por isto, permanecem no mundo material

Prakasika-vrtti

A essência do comentário de Srila Visvanatha Cakravarti Thakur sobre este verso é que ao regar a raiz de uma árvore se nutre até as ramas mais pequenas, mas não se alcança o mesmo resultado se reaga-se as folhas, ramas, frutas e flores.

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: ”Eu sou a personificação de sac-cit-ananda,na realidade sou o único Paramesvara,o controlador supremo. Não há nenhum semi-deus indepedente de mim. Mas muitas pessoas adoram semi-deuses tais com Indra e Surya. Em outra palavras,os seres humanos condiçionados no mundo material honram e adoram o aspecto majestoso de minha maya-sakti na forma dos diversos semi-deuses. Mesmo assim,através da deliberação apropriada se pode compreender que minhas opulênçias,os semi-deuses, são simples encarnações das minhas distintas qualidades ou guna-avataras; assim os consideram aqueles que que adoram conheçendo sua posição verdadeira e a realidade de minha svarupa. Desta maneira,sua adoração torna-se autorizada e aprovada como parte do proçesso progressivo. Mas aqueles que adoram os semi-deuses pensando que eles são eternos e indepedentes de mim, os fazem de uma forma desautorizada que não segue as regras prescritas e por esta razão, não obtém resultados eternos.”

Sloka 24

Aham hi sarva-yajnanam

Bhokta ca prabhur eva ca

Na tu mam abhijananti

Tattvenatas cyavanti te

Sou o único amo e desfrutador de todos os yajnas, mas aqueles que não reconhecem meu verdadeiro ser, perambulam repetidamente pelo ciclo de nascimento e morte.

Bhavanuvada

Qual é o sentido da frase “sem regras prescritas?” Sob a forma de diversos semi-deuses,sou o único desfrutador, sou o amo e o senhor, e sou quem outorga os resultados. Mas os adoradores dos semi-deuses não conhecem esta verdade (tattva). Eles pensam , por exemplo, que adorando Surya, á quem eles veem como Paramesvara, o controlador supremo, ele se satisfará e outorgará os resultados desejados. Sua inteligênçia não lhes permite enteder que Paramesvara Sri narayana,se converte em Surya e é quem provê esta fé. Assim eles caem devido á carênçia de tattva-jnana.Por outro lado, os que compreendem que sob a forma de Surya e outros semi-deuses apenas Narayana é adorado, esses me veneram estando conscientes da minha universal. Por tanto é indispensável que quem adora os semi-deuses, entenda que eles são minhas opulênçias e não devem ser adorados independetemente de mim.”

Prakasika-vrrti

Encontramos os Siddhantas corretos nos srutis;

“Brahma nasçe de Sri Narayana, Indra nasce de Sri Narayana, Siva nasce de Sri Narayana e todos os semi-deuses e entidades vivas nasçem de Sri Narayana. Quando completam seus deveres universais e morrem, todos se fundem novamente em Sri Narayana.”

A conclusão se encontra também nos demais Upanisads. As declarações anteriores sinalizam uma diferença entre os semi-deuses e Sri Vishnu, quem é o Controlador Supremo. Em ditas escrituras,se estabelece a supremaçia de Sri Visnu sobre os semi-deuses,ainda que em algumas passagens se diz que algum semi-deus particular é igual á Sri Vishnu. Isto é assim devido á influência de um semi-deus particular que está sob o controle de Sri Vishnu ou por que este semi-deus é muito querido por ele.

Sloka 25

Yanti deva-vrata devan

Pitrn yanti pitr-vratah

Bhutani yanti bhutejya

Yanti mad-yajino ´pi mam

Os que adoram os semi-deuses vão aos planetas dos semi-deuses, os que adoram os antepassados vão aos planetas dos antepassados, os que adoram os espíritos vão aos planetas dos espíritos e os que me adoram sem dúvida me alcançam.

Bhavanuvada

Alguém poderia perguntar: “Que problema há em adorar os semi-deuses? ”Sri Bhagavan responde: “É certo que eles adoram os semi-deuses segundo as regras e regulações para sua adoração e como resultado alcançam os semi-deuses. Este é o prinçípio. “Sri Bhagavan recita este verso para explicar este ponto. “Se os semi-deuses são pereçíveis,como pode seus devotos se tornarem imperecíveis? Mas eu sou imperecível e eterno,por tanto,meus bhaktas também são impereçíveis e eternos.”

Sloka 26

Patram puspam phalam toyam

Yo me bhaktya prayacchati

Tad aham bhakty-upahrtam

Asnami prayatatmanah

Se um bhakta (devoto) de coração puro, me oferece com amor e devoção uma folha, uma flor ou água, eu aceito essa oferenda.

Bhavanuvada

Aqui se diz que a devoção que há no devoto é o que obriga Bhagavan á açeitar a oferenda. Isto indica que se alguém não é um devoto e oferece frutas ou flores com devoção superficial Bhagavan não a eita. Mas Bhagavan açeita qualquer coisa que o devoto lhe ofereça, inclusive uma folha. Ainda sim, se o corpo do devoto está impuro , Bhagavan não aceita a oferenda. Desta declaração se conclui que Bhagavan não açeita por exemplo a oferenda de uma mulher que esteja menstruada.

Prakasika-Vrtti

Depois de explicar a natureza imperecível e ilimitada dos resultados de bhagavat-bhajana, Bhagavan descreve agora sua qualidade;a façilidade de executa-lo. Quando se oferece com devoção algum objeto que se pode obter facilmente como uma folha, uma flor ou um pouco de água, Bhagavan aceita a oferenda, mesmo possuindo opulência ilimitada e mesmo ele sendo perfeitamente satisfeito. Ele sente fome e sede devido ao amor que seu bhakta tem por ele e, absorto no sentimento devocional, aceita a oferenda.Na casa de seu devoto Vidura, Sri Krsna, cheio de amor, comeu as cascas das bananas que a esposa de Vidura o ofereceu. Enquanto comia o arroz seco que seu querido amigo (Sudama Vipra) lhe trouxe e ofereceu-lhe com amor, Sri Krsna disse:

“A preparação pode ser deliçiosa ou não,mas se ela é ofereçida com amor e com sentimento de que está deliciosa, então se torna deliçiosa para mim. Neste momento abandono todos meus outros pensamentos e a saborei-o. Mesmo que uma flor ou fruta não possua fragânçia ou gosto, eu as aceito, cativado pelo amor de meu devoto.”

Sloka 27

Yat karosi yad asnasi

Yaj juhosi dadasi yat

Yat tapasyasi kaunteya

Tat kurusva mad-arpanam

Ó Kaunteya!Tudo que fizer,tudo que comer,tudo que sacrificar ,dê em caridade á mim. Qualquer austeridade que executes, ofereça á mim.

Bhavanuvada

Arjuna poderia perguntar: “Até agora voçê explicou os diversos tipos de bhakti, começando com o verso que começa com arto jijnasur artharthi (Gita 7.16) Qual deles devo seguir?

Para erradicar esta dúvida de Arjuna, Sri Bhagavan diz. “Ó Arjuna, neste momento és incapaz de abandonar o karma, o jnana e outros processos, por tanto voçê não possui a capaçidade para executar ananya bhakti, o tipo mais elevado de devoção. Por outro lado, não tens a neçessidade de executar sakama bhakti, já que tua qualificação é superior á isto. Assim sendo, deves executar uma bhakti mesclada com niskama-karma e jnana. Por esta razão, Sri Bhagavan reçita o presente verso. “Qualquer atividade mundana ou védica que executes como rotina,o alimento e a água que voçê ingerir diariamente e qualquer austeridade que executes,deves compreender que deves ofereçer-las á mim.” Mas tal atividade não é niskama-karma-yoga ou bhakti-yoga. Aqueles que se dedicam ao niskama-karma-yoga, oferece á Bhagavan apenas as atividades prescritas nos sastras,e não as atividades cotidianas normais.Mas os bhaktas ofereçem ao Senhor todas as funções dos sentidos ,juntamente com a alma, mente e seu ar vital. Prahlada Maharaj diz no Srimad Bhagavatam: “Escutar, cantar e lembrar acerca do nome, forma, qualidades, parafernália e passatempos transçendentais do Senhor Vishnu,servir os pés de lótus do Senhor, ofereçer orações, ofereçer adoração respeitosa ao Senho com dezesseis artigos,converter-se em seu servo,considera-lo como sendo o melhor amigo e render-lhe tudo - corpo,mente e palavras, constituem os nove proçessos do serviço devoçional puro. A pessoa que cultiva os nove proçessos devoçionais , oferençendo-se exclusivamente á Krsna, pode alcançar fáçilmente a meta suprema da vida.”

Sloka 28

Subhasubha-phalair evam

Moksyase karma-bandhanaih

Sannyasa-yoga-yuktatma

Vimukto mam upaisyasi

Deste modo, irá te livrar do cativeiro dos resultados das ações, tanto favoráveis quanto desfavoráveis. Conectado comigo através do yoga com renúnçia por ofereçer-me os resultados das suas ações, te distinguirás inclusive entre as almas liberadas e assim virás á mim.

Prakasika-Vrtti

O coração de uma pessoa se purifica quando se refugia em pradhani-bhuta bhakti descrita anteriormente e ofereçe todas suas ações á Sri Bhagavan. Liberando-se assim do cativeiro do bom e mal karma, a pessoa pode obter uma posição especial entre as almas liberadas e finalmente alcançar Bhagavan. Deve enteder-se aqui que ela consegue prema-mayi seva, que é superior á mukti.

Sloka 29

Samo ´ham sarva-bhutesu

Na me dvesyo ´sti na priyah

Ye bhajanti tu mam bhaktya

Mayi te tesu capy aham

Eu sou equânime para com todas as entidades vivas,não sou parçial nem hostil com ninguém.Ainda sim, estou atado pelo afeto de meus devotos, que estão apegados á mim e que me servem com grande amor.

Bhavanuvada

Arjuna poderia argumentar: “Ó Krsna, tu és atraído á seus bhaktas mas não te atrai aos não devotos. Isto significa que és parcial, pois tal atitude é uma amostra de apego e inveja.” Sri Bhagavan responde com este verso dizendo: “Não. Eu sou equânime com todos. Os bhaktas vivem sempre em mim e eu vivo neles.” De acordo com a explicação, o universo inteiro está em Bhagavan e Bhagavan está em todo o universo. Isto demonstra sua imparçialidade. A declaração ye yatha mam prapadyante tams significa: “Corresponde com a mesma consciência como a de uma pessoa que se rende á mim e com esta consciência, também adoro á essa pessoa ; e com a mesma intensidade com a que meus bhaktas se apegam á mim, eu, que existo neles, me apego também.”

Prakasika-Vrtti

Alguém poderia interpôr a seguinte objeção: “Bhagavan conçede a seus devotos o prema-mayi seva para seus pés de lótus outorgando-lhe uma liberação espeçial. Não é isto um sintoma de parçialidade, um defeito que nasçe do apego e da inveja?” Como resposta se diz que sua visão é equanime. Ele não odeia nem inclina-se á ninguém. Ele cria e mantém os seres humanos e demais entidades vivas segundo seu respectivo karma. Outras pessoas poderiam dizer que ao manter as jivas de acordo com seu karma ele conçede felicidade á alguns, sofrimento á outros e liberação á outros,não é este um sintoma do defeito de parçialidade que surge do apego e da inveja?

O presente verso do Srimad Bhagavatam (6.17.23)também ajuda á sustentar este ponto:

“Ainda que Sri Krsna é o executor original da ação, ele não é a causa da felicidade, a aflição, o cativeiro ou a liberação da jiva. É sua energia material quem governa os resultados do pecado e da piedade da jiva e se converte na causa de seu nascimento e morte ,felicidade e aflição.”

Devido ao fato de não haver diferença entre a energia e o energético, é certo que as atividades de sua maya-sakti se vê como obra sua. Mas não se pode atribuir á ele o defeito da parcialidade, pois os resultados que uma jiva recebe corresponde á seu próprio karma. Para comentar este verso ,Srila Visvanatha Cakravarti Thakura dá o exemplo do sol e do brilho. A luz do sol é desprezível para a flor kumuda e outra entidades vivas, mas é prazeirosa para o pássaro cakravaka e o lótus. Não se pode acusar o sol de parcialidade. Da mesma maneira,a energia material de Bhagavan outorga resultados acordes ás ações das jivas. Não se pode lhe atribuir o defeito de ser parcial por isto. Vale á pena levar em conta o seguinte verso do Srimad Bhagavatam(8.5.22):

“Sri Bhagavan não tem ninguém á proteger, ninguém á descuidar e ninguém á se adorar. Mesmo assim, com o propósito de criação, manutenção e aniquilação, ele aceita diferentes formas nos modos materiais da paixão, bondade e ignorância, de acordo com o momento específico.”

Sloka 30

Api cet su-duracaro

Bhajate mam ananya-bhak

Sadhur eva samantavyah

Samyag vyavasito hi sah

Mesmo se um homem de caráter abominável se dedica á minha ananya bhajana,deve ser considerado um sadhu(santo)porque está apropriadamente situado em minha bhakti.

Bhavanuvada

“Meu apego pelo meu bhakta é natural,mesmo se seu comportamento é degradado,meu apego por ele permaneçe intacto e eu o converto em um homem supremamente virtuoso.” Suduracarah significa que mesmo que seja um viciado em asassinar, Ter relações ilícitas com o sexo oposto ou estar apegado á riqueza alheia,se ele se ocupa em meu bhajana deve considerado santo; Que tipo de bhajana deve executar? Sri Bhagavan responde: ananya-bhakti, “É um santo aquele que não adora os semi-deuses senão que apenas adora á mim,que não se ocupa em karma ou jnana senão em minha bhakti,e que não deseja obter um reino senão que unicamente deseja alcançarme.” Mas como pode dizer que alguém é um sadhu se pode-se ver nele algum mal comportamento.? Bhagavan responde: mantavyah, “Deve considerar-se um sadhu.A palavra mantavyah indica que o defeito existe em quem não o considera sadhu.”Á este respeito minha ordem é autoritativa.”

Se alguém se dedica á teu bhajana mas seu comportamento é impróprio;pode ser considerado um sadhu parcial? Bhagavan responde : eva,”Ele deve ser considerado um sadhu completo.Não deve-se ver que ele careçe de qualidades santas,pois ele fez uma firme resolução. “Mesmo que vou ao inferno ou ás espécies inferiores por conta dos meus pecados,jamais abandonarei a ekantika-bhakti á Sri Krsna.”

Prakasika-Vrtti

Neste verso, Bhagavan, que é um bhakta-vatsala, explica a potência inconcebível de sua bhakti com a seguinte declaração: “Mesmo que meu bhakta realize algum ato abominável eu o converto rapidamente em uma pessoa elevada de comportamento virtuoso. Não é possível que as pessoas perfeitas que se refugiam em minha ananya-bhakti tenham um mal comportamento, e se aparentam te-lo aos olhos dos ignorantes, isto não existe na realidade. Eles são realmente santos. Se os grandes eruditos não podem compreender as ações e atitudes dos vaishnavas, que dizer então dos ignorantes?” No Caitanya-caritamrta se diz:

“É impossível compreender o comportamento dos uttama-adhikari bhaktas através dos sentidos materiais.”

Sri Krsna instrui Uddhava no Srimad Bhagavatam:

“Meus ekantikas bhaktas, que estão livres do apego e da inveja,que são equanimes com todos,que me alcançaram e que estão além da inteligência material, não ocorre em pecado nem praticam uma atitude virtuosa quando executam atividades proibidas ou prescritas.”

Mesmo assim,deve-se saber que o comportamento aparentemente errôneo destes ananyas bhaktas não deve ser imitados. Não se deve render-lhe críticas e nem associar-se com eles. No Srimad Bhagavatam se diz que a destruição é o destino de quem critica o comportamento dos maha-bhagavatas,que podem Ter uma conduta aparentemente incorreta.

O fogo permanece puro ainda que consome todas as substâncias ,sejam elas puras ou impuras. Deste modo, um maha bhagavata permanece puro ainda que externamente sua conduta aparenta ser imprópria.

O Srimad Bhagavatam descreve como os filhos de marici e netos de jagad guru Brahma tiveram que nasçer entre os demônios como resultado de ridicularizar a conduta do senhor Brahma.

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna:

“Ainda que a conduta de quem se ocupa em meu bhajana com suas mentes fixas em mim,não seja apropriada, deve-se considerar-lhes santos, pois sua dedicação resoluta é respeitável e charmosa em todos pontos de vista.

Se deve entender claramente o significado da palavra sudaracarah. O comportamento de uma baddha-jiva é de dois tipos: sambandhika (condicional) e svarupa-gata (constitucional). Atividades como limpeza , atos piedosos, alimentação ou a satisfação das necessidades do corpo e da sociedade,ou o progresso mental são consideradas atividades condicionadas. O bhajana ,que é uma atividade consciente que a jiva executa em estado puro á mim,é sua função constitucional. Esta função também é chamada de amisra-bhakti ou kevala-bhakti.

“No estado de cativeiro, a execução de kevala-bhakti por parte da jiva tem uma relação irrevocável com sua conduta condicionada. Dita conduta estará presente enquanto tem um corpo material,inclusive quando aparecer ananya-bhakti. A jiva (entidade viva) perde o gosto por tudo que é desfavorável para a devoção apenas quando apareçe bhakti. Ela se desapega dos objetos dos sentidos na medida em que aumenta seu gosto pelo krsna-bhajana. Enquanto o gosto pelos objetos dos sentidos não é eliminado por completo, isto forçará a pessoa a comportar-se de modo impróprio,mas quando adquire uma tendência amorosa para com Krsna,tal gosto é rapidamente subjugado. A conduta de um devoto nos mais altos níveis de bhakti é bastante virtuosa e absolutamente charmosa. Se em algumas ocasiões ou acidentalmente ,uma pessoa se comporta de forma imprópria ou mesmo pecaminosa e realiza atividades pelas quais um bhakta não possui um gosto natural, assim como matar, roubar ou Ter relações sexuais ilícitas com a esposa de outro, será de qualquer forma purificado rapidamente deste comportamento. Deve entender-se que minha bhakti, que é muito poderosa e purificante, jamais se contamina por esta conduta. Não deve jamais considerar-se que um parama-bhakta seja degradado porque talvez tenha consumido peixe ou teve relações sexuais ilícitas.”

Sloka 31

Ksipram bhavati dharmatma

Sasvac-chantim nigacchati

Kaunteya pratijanihi

Na me bhaktah pranasyati

Muito rapidamente ele se torna virtuoso e alcança paz eterna. Ó Kaunteya! Deves declarar que meu devoto jamais carece.

Bhavanuvada

Poderia surgir aqui a seguinte pergunta: “Como podes aceitar o serviço destas pessoas imorais? Como podes comer os alimentos oferecidos por uma pessoa cujo coração está contaminados pelos defeitos como luxúria e ira?” Sri Bhagavan responde: “Ele se torna virtuoso muito rapidamente.”As palavras bhavati e nigacchati foi utilizada no tempo presente no lugar do futuro para indicar que imediatamente depois de realizar uma atividade irreligiosa ou abominável,a pessoa se lamenta e se recorda de Krsna uma e outra vez, e assim ela se retifica da sua conduta e se torna virtuosa.

“Assim, lamentando-se repetidamente a pessoa alcança paz eterna.”

Por outro lado , quando finalmente se torna virtuosa ,pode permanecer nela os rastros sutis de irreligiosidade e contaminação. O calor mortal da febre ou o veneno podem permaneçer mesmo depois de tomar a melhor medicina. De forma similar, se quando bhakti entra na mente desta pessoa a sua atividade pecaminosa acaba, mesmo que possa permanecer de forma sutil durante um tempo. Logo, em uma etapa superior, ainda pode existir algumas indicações de conduta imprópria como a luxúria e a ira, mas elas não tem nenhuma influência . Isto é como no caso da serpente que não pode aplicar seu veneno porque teve seus dentes extraídos. Assim, sua luxúria e sua ira ficam eternamente dominadas incomparávelmente. Deve-se considerar que esta pessoa possui um coração puro mesmo que as vezes se comporte de maneira imprópria.

Srila SridharSvami diz que se esta pessoa se torna religiosa ou virtuosa não há problema algum,mas, o que dizer de um devoto que não é capaz de abandonar seu mal comportamento até mesmo no momento da morte? Em resposta ,Bhagavan diz enfáticamente e desgustado: “Mesmo quando morre ele não cai. Mas os que falam mal dele devido á sua escassa inteligência,não podem aceitar este fato.” Seguindo esta lógica ,Krsna se dirigiu á Arjuna com palavras de incentivo, por que ele se encontrava sob controle da lamentacão e da dúvida. “Ó Kaunteya!, ressoando os sinos, vê onde se encontram os que me contradizem e, levantando os braços e livre de toda dúvida,declara que meus devotos nunca pereçe mesmo que seu comportamento seja impróprio. Muito pelo contrário , eles alcançam todo êxito. Assim ,todas as suas palavras falsas serão destruídas por tua eloquência , e eles se refugiarão em ti e te aceitarão como guru.”

Prakasika-vrtti

Os sadhakas de ananya-bhakti sentem uma aversão natural pela conduta imprópria ou pecaminosa. Mas, se por acidente, o ananya-bhakta se comporta incorretamente, esta tendência tem um caráter temporário. A inconcebível influência de ananya-bhakti não se perde por isto. Pelo contrário, a tendência é eliminada pela influência de ananya-bhakti situada no coração, que além do mais implica na liberação dos bhaktas, tanto da piedade como do pecado, e finalmente alcançam a paz suprema que nasce de bhakti. “Os ananyas bhaktas jamais estão perdidos”. Neste verso, Krsna, que é muito afetuoso com seus devotos, pede á seu muito querido amigo Arjuna que faça um juramento. Esta declaração se encontra também no Nrsimha Purana:

“Os bhaktas cujos pensamentos estão absortos exclusivamente em Sri Hari, estão sempre situados em sua própria glória mesmo que externamente exibem uma conduta abominável. Isto se deve á influência de ananya-bhakti que está em seus corações. Isto é como uma lua cheia que tem manchas escuras ainda que a escuridão não á cobre.”

Sloka 32

Mam hi partha vyapasritya

Ye ´pi syuh papa-yonayah

Striyo vaisyas tatha sudras

Te ´pi yanti param gatim

Ó Partha, os que se refugiam em mim, mesmo que sejam pessoas de baixo nascimento como mulheres, comerciantes, sudras ou qualquer outro tipo de pessoa, alcançam o destino supremo.

Bhavanuvada

“A devoção por mim não leva em conta os acidentes de uma pessoa que se comporta incorretamente devido ao karma. Que há de extraordinário nisto? Minha bhakti não leva em conta os defeitos naturais e inerentes de quem se comporta icorretamente devido á sua casta”. No Srimad Bhagavatam (3.33.7) está dito: “Qualquer pessoa cuja língua tenha cantado teu nome, mesmo que seja uma só vez, é muito digna de adoração mesmo que tenha nascida em uma família de candala. Quem canta teu nome já executou todo tipo de austeridades e sacrifícios, estudou os Vedas e realizou todas as demais atividades prescritas". Isto se refere também ás prostitutas, vaisyas e outros que se refugiam em Sri Bhagavan, mesmo se els são impuros e mentirosos.

Prakasika-Vrtti

No verso anterior, Bhagavan explicou que um sadhaka dedicado á prática de ananya-bhakti deve ser considerado santo mesmo quando pode-se ver nele algum mal comportamento acidental. Neste verso, Bhagavan explica que quem se refugia nele através de ananya-bhakti, mesmo que tenha nascido em uma família de candala ou mleccha, em família de sudras inferiores, e mesmo as prostitutas, que tem uma inclinação natural para as atividades ilícitas, alcançam rápidamente o destino supremo, o qual é muito difíçil de ser alcançado até mesmo para os yogis.

Srila Bhaktissidanta Sarasvati Prabhupada escreve: “O verso não se refere aos candalas comuns; eles nasceram em uma família inferior de acordo com seu prarabdha-karma e continuam se dedicando, pelo resto de suas vidas, á cometer atos abomináveis próprios de sua casta. Se refere aos Vaishnavas que, mesmo que tenham nascidos em família de comedores de cães, perdem o interesse pelas atividades abomináveis de sua tradição familiar e depois de açeitar diksa de um sad-guru, permaneçem dedicados ao serviço de Bhagavan. Bhagavan afirma no Itihasa samuccaya:

“Um brahmana que conheçe os quatro vedas não é necessariamente um bhakta, mas meu bhakta, mesmo que tenha nascido em família de candalas, é muito querido por mim, é o recipiente apropriado para a caridade e é a pessoa certa de quem se deve aceitar caridade. Mesmo que tenha nascido em família de candalas, meu devoto, tal como eu, deve ser respeitado por todos, até mesmo pelos brahmanas”.

Srila Bhaktivinoda Thakura diz que a razão pela qual uma pessoa que se refugiou no santo nome de Sri Krsna Ter nascido na casa de um candala é com propósito de aperfeiçoar a qualidade da humildade, a qual é favorável para bhakti. A partir deste verso, podemos entender mmais sobre a liberação de Jagai e Madhai pela misericórdia de Gaura-Nityananda, do caçador Mrgari por Narada Muni e da prostituta por Haridasa Thakura.

Sloka 33

Kim punar brahmanah punya

Bhakta rajarsayas tatha

Anityam asukham lokam

Imam prapya bhajasva mam

Que dúvida pode haver então de que os brahmanas piedosos e os reis santos póssam se converter em meus devotos? Por tanto, tendo vindo á este mundo material miserável e temporário, dedica-te á execução de meu bhajana.

Sloka 34

Man-mana bhava mad-bhakto

Mad-yaji mam namaskuru

Mam evaisyasi yuktvaivam

Atmanam mat-parayanah

Absorva sempre tua mente em mim, converte-te em meu devoto, adora-me e oferece-me reverências. Assim, com tua mente e corpo plenamente rendidos á meu serviço, sem dúvida me alcançarás.

Prakasika-vrtti

O objetivo supremo de toda jiva é obter krsna-prema e o único meio para alcança-lo é ananya-bhakti. Apenas as suddha-jivas estão capacitadas á executar bhajana de Sri Bhagavan, o para-tattva, e o svarupa de Sri Krsna é seu mais elevado objeto de adoração. A menos que uma pessoa entenda perfeitamente este siddhanta, não pode realizar puramente seus esforço por alcançar o destino supremo. Nos capítulos sete e oito sew descreve suddha-bhakti desprovido de jnana, karma e yoga. Neste capítulo descreveu-se o tattva supremamente adorável. Para definir tal tattva(verdade), é necessário descrever os defeitos que surgem da adoração de outros semi-deuses que também pareçem ser a realidade adorável. Por tanto, foi estabeleçido cientificamente a natureza eternamente perfeita da svaruoa supremamente pura e consciente de Sri Krsna. Um suddha-bhakta adora exclusivamente a forma eterna de Sri Krsna. A pessoa deve abandonar completamente a adoração dos semi-deuses, e com fé inquebrantável deve manter seu corpo enquanto se dedica exclusivamente aos nove processos de bhakti tais como sravanam, kirtanam e smaranam de Sri Krsna. Os ananyas bhaktas são superiores aos karmis, jnanis e yogis mesmom se sua conduta na fase preliminar seja imprópria. Assimsendo, eles são certamente santos, pois em uma questão de poucos dias se estabelecem em ekantika-bhava e seu caráter se faz puro em todo sentido.



Capítulo 10


Vibhuti - Yoga



As opulências de Sri Bhagavan


Sloka 1

Sri bhagavan uvaca

Bhuya eva maha-baho

Srnu me paramam vacah

Yat te ´ham priyamanaya

Vaksyami hita-kamyaya

Sri Bhagavan disse: Ó Maha-baho! Escuta de novo minhas instruções,pois estas são superiores ás que te falei até agora. Devido ao seu amor por mim, te revelarei este conhecimento para teu próprio benefício.

Bhavanuvada

Desde o sétimo capítulo adiante, se explica o bhakti-tattva juntamente com com o aspecto opulento de Bhagavan. Este mesmo bhakti-tattva é descrito neste capítulo com seus significados confidênciais.

Sloka 2

Na me viduh sura-ganah

Prabhavam na maharsayah

Aham adir hi devanam

Maharsinanca sarvasah

Eu sou a causa original em todos os aspectos, de todos os semi-deuses e grandes sábios, mesmo que eles não conheçam a verdade sobre minha aparição neste mundo.

Prakasika-vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: “ Eu sou a causa original dos semi-deuses e dos sábios(rsis). Por esta razão, eles jamais podem compreender-me através de seus esfórços. Todo mundo, semi-deuses e maha-rsis, buscam minha tattva utilizando a força de sua inteligência, mas apesar dos diligentes esfórços desta inteligência material, eles podem entender-me e perceber-me apenas parcialmente. Eles apenas podem compreender meu aspecto impessoal, o qual é imanifesto e careçe de variedade e qualidades. Eles consideram equivocadamente que meu aspecto impessoal é parama-tattva. Sempre me manifesto por meio de minha potência inconcebível, estou completamente livre da contaminação material e possuo todas as qualidades transcendentais. Minha potência externa manifesta um aspecto parcial de minha svarupa denominada Isvara ou Paramesvara, o qual mora dentro de todas as jivas. O brahma é uma das minhas formas indiferenciadas e sem atributos, impessoal – o aspecto negativo da minha personalidade.

Sloka 3

Yo mam ajam anadim ca

Vetti loka-mahesvaram

Asammudhah sa martyesu

Sarva-papaih pramucyate

Apenas aquele que sabe que sou oniciente e não nascido,que não tenho princípio e que sou o controlador supremo de todos os mundos, está livre do engano e se libera de todo pecado neste mundo mortal.

Sloka 4 – 5

Buddhir jnanam asammohah

Ksama satyam damah samah

Sukham duhkham bhavo ´bhavo

Bhayam cabhayam eva ca

Ahimsa samata tustis

Tapo danam yaso ´yasah

Bhavanti bhava bhutanam

Matta eva prthag – vidhah

A inteligência, o conhecimento, a ausencia de ansiedade, a tolerância, a veracidade, o controle dos sentidos e da mente, a felicidade, a aflição, o nascimento, a morte, o temor, a valentia, a não violência, a equanimidade, a satisfação, a austeridade, a caridade, a fama e a crítica, são todas elas qualidades das entidades vivas que se originam de mim.

Sloka 6

Maharsayah sapta purve

Catvaro manavas tatha

Mad-bhava manasa jata

Yesam loka imah prajah

Os sete maharsis (grandes sábios) ,os quais estão Marici,e antes dele os quatro kumaras encabeçados por Sanaka; e os quatorze manus, dentre os quais se encontra Svayambhuva, nasceram da minha forma Hiranyagarbha através da minha mente. A raça humana descende de sua progênie e de seus discípulos.

Bhavanuvada

Depois de explicar que os que possuem atributos tais como a inteligência,o conhecimento e ausência de ansiedade, não podem entender sua tattva-jnana, Sri Bhagavan expõe a realidade das suas deficiências. Em outras palavras, estas qualidades provém apenas de Krsna. Ele disse neste verso: “ Os sete maharsis, enre os quais está Marici, e antes deles os quatro kumaras e os quatorze manus, entre eles Svayambhuva, nasceram de mim, ou melhor, da minha forma Hiranyagarbha. Eles nasceram da minha mente. A terra está povoada por brahmanas e ksatriyas que são filhos, netos, e discípulos de Marici, Sanaka e outros.”

Sloka 7

Etam vibhutim yogam ca

Mama yo vetti tattvatah

So ´vikalpena yogena

Yujyate natra samsayah

Aquele que conheçe realmente todas as minhas opulências e também o proçesso de bhakti yoga, possui bhagavat-tattva-jnana inquebrantável. Não há nenhuma dúvida sobre isto.

Sloka 8

Aham sarvasya prabhavo

Mattah sarvam pravarttate

Iti matva bhajante mam

Budha bhava – samanvitah

Eu sou a fonte tanto dos mundos materiais quanto dos espirituais. Tudo emana de mim. O sábio que entende isto perfeitamente me adora com grande alegria no coração.

Sloka 9

Mac-citta mad-gata-prana

Bodhayantah parasparam

Kathayantas ca mam nityam

Tusyanti ca ramanti ca

Aquele que absorve a mente em mim e se dedica ao meu serviço, experimenta grande satisfação e bem aventurança ao conversar sobre mim e cantar meus santos nomes.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: “A natureza de quem mantém sua mente dedicada exclusivamente á mim é a seguinte: Ao ofereçer-me sua mente e sua vida por inteiro, eles compartilham seus sentimentos e glorificam continuamente meus passatempos e meus demais aspectos. Assim, através da audição e do canto, obtém-se a felicidade de bhakti. Logo, na etapa de sadhya, a etapa seguinte á obtenção de prema, que é alcançável apenas pelo caminho de raga-marga, eles experimentam o prazer de desfrutar comigo em vraja-rasa, culminando no bhava de madhurya-rasa.”

Sloka 10

Tesam satata-yuktanam

Bhajatam priti-purvakam

Dadami buddhi-yogam tam

Yena mam upayanti te

À aqueles que me adoram com amor e anseiam por minha associação eterna, eu lhes concedo o conhecimento transcendental pelo qual podem vir até mim.

Bhavanuvada

“ Desta maneira, eles obtém satisfação e bem aventurança. De acordo com tua declaração, teus bhaktas alcançam a bem aventurança suprema unicamente através da devoção á ti. Está claro que eles transcendem os modos materiais. Mas, como eles te conheçem e perçebem diretamente e de quem aprendem este proçesso?”. Sri Bhagavan recita este verso, adiantando-se á pergunta de Arjuna: “ Eu pessoalmente inspiro todas as tendências naturais dentro do coração de quem deseja minha associação eterna.”

Sloka 11

Tesam evanukampartham

Aham ajnana-jam tamah

Nasayamy atma-bhava-stho

Jnana-dipena bhasvata

É apenas devido á compaixão pelos ananyas bhaktas que eu, morando no fundo de seus corações, destruo a escuridão de samsara nascida da ignorância com a ardente chama do conheçimento transcendental.

Bhavanuvada

Arjuna poderia argumentar: “Uma pessoa carente de conheçimento verdadeiro não pode chegar até você, por que deve esforçar-se nisto?” Sri Bhagavan responde: “ Não. Estou explicando á você que só dou minhas bençãos aos meus ananyas bhaktas,e não aos yogis ou outros. Sempre anseio concede-lhes minha misericórdia para que não tenham que passar por dificuldades. Entrando na sua inteligência, dissipo a escuridão de seus corações com a tocha do conhecimento. O jnana que lhes permite ver-me não é sattvika e sim nirguna e, visto que nasce de bhakti, é especial mesmo que esteja dentro da categoria de nirguna-jnana. Eu acabo com a escuridão de seus corações apenas com a tocha deste jnana em particular. Assim sendo; qual a necessidade de se esforçarem? Eu me encarrego pessoalmente da manutenção e das necessidades de quem está dedicado exclusivamente á mim”. Os quatro versos que culminam com este, constituem a essência do Bhagavad Gita. São plenamente auspiciosos e eliminam o sofrimento da jiva, que surge da ignorância.

Slokas 12 – 13

Arjuna uvaca

Param brahma param dhama

Pavitram paramam bhavan

Purusam sasvatam divyam

Adi-devam ajam vibhum

Ahus tvam rsayah sarve

Devarsir naradas tatha

Asito devalo vyasah

Svayam caiva bravisi me

Arjuna disse: Sei que és a Verdade Absoluta Supremo e a Morada Suprema. És supremamente puro e dissipa a impureza nascida da ignorância. Os grandes sábios como Narada, Asita, Devala e Vyasa também te glorificam como a Personalidade eterna, o Senhor transcendental e primordial, não nascido e onipresente. E agora, tu mesmo estás dizendo isto á mim.

Bhavanuvada

Arjuna recita este verso com o desejo de escutar mais detalhadamente sobre o significado do que já foi explicado sucintamente. “ Tu és param brahma, porque possui a charmosa forma Syamasundara.” “ Tu és dhama. Ao contrário das jivas, não há diferença entre tu e teu corpo.” Qual é a svarupa deste corpo? Bhagavan responde dizendo pavitram-paramam, “Aquele que contempla esta forma se libera da impureza da ignorância.” Por tanto, os sábios te chamam sasvatam purusam ahuh – a pessoa eterna – e glorificam a natureza eterna de sua forma humana.

Sloka 14

Sarvam etad rtam manye

Yan mam vadasi kesava

Na hi te bhagavan vyaktim

Vidur deva na danavah

Ó Kesava! Aceito tudo que me disse. Nem os semi-deuses, nem os demônios compreendem a verdade sobre seu nascimento.

Bhavanuvada

Arjuna disse: “ Não tenho dúvidas. Outros sábios consideram que tú, a Verdade Absoluta Suprema, que possui a eterna e charmosa forma de Syamasundara, é não nascida, mas não sabem nada sobre teu nascimento. Não compreendem como é possível que tú, Parabrahma, nasce e ao mesmo tempo não nasce. Você afirma. (Gita.10.12): “Os semi-deuses e os sábios não sabem nada sobre minha aparição”. , mas eu aceito com firmeza tudo o que tenha me dito. Ó Kesava! A sílaba ka se refere á Brahma e a sílaba isa á Rudra. Visto que atado á estas pessoas com a ignorância relacionada com tua aparição, não és absolutamente surpreendente que outros semi-deuses e demônios não te conheçam.

Sloka 15

Svayam evatmanatmanam

Vettha tvam purusottama

Bhuta-bhavana bhutesa

Deva-deva-jagat-pate

Ó Purusottama! Pessoa Suprema! Ó Bhuta-bhavana! Criador de todos os seres! Ó Bhutesa, Senhor de todos os seres criados! Ó Deva -deva, Deus dos deuses! Ó Jagad-pate, Amo do universo! Mediante tua própria potência apenas tu conheces á ti mesmo.

Bhavanuvada

“ Apenas tu te conheces. A palavra eva indica que teu bhaktas conheçem o tattva de teu nascimento e não nascimento simultâneos, o qual é inconcebível. Mas, por que inclusive eles não tem pleno conhecimento sobre isto? Apenas tu te conheçes mediante tua cit-sakti, não por outro meio. Por isto , tu és a melhor das pessoas, és superior até do que Maha-Vishnu, e o criador do mahat-tattva. Não só és o melhor, mas também és o controlador de todos, mesmo do avô de Brahma. E não só és o controlador, mas também és o Deva dos semideuses,pois até mesmo Brahma e Siva são instrumentos em seus passatempos. Além do mais, és Jagat-pati, o amo do universo. Devido á tua compaixão ilimitada és o amo de todas as jivas que, assim como eu, vivem no mundo material. “

Prakasika-Vrtti

Desejando ouvir os detalhes, sobre as opulências de Bhagavan Sri Krsna, Arjuna diz: “Apenas tu conheçes as glórias da tua realidade inconçebível. Nada, incluindo os semi-deuses, demônios e seres humanos, pode conheçer sequer uma partícula das tuas glórias através um esforço independente.

Apenas os ananyas bhaktas podem conheçer um pouco destas glórias mediante tua graça. Por isto suplico que sejas misericordioso comigo.”

Sloka 16

Vaktum arhasy asesena

Divya hy atma-vibhutayah

Yabhir vibhutibhir lokan

Imams tvam vyapya tisthasi

Por favor, descreve detalhadamente tuas majestosas opulências, as quais te fazes onipresente em todos os mundos e fazes residir neles.

Bhavanuvada

“ É muito difícil compreender tua tattva. Dizem que essas opulências divnas não se pode explicar detalhadamente, então fala-me pelo menos sobre tuas opulências superiores.”

Sloka 17

Katham vidyam aham yogims

Tvam sada paricintayan

Kesu kesu ca bhavesu

Cintyo ´si bhagavan maya

Ó Místico Supremo, amo da yoga-maya-sakti! Como posso conhecer-te e como posso pensar sempre em ti? Ó Bhagavan! Com qual atitude e em qual de suas formas devo meditar?

Prakasika-Vrtti

Após pedir á Sri Bhagavan no verso anterior que lhe descrevesse suas opulências, Arjuna ora especificamente neste verso, implorando para compreender em qual objeto e forma existem estas opulências. A yoga-maya, quem pode fazer o impossível se tornar possível, reside sempre com Sri Krsna. Por esta razão, Arjuna se dirige á ele como yogin, a morada de yoga-maya. Aquí se explica que apenas Krsna é capaz de descrever suas opulências.

Sloka 18

Vistarenatmano yogam

Vibhutinca janardana

Bhuyah kathaya trptir hi

Srnvato nasti me ´mrtam

Ó Janardana! Por favor, fala-me de novo em detalhe, sobre teus poderes místicos e opulências, pois jamais me sacio de escutar suas palavras nectáreas.

Sloka 19

Sri bhagavan uvaca

Hanta te kathayisyami

Divya hy atma-vibhutayah

Pradhanyatah kuru-srestha

Nasty anto vistarasya me

Sri Bhagavan disse: Ó tu que é o melhor dos Kurus! Descreverei á ti minhas divinas opulências, mas só as mais proeminentes pois minhas glórias são ilimitadas.


Bhavanuvada

A palavra hanta neste verso indica compaixão. Sri Bhagavan disse: “Apenas te explicarei minhas glórias mais proeminentes, pois estas variedades não tem fim”.

Sloka 20

Aham atma gudakesa

Sarva-bhutasaya-sthitah

Aham adis ca madhyam ca

Bhutanam anta eva ca

Ó Gudakesa! Como Antaryami resido no coração de todas as jivas. Sou a causa única da criação, manutenção e destruição de todos os seres.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan diz aqui: “Ó Arjuna, deves entender que sou a causa de todas as opulências mediante apenas uma de minhas porções”. Aqui a palavra atma se refere á Antaryami da prakrti original, o purusa avatara Karanodakasayi Visnu, quem cria o mahat-tattva. Gudakesa indica alguém que controla seu sonho. Sri Bhagavan usa esta palavra para indicar que Arjuna é capaz de meditar. “ Sou a Superalma de toda criação, sarva-bhutasaya-sthitah”. Sarva-bhuta indica Brahma. Em outras palavras, sou o começo, o meio e o fim de todas as entidades vivas, e sou os elementos ou a causa da aniquilação”.

Sloka 21

Adityanam aham visnur

Jyotisam ravir amsumam

Maricir marutam asmi

Naksatranam aham sasi

Dos doze Adityas sou Visnu. Entre as luminárias sou o sol radiante, dos Maruts sou Marici e entre as estrelas sou a lua.

Sloka 22

Vedanam sama-vedo ´smi

Devanam asmi vasavah

Indriyanam manas casmi

Bhutanam asmi cetana

Entre os Vedas sou o Sama-Veda, entre os semideuses sou Indra, entre os sentidos sou a mente e sou a consciência das entidades vivas.

Sloka 23

Rudranam sankaras casmi

Vitteso yaksa-raksasam

Vasunam pavakas casmi

Meruh sikharinam aham

De todos os Rudras sou Sankara, dos Yaksas e Raksasas sou Kuvera, dos oito Vasus sou Agni e entre as montanhas sou Sumeru.

Sloka 24

Purodhasanca mukhyam mam

Viddhi partha brhaspatim

Senaninam aham skandah

Sarasam asmi sagarah

Ó Partha! Entre os sacerdotes sou Brhaspati, o diretor. Dos generais sou Karttikeya e entre as extensões de água sou o oçeano.

Sloka 25

Maharsinam bhrgur aham

Giram asmy ekam aksaram

Yajnanam japa-yajno ´smi

Sthavaranam himalayah

Entre os Maharsis sou Brhgu. Das vibrações sou a sílaba om, dos sacrifícios sou japa-yajna e entre os objetos inertes sou os Himalayas.

Sloka 26

Asvatthah sarva-vrksanam

Devarsinanca naradah

Gandharvanam citrarathah

Siddhanam kapilo munih

Entre as árvores sou a figueira, entre os devarsis sou Narada, dos Gandharvas sou Citraratha e entre os seres perfeitos sou Kapila Muni.

Sloka 27

Uccaihsravasam asvanam

Viddhi mam amrtodbhavam

Airavatam gajendranam

Narananca naradhipam

Entre os cavalos sou Uccaihsrava, que nasceu do néctar, dos elefantes sou Airavata e sou o rei entre os homens.

Sloka 28

Ayudhanam aham vajram

Dhenunam asmi kamadhuk

Prajanas casmi kandarpah

Sarpanam asmi vasukih

Entre as armas sou o raio e entre as vacas sou Kamadhenu, a vaca dos desejos. Eu sou o deus do amor Kandarpa, que causa a procriação e, entre as serpentes sou Vasuki.

Sloka 29

Anantas casmi naganam

Varuno yadasam aham

Pitrnam aryama casmi

Yamah samyamatam aham

Das nagas sou a serpente divina Ananta, entre os seres aquáticos sou Varuna, o Senhor das águas. Dos ancestrais sou Aryama e entre os castigadores sou Yamaraja.

Sloka 30

Prahladas casmi daityana

Kalah kalayatam aham

Mrgananca mrgendro ´ham

Vainateyas ca paksinam

Entre os daityas sou Prahlada e entre os controladores sou o tempo. Sou o leão entre os animais ferozes e entre os pássaros sou Garuda.

Bhavanuvada

A palavra kalayatam significa “entre os controladores”, mrga-indrah significa leão e vainateyah significa Garuda.

Sloka 31

Pavanah pavatam asmi

Ramah sastra-bhrtam aham

Jhasanam makaras casmi

Srotasam asmi jahnavi

Entre tudo que é ágil e purificante sou o vento. Entre os que manejam armas sou Parasurama. Dos animais aquáticos sou o tubarão e entre os rios sou o Ganges.

Sloka 32

Sarganam adir antas ca

Madhyancaivaham arjuna

Adhyatma-vidya vidyanam

Vadah pravadatam aham

Ó Arjuna! Sou o começo, o meio e o fim de toda criação. Entre todos os tipos de conheçimento sou o atma-jnana e da lógica sou a conclusão.

Bhavanuvada

“Todas as coisas criadas, como por exemplo o céu, se denomina svarga. Sou o criador , aniquilador e sustentador de todas elas. Por tanto, deve-se meditar na criação, manutenção e aniquilação, pois estas são minhas opulências.”

“Do conheçimento védico sou atma-jnana, o conhecimento acerca do ser. No debate lógico dividido em jalpa, vitanda e vada – que estabeleçe o argumento próprio e refuta as conclusões do oponente, sou o vada, mediante o qual se estabeleçe os princípios filosóficos – siddhanta e tattva – corretos”.

Prakasika-vrtti

Bhagavan explica neste verso que entre os diversos aspectos do conhecimento , o conhecimento espiritual ou adhyatma-vidya, é sua vibhuti. Vidya é a educação que uma pessoa adquire em relação aos objetos de conhecimento mediante sua própria inteligência. Os sastras descrevem dezoito tipos de vidya, dentre os quais quatorze são proeminentes:

“Siksa, kalpa, vyakarana, nirukta, jyotisa e chanda são os seis tipos de conhecimento denominados vedanga, ramos dos Vedas. Os quatro Vedas são: Rg, Sama, Yajur e Atharva. Todos eles, combinados com mimamsa, nyaya, os dharma-sastras e os Puranas constituem os quatorze vidyas principais”.

A prática dos vidyas agrava a inteligência de uma pessoa e aumenta os diversos campos de seu conhecimento. Este jnana não apenas ajuda uma pessoa á sustentar sua vida, mas também á guia no caminho de karma. Sem dúvida, o conhecimento transcendental outorga a imortalidade aos seres humanos liberando-os do cativeiro do mundo material. É superior á todos os vidyas anteriormente mencionados e outorga total conhecimento de parabrahma, o que se permite compreender a realidade eterna suprema. Este conhecimento transcendental é vibhuti ou uma opulência de Krsna. O Bhagavd Gita e os Upanisads estão incluídos dentro desta categoria. O rasamayi-bhakti dos habitantes de Vraja descrito no décimo canto do Srimad Bhagavatam é milhões de vezes superior ao conhecimento espiritual de Uddhava. Devido ao fato de que rasamayi-bhakti é a essência das potências hladini e samvit de Krsna, constituem na realidade a svarupa de Krsna, enquanto que adhyatma-vidya é apenas uma opulência parcial de prema-bhakti. O diálogo entre Ramananda Ray e Sri caitanya Mahaprabhu no Caitanya caritamrta ( Madhya-lila 8.245) corrobora esta conclusão:

“ Mahaprabhu perguntou: ‘Entre os tipos de conhecimento, qual é o melhor?’ . Ramananda Ray respondeu: ‘ Além de Krsna-bhakti não há nenhum outro conhecimento’. “

Sloka 33

Aksaranam a-karo ´smi

Dvandvah samasikasya ca

Aham evaksayah kalo

Dhataham visvato-mukhah

Das letras sou a “ A “ e das palavras compostas sou a composta dual. Sou Mahakala Rudra entre os aniquiladores e, dos criadores sou o Brahma de quatro cabeças.

Bhavanuvada

Entre as palavras compostas sou dvandvah, a composta dupla. Ela é a melhor devido ao fato dela ser proeminente em ambos elementos.

Dos aniquiladores sou Mahakala Rudra, o tempo eterno. Entre os criadores sou visvato-mukhah, o Brahma de quatro cabeças.

Prakasika-Vrtti

Bhagavan diz que entre as palavras compostas ele é a dvandvah. Quando há na formação de uma palavra composta duas ou mais palavras que perdem as terminações de seus casos respectivos e se combinam, isto se denomina samas e a palavra resultante se conheçe como samasta-pada ou palavra composta. Existem seis tipos principais de samasas: dvandva, bahubrihi, karma dharaya, tat-purusa, dvigu e avyayi-bhava. A dvandva é a melhor delas, pois em outras palavras compostas, ou apenas uma das partes é proeminente ou estas se combinam para produzir um novo significado. Mas na dvandva-samasa ambas as partes conservam sua proeminência original, como em Rama-Krsna ou Radha-Krsna. Por isso Krsna diz que a dvandva –samasa é sua vibhuti.

Sloka34

Mrtyuh sarva-haras caham

Udbhavas ca bhavisyatam

Kirttih srir vak ca narinam

Smrtir medha dhrtih ksama

De tudo que devora sou a morte e das seis transformações progressivas que todas entidades vivas experimentam sou o nascimento. Entre as mulheres sou a fama, a beleza, a maneira delicada de falar, a memória, a inteligência, a tolerância e o perdão.

Prakasika-Vrtti

Sri Bhagavan diz aqui que entre as mulheres ele é a fama, a beleza ou a fortuna, a forma delicada de falar, a memória, a inteligência, a paciência ou fortaleza e o perdão. Isto pode-se entender de duas maneiras.

1. “ As qualidades como a fama, beleza, a maneira doçe de falar, a memória, o pensamento sutil e o perdão, presentes em Sita Devi, Uma, Rukmini, Draupadi, e, especialmente nas Vraja-gopis, são vibhutis de Krsna.



2. Entre as vinte quatro filhas de Prajapati Daksa, Kirti, Medha, Dhrti, Smrti e Ksama são mulheres ideais em todos os sentidos. Kirti, Medha e Dhrti foram casadas com Dharma, Smrti com Angira e Ksama com o grande sábio Pulaha. Sri é a filha do grande sábio Bhrgu que nasceu do ventre de Khyati, a filha de Daksa. Sri Visnu á tomou como esposa. Vak é a filha de Brahma. De acordo com seus respectivos nomes, elas são as deidades regentes das qualidades mencionadas. Elas foram incluídas entre as mulheres mais excelsas, por tanto, Krsna diz que elas são suas vibhutis.



Sloka 35

Brhat-sama tatha samnam

Gayatri chandasam aham

Masanam marga-sirso´ham

Rtunam kusumakarah

Dos ramos do Sama-veda sou o Brhat-sama, a oração á Indra. Dos versos sou o gayatri, dos meses sou Marga-sirsa e entre as estações sou a florida primavera.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan disse anteriormente que dos Vedas ele é o Sama-veda. Agora diz que dentro do Sama-veda ele é o Brhat-sama, indicado pelo Rg-mantra, o qual é cantado como “tvam rddhim havamahe”.

Prakasika-Vrtti

Bhagavan não é diferente de seus nomes, qualidades, passatempos e orações. O Sama-veda contém orações que são a forma de Bhagavan, e por isso é aceito como o melhor dos Vedas e uma de suas opulências. O gayatri ilumina a forma de Bhagavan, razão pela qual se conhece como a mãe dos Vedas também está entre as opulências de Bhagavan. Dos doze meses, ele expressa que Marga-sirsa é sua opulência. Este mês não é nem muito calor nem frio, e é neste tempo que se executam diferentes atividades védicas. Exatamente antes de seu começo, Krsna realiza sua rasa-lila, seu passatempo mais elevado. A natureza floresce em sua plenitude e planta-se novas sementes nos campos. Agrahayana é o começo do ano, por isso Bhagavan diz que é sua vibhuti. A primavera é a melhor das estações e é conhecida como rtu-raja, rei das estações. Nesta estação, a natureza abandona seus antigos ornamentos e se adorna com uma coberta fresca. Todos os seres, móveis e imóveis, se enchem de nova vida e Krsna realiza seu passatempo do balanço, entre outros. É especialmente suprema porque Sri Caitanya Mahaprabhu apareçeu nela assumindo o bhava e a tez de Srimati Radhika, a personificação de mahabhava. Por isso Bhagavan á inclui entre suas vibhutis.

Sloka 36

dyutam chalayatam asmi

tejas tejasvinam aham

jayo ´smi vyavasayo ´smi

sattvam sattvavatam aham

Sou o azar dos enganadores e o esplêndor do esplêndido. Sou a vitória dos vitoriosos, o esforço do diligente e a força do poderoso.

Sloka 37

Vrsninam vasudevo´smi

Pandavanam dhananjayah

Muninam apy aham vyasah

Kavinam usana kavih

Dos vrsni sou Vasudeva, dos Pandavas sou Arjuna, dos munis sou Vyasa e entre os kavis sou o poeta Sukracarya.

Bhavanuvada

‘Dos Vrsnis sou Vasudeva, o que significa que meu pai, Vasudeva é minha vibhuti”. A palavra Vasudeva se forma agregando o sufixo an á palavra Vasudeva. A afirmação “ dos Vrsni sou Vasudeva” não é aceitável porque Bhagavan está descrevendo suas vibhutis, não sua svarupa. Vasudeva é um dos aspectos da sua svarupa, não uma de suas opulências.

Sloka 38

Dando damayatam asmi

Nitir asmi jigisatam

Maunam caivasmi guhyanam

Jnanam jnanavatam aham

Sou a vara de castigo dos justiceiros e a moralidade de quem persegue a vitória. Dos segredos sou o silêncio e sou a sabedoria dos sábios.

Sloka 39

Yac capi sarva-bhutanam

Bijam tad aham arjuna

Na tad asti vina yat syan

Maya bhutam caracaram

Ó Arjuna! Sou a causa original, a semente geradora de toda existência. Nenhuma entidade viva, seja móvel ou inerte, pode existir sem mim.

Sloka 40

Nanto ´sti mama divyanam

Vibhutinam parantapa

Esa tuddesatah prokto

Vibhuter vistaro maya

Ó Parantapa! Minhas opulências divinas são ilimitadas, o que te foi descrito é uma simples indicação delas.

Sloka 41

Yad yad vibhutimat sattvam

Srimad urjitam eva va

Tat tad evavagaccha tvam

Mama tejo ´sma-sambhavam

Entende que toda a criação opulenta, majestosa e dotada de poder, nasce de uma parte da minha sakti.

Sloka 42

Atha va bahunaitena

Kim jnatena tavarjuna

Vistabhyaham idam krtsnam

Ekamsena sthito jagat

De que te serve, ó Arjuna, todo este conhecimento detalhado?. Simplesmente entende que eu me faço onipresente e sustento todo o universo com apenas uma das minhas fragmentações.

Bhavanuvada

“ Qual é a necessidade de saber isto tudo detalhadamente? Simplesmente, tenta compreender a essência. Eu sustento toda o universo inteiro mediante meu aspecto parcial Antaryami, o purusa da natureza material. Como a autoridade regente eu o presido e como o controlador eu o controlo.

Sendo onipenetrante estou presente nele e como o criador sou a causa.”



Capítulo 11

Visvarupa Darsana Yoga

Contemplando a forma universal






Sloka 1

Arjuna uvaca

Mad-anugrahaya paramam

Guhyam adhyatma-samjnitam

Yat tvayoktam vacas tena

Moho ´yam vigato mama

Arjuna disse: Minha ilusão foi dissipada após Ter escutado o supremo conhecimento confidêncial de tuas opulências, a qual me revelaste devido ao fato de teres compaixão por mim.

Bhavanuvada

No décimo primeiro capítulo, Arjuna se aterroriza ao comtemplar a forma universal , visvarupa, de Sri Bhagavan e, perplexo, começa á orar. Logo Sri Hari lhe outorga bem aventurança mostrando-lhe novamente sua forma eterna de dois braços;

Sri Krsna disse no final do capítulo anterior. “ Eu penetro e sustento todo o universo simplesmente mediante uma das minhas porções.” Arjuna estava imerso na bem aventurança suprema depois de escutar de seu querido amigo acerca de suas opulências. Ele se regosijou ao escutar Bhagavan descrevelas. Com o desejo de ver esta forma, Arjuna recita três versos começando com as palavras mad-anugrahaya.

A ignorância de Arjuna com respeito ao aisvarya de Krsna se dissipou ao escutar as declarações de Bhagavan.

Sloka 2

Bhavapyayau hi bhutanam

Srutau vistaraso maya

Tvattah kamala-patraksa

Mahatmyam api cavyayam

Ó Senhor de olhos de lótus! Já te escutei falar os detalhes de tuas glórias ilimitadas, e também sobre tua origem e dissolução de todas as entidades vivas.

Sloka 3

Evam etad yathattha tvam

Atmanam paramesvara

Drastum icchami te rupam

Aisvaram purusottama

Ó Paramesvara! Açeito tudo o que disse sobre voçê mesmo. Ó Purusottama! Agora desejo contemplar essa grande forma repleta de sua aisvarya.

Bhavanuvada

Voçê disse: “ Estou situado no mundo penetrando-o através de minhas porções.” ‘Isto é certo; não tenho nenhuma dúvida, mas desejaria Ter a satisfação de contemplar tua forma aisvarya. Quero ver com meus próprios olhos a forma desta porção, tua forma isvara, na qual existes ao entrar neste mundo.’

Prakasika-Vrtti

Com o desejo de contemplar a forma de Bhagavan plena de aisvarya, Arjuna disse: “ Ó Paramesvara, escutei sobre tuas maravilhosas e ilimitadas opulências. Porém, agora estou ansioso para ver tua forma aisvarya. És Antaryami que existe dentro de todos os corações e, por tanto, conheçes meu desejo íntimo e és capaz de satisfazer-me”.

Alguém poderia questionar: “Se Arjuna é um amigo eterno de Krsna, a personificação da doçura; por que deseja contemplar a forma universal, visvarupa, a qual expressa a aisvarya de Bhagavan? A resposta é que assim como uma pessoa que gosta muito de dôces deseja comer alimentos amargos de vez em quando, Arjuna, que sempre degusta a doçura de Krsna, também teve o desejo de ver sua visvarupa, a qual é uma expressão de sua aisvarya.

Sloka 4

Manyase yadi tac chakyam

Maya drastum iti prabho

Yogesvara tato me tvam

Darsayatmanam avyayam

Ó Prabhu! Se pensas que posso contemplar a forma aisvarya impereçível, então, ó Yogesvara! Revéla-me por favor.

Bhavanuvada

“Arjuna disse: Mesmo que não seja capaz de ver esta sua forma, poderia revelar-me, através de teu poder místico, pois és Yogesvara, o místico Supremo”.

Prakasika-vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura expressa: “A jiva é uma entidade consciente atômica e por esta razão, não pode entender apropriadamente as atividades de Sri Bhagavan, quem é a consciência infinita suprema. “Eu sou uma jiva, mas mesmo que tenho adquirido por tua misericórdia, a qualificação para entender e contemplar e sua svarupa-tattva, a forma universal, sou incapaz de compreender teus infinitos aspectos aisvarya. Isto porque eles estão aquém da concepção da jiva. Tu és Yogesvara e és meu Prabhu. Por favor, mostra-me tua yoga-aisvarya, a qual é de natureza consciente e imperecível.”

Sloka 5

Sri bhagavan uvaca

Pasya me partha rupani

Sataso tha sahasrasah

Nana-vidhani divyani

Nana-varnakrtini ca

Sri Bhagavn disse: Ó Partha! Contempla minhas centenas de milhares de formas divinas multicoloridas.

Bhavanuvada

“Primeiro te revelarei o primeiro purusa, Karanodakasayi, quem é uma de minhas porções e o Antaryami da natureza material. No Purusa-sukta lhe descreve como tendo milhões de cabeças, olhos e pés. Logo te farei compreender minha svamsa, minha própria expansão cujo aspecto kala, o tempo que tudo devora, é relevante neste contexto”.

Pensando assim, Krsna disse á Arjuna: “Preste atenção” para atrair sua atenção.

Sloka 6

Pasyadityan vasun rudran

Asvinau marutas tatha

Bahuny adrsta-purvani

Pasyascaryani bharata

Ó Bharata! Veja os doze Adityas, os oito Vasus, os doze Asvini-kumaras, os quarenta e nove Maruts e muitas outras maravilhosas e supreendentes formas que tu jamais havia visto.

Prakasika-vrtti

Aqui é significativo que Krsna se refere á Arjuna como Bharata. Arjuna nasceu na dinastia do rajarsi Bharata, um devoto muito piedoso e puro. Por esta razão, ele é também muito virtuoso e um ekantika-bhakta de Bhagavan. Assim ele é apto para ver a forma de Bhagavan que jamais havia visto.

Sloka 7

Ihaika-stham jagat krtsnam

Pasyadya as-caracaram

Mama dehe gudakesa

Yac canyad drastum icchasi

Ó Gudakesa! Contempla agora o universo inteiro, incluindo todos os seres móveis e inertes, reunidos em um só lugar dentro do meu corpo. Qualquer outra coisa que desejes ver também está dentro desta forma universal.

Bhavanuvada

“O grande universo, que jamais poderás ver completamente mesmo que perambules por ele durante milhões de anos, está situado em apenas uma parte do meu corpo.” Sri Bhagavan explica o feito no presente verso. A causa da tua vitória ou derrota, aconteça o que acontecer, existe neste corpo, o qual é o refúgio do universo”.

Prakasika-Vrtti

Sri Bhagavan disse novamente: “Dentro desta forma universal verás o mundo inteiro com seus seres móveis e imóveis. Nesta forma, que não se pode ver pela execução de árduas tarefas durante milhões e milhões de anos e apenas pela minha misericórdia, verás eu e o mundo inteiro, mesmo que ganhe ou perca a batalha de Kuruksetra. E digo mais, poderás ver o que quiser”. Neste texto se usa a palavra Gudakesa: gudaka significa sonho ou ignorância e isa significa amo. Assim, Bhagavan indica á Arjuna que deve contemplar esta forma com grande atenção. Assim suas dúvidas sobre a derrota ou vitória se dissiparão e Arjuna poderá compreender que neste universo, a execução de cada atividade está predestinada por Krsna. Nem Arjuna nem ninguém pode mudar esta disposição de nenhuma maneira.

Sloka 8

Na tu mam sakyase drastum

Anenaiva sva-caksusa

Divyam dadami te caksuh

Pasya me yogam aisvaram

Mas não poderás me ver com teus olhos atuais. Por tanto, lhe outorgo olhos divinos com os quais podes contemplar minha yoga-aisvarya.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan disse: “Arjuna, não pense que minha forma é ilusória e composta de maya, entende que ela é sac-cid-ananda. Minha svarupa, na qual existe todo o universo, etá além da percepção dos sentidos materiais”. Bhagavan recita este verso para fazer-lo entender isto. Ele disse: “Tu não poderás ver-me com teus olhos materiais, por tanto lhe concedo olhos divinos com os quais poderás me ver”. O propósito da declaração é assombrar Arjuna que pensa que é um ser mortal ordinário. Mas Arjuna é um dos principais associados de Sri Bhagavan e apenas aparenta ser um ser humano comum. Arjuna, que experimenta diretamente a doçura de Sri Krsna não será capaz de ver sua forma universal com estes mesmos olhos, por tanto, deve aceitar olhos divinos. Que tipo de lógica é esta? Alguns dizem que os olhos supremamente afortunados de um ananya-bhakta vêem a imensa doçura dos passatempos da forma humana de Sri Krsna, mas não vêem o aspecto aisvarya de seus passatempos divinos. Por tanto, o pedido de Arjuna é para outorga-lhe a visão especial e maravilhosa do aspecto aisvarya de sua forma divina. Sri Bhagavan lhe concede olhos sobre humanos apropriados para saborear este intercâmbio amoroso particular.

Prakasika-Vrtti

Srila Baladeva Vidyabhusana clarea o ponto em seu comentário. “Sri Krsna deu á Arjuna olhos divinos necessários para ver sua forma universal; mas não lhe deu a mente divina correspondente. Se tivesse feito isto, Arjuna desenvolveria um interesse para saborear a forma universal, mas em troca, ao vê-la, seu interesse se foi. Tal desinteresse se evidência nas palavras de Arjuna ao sair de seu assombro após ver a forma universal. Ele suplicou á Krsna que lhe mostrasse apenas sua forma natural de dois braços sac-cid-ananda”.

Este sentimento se encontra explicado também no Srimad Bhagavatam:

“Um dia, Krsna estava nos braços de Mãe Yasoda. Ela lhe amamentava e beijava seu cativante rosto cuja beleza estava realçada por seu doce sorriso. Neste momento, o menino bocejou e mostrou á ela sua forma universal dentro da boca. Ao ver aquilo dentro da boca de seu bebê, ela ficou atônita. Tenebrosa, fechou os olhos pensando: Meu deus! O que vi? Temendo que alguém tivesse lançado algum feitiço ou mal olhado em Krsna, ela chamou o sacerdote da família e lhe fez cantar mantras para proteger o menino. Apenas depois dele dar banho para purificar o menino(Krsna) ela se sentiu aliviada.”

Srila Sanatana Goswami explica um profundo segredo sobre este verso: “Como pôde Mãe Yasoda ver a forma universal de Krsna se não tinha olhos divinos? Para alimentar os passatempos de Krsna, a serva de Laksimi devi, a potência de prazer, faz com que o amor de Yasoda seja sempre novo e por isso lhe foi permitida saborear o néctar do assombro, vismaya-rasa, da aisvarya-sakti de Sri Krsna.”

Sloka 9

Sanjaya uvaca

Evam uktva tato rajan

Maha-yogesvara harih

Darsayamasa parthaya

Paramam rupam aisvaram

Sanjaya disse: Ó Rei! Ao dizer isto, Sri Hari, o amo de todos os poderes místicos, revelou á Arjuna sua Suprema forma aisvarya.

Prakasika-vrtti

Após dizer isto, Sri Bhagavan mostrou sua forma universal á Arjuna. Sanjaya á descreve ao rei cego Dhrtarastra nos seis versos, afirmando-lhe que Sri Krsna não apenas é grandioso mas também o maior dos místicos, Yogesvara. Com objetivo de mostrar á Arjuna sua forma universal, lhe outorgou olhos divinos, o que revela que Arjuna é muito querido por ele. Este sentimento implica que a vitória de arjuna é só questão de tempo. Agora não há dúvida de que, pela misericórdia de Bhagavan, a vitória, tanto espiritual como material, virá á Arjuna. Com suas palavras, Sanjaya indica á Dhrtarastra que seu desejo pela vitória de seus filhos foi completamente frustrado.



Slokas 10-11

Aneka-vaktr-nayanam

Anekadbhuta-darsanam

Aneka-divyabharanam

Divyanekodyatayudham

Divya-malyambara-dharam

Divya-gandhanulepanam

Sarvascarya-mayam devam

Anantam visvato-mukham

Arjuna contemplou a forma universal de Sri Bhagavan que possui olhos e bocas ilimatadas e intermináveis características assombrosas. Incontáveis e maravilhosos ornamentos e guirlandas celestiais decoravam sua forma, cujas mãos empunhavam múltiplas armas celestiais. Ele vestia suntuosas roupas, estava ungido com fragãncias divinas e estava cheio de ilimitadas e resplandescentes maravilhas, que decoravam seus milhões de rostos.

Bhavanuvada

Visvato-mukham significa “cujo rosto está em toda parte”.

Sloka 12

Divi surya-sahasraya

Bhaved yugapad utthita

Yadi bhah sadrsi as syad

Bhasas tasya mahatmanah

Se milhões de sóis aparecessem simultaneamente no céu, o resplendor apenas se aproximaria da refulgência da Pessoa Suprema em sua radiante forma universal.

Sloka 13

Tatraika-stham jagat krtsnam

Pravibhaktam anekadha

Apasyad deva-devasya

Sarire pandavas tada

Neste momento, Arjuna pôde ver o universo inteiro situado no gigantesco corpo de Visvarupa, o Deus dos deuses.

Bhavanuvada

No mesmo campo de batalha, Arjuna viu ilimitados universos no corpo de deva-devasya, o deus dos deuses. Com suas diversas características distintivas, cada universo se encontrava situado em uma parte de seu corpo, em cada poro e cada ventre. A palavra anekadha significa que alguns estavam feitos de terra, outros de ouro, e outro de gemas. Alguns mediam cinqüenta yojanas(1 yojana equivale á 9,6 km), alguns cem, alguns centenas de milhares e outros mediam milhões de yojanas.

Sloka 14

Tatah as vismayavisto

Hrsta-roma dhananjayah

Pranamya sirasa devam

Krtanjalir abhasata

Arjuna, maravilhado e com olhos semi-fechados, inclinou a cabeça para oferecer reverências, e com as mãos juntas, se dirigiu á Sri Krsna, o criador da forma universal.

Prakasika-vrtti

A forma universal que Maha-Yogesvara Krsna mostrou á Arjuna era surpreendente, resplandescente e maravilhosa, e estava decorada com diversos tipos de ornamentos celestiais. Arjuna viu no corpo do Supremo Senhor Sri Krsna o universo inteiro situado no mesmo lugar e dividido em várias formas. Para evitar que Dhrtarastra pensasse que Arjuna correu aterrorizado ao contemplar esta aterradora forma, Sanjaya disse: “Arjuna é um grande bhakta e conhece bem krsna-tattva e está situado no modo da bondade. Ele não se aterrorizou ao ver a forma universal de Krsna senão que experimentou adbhuta-rasa, assombro. Arjuna estava dotado com fortaleza natural, mas estando absorto em adbhuta-rasa, caiu em êxtase e seu corpo estremeceu. Ele inclinou sua cabeça, juntou suas mãos em sinal de reverências e falou”.

Os olhos de Arjuna não estavam fechados pelo temor e sim porque estava experimentando adbhuta-rasa. A forma universal de Krsna é o objeto ou visaya-alambana desta rasa e Arjuna é o receptáculo ou asraya-alambana. A contemplação repetida da forma universal é um estímulo para sua lembrança, uddipana.

Sloka 15

Arjuna uvaca

Pasyami devams tava deva dehe

Sarvams tatha bhuta-visesa-sanghan

Brahmanam isam kamalasana-stham

Rsims ca sarvan uragams ca divyan

Arjuna disse: Ó meu senhor! Dentro de teu corpo divino posso ver os semi-deuses e todas as espécies de seres vivos. Vejo também Brahma sentado sobre sua flor de lótus, o Senhor Siva e todos os sábios e serpentes divinas.

Sloka 16

Aneka-bahudara-vaktra-netram

Pasyami tvam sarvato nanta-rupam

Nantam na madhyam na punas tavadim

Pasyami visvesvara visva-rupa


Ó Visvesvara, Senhor do universo! Ó Visvarupa! Vejo tuas inumeráveis formas com ilimitadas mãos, ventres, bocas e olhos por todo lugar. E tem mais, não posso ver em ti, o começo, o meio e nem o fim.

Sloka 17

Kiritinam gadinam cakrinanca

Tejo-rasim sarvato diptimantam

Pasyami tvam durniriksyam samantad

Diptanalarka-dyutim aprameyam

Vejo tua forma como a super brilhante e onipenetrante morada do resplendor, adornada com coroas e manuseando maças e discos por todos lados. É muito difícil perceber-te em meio ao fogo ardente de tua refulgência, que como o sol, ilumina todas as direções.

Sloka 18

Tvam aksaram paramam veditavyam

Tvam asya visvasya param nidhanam

Tvam avyayah sasvata-dharma-gopta

Sanatanas tvam puruso mato me

Tu és parabrahma, o supremo objeto conhecido por todas as pessoas liberadas. És o supremo lugar de descanso deste universo. És imutável, o protetor da religião eterna e a Pessoa Suprema primordial. Esta é minha opinião.

Sloka 19

Anadi-madhyantam ananta-viryam

Ananta-bahum sasi-surya-netram

Pasyami tvam dipta-hutasa-vaktram

sva-tejasa visvam idam tapantam

Não tens princípio, meio ou fim. Possuis poder infinito, inumeráveis braços e olhos semelhantes ao sol e a lua. Vejo sair fogo ardente de suas bocas e o universo inteiro está sendo abrasado pelo teu resplendor.

Sloka 20

Dyav a-prthivyor idam antaram hi

Vyaptam tvayaikena disas ca sarvah

Drstvadbhutam rupam idam tavogram

Loka-trayam pravyathitam mahatman

Tu propagas por todas as direções no espaço existente entre a terra e o céu. Ó Mahatman! Ao ver tua maravilhosa e terrível forma universal, os habitantes dos três mundos ficam perturbados pelo temor.

Bhavanuvada

Neste e no próximo nove versos, Sri Bhagavan mostra sua kala-rupa, seu aspecto como o tempo que tudo devora, como uma parte de sua forma universal, com um propósito especial.

Prakasika-Vrtti

A grande batalha de kuruksetra foi vista igualmente pelos semi-deuses como Brahma, demônios, antepassados, gandharvas, yaksas, raksasas, kinnaras e seres humanos. Todos eles observaram a batalha de acordo com seus temperamentos respectivos, tais qual amizade, inimizade ou indiferença. Mas apenas os bhaktas puderam ver a forma universal, pois pela misericórdia de Bhagavan, receberam olhos divinos.


Sloka 21

Ami hi tvam sura-sangha visanti

Kecid bhitah pranjalayo grnanti

Svastity uktva maharsi-siddha-sanghah

Stuvanti tvam stutibhih puskalabhih

Os milhões de semi-deuses estão entrando em ti em busca de refúgio. Devido ao temor, alguns estão elogiando-te com as mãos juntas. Os grandes sábios e siddhas te contemplam enquanto cantam hinos védicos auspiciosos, te oferecem e te adoram profusamente.


Sloka 22

Rudraditya vasavo y eca sadhya

Visve svinau marutas cosmapas ca

Gandharva-yaksasura-siddha-sangha

Viksante tvam vismitas caiva sarve

Os onze rudras, os doze adityas, os oito vasus, os sadhyadevas, os visvadevas, os dois asvini-kumaras, os maruts, os pitrs, os gandharvas, os yaksas, os asuras e os siddhas, te contemplam maravilhados.

Sloka 23

Rupam mahat te bahu-vaktra-netram

Maha-baho bahu-bahuru-padam

Bahudaram bahu-damstra-karalam

Drstva lokah pravyathitas tathaham

Ó Maha-baho! Ao ver tua gigantesca forma com ilimitadas bocas, incontáveis olhos, inumeráveis braços, pernas, pés, ventres e muitos dentes terríveis, todo o mundo, incluindo eu, está aterrorizado.

Sloka 24

Nabhah-sprsam diptam aneka-varnam

Vyattananam dipta-visala-netram

Drstva hi tvam pravyathitantar-atma

Dhrtim na vindami samanca visno

Ó Visnu! Ao ver tua ardente forma multicolorida com olhos ferozes e vastas bocas abertas propagando-se pelo céu, minha mente está atemorizada, não posso sentir paz e nem consigo manter o equilíbrio.

Sloka 25

Damstra-karalani ca te mukhani

Drstvaiva kalanala-sannibhani

Diso na Jane na labhe ca sarma

Prasida devesa jagan-nivasa

Ao ver estas terríveis bocas, cheias de ferozes dentes e ardendo com o fogo da aniquilação, não posso perceber onde estou nem sentir felicidade alguma. Ó Senhor dos devas! Ó refúgio do universo! Por favor, conceda-me tua misericórdia.

Sloka 26-27

Ami ca tvam dhrtarastrasya-putrah

Sarve sahaivavani-pala-sanghaih

Bhismo dronah suta-putra tathasau

Sahasmadiyair api yodha-mukhyaih

Vaktrani te tvaramana visanti

Damstra-karalani bhayanakani

Kecid vilagna dasanantaresu

Sandrsyante curnitair uttamangaih

Todos os filhos de Dhrtarastra juntamente com seus reis, Bhisma, Drona, Karna e também os guerreiros do nosso lado, se precipitam em tua direção,e entram em tuas bocas que possui dentes terríveis e que se parecem com cavernas. E alguns deles estão esmagados ali, com suas cabeças trituradas entre estes dentes.

Sloka 28

Yatha nadinam bahavo mbu-vegah

Samudram evabhimukha dravanti

Tatha tavami Nara-loka-vira

Visanti vaktrany abhivijvalanti

Semelhante ás ondas de um rio que se aproxima impetuosamente até o oceano, todos os grandes heróis estão entrando em tuas ardentes bocas.

Sloka 29

Yatha pradiptam jvalanam patanga

Visanti nasaya samrddha-vegah

Tathaiva nasaya visanti lokas

Tavapi vaktrani samrddha-vegah

Assim como as moscas entram rápidamente em um fogo ardente, os guerreiros entram em sua boca simplesmente para morrer.

Sloka 30

Lelihyase grasamanah samantal

Lokan samagran vadanair jvaladbhih

Tejobhir apurya jagat samagram

Bhasas tavograh pratapanti visno

Ó Visnu! Com tuas ferozes línguas lambes a multidão de entidades vivas (que se encontra por todo lado) e ás devora com tuas ardentes bocas. Estás abrasando o universo inteiro com os onipenetrantes e ferozes raios de tua refulgência.

Sloka 31

Akhyahi me ko bhavan ugra-rupo

Namo´stu te deva-vara prasida

Vijnatum icchami bhavantam adyam

Na hi prajanami tava pravrttim

Ó Deva-vara, o melhor entre os deuses! Ofereço-te reverências. Conceda-me tua graça e diga-me quem és, ao assumir esta feroz forma. Anseio muito te conhecer, a causa primordial, pois não posso compreender tuas atividades.

Sloka 32

Sri bhagavan uvaca

Kalo smi loka-ksaya-krt pravrddho

Lokan samahartum iha pravrttah

Rte ´pi tvam na bhavisyanti sarve

Ye ´vasthitah pratyanikesu yodhah

Sri Bhagavan disse: Sou o tempo, o poderoso destruidor do mundo, e estou aqui para aniquilar todas estas pessoas. Mesmo sem teus esforços, não sobreviverá nenhum dos guerreiros de ambos os exércitos.

Prakasika-vrtti

Sri Bhagavan disse á Arjuna: “Eu sou o tempo que tudo destrói e agora adotei uma gigantesca forma. Estou aqui para aniquilar Duryodhana e os demais. Como resultado da minha missão, com exceção dos Pandavas, ninguém mais sobreviverá no campo de batalha. Mesmo sem teu esforço ou dos demais guerreiros, todos serão devorados pelo tempo, pois em minha forma como o tempo, aniquilo suas vidas. Os heróis presentes em ambos os grupos morrerão mesmo que não lutem. Por isto, ó Arjuna! Se te retiras da batalha, caíras da tua posição de ksatriya ao abandonar teu sva-dharma e , de qualquer jeito, eles não se salvarão.”

Sloka 33

Tasmat tvam uttistha yaso labhasva

Jitva satrun bhunksva rajyam samrddham

Mayaivaite nihatah purvam eva

Nimitta-matram bhava savya-sacin

Por tanto levanta-te, participa da batalha, alcança a glória conquistando teus inimigos e desfruta assim de teu incomparável reino. Já aniquilei todos os guerreiros. Ó Savyasacin! Atua como meu instrumento.

Sloka 34

Dronanca bhismanca jayadrathanca

Karnam tathanyan api yodha-viran

Maya hatams tvam jahi ma vyathistha

Yudhyasva jetasi rane sapatnan

Drona, bhisma, Jayadratha, Karna e muitos outros grandes heróis já foram destruídos por mim, sendo assim, simplesmente mate-os e não te perturbes. Tua vitória na batalha está assegurada, então lute.

Prakasika-vrtti

Há um significado oculto nesta declaração. “Eu já matei Bhisma, Drona, jayadratha, Karna e os demais”. Bhagavan está declarandoque quando todos os guerreiros Kauravas insultaram publicamente Draupadi ao despila, ele os matou por haver cometido esta atroz vaisnava-aparadha. “Apenas para conceder-te fama fiz com que estas pessoas aparecessem á ti como estátuas, é como elas estivessem ali sem vida. Atua somente como um instrumento para a morte deles”.

Sloka 35

Sanjaya uvaca

Etac chrutva vacanam kesavasya

Krtanjalir vepamanah kiriti

Namaskrtva bhuya evaha krsnam

sa gadgadam bhita-bhitah pranamya

Sanjaya disse á Dhrtarastra: Ao escutar as palavras de Sri Kesava, Arjuna, tremendo, lhe ofereceu repetidas reverências com as mão postas. Com muito temor ele falou á Krsna com a voz trêmula.

Sloka 36

Arjuna uvaca

Sthane hrsikesa tava prakirtya

Jagat prahrsyaty anurajyate ca

Raksamsi bhitani diso dravanti

Sarve namasyanti ca siddha-sanghah

Arjuna disse: Ó Hrsikesa! Todos no universo se regozijam e apegam-se á ti ao escutar a glorificação de teus nomes, formas e de tuas qualidades. Os raksasas estão se dispersando pelo temor, enquanto os seres perfeitos te oferecem repetidas reverências. Isto é, sem dúvida, o mais apropriado.

Bhavanuvada

Arjuna conhece o seguinte tattva: a Sri vigraha de Bhagavan se satisfaz com aqueles que estão dedicados á ele, enquanto que ele mostra seu aspecto tenebroso a quem lhe são aversos. A palavra sthane é gramaticalmente indeclinável e significa yukta ou apropriado; foi utilizado em todos os componentes deste verso. Arjuna se dirigiu á Krsna como Hrsikesa(aquele que controla os sentidos de seus bhaktas e aparta dele os sentidos dos não devotos. “o mundo inteiro está sendo atraído pelo canto de suas glórias; isto é correto, pois tudo deve ser dedicado á ti. Por outro lado, os raksasas, asuras, danavas, pisacas e outros seres demoníacos se dispersam em todas as direções devido ao temor. Também é correto, pois eles tem aversão á ti. Uma multidão de seres que se tornaram perfeitos através da prática de bhakti te oferece reverências, os quais são você próprio, pois sãos seus bhaktas.” Este verso é célebre nos mantra-sastras como o mantra para destruir os demônios.”

Prakasika-Vrtti

A influência transcendental da forma de Sri Bhagavan é tanta que os bhaktas se enchem de alegria ao vê-la. Mas os que tem naturezas demoníacas e são aversos á ele, esta forma lhes lembram a de Yamaraja, o senhor da morte. Na arena de luta de Mathura, os líderes como Nanda Maharaja, os amigos e os Yadavas, estavam prazeirosos ao ver o charmoso nava-ksora Sri Krsna, mas ele parecia a morte personificada para Kamsa, forte como o touro para os lutadores, o dispensador da lei para os reis ignorantes, e Paramatma para os yogis. Por tanto, as jivas devotas sentem alegria e se apegam á Krsna ao escutar sobre suas glórias. Os siddhas se rendem á ele, enquanto que os demônios e raksasas, que lhe são aversos, fogem aterrorizados.

Sloka 37

Kasmad ca te na nameran mahatman

Gariyase brahmano ´py adi-kartre

Ananta devesa jagan-nivasa

Tvam aksaram sad-asat tat param yat

Ó Mahatmam! Ó Senhor dos semi-deuses! Ó Ananta! Ó refúgio do mundo! Tu és maior que Brahma. És o criador original e és Brahma, a realidade imperecível que está além da causa e efeito. Porque não haveriam de oferecer-te reverências?

Prakasika-vrtti

No verso anterior, Arjuna explicou que Sri Bhagavan é adorado até mesmo por Brahma. Este verso, revela que Sri Bhagavan é a alma de todos. “Os devas, rsis, gandharvas e outros seres similares, sem dúvida te oferecem reverências. Tu não és somente isto, senão que és a alma de todos e constitue o todo”.

Sloka 38

Tvam adi-devah purusah puranas

Tvam asya visvasya param nidhanam

Vettasi vedyanca paranca dhama

Tvaya tatam visvam ananta-rupa

És o Senhor original, a pessoa primordial e o único lugar de descanso do universo. És a morada suprema e o conhecedor de tudo e de todos. Ó Ananta-rupa, possuidor de formas ilimitadas! Só tu penetras o univero inteiro.

Sloka 39

Vayur yamo ´gnir varunah sasankah

Prajapatis tvam prapitamahas ca

Namo namas te ´stu sahasra-krtvah

Punas ca bhuyo ´pi namo namas te

Tu és Vayu, o deus do vento e também Yama, o superintendente da morte. És o deus do fogo Agni; Varuna, o deus do oceano; Candra, a deusa da lua; o criador Brahma e também o pai de Brahma. Por tanto, te ofereço milhões de reverências, uma e outra vez.

Sloka 40

Namah purastad atha prsthatas te

Namo ´stu te sarvata Eva sarva

Ananta-viryamita-vikramas tvam

Sarvam samapnosi tato ´si sarvah

Ó Sarva-svarupa! Ofereço-te reverências pela frente, por trás e de todos os lados. Possuis valor e poder infinito. És onipenetrante e por tanto, és tudo.

Bhavanuvada

“Assim como ouro está presente nos ornamentos dourados, tais como a armadura, tu penetras o mundo material, o qual é seu efeito, por tanto, és tudo”.

Prakasika-Vrtti

Ao compreender que Krsna é o objeto máximo á ser venerado, Arjuna oferece reverências á ele, a personificação do todo. Devido á sua profunda fé e seu grande respeito, e considerando que as reverências não são suficientes , ele inclina diante de Krsna, que possui poder ilimitado, força imensurável, que é a alma das almas e que é a forma de tudo. Isto também se confirma nas palavras de Sukadeva Goswami no Srimad Bhagavatam(10.14.56):

“As pessoas que compreendem Sri Krsna tal como ele é, percebem todas as coisas, sejam elas móveis ou inertes, como suas manifestações. Estas almas liberadas não percebem outra realidade”.

Sloka 41- 42

Sakheti matva prasabham yad uktam

He krsna he yadava he sakheti

Ajanata mahimanam tavedam

Maya pramadat pranayena vapi

Yac cavahasartham asat-krto ´si

Vihara-sayyasana-bhojanesu

Eko ´tha vapy acyuta tat-samaksam

Tat ksamaye tvam aham aprameyam

Por não conheçer tuas glórias, devido á meu descuido, ou então pela afeição fraternal que tenho por ti, me dirigí á voçê de maneira imprudente chamando-o de”Ó Krsna! Ó Yadava! Ó Sakhe! Ó Acyuta!”. Se te desrespeitei enquanto fazia piadas quando estávamos sozinhos ou na presença de nossos parentes, enquanto descansávamos, sentávamos ou comíamos juntos, te suplico humildemente que me perdoe ó Aprameya!(Senhor de glórias ilimitadas).

Bhvanuvada

“Que desgraça! Tenho te ofendido ilimitadamente’’. Lamentando-se assim, Arjuna recita este verso. Ele disse: “Ó Krsna” para expressar “ És conheçido como o filho de vasudeva, um ser humano que careçe de fama e que é considerado um arddharathi, uma pessoa que necessita de ajuda para derrotar apenas um oponente. Mas eu sou atirathi, posso lutar contra uma quantidade ilimitada de guerreiros e sou famoso como o filho do Rei Pandu”. “Ó Yadava” significa “Por ter nascido na dinastia yadu não possuis nenhum reino, enquanto que eu nascí na dinastia Puru, por tanto sou de linhagem real. A relação que tenho contigo não se deve aos teus ancestrais ou á influência de uma dinastia , e sim para com ti mesmo. Me dirigí á ti ásperamente mesmo que minhas intenções eram amistosas. Por isso imploro pelo seu perdão”.

Devido á loucura, o afeto que expressava enquanto jogavamos e brincávamos, insultei as glórias de tua forma universal. Assim sendo, te peço perdão pelas milhões de ofensas que cometi. Ó Prabhu! Rogo por seu perdão”.


Sloka 43

Pitasi lokasya caracarasya

Tvam asya pujyas ca gurur gariyan

Na tvat-samo ´sty abhyadhikah kuto ´nyo

Loka-traye ´py apratima-prabhava

Ó possuidor de podêr sem rival! Tu és pai, o mais venerável, o guru e a pessoa mais gloriosa neste mundo de seres móveis e inertes. Nada nos três mundos se iguala á ti, então como poderia alguém ser maior que voçê?

Sloka 44

Tasmat pranamya pranidhaya kayam

Prasadaye tvam aham isam idyam

Piteva putrasya sakheva sakhyuh

Priyah priyayarhasi deva sodhum

Ó venerável Paramesvara! Ofereço-te prostradas reverências á teus pés de lótus e te suplico que conçeda-me tua graça. Ó Deva! Assim como um pai perdoa seu filho, um amigo tolera o amigo ou um amante desculpa sua amada, por favor perdoa todas as minhas ofensas.

Sloka 45

Adrsta-purvam hrsito ´smi drstva

Bhayena ca pravyathitam mano me

Tad eva me darsaya deva rupam

Prasida devesa jagan-nivasa


Ó Deva! Depois de ver tua forma universal, que jamais foi vista antes, estou carregado de feliçidade, mas minha mente está muito perturbada pelo temor. Ó Devesa, Deus dos Deuses! Mostra-me novamente tua forma de quatro braços. Ó Jagan-nivasa, refúgio do universo! Conçeda-me tua graça.

Sloka 46

Kiritinam gadinam cakra-hastam

Icchami tvam drastum aham tathaiva

Tenaiva rupena catur-bhujena

Sahasra-baho bhava visva-murte

Anseio ver tua forma que está decorada com um elmo, uma maça e um disco. Ó Sahasra-baho, Senhor de mil braços! Ó Visvamurte, forma universal! Por favor, móstra-me de novo sua forma de quatro braços.

Bhavanuvada

“No futuro, quando exibir teu aspecto aisvarya, móstra-me únicamente a forma vasudeva-nandana que vi antes. Manifesta a forma que personifica a rasa supremae confere bem aventurança aos olhos de minha mente; esta forma que jamis foi vista. O aisvarya de tua forma universal, que é parte de teu passatempo divino, não é muito atrativo aos olhos da minha mente”.

Prakasika-vrtti

A svarupa(forma original) de Krsna é de um jovem, um charmoso ator vestido de pastorzinho com uma flauta em suas mãos. Esta é a forma eterna de Krsna. Ainda que ele é a personificação de madhurya, aisvarya também está presente nele. Matou Putana quando era apenas um menino pequeno e mesmo assim, seu comportamento como um menino não foi ofuscado pela manifestação de sua aisvarya.

Enquanto executava seus passatempos com os Yadavas e os pandavas em sua forma de dois braços, Sri Krsna manifestava algumas vezes sua forma de quatro braços. Os passatempos em Dvaraka se passam em aisvarya-mayi, mas todos os passatempos de Vraja são madhurya-mayi ou naravat, semelhantes ás atividades humanas.

Uma vez, em sua vraja-lila, Krsna desapareçeu repentinamente da rasa-lila. Sob sua forma de quatro braços ele se posiçionou no caminho que as gopis passavam para procula-lo ; ao ve-lo elas lhe ofereçeram reverênçias e continuaram procurando pelo Krsna de dois braços. Enquanto isto, a personificação de maha-bhava, chegou no lugar. Krsna ficou maravilhado ao vê-la, e apesar de grande esforço, não pôde manter sua forma de quatro braços, a qual desapereçeu em sua forma de dois braços.

Sloka 47

Sri bhagavn uvaca

Maya prasannena tavarjunedam

Rupam param darsitam atma-yogat

Tejo-mayam visvam anantam adyam

Yan me tvad anyena na drsta-purvam

Sri Bhagavan disse: Ó Arjuna! Porque estou satisfeito contigo te mostrei minha forma universal resplandesçente, ilimitada e primordial através da minha inconçebível yoga-maya-sakti. Antes de ti, ninguém jamais viu esta forma.

Bhavanuvada

“ Ó Arjuna, voçê me implorou para te mostrar minha aisvarya-rupa (Gita 11.3), por sito te mostrei minha visvarupa purusa que é nada mais que um de meus aspectos parciais. Por que ficou perturbado ao vê-la? Por outro lado, agora desejas contemplar minha forma de aspecto humano e róga-me; Seja bondoso, seja bondoso! Por que falas de maneira tão surpreendente? Mostrei apenas á ti e á ninguém mais minha svarupa porque estava satisfeito contigo. Antes de voçê, ninguém mais havia visto; Por que não desejas mais vê-la?

Sloka 48

Na veda-yajnadhyayanair na danair

Na ca kriyabhir na tapobhir ugraih

Evam-rupah sakya aham nr-loke

Drastum tvad anyena kuru-pravira

Ó Kuru-pravira, o maior guerreiro kuru! Com exceção de voçê, ninguém mais é capaz de vêr minha visvarupa dentro dos confins do mundo mortal. Esta forma não póde ser vista mediante estudo dos Vedas, sacrifíçios, rituais ou severas penitências.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan disse: “A habilidade para ver a forma que foi exibida não se pode obter através dos vedas ou outros proçessos. Não mostro esta forma á outros. Estabeleçe firmemente tua fé unicamente nesta forma forma excepçional compreendendo que conseguiu o objeto mais inalcançável. “Porque desejas ver novamente minha forma humana depois de Ter visto esta forma extraordinária?”.


Sloka 49

Ma te vyatha ma ca vimudha-bhavo

Drstva rupam ghoram idrn mamedam

Vyapeta-bhir prita-manah punas tvam

Tad eva me rupam idam prapasya

Não temas nem te confunde ao ver esta terrível forma. Livre do temor e com uma mente jubilosa, contempla de novo minha charmosa forma de quatro braços para sua completa satisfação.

Sloka 50

Sanjaya uvaca

Ity arjunam vasudevas tathoktva

Svakam rupam darsayamasa bhuyah

Asvasayamasa ca bhitam enam

Bhutva punah saumya-vapur mahatma

Sanjaya disse: Depois de dizer estas palavras, o magnânimo filho de Vasudeva revelou de novo sua forma de quatro braços, e consolou Arjuna ainda mais assumindo sua delicada forma de dois braços.

Bhavanuvada

Assim, logo após revelar a forma de sua amsa, Sri bhagavan, á pedido de Arjuna, mostrou sua forma de quatro braços decorada com um elmo, maça, disco, e outros ornamentos. A Suprema Personalidade manifestou novamente sua grata forma de dois braços decorada com braceletes, pingentes, turbante, pitambara eoutros ornamentos, dando paz ao aterrorizado Arjuna.

Sloka 51

Arjuna uvaca

Drstvedam manusam rupam

Tava saumyam janardana

Idanim asmi samvrttah

Sacetah prakrtim gatah

Arjuna disse: Ó Janardana! Agora meu coração se deleita ao contemplar tua cativante forma que se assemelha á humana e, também retornei á minha condição normal.

Bhavanuvada

Contemplando a muito doçe forma de Sri Krsna e sentindo-se imerso no oçeano de bem aventurança, Arjuna disse: “Meu coração se deleita e retornei á minha condição normal”.

Prakasika-Vrtti

Neste momento, Arjuna, livre de todo temor, viu Krsna primeiro em sua doçe forma de quatro braços e logo depois em sua forma Syamasundara de dois braços. Com grande alegria, Arjuna disse: “Ó janardana, depois de ver tua forma de aspecto humano, a qual é sumamente prazeirosa, recuperei minha compostura e minha condição natural”.

Sri Krsna executou seus passatempos com os Yadavas e Pandavas principalmente em sua forma de dois braços(dvibhuja-rupa), mesmo que as vezes apareçia em sua forma de quatro braços(caturbhuja-rupa). Por isto, a caturbhuja-rupa também é considerada humana.

Sloka 52

Sri-bhagavan uvaca

Su-durdasam idam rupam

Drstavan asi yan mama

Deva apy asya rupasya

Nityam darsana-kanksinah

Sri Bhagavan disse: A forma humana que contemplastes difiçilmente pode ser vista por outros. Mesmo os semi-deuses anseiam constantemente em ver esta forma.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan fala neste e no seguinte verso sobre as glórias da svarupa que mostrou á Arjuna. “ mesmo os semi-deuses anseiam ver esta forma, porém jamais á viram. Mas tú, Arjuna, não desejas ver minha forma universal. É compreensível, pois voçe saboreias eternamente a madhurya suprema de minha forma humana original.; Como poderia então a visvarupa atrair seus olhos? Te abençoei com o poder da visão divina mas não com a mente divina correspondente. Por tanto, devido ao fato de que tua mente se satisfaz unicamente vendo a madhurya suprema de minha forma humana, voçê não pôde apreçiar plenamente minha outra forma mesmo te conçedendo tal visão. Se te conçedesse uma mente divina, então, como os semi-deuses, voçê ficaria atraído pela minha visvarupa”.

Prakasika-vrtti

Neste verso, Sri Krsna explica as glórias da sua forma humana. Exibindo o aspecto mais excepcional da sua misericórdia á Arjuna, Krsna disse á Arjuna: “É muito difíçil contemplar a forma que vês agora; até mesmo os semi-deuses não podem ve-la. No déçimo canto do Srimad Bhagavatam, o Garbha-stotra diz que mesmo os semi-deuses difíçilmente veem esta forma. Como meu nitya-bhakta(eterno devoto), degustas a grande doçura da minha forma humana e em contrapartida não te agrada minha visvarupa. Te conçedi olhos divinos mas não uma mente divina. Se tivesse á outorgado, então, assim como os semi-deuses, havias sido atraído pela forma universal”. Esta forma humana te és muito querida, visto que és meu devoto eterno e tem sentimento de amizade para comigo.

Sloka 53

Naham vedair na tapasa

Na danena na cejyaya

Sakya evam-vidho drastum

Drstavan asi mam yatha

Não é possível ver-me na forma que me vês agora através do estudo dos Vedas, prática de austeridades, caridade ou celebração de sacrifíçios.

Bhavanuvada

“Se alguém deseja ver, tal como tu, minha eterna forma humana de dois braços, considerando-a como a essênçia do esforço humano, não poderia consegui-la mesmo se dedicasse ao estudo dos Vedas, austeridades ou outros proçessos. Acredita em mim”.

Sloka 54

Bhaktya tv ananyaya sakya

Aham evam-vidho ´rjuna

Jnatum drastunca tattvena

Pravestunca parantapa

Ó Parantapa! Ó Arjuna! Apenas através de ananya-bhakti(devoção exclusiva) é que alguém pode observar e conheçer minha eterna e charmosa forma humana, e assoçiar-se comigo em minha morada.

Sloka 55

Mat-karma-krn mat-paramo

Mad-bhaktah sanga-varjitah

Nirvairah sarva-bhutesu

Yah samam eti pandava

Ó filho de Pandu! A pessoa que trabalha exclusivamente para mim e que me considera como sendo a meta suprema, que se dedica á executar os diversos proçessos de bhakti – como svaranam e kirtanam – abandonando os apegos mundanos e permaneçendo livre de aversão á qualquer entidade viva, alcança minha suprema e charmosa forma de Krsna.

Prakasika-Vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: “Neste capítulo foi estabeleçido que a forma de Sri Krsna é o refúgio supremo e a realidade venerável última, superior á sua visvarupa, kala-rupa e também sua visnu-rupa. Os bhaktas são atraídos unicamente por sua forma humana eterna e super atrativa, e não pela sambandha-vigraha ou manifestação relativa de Bhagavan. Este capítulo estabeleçe que a forma de Sri Krsna é o oçeano de todas as rasas nectáreas e a única morada da doçura suprema”.

Assim se conclui o décimo primeiro capítulo do Srimad Bhagavad Gita.



Capítulo 12

BHAKTI-YOGA

O SERVIÇO DEVOÇIONAL PURO




Sloka 1

Arjuna uvaca

Evam satata-yukta ye

Bhaktas tvam paryupasate

Ye capy aksaram avyaktam

Tesam ke yoga-vittamah

Arjuna disse: Segundo tuas instruções anteriores, existem bhaktas que são dotados com nistha(firmeza) e que se dedicam continuamente á adoração de tua forma Syamansundara. Há outros que adoram teu aspecto impessoal indiferenciado. Qual destes yogis é o melhor?

Bhavanuvada

Neste capítulo Sri Bhagavan confirma a superioridade de todas as classes de bhaktas sobre os jnanis, e entre os bhaktas, ele glorifica somente os que possuem qualidades como ausênçia de inveja.

Prakasika-vrtti

Dos diversos tipos de sadhana praticados para alcançar Sri Bhagavan rapidamente, o suddha-bhakti é o mais simples, fácil e natural. Sua influência é infalível.

Sloka 2

Sri bhagavan uvaca

Mayy avesya mano ye mam

Nitya-yukta upasate

Sraddhaya parayopetas

Te me yuktatma matah

Sri Bhagavan disse: Os yogis que, com fé transcendental, fixam suas mentes em minha forma Syamansundara e me adoram constantemente através de ananya-bhakti, são os maiores conhecedores do yoga. Esta é minha opinião

Bhavanuvada

O Srimad Bhagavatam (11.25.27) também diz: “ A fé que tem a alma como centro está em sattva-guna, a que tem o karma como centro é rajo-guna e a que tem as atividades irreligiosas como centro é tamo-guna. Mas a fé cujo objetivo e centro são o serviço á mim é nirguna(transcendental).

Deste modo, se estabeleçe que bhakti é superior á jnana, e dentro de bhakti, ananya-bhakti é o melhor.

Slokas 3-4

Ye tv aksaram anirdesyam

Avyaktam paryupasate

Sarvatra-gam acintyanca

Kutastham acalam dhruvam

Sanniyamyendriya-gramam

Sarvatra sama-buddhayah

Te prapnuvanti mam eva

Sarva-bhuta-hite ratah

Mas sou alcançável também por aqueles que adoram minha brahma-svarupa indescritível, imanifesta, onipenetrante, inconcebível, imutável, eterna e indiferençiada, através do controle dos sentidos, visão equânime e dedicação ao bem estar de todos os seres.

Bhavanuvada

“Os que adoram meu aspecto indiferenciado estão sempre aflitos, por tanto, são inferiores aos meus bhaktas”.

A frase mam eva significa: “Eles me alcançam. Em outras palavras, não há diferença entre o imperecível brahma e eu”.

Prakasika-Vrtti

Sri Bhagavan disse: “As pessoas que, com seus sentidos controlados e com visão equânime, se ocupam em atividades benefiçiosas para com todas as entidades vivas e adoram minha forma indiferençiada, imperecível, indescritível e imanifesta, finalmente me alcançam depois de realizar um difícil sadhana”. No Gita (14.27) se explica que Krsna é o refúgio do nirvisesa-brahma. Por tanto, os adoradores deste dependem indiretamente de Krsna. Existem graduações de adoradores que se refugiam em algum aspecto da Verdade Absoluta. O brahma é a refulgência do corpo de Krsna, uma manifestação incompleta dapotência consciente interna de Krsna. Por tanto, quem alcança o nirvisesa-brahma (sayujya-mukti) depende indiretamente de Sri Krsna, mas não experimentam a bem aventurança do serviço amoroso. Assim sendo, mesmo que Bhagavan ofereça aos bhaktas diversas classes de mukti como por exemplo sayujya-mukti, eles não á açeitam.

Sloka 5

Kleso ´dhikataras tesam

Avyaktasakta-cetasam

Avyakta hi gatir duhkham

Dehavadbhir avapyate

Aqueles cujas mentes estão apegadas ao meu aspecto imanifesto e impessoal experimentam grandes dificuldades, pois para a entidade viva corporificada é muito penoso conseguir estabilidade em algo imanifesto.

Bhavanuvada

“Por que os jnanis são inferiores? Sri Bhagavan recita o presente verso para responder a pergunta de Arjuna: “Os que desejam experimentar o brahma imanifesto devem se submeter á austeridades extremas para alcança-lo. Os sentidos só podem perçeber aquilo que possui atributos relacionados com o sentido respectivo, por exemplo, o som. Não podem, então, experimentar o que está desprovido de qualidades ou atributos.

Os que desejam nirvisesa-jnana devem controlar os sentidos, mas tal coisa é mais difíçil do que controlar a corrente de um rio. Sanat Kumara disse á Prthu Maharaja no Srimad Bhagavatam(4.22.39):

“Os bhaktas podem facilmente desatar o nó do coração, que é formado por desejos fruitivos, recordando com devoção a refulgência dos dedos dos pés de Bhagavan, os quais se assemelham ás pétalas de um lótus. Mas os yogis que careçem de bhakti não podem faze-lo mesmo que estejam livres das inclinações mundanas e controlem seus sentidos. Por tanto, abandona todo esforço para controlar os sentidos e dedica ao Bhajana de Sri Vasudeva. Os que praticam yoga e outros proçessos com desejo de cruzar o oçeano da existência material, que está infestado pelos crocodilos dos sentidos, tem que enfretar dificuldades extremas se não refugiam em Bhagavan, quem é comparado á uma embarcação. Assim sendo, ó Rei, deves aceitar os pés de lótus do adorável Bhagavan como a embarcação para cruzar este oceano insuperável e cheio de obstáculos”.

Mesmo que este destino se alcançe depois de grandes dificuldades, na realidade só é possível chegar á meta com a assistência de bhakti. Sem bhakti por Bhagavan, o adorador do brahma não apenas deve experimentar misérias mas também não alcança Bhagavan.

Prakasika-vrtti

Os adoradores do nirvisesa-brahma enfrentam dificuldades tanto na etapa de sadhana quanto na de siddha, pois nenhum sadhana pode outorgar a perfeição sem a assistência de bhakti. Quem aodra o nirvisesa-brahma se esfórça para adquirir brahma-jnana apoiando-se em bhakti como um proçesso secundário. Em troca, Bhakti-devi os recompensa com resultado secundário, brahma-jnana, e logo desapareçe. As pessoas que adoram o brahma ficam impedidas de saborear o nome, forma, qualidades e os passatempos de Sri Krsna.

Elas se submergem em um oçeano de grande miséria na forma de sayujya-mukti. É um proçesso auto destrutivo. Por esta razão, o Srimad Bhagavatam declara(10.14.4).

“Meu querido senhor, o bhajana á ti é o caminho mais elevado para a realização do ser. Se alguém abandona este caminho e se dedica ao cultivo de conheçimento especulativo, simplesmente encontrará um caminho problemático e não alcançará sua meta”.

Tanto a etapa de sadhana como a de sadhya se descrevem como sendo problemáticas para os nirvisesa jnanis. Ao contrário, bhakti é super prazeiroza e auspiçiosa em ambas as etapas. O Srimad Bhagavatam declara(4.22.39):

“Os bhaktas, que estão sempre ocupados no serviço aos dedos dos pés de lótus de Sri Bhagavan, podem desatar facilmente o nó dos desejos pelas atividades fruitivas. Faze-lo através de outro processo é tão difícil, que não tem êxito em suas empresas aqueles que não são devotos, os jnanis e os yogis, que se esforçam constantemente para deter as ondas do desfrute sensual. Te aconselho então, que te dediques ao bhajana á Sri Krsna, o filho de Vasudeva”.

Srila Bhaktivinoda Thakura diz: “ A diferença entre um jnani-yogi e um bhakti-yogi é que na etapa de sadhana o bhakta pode cultivar facilmente o proçesso para obter o objetivo supremo, Bhagavan, e alcança a etapa de perfeição sem temor á auto destruição. Ao contrário, durante seu sadhana, um jnani-yogi se estabelece na realidade imanifesta e tem que sofrer o problema que implica a prática do conçeito da negação, pensando sempre: “Isto não é, isto não é”. É um proçesso que supõe pensar de uma maneira contrária á atitude natural ou funao constitucional da jiva, e, por tanto, resulta em um roesso muito penoso para as entidades vivas.

A jiva é uma entidade consciente e eterna e se ela se funde no estado imanifesto, que é um suicidio pra ela, sua qualidade constitucional e plena da tendência de servir Krsna, é destruída.

Sloka 6-7

Ye tu sarvani karmani

Mayi sannyasya mat-parah

Ananyenaiva yogena

Mam dhyayanta upasate

Tesam aham samuddharta

Mrtyu-samsara-sagarat

Bhavami na cirat partha

Mayy avesita-cetasam

Mas, aos amorosos bhaktas que realizam todas suas ações com o propósito de alcançar-me e absorven-se exclusivamente em meu bhajana com devoção imaculada, eu os libero rapidamente deste oceano de nascimento e morte.

Prakasika-Vrtti

Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: “ Eu libero rapidamente do oçeano da existencia material, caracterizado pelo nascimento e morte, quem se refugia em meu aspecto pessoal. Eles submetem á minha bhakti todas suas atividades corporais, sociais, e adorando minha eterna e charmosa forma humana de Krsna, eles absorvem seus corações completamente em mim. Após resgata-los do cativeiro de maya, eu os protejo da tendência suicida de adotar o conceito monista, o qual é causa de infortúnio para as pessoas apegadas ao imanifesto.”

Sloka 8

Mayy eva mana adhatsva

Mayi buddhim nivesaya

Nivasisyasi mayy eva

Ata urddhvam na samsayah

Fixa tua mente exclusivamente em minha forma Syamasundara e ocupa tua inteligência por completo em mim. Assim, após abandonar o corpo, virás viver comigo. Não há nenhuma dúvida quanto á isto.

Prakasika-Vrtti

Nestes versos, Sri Krsna explica o proçesso de prática adotado por seus ananyas-bhaktas. Antes de mais nada ele diz á Arjuna: “Ó Arjuna, eu libero rapidamente do oçeano de nascimento e morte e, finalmente, lhe conçedo meu prema-mayi-seva, á meu ananya-bhakta que se rendeu á mim e abandonou o varnasrama-dharma. Por tanto, deves fixar tua mente em mim, a Realidade Absoluta Transcendental Suprema. Eliminando todos os desejos de desfrute sensual do teu pensamento, absorva-se exclusivamente em mim”. A mente segue as tendências da aceitação e refutação, por tanto, para fixar a mente em Bhagavan é necessário render a inteligência á ele depois de desconectar a mente de todos os objetos sensíveis.

Deste modo, usando Arjuna como seu instrumento, Sri Bhagavan mostra que bhakti é por si só o melhor dos sadhanas e o melhor sadhya. Por tanto, é indispensável recordar constantemente sua forma eterna de Syamansudara fixando a mente nele e rendendo a inteligência á ele.

Sloka 9

Atha cittam samadhatum

Na saknosi mayi sthiram

Abhyasa-yogena tatos

Mam icchaptum dhananjaya

Ó Dhananjaya! Se não és capaz de fixar a mente em mim com determinação, entao deves desejar alcançar-me controlando e fixando a mente em mim através da pratica de retrai-la constantemente dos objetos sensiveis.

Bhavanuvada

O verso dá enfase á palavra Dhananjaya. Assim como Arjuna acumulou uma grande quantidade de riqueza (dhana) conquistando seus inimigos, ele também é capaz de conquistar a riquesa da meditação(dhyana) em Bhagavan, conquistando e controlando sua mente.

Prakasika-vrtti

No verso anterior, Sri Bhagavan aconselha todas as pessoas á se dedicarem exclusivamente á ele fixando a mente e inteligência nele. Neste sentido poderia surgir a seguinte pergunta: “Assim como o Ganges flui até o oçeano, aqueles cuja atitude ou corrente mental se dirige sempre e velozmente até Bhagavan, podem alcança-lo rapidamente. Disto não resta dúvida. Mas, como alguém pode alcançar Bhagavan se não tem esta forte corrente mental ou sentimental para com ele?” Bhagavan oferece uma Segunda opção como resposta: “Aqueles que são incapazes de fixar a mente em mim com firmeza e constância pelo método anteriormente dito, deve tratar de alcançar-me através de abhyasa-yoga, a tentativa de fixar a mente em mim diminuindo gradualmente sua tendência de absorver-se nos diversos objetos sensíveis. Através de abhyasa-yoga, a mente se apega lentamente á mim.”

Sloka 10

Abhyase ´py asamartho´si

Mat-karma-paramo bhava

Mad-artham api karmani

Kurvan siddhim avapsyasi

Se não podes ocupar-te em abhyasa-yoga, podes dedicar então á atuar para mim, pois através da execução de atividades como sravanam (ouvir) e kirtanam (cantar) para meu prazer, sem dúvida alcançarás a perfeição.

Bhavanuvada

“Ó Arjuna, assim como uma pessoa cuja língua está afetada por icteríçia não deseja comer açúcar, uma mente contaminada pela ignorânçia não açeita a doçura de minha forma. Por tanto, se pensas que não podes realizar abhyasa por que não és capaz de lutar contra tua formidável e poderoza mente, então escuta. Através das atividades realizadas para meu prazer, tais como escutar e cantar meus passatempos, orar, adorar-me, limpar meu templo, regar tulasi, colher flores e outros serviços, alcançarás a perfeição de se converter em meu querido associado mesmo sem recordar-me constantemente.”

Aqui, Krsna ofereçe uma terçeira opção á Arjuna.

Sloka 11

Athaitad apy asakto ´si

Karttum mad-yogam asritah

Sarva-karma-phala-tyagam

Tatah kuru yatatmavan

Mas se não és capaz de trabalhar para mim desta forma, refugia-te em minha bhakti-yoga renunciando e ofereçendo-me os resultados de tuas ações com uma mente controlada.

Bhavanuvada

Os seis primeiros capítulos explicam o niskama-karma-yoga, as atividades ofereçidas á Bhagavan como meio de alcançar moksa(liberação).

Os seis capítulos intermediários descrevem bhakti-yoga como meio para alcançar Bhagavan. Bhakti-yoga é de duas classes: a primeira está constituída pelas ações dos sentidos internos fixos em Bhagavan e a Segunda pelas atividades dos sentidos externos. A primeira classe se subdivide em três categorias: smarana ou lembrança, manana ou meditação, e abhyasa ou a prática de quem não é capaz de recordar constantemente porém estão ansiosos por faze-lo. As três práticas são muito difíçeis para os menos inteligentes, mas são fáçeis para quem está livre de ofensas e dedicados ao cultivo da inteligência pura. A Segunda classe de bhakti-yoga, que ocupa os sentidos externos, é um método muito mais fáçil. Quem está dedicado a alguma destas duas classes de bhakti são superiores ao resto, segundo se descreve nos seis primeiros capítulos da Gita. Quem não é capaz de realizar nenhuma destas duas classes de bhakti e não podem adorar Sri Bhagavan através do controle dos sentidos e da mente, pode ofereçer o niskama-karma-yoga á Bhagavan, segundo se descreve nos seis primeiros capítulos. Sem dúvida, o niskama-karma-yoga é inferior aos dois tipos de bhakti-yoga mencionados acima.

Prakasika-vrtti

Na declaração”mat-karma-paramo bhava” do verso anterior, Sri Krsna aconselha, entre outras atividades, limpar seu templo, regar Tulasi e manter seus jardins. Ao escutar isto, Arjuna se pergunta o que deve fazer uma pessoa que , por nascer em uma família aristocrática ou ser socialmente respeitada, considera insignificantes estes serviços á Bhagavan, os quais são simples, fáçeis e felizmente executáveis e recuza á faze-lo. No presente verso, Bhagavan Sri Krsna, compreendendo á mente de Arjuna, ofereçe a quarta opção: “Se alguém é incapaz de executar estes simples serviços á Bhagavan, então o único meio é a adoção do proçesso de niskama-karma-yoga, o trabalho desinteressado ofereçido á Bhagavan”. Sem dúvida, não é correto evitar realizar serviços como limpeza do templo, devido ao falso ego material. Mesmo que o rei Ambarisa fosse senhor das sete ilhas da terra, estava constantemente ocupado no serviço á Bhagavan, limpando seu templo com suas próprias mãos e realizando outros serviços. Segundo o caitanya-caritamrta, o rei Prataparudra varria a rua em frente a carroça de Sri Jagannatha Deva durante o festival Rathayatra em Jagannatha Puri. Ao ver esta atitude de serviço, Sri Caitanya Mahaprabhu ficou muito satisfeito com ele. Por tanto, de acordo com as instruções do nosso guru-varga, mesmo o mais insignificante serviço á Sri Bhagavan é muito favorável para nós. Pensar que serviços como limpeza do templo são insignificantes e considerar-se superior devido ao ego material, são a causa do abandono da busca pela meta transcendental.

O muito compassivo Bhagavan Sri Krsna oferece outra opção para quem, devido ao complexo de superioridade , é incapaz de se dedicar ao serviço devoçional. A pessoa deve atuar livre do desejo de desfrutar dos resultados do seu karma, e deve oferecer os resultados á Bhagavan.

Sloka 12


Sreyo hi jnanam abhyasaj

Jnanad dhyanam visisyate

Dhyanat karma-phala-tyagas

Tyagac chantir anantaram

Melhor do que o abhyasa é o jnana que estimula a contemplação de mim. Superior á este tipo de jnana é a meditação através da qual a pessoa me recorda constantemente. Esta meditação conduz á renúncia aos frutos das ações. Mediante tal renúncia, a pessoa se libera dos desejos de desfrutar de Svarga e obter moksa. Deste modo ela obtém paz mental.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan recita este verso para explicar, em ordem ascendente, a graduação entre abhyasa, manana e smarana. “Jnana significa absorver a inteligência em mim, porque a contemplação(manana) de mim é superior á abhyasa”. A meditação abhyasa requer grande esforço e é difíçil devido aos obstáculos, mas se alcança a etapa de manana, sua execução é façilitada.Isto é superior ao jnana, porque a meditação conduz á renúncia aos frutos da ação, ou melhor dizendo, dissipa os desejos pelos resultados das ações tais como prazeres em Svarga ou obter moksa.

Sloka 13-14

Advesta sarva-bhutanam

Maitrah karuna eva ca

Nirmamo nirahankarah

Sama-duhkha-sukhah ksami

Santustah satatam yogi

Yatatma drdha-niscayah

Mayy arpita-mano-buddhir

Yo mad-bhaktah as me priyah

Meu bhakta que não é invejoso e que é compassivo e amistoso com todas as entidades vivas, que está livre do sentimento de posse e careçe de falso ego, que é equilibrado na feliçidade e na aflição, que é magnânimo, que está sempre satisfeito e dotado com bhakti-yoga, que controla seus sentidos e está completamente dedicado á mim tanto com sua mente como com sua inteligência, é muito querido por mim.

Bhavanuvada

Qual é a natureza dos bhaktas que obteram o estado de paz mencionado? Prevendo esta pergunta de Arjuna, Sri Bhagavan explica as qualidades de seus bhaktas em oito versos, começando com este. Uma pessoa que não inveja ninguém, nem mesmo os que tem inveja por ele, se não que tem uma relação amistosa com ela, se chama advesta. Desejando que a pessoa descontente não se degrade ou caia de sua posição devido á uma atitude invejosa, os bhaktas sentem compaixão por ela. Se alguém perguntasse como e com qual tipo de discriminação alguém pode mostrar amizade e compaixão para com pessoas invejosa, a resposta é que estas atitudes existem naturalmente nos bhaktas, pois não discriminam. “ Meu bhakta está livre da inveja porque é nirmamah, ele não abriga sentimentos de posse para com seus filhos, esposa, e demais pessoas, e ao mesmo tempo, não se identifica com o corpo”.

O Senhor Siva afirma no Srimad Bhagavatam (6.17.28):

“Os que se dedicam á Sri narayana não temem nada, pois veem que Svarga, a liberação e o inferno são iguais”. A capacidade de ver a felicidade e a aflição com equanimidade se denomina sama-darsitva. Além do mais, eles aceitam que devem enfrentar o sofrimento, pois é o resultado de seu prarabdha-karma.

Mantendo-se equânimes, suportam todas as misérias com grande tolerãncia.

Se alguém se pergunta como os bhaktas podem manter suas vidas, a resposta é “santustah, se satisfazem com qualquer alimento que obteem pela vontade da providência ou com pouco esforço”. Arjuna perguntou: “ Mas antes voçê disse que eles são equãnimes, tanto na miséria quanto na felicidade e devem enfrentar a adversidade que significa não Ter comida. Como podem sentir-se satisfeitos quando conseguem alimentos por conta própria? Isto pareçe contraditório”. Bhagavan responde satatam yogi, “Dotados com bhakti-yoga, desejam manter seus corpos com o único desejo de alcançar a perfeição em bhakti”. Se por vontade da providência não consegue nada para comer, estas pessoas permaneçem impertubáveis. Se enfrentam uma situação que pertube sua mente, eles não praticam astanga-yoga para sossega-la. Por este motivo são conheçidos como drdha-niscayah; eles jamais se desviam do propósito exclusivo de obter ananya-bhakti por Bhagavan. “Os bhaktas são muito queridos por mim e atuam apenas para satisfazer-me”.

Prakasika – vrtti

Nos versos anteriores, depois de descrever os diversos tipos de sadhana praticados pelos bhaktas exclusivos e determinados, Sri Bhagavan explica suas qualidades nos próximos sete versos. Aqui a palavra advesta significa que eles não invejam. Eles pensam que a inveja é produto de prarabdha-karma administrado por Paramesvara, por tanto, não invejam ninguém. Pelo contrário, considerando que todos os seres são a morada de Paramesvara, manteem uma atitude amistosa com eles. Ao ver o sofrimento dos demais, qualquer que seja a causa, tratam de alivia-lo. Por tanto, são compassivos. Consideram que o corpo e tudo que está relacionado com ele são apenas transformações da natureza material e diferentes de seu atma-svarupa, por isso não tem nenhum sentido de possesão com seus próprios corpos e ao atuar, permaneçem livres da falsa identificação corpórea. Quando enfrentam felicidade e aflição materiais não sentem euforia nem lamentação, senão que permanecem equânime em ambas situações. Pelo fato de serem magnânimos, são também tolerantes. Como sempre estão satisfeitos em todas situações, seja na derrota ou vitória, fama ou infâmia, se consideram yogis e permaneçem firmemente estabelecidos no sadhana sob guia de Sri Gurudeva. A palavra yatatma significa” aquele que controla os sentidos”. Sua determinação é firme, pois nenhuma falsa lógica lhe perturba. No mundo material, nenhuma niséria pode descvia-los de bhagavad-bhakti. A qualidade especial dos ekantika-bhaktas consiste no fato que estão dotados com fé firme com a qual permite-lhes entender “ Sou o servo de Bhagavan”, e sua mente, corpo e demais posses está rendidos aos pés de lótus de Sri Bhagavan. Por tanto, os ekantika-bhaktas são muito queridos por ele.

Sloka 15

Yasman nodvijate loko

Lokan nodvijate ca yah

Harsamarsa-bhayodvegair

Mukto yah sa ca me priyah

O bhakta que não perturba ninguém nem é perurbado pelos outros, que está livre da felicidade mundana, da intolerância, do temor e da ansiedade, é sem dúvida muito querido por mim.

Bhavanuvada

No Srimad Bhagavatm (5.18.12) se diz: “Os semideuses e suas qualidades, residem apenas em quem possui ekantika-bhakti por Bhagavan”. Estas e outras qualidades que satisfazem Bhagavan surgem naturalmente pela prática contínua de sua bhakti.

Prakasika – vrtti

Nestes versos, Bhagavan descreve outras qualidades dos devotos de Bhagavan que se manifestam de forma natural através da prática de bhakti. Como disse anteriormente, não há possibilidade de que o comportamento dos meus bhaktas cause danos á alguém, pois estão livres da tendência de ser violentos com qualquer entidade viva, e além disso, tem uma disposição compassiva para com todos. Eles não provocam temor ou ansiedade á ninguém. É impossível alguém agitar-los visto que são equãnimes tanto na felicidade quanto no sofrimento. Quando alcançam a meta desejada não sentem euforia e nem tampouco sentem inveja ao ver a superioridade ou o progresso dos demais. Suas mentes jamais se perturbam pelo temor ou ansiedade de perder alguma posse.

Sloka 16

Anapeksah sucir daksa

Udasino gata-vyathah

Sarvarambha-parityagi

Yo mad-bhaktah sa me priyah

Este meu bhakta, que é indiferente á todas as atividades mundanas, que é puro tanto interna quanto externamente, que é hábil, que está desapegado e livre de toda agitação, e que evita cuidadosamente qualquer atividade desfarovável á bhakti, é muito querido por mim.

Yo na hrsyati na dvesti

Na socati na kanksati

Subhasubha-parityagi

Bhaktiman yah as me priyah

Aquele que não se deleita com prazeres mundanos nem se dezespera com as dificuldades materiais, que não se lamenta pela perda nem anseia a ganãnçia, que renunçia ás atividades piedosas e impiedosas e que me serve com devoção amorosa, é sem dúvida um bhakta muito querido por mim.

Prakasika-vrtti

“os devotos(bhaktas) não se regosijam quando teem um bom filho ou um bom disçípulo, nem se sentem decepcionados por um filho desobediente ou um mal disçípulo ; que não se absorvem na lamentação pela perda de um objeto amado nem desejam um objeto prazeiroso que não possuem ; que não se ocupam em atividades piedosas ou impiedosas e estão dedicados á mim, são muito queridos por mim.”

Slokas 18 – 19

Samah satrau ca mitre ca

Tatha manapamanayoh

Sitosna-sukha-duhkhesu

Samah sanga-vivarjitah

Tulya-ninda-stutir mauni

Santusto yena kenacit

Aniketah sthira-matir

Bhaktiman me priyo narah

Abençoado por minha bhakti, aquele que é igual ao lidar com amigos e inimigos, equilibrado na honra e na desonra, no frio e no calor, na felicidade e no sofrimento, no elogio e na crítica; que não busca a associação desfavorável e pratica o silêncio mediante controle da fala, que permanece satisfeito com qualquer coisa, que não está apegado ao seu lugar residêncial e que cuja inteligência está firmemente estabelecida, este bhakta(devoto) é muito querido por mim.

Prakasika-vrtti

Sri Krsna conclui agora sua glorificação das qualidades naturais de seus queridos devotos neste dois versos.

Sloka 20

Ye tu dharmamrtam idam

Yathoktam paryupasate

Sraddadhana mat-parama

Bhaktas te tiva me priyah

Sem dúvida, meus bhaktas que se dedicam exclusivamente á meu bhajan com fé firme e adoram o nectáreo dharma que foi descrito, são sumamente queridos por mim.

Bhavanuvada

Ao concluir sua descrição das características que se encontram nos bhaktas firmemente estabelecidos em sua bhakti, Sri Bhagavan explica o resultado para quem escuta, estuda ou medita nestas características com anseio de desenvolve-las. Todas as características citadas nascem de bhakti e produzem paz, elas não são qualidades materiais. Nas escrituras se diz: “ Apenas satisfaz Krsna, aquele que possui bhakti, e não aquele que possui qualidades materiais.”

Bhakti é supremo, prazeiroso e constitue a meta mais difíçil de ser alcançada. Neste capítulo foram ditas muitas de suas qualidades. Foi descrito que o jnana é como um limão amargo e bhakti como uma doçe uva. Os sadhakas ansiosos por algum desses sabores devem aceitar um deles de acordo com sua preferência pessoal.

Assim se conclui o décimo segundo capítulo do Srimad Bhagavd Gita




Capítulo 13

Prakrti-Purusa-Vibhaga-Yoga

A diferença entre a natureza material e o desfrutador



Sloka 1

Arjuna uvaca

Prakrtim purusancaiva

Ksetram ksetrajnam eva ca

Etad veditum icchami

Jnanam jneyanca kesava

Arjuna disse: Ó Kesava! Gostaria de compreender a natureza material(prakrti), o desfrutador(purusa), o campo(ksetra), o conhecedor do campo(ksetrajna), o conhecimento(jnana) e o objeto do conhecimento(jneya).

Bhavanuvada

Ofereço minhas reverências á bhagavad-bhakti, parte do qual está misericordiosamente situado nos proçessos tais como o jnana com o objetivo de garantir o êxito neles. Nesta terceira série de seis capítulos se descreve bhakti-misra-jnana mesclado com bhakti. Também se faz referência á supremacia de kevala-bhakti. O capítulo treze trata especificamente dos assuntos do corpo(ksetra), a jivatma e Paramatma(ksetrajna), o sadhana para conhece-los, o desfrutador(purusa) e a natureza(prakrti).

Só pode-se alcançar Bhagavan através de kevala-bhakti, isto se descreveu na segunda série de seis capítulos.

Prakasika-Vrtti

O Srimad Bhagavad Gita consta de dezoito capítulos que se dividem em três partes. Os primeiros seis capítulos descrevem o niskama-karma-yoga, o bhakti-misra-jnana e os temas relevantes sobre jivatma e Paramatma. A Segunda série seis capítulos explica as glórias de kevala-bhakti, deliberam sobre o para e apara bhakti, e descrevem as glórias da svarupa de Sri Bhagavan e do bhakta. Também explica a peculiaridade e supremacia de bhakti sobre os outros processos e começa á falar detalhadamente sobre temas realcionados. O tattva jnana, que se descreveu, é explanado na terceira série de seis capítulos. A presente descrição é uma parte da explanação sobre a natureza material, o desfrutador, o campo e o conhecedor do campo. A instrução mais confidencial do Gita é dada no capítulo dezoito.

Sloka 2

Sri bhagavan uvaca

Idam sariram kaunteya

Ksetram ity abhidhiyate

Etadyo vetti tam prahuh

Ksetrajna iti tad-vidah

Sri Bhagavan disse: Ó Kaunteya! Os que estão dotados com conhecimento acerca de ksetra e ksetra-jna sabem que o corpo é conhecido como ksetra(o campo) e aquele que conheçe o corpo se denomina ksetra-jna(o conhecedor do campo).

Bhavanuvada

O que é ksetra? E o que é ksetra-jna? Em resposta á esta pergunta, Sri Bhagavan recita este verso, que começa com a palavra idam. O corpo se denomina ksetra em razão de ser o refúgio de todo o desfrute sensual; em outras palavras, é a origem da árvore da existência material. As jivas condicionadas estão cobertas pelo conceito errõneo gerado pelo falso ego de “eu” e “meu” com relação á seus corpos, e não se libertam desta mentalidade até que alcançam o estado de liberação. Em outras palavras, se desapegam do corpo apenas quando se liberam. A jiva situada em qualquer deste estados se conheçe como ksetra-jna.

Sri Bhagavan diz no Srimad Bhagavatam (11.12.23)

“As almas condicionadas ignorantes que estão ávidas por obter objetos sensíveis experimentam misérias como um dos frutos da árvore da existência material. Em última análise os planetas celestiais também são miseráveis. Por outro lado as mukta jivas ou almas liberadas que vivem na árvore obtém outra classe de fruto: a eterna felicidade da liberação. Assim sendo, a árvore da existência material conduz á distintos destinos como Svarga(planetas celestiais), Naraka(o inferno) e a liberação. Considera-se por tanto, que a árvore está composta por maya e tem múltiplas formas devido á que nasce de maya-sakti. Apenas os que aceitam um sad-guru compreendem este segredo e conheçem realmente o ksetra e o ksetra-jna.”

Prakasika-Vrtti

Após escutar as perguntas de Arjuna, Bhagavan Sri Krsna estabelece que o corpo da jiva condicionada, juntamente com seu ar vital e sentidos ,constituem seu lugar de desfrute e se denomina ksetra. Aquele que conhece o corpo entende que ele é o meio de desfrute para quem está no estado condicionado e o meio de alcançar a liberação para os que estão na etapa de moksa. A jiva situada em qualquer destes estados se denomina ksetra-jna. Não obstante, Sri Baladeva Vidyabhusana diz: “A jiva que se identifica com o corpo não compreende o tattva do corpo. Por tanto não é ksetra-jna.”

Os que aceitam seu corpo como seu ser, o considera unicamente como meio para o desfrute. Intoxicados pelo falso ego material, estão atados ao samsara ou existência material; vida após vida, seu único ganho é a miséria. Ao contrário, os que se liberam do ego material enquanto permanecem no corpo e oferecem serviço á Sri Hari, alcançam gradualmente a felicidade de moksa. Conseguem o êxito ao obter a oportunidade de servir Bhagavan.

Sloka 3

Ksetrajnam capi mam viddhi

Sarva-ksetresu bharata

Ksetra-ksetresu bharata

Ksetra-ksetrajnayor jnanam

Yat taj jnanam matam mama

Ó Bharata! Deves saber que sou o único conhecedor de todos os ksetras. O conhecimento do corpo como sendo ksetra, e o conhecimento da jiva e isvara como ksetra-jna é um conhecimento verdadeiro. Esta é minha opinião.

Bhavanuvada

Assim sendo, a entidade viva se denomina ksetra-jna poruqe tem conhecimento sobre o ksetra, mas Paramatma tem um conhecimento mais profundo que as jivas pois conhece cada aspecto de todos os ksetras. Este verso, que começa com as palavras ksetra-jnam, explica seu ksetra-tattva ou a qualidade de conhecer o ksetra. Sri Bhagavan diz: “Você deve saber que u, Paramatma, sou ksetra-jna que está situado como o controlador de todos os ksetras. A jiva é ksetra-jna apenas de seu ksetra individual e ainda sim seu conhecimento é incompleto. Sou o único que conhece todos os ksetras completamente. Esta é minha peculiaridade”.

Sloka 4

Tat ksetram yac ca yadrk ca

Yad-vikari yatas ca yat

As ca yo yat prabhavas ca

Tat samasena me srnu

Agora escuta minha breve descrição do ksetra, suas características e transformações, porque e de quem surgiu e qual é a natureza e a influência do ksetra-jna.


Bhavanuvada

Neste verso que começa com as palavras tat ksetram, Sri Bhagavan fala mais profundamente sobre o significado da palavra ksetra, que já foi mencionada de maneira simples. O ksetra é uma combinação de cinco elementos, o ar vital e os sentidos.”Escuta como o ksetra, o campo integrado por um corpo grosseiro e outro sutil, possui diferentes tipos de natureza, desejos e transformações tais como a inimizade e amizade. Escuta como nasce da união da prakrti e o purusa e como se manifesta de maneira diferente em distintas formas móveis e imóveis. O ksetra-jna é a jivatma e também Paramatma.” De acordo com as regras da gramática sanscrita, a palavra ksetra-jna é usada aqui em gênero neutro porque a palavra ksetra se utiliza em tal gênero.

Sloka 5

Rsibhir bahudha gitam

Chandobhir vividhaih prthak

Brahma-sutra-padais caiva

Hetumadbhir viniscitaih

Os sábios explicaram o prinçípio do ksetra e do ksetra-jna de muitas formas diferentes em inúmeras escrituras védicas, e no brahma-sutra canta-se com uma lógica perfeita e com evidências categóricas.

Bhavanuvada

“Quem descreve sobre este tema que você irá me explicar agora?”

Antecipando a pergunta de Arjuna, Sri Bhagavan diz: “Santos como Vasistha, entre outros, descreveram o tema nos seus yoga-sastras. Chandobhir significa que se explica nos Vedas e também no Brahma-sutra, em sutras ou aforismos como athato brahma-jijnasa.

Visto que as características do brahma, a Suprema Verdade Absoluta, estão sustentadas pelos sastras, estes se conhecem como pada ou,”aquele que proporciona evidência para demonstrar sua existência”. Qual é a natureza do brahma? Bhagavan responde: “ Os videntes que percebem tudo em termos de causa e efeito á definem no brahma-sutra; iksate nasabdam, “ O Senhor Supremo não é indescritível e, anandamayo bhyasat, O Senhor Supremo é bem aventurado por natuteza”.

Slokas 6 -7

Maha-bhutany-ahankaro

Buddhir avyaktam eva ca

Indriyani dasaikanca

Panca cendriya-gocarah

Iccha dvesah sukham duhkham

Sanghatas cetana dhrtih

Etat ksetram samasena

As-vikaram udahrtam

Os cinco grande elementos, o falso ego, a inteligência, a prakrti, os onze sentidos, os cinco objetos dos sentidos, os desejos, a aversão, a felicidade, a miséria, o corpo, o conhecimento e a paciência constituem uma breve descrição do ksetra, junto com suas transformações mundanas.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan explica a natureza do ksetra. A terra, a água, o fogo, o ar e o céu, sua causa (falso ego), a inteligência na forma de razões científicas, o maha-tattva (causa do falso ego), a prakrti (causa do maha-tattva), os dez sentidos de trabalho e aquisição de conhecimento, a mente e os cinco objetos sensíveis (tais como o som e o tato) fazem referência aos vinte quatro elementos.

Slokas 8 –12

Amanitvam adambhitvam

Ahimsa ksantir arjavam

Acaryopasanam saucam

Sthairyam atma-vinigrahah

Indriyarthesu vairagyam

Anahankara eva ca

Janma-mrtyu-jara-vyadhi

Dunkha-dosanudarsanam

Asaktir anabhisvangah

Putra-dara-grhadisu

Nityanca sama-cittatvam

Istanistopapattisu

Mayi cananya-yogena

Bhaktir avyabhicarini

Vivikta-desa-sevitvam

Aratir jana-samsadi

Adhyatma-jnana-nityatvam

Tattva-jnanartha-darsanam

Etaj jnanam iti proktam

Ajnanam yad ato´nyatha

O desapego do desejo de honra, a humildade, a não violência, a tolerância, o perdão, o serviço á um Guru genuíno, a pureza tanto interna como externa, a cosntãncia, o controle do corpo e dos sentidos, o desapego dos objetos dos sentidos, a ausência de falso ego, a constante percepção das misérias do nascimento, morte, velhice e doença, o desapego da esposa, filhos etc.., a indiferença na felicidade e na tristeza etc..., a equanimidade com o ganho de objetos favoráveis ou desfavoráveis, bhakti incondicional, determinada e ininterrupta á mim, gosto pela solidão e aversão á associação com pessoas materialistas, a meditação interna constante, os princípios da auto realização que falei anteriormente, isto é conhecimento verdadeiro. Qualquer outra atitude é somente ignorância.

Bhavanuvada

Nestes cinco versos, Sri Bhagavan explica vinte meios, sadhanas, para se alcançar a meta. O primeiro deles é a humildade. Também explica as qualidades as qualidades dos ksetra-jnas – jivatma e Paramatma, que são diferentes das características do ksetra préviamente mencionadas. Dezoito destas qualidades são gerais e servem tanto para os jnanis como para os bhaktas. Bhagavan afirma: mayi cananya-yogena bhaktir avyabhicarini. Para poder percebe-lo, é indispensável que os devotos se esfórçem com sinceridade na ekantika-bhakti. Dezessete qualidades, começando com a humildade, se manifestam de forma natural nos devotos que praticam a devoção pura; eles não necessitam esforços separados para adquirir estas qualidades. As duas últimas qualidades, não obstante, são exclusivas dos jnanis. Esta é a opinião da comunidade dos devotos.

Ainda sim, os jnanis tem uma opinião diferente. Alegam que ananya yogena significa ver o ser em tudo e avyabhicarini significa executar o yoga todos os dias. Segundo Sripada Madhusudana Sarasvati, a palavra avyabhicarini significa “aquele que não pode ser detido por nada”. A palavra adhyatma-jnana se refere ao conhecimento que se encontra no ser e que deve praticar-se constantemente se desejam a purificação do ser.

Os sintomas da ignorância (ajnana), tais como o desejo de honra, se opõem ás qualidades mencionadas.

Prakasika-vrtti

Bhaktivinoda thakura diz que destas vinte qualidades citadas neste verso deve-se adotar a devoção imaculada e incondicional á Sri Krsna e que as outras dezenove qualidades são frutos secundários desta bhakti.

Sloka 13

Jneyam yat tat pravaksyami

Yaj jnatva ´mrtam asnute

Anadimat param brahma

Na sat tan nasad ucyate

Agora te explicarei o que é jneya, aquele que se deve conhecer, pois ao compreende-lo, obtém-se moksa (liberação). O brahma que não tem começo e depende de mim, está além da causa e do efeito desta criação.

Prakasika-vrtti

Préviamente Sri Bhagavan explicou o método para se obter jnana. Neste verso desenvolve-se o assunto sobre o para-tattva conhecível, que é a meta do jnana. Os jnanis pensam que o para-tattva é o nirvisesa-brahma. Imaginam que o para-tattva carece de nome, forma, qualidades, atividades e associados; um vazio que não se pode descrever com adjetivos como “O dono das energias”, diversificado ou ativo. Os suddha-bhaktas que se refugiam em ananya-avyabhicarini bhakti, veem o parabrahma, o para-tattva, como Sri Krsna, a Verdade Absoluta, o qual é a personificação dos jogos transcendentais e a base de todas as qualidades, energias e doces relações que estão livres das insignificantes qualidades materiais. Ainda que em algumas passagens dos srutis se descreve contextualmente o tattva como nirvisesa, estas descrições só negam que Krsna possui qualidades materiais, não que não tem qualidades transcendentais. Os sastras iluminam este profundo segredo.

“Os próprios mantras védicos que descrevem primeiro o tattva como nirvisesa, o mostram como savisesa. Ambos são aspectos de Bhagavan, mas uma consideração mais profunda revela que o savisesa-tattva é superior visto que apenas este é perceptível neste mundo material, enquanto que o nirvisesa-tattva não se experimenta em absoluto”. (Hayasirsa-pancaratra)

Sloka 14

Sarvatah pani-padam tat

Sarvato ksi-siro-mukham

Sarvatah srutimal loke

Sarvam avrtya tisthati

Suas mãos e seus pés estão em todas as partes. Seus olhos, cabeças e rostos se infiltram em todas as direções e ele também ouve tudo. Situado desta maneira, o brahma penetra em todo universo.

Bhavanuvada

Afirmar que o brahma é distinto da causa e do efeito não contradiz os srutis como : sarvam khalv idam brahma, “tudo isto é brahma”.

Antecipando este tipo de pergunta, Bhagavan explica que por natureza o brahma está além da causa e efeito, e é tanto a causa e efeito, visto que a energia e o possuidor da energia são não diferentes. Por tanto, ele disse que suas mãos e pés entram em todas as partes. Isto implica que o brahma tem limitados braços e pés na forma de dois braços e pés de cada entidade viva visível, desde o Senhor Brahma até uma diminuta formiga. Assim mesmo, seus olhos, cabeças, bocas e ouvidos estão também em todas as partes.

Prakasika-vrtti

No verso anterior se descreveu o brahma como um ser que está além da causa e do efeito. Pode-se citar o Vedanta sutra – sakti-saktimator abhedah: “ a energia e seu possuidor não são diferentes”. Assim sendo, pode-se entender que todos os efeitos, incluindo o mundo visível, são a svarupa de Bhagavan por ser transformações de sua sakti. Neste verso agora clareia-se este ponto.

O brahma existe em todas as partes mediante as mãos, pés e demais membros de todas as entidades vivas que estão submetidas á ele e situadas dentro dele. Devido ao fato de que ele é onipenetrante, ele possui mãos, pés e ouvidos ilimitados. As entidades vivas não são onipenetrantes, assim não podem Ter mãos, pés e ouvidos ilimitados. Paramatma é onipotente, mas a jiva não.

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: “ Assim como os raios do sol iluminam devido á sua dependência deste astro, o brahma-tattva obteve seu aspecto infinito e onipenetrante por depender da minha potência. A existência do brahma, que é a fundação das ilimitadas jivas, desde Brahma até uma formiga, compôe-se coletivamente de mãos, pés, olhos, cabeças, bocas e ouvidos ilimitados e é visível por toda sua manifestação cósmica.

Sloka 15

Sarvendriya-gunabhasam

Sarvendriya-vivarjitam

Asaktam sarva-bhrc-caiva

Nirgunam guna-bhokr ca

O parabrahma é a fonte de todos os sentidos e de suas respectivas funções, mas carece de sentidos materiais. Ainda que está desapegado, é ele que sustém todas as entidades vivas e ainda que seja nirguna, ele é o desfrutador das seis qualidades transcendentais.

Bhavanuvada

Além disso, ele manifesta todos os objetos sensíveis e os sentidos. Os srutis dizem: “Ele é o olho do olho”, e “Ele manifesta as funções dos sentidos tais como o som”. Ainda sim, ele não tem sentidos materiais porque seus sentidos são trancendentais.

Ele não está apegado ao plano mundano e mantém á todos e cada um através da sua forma de Vishnu. É nirguna, possui uma forma transcendental que está livre das qualidades materiais e é guna-bhoktir, superior á estas. É conhecido como bhoga porque é o desfrutador dos seis tipos de opulências transcendentais.

Sloka 16

Bahir antas ca bhutanam

Acaram caram eva ca

Suksmatvat tad avijneyam

Dura-stham cantike ca tat

A entidade Absoluta habita dentro e fora de todos os seres móveis e imóveis. É muito difícil de compreende-lo poruqe é muito sutil. Ele está simultaneamente longe e perto.

Bhavanuvada

Ele está situado em todas as partes, tanto dentro quanto fora de todas as entidades e elementos da sua criação, assim como o céu está dentro e fora do corpo. Ele é o todo, tanto os seres móveis ou imóveis, porque é a causa de toda criação. Mesmo assim, não se pode percebe-lo de forma direta já que sua forma e semais atributos são diferentes das formas e qualidades materiais.

Por tanto , ele está situado a milhões de kilometros das pessoas ignorantes, e está muito perto aos que estão iluminados com o conhecimento transcendental.

Prakasika-vrtti

Paramesvara está situado coração de todos os seres em sua forma Ataryami e existe fora de todo em seu aspecto onipenetrante como Paramesvara.

Apenas os ananyas bhaktas podem conhece-lo através da influência de ananya bhakti. Por tanto ele está muito perto dos ananyas bhaktas e muito distante dos não devotos.

Sloka 17

Avibhaktanca bhutesu

Vibhaktam iva ca sthitam

Bhuta-bharttr ca taj jneyam

Grasisnu prabhavisnu ca

Mesmo que é indivisível está situado dentro de cada ser como se tivesse se dividido. Tente entender que ele é o sustentador, o aniquilador e o criador de todos os seres.

Bhavanuvada

Como Sri Narayana ele é o mantenedor de todas as entidades vivas no período da manutenção. Como Grasisnu ele é o destruídor no momento da aniquilação e, na hora da criação é Prabhavishnu, o criador dos diferentes efeitos e formas.

Prakasika-Vrtti

Mesmo que aparece de forma diferente em todas as entidades vivas, o parama-tattva está situado em uma forma invisível. Os srutis afirmam: “Mesmo sendo um, ele pode ser visto de diferentes formas”. O smrti estabelece: “Apenas um Paramatma, Visnu, existe em todo lugar. Não há dúvida sobre esta singularidade”. Assim como o mesmo sol aparece em formas diferentes de acordo com o lugar, Paramatma aparece em diversas formas através de sua potência inconcebível mesmo sendo um. Ele existe como Antaryami individual dentro dos corações das jivas, enquanto que externamente é onipenetrante, o purusa coletivo, Paramesvara. É também o sustentador e aniquilador de toda esta existência.

Sloka 18

Jyotisam api taj jyotis

Tamasah param ucyate

Jnanam jneyam jnana-gamyam

Hrdi sarvasya dhisthitam

Ele é a fonte de luz de todos os objetos luminosos e é transcendental á ignorância. Ele é o verdadeiro conhecimento, o verdadeiro objeto do conhecimento e pode ser conhecido através do processo de jnana. Ele habita nos corações de todos os seres.

Bhavanuvada

Ele é inclusive a luz que emana dos objetos luminosos como a lua e o sol. Esta característica se confirma nos srutis: suryas tapati tejasendrah, “ mediante seu resplendor, o sol se torna luminosos e distribui o calor”. Se o sol, a lua ou as estrelas não parecem charmosas e radiantes comparadas com Ele, que dizer do fogo. Refulgentes em aparência, todos eles adquirem sua luminosidade á partir do brilho. É unicamente por sua refulgência que adquirem sua qualidade de iluminação.

Prakasika-Vrtti

Paramesvara, o ksetra - jna completo, é o iluminador original de todos os objetos luminosos tais como o sol, a lua e o fogo. Na tatra suryo vibhati: “Se o sol, a lua, as estrelas ou o fogo não podem iluminar o auto refulgente parabrahma, o raio menos ainda. E é através do auto refulgente brahma que todos os objetos luminosos como o sol podem dar a luz. O mundo móvel e imóvel está iluminado pela refulgência corporal de Parabrahma”. No Srimad Bhagavatam(3.25.42) está dito:

“O vento sopra e o sol brilha por temor á mim”.

Sloka 19

Iti ksetram tatha jnanam

Jneyancoktam samasatah

Mad-bhakta etad vijnaya

Mad-bhavayopapadyate

Descrevi brevemente o campo, o conhecimento e o conhecível. Meu bhakta se capacita para alcançar minha prema bhakti quando os compreende.

Bhavanuvada

Aquí, no verso que começa com a palavra iti, Sri Bhagavan conclui suas declarações sobre o conhecimento do ksetra e o ksetrajna explicando quem está capacitado para compreender este conhecimento e qual é seu resultado. No presente capítulo foi explicado a palavra ksetra á partir do verso “adhyatma-jnana-nityatvam” (Gita 13.6), até o verso “adhyatma-jnana-nityatvam” (Gita 13.12). Tmbém foi descrito o jnana desde o verso Gita(13.6) até o verso(13.13). O jneyah e o jnana gamyam foi descrito desde o verso que começa com a palavra jneyam. A própria Realidade Absoluta é conhecida como brahma, Paramatma e Bhagavan.

Apalavra mad-bhakta se refere ao jnani que está dotado com bhakti. Mad-bhavaya significa que eles alcançam sayujya-mukti. Mad bhakta também se refere á: “Meu servo puro que pensa ‘meu Prabhu tem grande aisvarya’ está capacitado para obter meu prema”. Assim, se capacita para executar prema-bhakti.

Prakasika-vrtti

Neste verso, Sri Bhagavan estabelece claramente que os karmis, os jnanis, os yogis, os tapasvis e os nirvisesa-mayavadis não podem compreender a essência real do Bhagavad Gita; apenas os bhaktas de Bhagavan podem entende-lo. Tal é o significado profundo dos tattvas de jneya, jnata e jnana tal como se descreve no Gita. Por esta razão uma pessoa deve praticar bhakti refugiando-se nos pés de lótus de um Guru Genuíno.

Sloka 20

Prakrtim purusancaiva

Viddhyanadi ubhav api

Vikarams ca gunams caiva

Viddhi prakrti-sambhavan

Há de saber que tanto a prakrti quanto a entidade viva não tem começo e que suas transformações e qualidades nascem da natureza material.

Bhavanuvada

Depois de descrever paramatma, Sri Bhagavan passa agora á explicar jivatma(purusa) que é também um ksetra-jna. “Porque surgiu a relação entre este ksetra-jna e a natureza material(prakrti)? Quando começou?”. Esperando estas perguntas, Sri Bhagavan responde com o verso que começa com a palavra prakrti. “ A natureza material e a jiva não tem começo. Em outras palavras, sua causa não tem um princípio. Visto que eu, Isvara, não tenho começo, eles, sendo minhas energias, tampouco tem.

Também no Bhagavad Gita(7.4-5) está dito:

“A natureza material está dividida em oito partes – o céu, a água, o fogo, o ar, o éter, a mente, a inteligência e o ego – mas é inferior á outra natureza minha. As jivas são minha energia superior. Aceitam o mundo material para desfrutar os resultados de suas ações.”

Segundo minha própria declaração, visto que maya e a jiva são minhas energias, elas não tem começo e, por tanto, sua relação tampouco tem um princípio. E ainda que estão relacionadas entre si, são diferentes”. Sri Bhagavan diz que o corpo e os sentidos, as transformações dos gunas tais como a felicidade, a aflição, a lamentação e a ilusão, nascem á partir de prakrti. A jiva, que se modifica em forma do ksetra, é diferente da prakrti.

Prakasika-vrtti

A pós explicar ambos os ksetras, o ksetra-jna parcial(a jiva), o ksetra-jna completo(Paramesvara), o jnana e o jneya, Sri Bhagavan fala agora das transformações do ksetra tais como a luxúria, a ira, o afeto, e o medo, e de como surgiu a relação entre o ksetra-jna jiva e maya. Nem a prakrti nem a jiva tem um começo visto que são energias de Paramesvara. Assim elas também são eternas. A prakrti inerte se chama apara-prakrti e a jiva se denomina para-prakrti.

O Sri Caitanya Caritamrta estabelece nos ensinamentos á Sanatana Goswami (Madhya-lila 20.108,109, 111, 117)

“ Por sua constituição, a jiva é uma serva eterna de Krsna. A tatastha-sakti de Krsna se transforma em ilimitadas jivas. Devido ao fato da energia não ser diferente do enegético, as jivas conscientes atômicas que são as transformações da sakti são de alguma forma iguais á Krsna. Simultaneamente elas também são eternamente diferentes em muitos sentidos. Bhagavan é ilimitadamente consciente e a jiva é infinitamente consciente. Ambos são iguais de acordo com a perspectiva de consciência, mas Bhagavan é a entidade consciente completa e a jiva é uma entidade consciente atômica. Bhagavan é o amo de maya e a jiva é subjulgada por maya. Bhagavan é a causa da criação, a manutenção e a destruição, a qual a jiva é incapaz. Pode-se dar o exemplo de que assim como as partículas ilimitadas e diminutas faíscas são formadas pelo fogo, as ilimitadas e atômicas jivas conscientes emanam de Bhagavan.

Sloka 21

Karya-karana-karttrtve

Hetuh prakrtir ucyate

Purusah sukha-duhkhanam

Bhoktrtve hetur ucyate

Se diz que a prakrti é a origem da causa e do efeito materiais, enquanto que a entidade viva condicionada é a causa do sentimento de felicidade e aflição materiais.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan revela agora a relação da jiva com maya. Karya(o efeito) se refere ao corpo; karana(a causa) se refere aos sentidos que são o meio para obter felicidade ou miséria, e karttrtva(o agente) se refere ás deidades regentes dos sentidos(os semi-deuses). Devido á ignorãncia a entidade viva condicionada delega á si mesma o sentimento de que ela é a executora ou a agente, mas a verdadeira causa deste sentimento é a prakrti. É apenas a prakrti que se tranforma em efeito para entrar em contato com a jiva. A tendência de maya é dar um conhecimento ilusório á jiva.

Segundo a lógica, se diz que a prakrti é a causa do corpo, dos sentidos e dos semi-deuses, e que a jiva é a causa do desfrute e da aversão.

Sloka 22

Purusah prakrti-stho hi

Bhunkte prakrti-jan gunam

Karanam guna-sango ´sya

Sad-asad-yoni-janmasu

Estando situada na prakrti, a jiva desfruta dos objetos dos sentidos nascidos dela. A causa do seu nascimento em espécies superiores e inferiores é a sua associação com as qualidades da natureza.

Bhavanuvada

A jiva considera as qualidades da prakrti como sendo suas, tais como as deidades regentes dos sentidos e a experimentação da felicidade e aflição, devido ao falso conhecimento surgido da ignorância desde tempos imemoriais.

Esta é a razão do seu aprisionamento no mundo material. A jiva se situa dentro do corpo, o qual é efeito da prakrti, e absorve-se completamente na identificação do seu corpo com seu próprio ser. Devido ao seu falso ego, a jiva considera que os aspectos da mente como a lamentação, ilusão e miséria, que são gerados pelas qualidades da prakrti são seus e assim sofrem por eles. Tal identificação se deve á sua associação com as qualidades da natureza material. Isto significa que tal identificação com o corpo, que é feita de qualidades materiais, é uma suposição baseada na ignorância visto que na verdade a jiva está livre desta associação. “Então, onde a jiva desfruta?”. Esperando esta pergunta, Sri Bhagavan disse: “Nas espécies cuja consciência é superior como os Sadhus e os semi-deuses” e “Nas espécies cuja consciência é mais baixa como os animais”. Ela nasce e experimenta felicidade ou sofrimento em razão do seu bom ou mal karma.

Prakasika-vrtti

Por Ter se esquecido de Krsna, as jivas, que são de natureza marginal, consideram seus corpos como sendo seu próprio ser. Pensam que são as autoras e as desfrutadoras da matéria inerte. Assim, são atadas ao mundo material e nascem em distintas espécies de vida nas quais experimentam felicidade e aflição. As jivas que são enganadas por maya, caíram no ciclo de repetidos nascimentos e mortes,e como consequencia sofrem misérias mundanas, nascendo as vezes em svarga, as vezes no inferno, as vezes como rei ou súditos, as vezes como brahmana ou sudras, e as vezes como fantasma, demônios, servos ou amos. Algumas vezes são felizes e outras são sofredoras. A consciência da jiva é atômica e mesmo que ela seja uma serva de Bhagavan, ela se vê enganada por maya, que se encontra muito perto. Ela é enganada devido á que abriga desejos materiais como resultado de sua aversão á Krsna. Assim, como a inteligência de uma pessoa possuída por um duende ou um fantasma fica coberta pela ignorância, a inteligência das jivas confundidas fica coberta por maya. Pela misericórdia de Bhagavan e seus devotos, elas obtém uma associação apropriada, libera-se de maya e uma vez situada em sua posição natural, desfruta felizmente do serviço á Bhagavan.

Sloka 23

Upadrastanumanta ca

Bhartta bhokta mahesvarah

Paramatmeti capy ukto

Dehe´smin purusah parah

Neste corpo existe um purusa superior que é o desfrutador transcendental. Ele é Paramatma: o testemunho, o sancionador, o amo, o sustentador e o Controlador Supremo.

Bhavanuvada

Após falar sobre a jivatma, Bhagavan fala agora sobre Paramatma

Neste verso. A partir do verso “anadi mat-param brahma” (Gita 13.13) até o verso “hrdi sarvasya visthitam” (Gita 13.18) descreve Paramatma de maneira geral e também específica. Mesmo que Paramatma se mantém perto da jiva está sempre separado dela. Paramatma está localizado dentro do corpo e é superior á atma. Anumanta significa que enquanto reside perto da jiva, ele é generoso e facilitador. Bharta significa sustentador e bhokta significa protetor.

Prakasika-vrtti

Paramatma que está situado como um testemunho no corpo, é diferente da jiva. Os advaita-vadis (monistas) consideram que a jivatma e Paramatma são unos, mas neste verso fica claro que Paramatma é diferente da jiva. Devido ao fato de que ele é superior á jivatma, é conhecido como Paramatma ou atma suprema; é uma porção de uma porção de Svayam Bhagavan Sri Krsna. Sem sua permissão a jiva não pode fazer nada. Mesmo que vive com a jiva, Paramatma é sempre o amo da jiva e de maya.

Bhagavan outorga a independência á jiva. Quando a entidade viva utiliza apropriadamente, pode desfrutar facilmente de prema-mayi-seva á Sri Bhagavan em seu eterno dhama, mas quando usa indevidamente sua independência ela é atada por maya e assim sofre os três tipos de misérias incluindo o ciclo de nascimentos e mortes. O Svetasvatara Upanisad (4.6) e o Mundaka Upanisad (3.1.1) afirma:

“Ksridakasayi-purusa e a jiva vivem juntos no mundo material temporário ( o corpo) como dois amigos em uma árvore pippala. A jiva saboreia os frutos da árvore de acordo com seu karma e Paramatma testemunha seus atos. Ele não saboreia os frutos, ele apenas contempla seu amigo”.

Sloka 24

Ya evam vetti purusam

Prakrtinca gunaih saha

Sarvatha varttamano ´pi

Na as bhuyo ´bhijayate

Aquele que compreende os princípios de Paramatma, da entidade viva e da natureza material juntamente com suas três qualidades, não nasce de novo, seja qual for sua condição atual.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan recita este verso para explicar o resultado do jnana. “Mesmo que estejam iludidos pelo sonho e perturbação mental, aquele que conhece o purusa(Paramatma), a prakrti(energia material) e a jiva sakti(indicada pela palavra ca) não volta á nascer.

Prakasika-vrtti

O sadhaka se capacita para liberar-se quando conhece o bhakti-tattva, a jiva tattva, o paramatma tattva e suas relações mútuas. Assim, pela misericórdia de um sad-guru e dos vaishnavas e por seguir o caminho de suddha bhakti, alcança gradualmente as etapas de sraddha, nistha, ruci, asakti, bhava e finalmente Bhagavat prema quando entra na morada de Bhagavan. Ele nunca cai do bhagavat-dhama. A idéia imaginária de que as jivas condicionadas estiveram alguma vez ocupadas no serviço á Bhagavan em sua morada e que de alguma forma caíram no mundo material é completamente contrária á conclusão dos sastras. Se aceitássemos esta teoria com um propósito de discussão, surgiria a pergunta; “Qual é então a importância ou as glórias de bhakti e de prema se caem de novo no mundo material depois de executar um sadhana rigoroso e alcançar a morada de Bhagavan?”.

Os exemplos de Citraketu e Jaya e Vijaya não são adequados neste contexto porque eles são associados eternos de Bhagavan. Eles descendem ao mundo material pela vontade de Bhagavan, para o bem estar de todas as entidades vivas e para nutrir sua lila. Considera-los como almas ordinárias é uma grave ofensa.

Sloka 25

Dhyanenatmani pasyanti

Kecid atmanam atmana

Anye sankhyena yogena

Karma-yogena capare

Meditando na Pessoa Suprema, os bhaktas podem ve-la dentro de seus corações. Os jnanis podem ve-la através de sankhya-yoga, os yogis através de astanga-yoga e outros através do processo de niskama-karma-yoga.

Bhavanuvada

Neste verso e também no seguinte, Sri Bhagavan explica os diferentes meios para alcançar o conhecimento do ser. Através de dhyana(meditação em Bhagavan), alguns bhaktas o veem em seus corações.

O Gita (18.55) expões isto. “Os jnanis se esfórçam para ver-me através de sankhya, o estudo analítico da consciência e da matéria inerte, os yogis através de astanga-yoga e os karmis através do niskama-karma-yoga”. Aqui o sankhya yoga, astanga-yoga e niskama-karma-yoga não são as causas diretas para receber o darsana(visão) de Paramatma visto que são todos sattvika e Paramatma está além das qualidades materiais. Também é dito no Srimad Bhagavatam (11.19.1) “Deve-se me entregar o jnana”. No verso 11.14.21 agrega: “Sou alcançável apenas através de ekantika-bhakti”.

Prakasika-vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: “Ó Arjuna, com relação á meta da vida mais elevada, as baddha-jivas estão divididas em dois grupos: as aversas á vida espiritual e as inclinadas á vida espiritual. Os ateus, os agnósticos(aqueles que estão apegados á materia inerte) e os moralistas estão incluidos no grupo das pessoas aversas á Bhagavan. Uma pessoa inquisitiva e fiel, um karma yogi e um bhakta estão no segundo grupo. Os bhaktas são superiores visto que se refugiam no conhecimento que está além de prakrti e meditam em Paramatma dentro do ser. Os sankhya yogis que buscam Isvara o seguem com superioridade. Depois de meditar na prakrti, a qual está formada por vinte e quatro elementos, eles compreendem que o elemento vinte e cinco, a jiva, é uma entidade consciente pura. Gradualmente se dedicam á bhakti-yoga como o elemento vinte e seis. Através de niskama-karma-yoga desenvolvem a facilidade de meditar em Bhagavan ou adora-lo.”

Sloka 26

Anye tv evam ajanantah

Srutvanyebhya upasate

Te´pi catitaranty eva

Mrtyum sruti-parayanah

Por outro lado, há pessoas que não conhecem estes princípios porém desenvolvem

o desejo de adorar Bhagavan após escutar os Acaryas. Graças á sua devoção por escutar, eles podem transcender gradualmente o mundo mortal. Isto não há dúvida.

Prakasika-vrtti

Neste verso, Bhagavan ensina sobre um proçesso muito importante.

“Há certas pessoas que não são ateus, mayavadis ou filósofos. Mesmo que seja gente influente na sociedade, eles tem muita fé porque possuem boas impressões de vidas passadas(samskaras).

Elas me adoram de uma forma ou de outra quando escutam o bhagavat-katha na compania dos devotos e recebem instruções de diversos pregadores. Logo, quando conseguem a associação com os suddha bhaktas, recebem a oportunidade de escutar um hari-katha puro, entram em bhakti-tattva e finalmente me alcançam”.

A carência de educação sobre o conhecimento da alma é frequente na assim chamada ‘sociedade civilizada’, mas o Bhagavad Gita e o Srimad Bhagavatam explicam que o processo de escutar sobre estes assuntos é muito poderoso.

Mais recentemente, o processo foi dado por Sri Caitanya Mahaprabhu, quem deu muita enfase para se escutar e cantar o maha mantra Hare Krsna. Sua instrução principal é que pela influência de escutar o sri hari nama e o bhagavat katha, pode-se alcançar facilmente o serviço á Bhagavan. O Brahma de quatro cabeças, Sri Narada, Sri Vedavyasa, Sri Sukadeva Goswami, o Rei Pariksit e Prahlada Maharaj obtiveram o darsana direto de Bhagavan como resultado deste processo.

Srila Haridasa Thakura (associado íntimo de Sri Caitanya Mahaprabhu) nasceu em uma família turca, porém ele cantava trezentos mil santos nomes todo dia. Todas as pessoas ao seu redor, ricos e pobres lhe gostavam muito. Mas Ramacandra Khan, um famoso tenente da região, sentia muita inveja dele e com o objeto de difama-lo, contratou uma jovem e bela prostituta prometendo muitas riquezas em troca. Em uma noite de lua cheia, ele enviou a garota ao lugar onde estava haridasa Thakura. Sentado no seu lugar solitário, nas margens do Bhagavati ganga, Haridasa Thakura estava cantando atentamente Hare Krsna Hare Krsna Krsna Krsna Hare Hare Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare. Perto deste lugar crescia uma planta de Tulasi. A prostituta Aproximou-se de Haridasa Thakura e tentou seduzi-lo com posturas e gestos, mas vendo que isto não dava resultado, ela se ofereceu abertamente. Mas haridasa Thakura contestou: Fiz um voto de cantar trezentos mil santos nomes do Senhor Hari todo dia. Quando completar isto satisfarei todos os seus desejos”.

Confiando em suas palavras, a prostituta sentou-se perto dele por toda noite esperando pelo término do canto, mas ao amanhecer ela regressou á sua casa temerosa de ser vista pelo povo. Na noite seguinte ela voltou e se sentou perto de Haridasa Thakura, mas de novo ele pediu á ela que esperasse acabar de cantar seus nomes. A noite passou igual á anterior. Na terceira noite que a jovem veio, Haridasa estva cantando em voz baixa. O efeito de escutar o santo nome da boca de um suddha bhakta foi tão maravilhoso que mudou o coração da prostituta. Ela prostou-se aos pés de Haridasa, chorando e suplicando seu perdão. Haridasa Thakura ficou muito satisfeito e disse: “Eu ia embora deste lugar no mesmo dia que vieste, mas permanecí aqui apenas por que queria seu bem. A mudança do seu coração me causou grande alegria. Esta é a glória infalível de escutar e cantar hari-nama. Agora deves permanecer aqui neste asrama e cantar continuamente o nome de Hari. Deves servir Tulasi-devi e o Bhagavati Ganga”. Ela seguiu as instruções e sua vida mudou por completo. Até mesmo grandes devotos iam ve-la. Ela viveu humilde e modestamente e sem posse alguma e executava bhajana de Sri Hari continuamente. Após poucos dias, ela partiu para a morada de Bhagavan. Por esta história se deduz que qualquer um que escute o canto do santo nome, seja qual for sua posição, pode alcançar Bhagavan.

Sloka 27

Yavat samjayate kincit

Sattvam sthavara-jangamam

Ksetra-ksetrajna-samyogat

Tad viddhi bharatarsabha

Ó melhor dos Bharatas! Deves saber que todos os seres que nascem, sejam eles móveis ou imóveis, são produzidos pela combinação do campo com o conhecedor do campo.

Sloka 28

Samam sarvesu bhutesu

Tisthantam paramesvaram

Vinasyatsv avinasyantam

Yah pasyati as pasyati

Apenas aquele que vê a Pessoa Suprema em todos os seres como o imperecível sentado dentro do perecível, realmente vê.

Prakasika-vrtti

Aqueles que são jnanis no real sentido experimentam simultaneamente o corpo, a alma corporificada e o amigo da alma, Paramatma, pela influência da associação de uma grande alma que conhece a Verdade Absoluta. Ao contrário, ao que não possuem uma associação sagrada são realmente ignorantes. Eles apenas podem ver o corpo perecível. Um jnani, por outro lado, experimenta a existência da alma e de Paramatma mesmo depois da destruição do corpo. Quando o corpo é destruído, a alma entra em outro corpo junto com os sentidos e o corpo sutil. Seu amigo, Paramatma, permanece situado com ela como o a testemunha. Os que compreendem isto são reais jnanis.

Sloka 29

Samam pasyam hi sarvatra

Samavasthitam isvaram

Na hinasty atmanatmanam

Tato yati param gatim

Aquele que vê que Paramesvara habita em todas as partes da mesma maneira e em todos os seres, não é degradado pela mente. Assim, alcançam o destino supremo.

Sloka 30

Prakrtyaiva ca karmani

Kriyamanani sarvasah

Yah pasyati tathatmanam

Akarttaram as pasyati

Quem vê que é unicamente a prakrti, e não a alma, quem realiza todas as atividades, realmente vê.

Bhavanuvada

A visão das jivas que pensam que são atuantes devido á que identificam-se com o corpo inerte, não é real; elas estão submetidas pela ignorância. Mas aquele que vê que não é o autor da ação, possui uma visão correta.

Prakasika-vrtti

A jiva condicionada é impulsionada pelas ações e qualidades da prakrti devido ao falso ego que lhe faz pensar que é ela quem executa as atividades materiais. Mas, na realidade, não é ela quem atua. Bhagavan explicou isto anteriormente. Paramesvara tampouco é o realizador mesmo que esteja situado no coração de todos os seres na forma de Anataryami, aquele que ourtoga inspiração. Se a jivatma no seu estado puro não tem o ego de ser a autora das ações materiais que são feitas pelos sentidos materiais, muito menos Paramesvara. Quem sabe disto, possui verdadeiro conhecimento.

No Tantra-bhagavata se diz que: “É unicamente através do ego material que se encontra na existência material que a jiva se enreda no ciclo de nascimentos e mortes. Elas não tem relação alguma com o ego material”. Ainda sim, no seu estado puro, a jiva possui o ego de ser serva de Krsna, com o corpo espiritual similar ao humano e um nome, forma, qualidades e atividades espirituais. Ela não carece de forma ou qualidades.

Sloka 31

Yada bhuta-prthag-bhavam

Eka-stham anupasyati

Tata eva ca vistaram

Brahma sampadyate tada

Ele alcança a compreensão do brahma quando vê, seguindo a guia das autoridades prévias, que as diversas naturezas das entidades vivas nasceram e moram apenas na prakrti.

Bhavanuvada

Aquele que vê realmente que durante a aniquilação todos os seres móveis e imóveis corporificados em formas diversas se fundem na prakrti, e que logo, no momento da criação, voltam a manifestar-se desta mesma prakrti, alcançam a plataforma de brahma.

Prakasika-vrtti

Uma pessoa ve as diferentes formas ou corpos como semi-deuses, seres humanos, gatos, cachorros, sudras, hindus, muçulmanos etc..., apenas poruqe se identifica com o corpo. A discriminação mundana é causada pela ignorância que faz com que uma pessoa se identifique erroneamente com o corpo. É devido á esta ignorância que duvida de Bhagavan. Quando a lembrança de bhagavan aparece dentro dela pela graça dos suddha vaishnavas, toda sua ignorância desaperece e suas idéias materialistas de diferenciação se dissipam. Neste momento, ela se situa no brahma, que está dotado com oito qualidades. Seguidamente, ela percebe tudo de maneira equânime a todo momento, e por último, alcança para-bhakti. As vezes os sastras chamam de brahma ou brahma-bhuta para se referir á jivatma dotada com as oito qualidades especiais. São elas:

“Deve-se buscar e conhecer a alma que está completamente livre de: misérias que surgem dos desejos pelos objetos sensíveis, as três classes de misérias como a velhice, a morte, a lamentação, a tendência de desfrutar, as aspirações mundanas. Esta alma está: dotadas com desejos favoráveis de servir Krsna e é capaz de alcançar a perfeição em qualquer coisa que deseje.”

Sloka 32

Anaditvam nirgunatvat

Paramatmayam avyayah

Sarira-stho´pi kaunteya

Na karoti na lipyate

Óh! Kaunteya! Por que não tem começo e está livre das três qualidades materiais, o Paramatma imperecível não produz karma nem é afetado pelos resultados do karma mesmo estando situado no corpo.

Prakasika-vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: “ Quando as jivas alcançam a compreensão do brahma, podem entender que Paramatma é imperecível, sem começo e transcendental ás qualidades materiais. Mesmo existindo no corpo junto com a jivatma, ele não é afetado pelas qualidades do corpo, como a jiva condicionada. Por tanto, as jivas que alcançaram a plataforma de brahma, não se envolvem mais em assuntos materiais visto que se refugiam no conhecimento sobre as qualidades de Paramatma. Escuta agora como a jiva que não se relaciona com as qualidades materiais opera com o corpo.”

Sloka 33

Yatha sarva-gatam sauksmyad

Akasam nopalipyate

Sarvatravasthito dehe

Tathatma nopalipyate

Assim como o céu onipresente não se mistura com nada devido á sua natureza sutil, a alma que alcançou a compreensão do brahma, protegida por Paramatma, não é afetada pelas qualidades ou defeitos do corpo material mesmo que habite dentro dele.

Sloka 34

Yatha prakasayaty ekah

Krtsnam lokam imam ravih

Ksetram ksetri tatha krtsnam

Prakasayati bharata

Óh Bharata! Assim como um sol ilumina todo universo, Paramatma ilumina o corpo inteiro através da consciência.

Prakasika-vrtti

Assim como o sol ilumina o universo apesar de estra situado em um só lugar, a atma que está situada em uma parte do corpo, lhe ilumina por completo ao difundir a consciência nele. O Brahma-sutra diz: “mesmo a jivatma sendo atômica, se difunde por todo corpo por meio de qualidade de consciência.”

Sloka 35

Ksetra-ksetrajnayor evam

Antaram jnana-caksusa

Bhuta-prakrti-moksanca

Ye vidur yanti te param

Aqueles que possuem o olho do conhecimento espiritual e estão versados na diferença entre o ksetra e o ksetra-jna, e que também conhecem o meio pelo qual a jiva se libera da prakrti, alcançam a morada suprema.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan conclui agora este capítulo dizendo que aquele que conhece o ksetra e o ksetra-jna, a jivatma e Paramatma, e também os processos, como o dhyana por exemplo, mediante os quais a jiva libera-se da prakrti(natureza material), alcançam o destino supremo. Dos dois ksetra-jnas, a jivatma é quem fica atada ao desfrutar das qualidades ou frutos do ksetra, mas se libera com a aparição de jnana. Tal é a explicação que se dá ao longo deste capítulo.


Assim termina o décimo terceiro capítulo da Gita




Capítulo 14

Guna – Traya – Vibhaga Yoga

As três qualidades da natureza material





Sloka 1

Sri bhagavan uvaca

Param bhuyah pravaksyami

Jnananam jnanam uttamam

Yaj jnatva munayah sarve

Param siddhim ito gatah

Sri Bhagavan disse: Falarei novamente á você o supremo jnana que está além de todo outro tipo de conhecimento. Os sábios que compreenderam e seguiram estas instruções alcançaram a liberação suprema do cativeiro corporal.

Bhavanuvada

Neste capítulo se explica que as três qualidades materiais são sem dúvida a causa do cativeiro, o qual se pode inferir do seu resultado, e que bhakti é a causa da sua destruição.

Prakasika-vrtti

No capítulo anterior foi estabelecido claramente que a associação santa, qualquer pessoa pode liberar-se do cativeiro da existência material e adquirir o conhecimento dos princípios do corpo, da jiva e de Paramatma. Tal estado de cativeiro no mundo material deve-se á associação da jiva com as qualidades da natureza material.

Neste capítulo Bhagavan Sri Krsna explica á Arjuna o que são as qualidades materiais, como elas funcionam , como cativam a jiva e como a jiva pode alcançar a perfeição e o destino supremo através deste conhecimento.

Sloka 2

Idam jnanam upasritya

Mama sadharmyam agatah

Sarge pi nopajayante

Pralaye na vyathanti ca

Os sábios adquirem uma natureza transcendental similar á minha, ao refugiar-se neste jnana. Assim, eles não nascem de novo nem mesmo no momento da criação. Eles também não são perturbados pela morte no momento da devastação.

Prakasika-vrtti

Após adquirir o conhecimento transcendental do ser, a jiva adquire qualidades similares ás de Bhagavan, em outras palavras, muitas das suas qualidades se tornam parcialmente semelhante ás de Bhagavan. Mesmo após obter mukti e liberar-se do ciclo de nascimento e morte, continua existindo como uma associada de Bhagavan. Em quanto se estabelece em sua svarupa dedica-se ao serviço amoroso eterno aos pés de lótus de Bhagavan. Os bhaktas não abandonam sua svarupa, o serviço á Bhagavan, mesmo após obter mukti.

Sloka 3

Mama yonir mahad brahma

Tasmin garbham dadhamy aham

Sambhavah sarva-bhutanam

Tato bhavati bharata

Ó Bharata! Minha prakrti é o ventre onde fertilizo o embrião e assim eu produzo o nascimento de todas as entidades vivas.

Bhavanuvada

A causa do cativeiro material é a associação com os três modos da natureza material., como consequencia da ignorância existente desde tempos imemoriais. Para explicar melhor a causa da condição de cativeiro, Bhagavan explica como nacsem o ksetra e o ksetrajna. “O mahad-brahma é meu lugar de fecundação”.

Prakasika-vrtti

No mundo material tudo sucede pela combinação de ksetra e ksetra-jna, o corpo e a jivatma respectivamente. A combinação da prakrti com o purusa – a jivatma – ocorre pela vontade de Paramesvara. Assim como os escorpiões botam seus ovos em uma bocado de arroz e as pessoas acham que eles nascem do arroz e não dos ovos, da mesma forma, o nascimento da jiva não é produto da natureza material. Bhagavan infunde a jiva dentro da prakrti, mas as pessoas pensam que a jiva nasce dela. Cada jiva obtém um corpo de acordo com suas ações prévias, a prakrti apenas cria diferentes corpos materiais sob a supervisão de Bhagavan. As jivas que se identificam com seus corpos, desfrutam de felicidade ou experimentam sofrimento segundo seu karma.

Deve-se entender que Bhagavan é a causa original da manifestação da jiva e do universo.

Sloka 4

Sarva-yonisu kaunteya

Murtayah sambhavanti yah

Tasam brahma mahad yonir

Aham bija-pradah pita

Óh Kaunteya! A grande natureza material é a mãe de cujo ventre nasce todas as espécies de vida e eu sou o pai que concede a semente.

Bhavanuvada

“A prakrti é a mãe de todos os seres e eu sou o pai, não apenas no momento da criação, mas sempre. A prakrti é o ventre ou a mãe de todos os tipos de corpos nos quais nascem os seres móvei e imóveis, desde os semi-deuses até as ervas etc.. Eu sou o pai que a fertiliza concedendo a semente.”

Sloka 5

Sattvam rajas tama iti

Gunah prakrti-sambhavah

Nibadhnanti maha-baho

Dehe dehinam avyayam

Óh Maha-baho! Os três gunas, sattva, rajas e tamas, nascidos da prakrti, prendem a jiva imutável que mora dentro do corpo.

Bhavanuvada

A jiva é imperecível, imutável e em princípio é livre do contato material. Mas suas qualidades materiais á prendem devido á sua associação com elas. Esta associação é produto de sua ignorância desde tempo imemoriais.

Prakasika-vrtti

O Srimad Bhagavatam diz que: “As jivas, manifestadas da tatastha sakti, recebem a associação da natureza material como consequencia da sua aversão por Krsna.” Constitucionalmente falando, as jivas são superiores á maya, mas devido ao ego de “eu” e “meu” causado pela associação com maya, se torna subordinada á existência material em corpos gerados pela prakrti.

Sloka 6

Tatra sattvam nirmalatvat

Prakasakam anamayam

Sukha-sangena badhnati

Jnana-sangena canagha

Óh Anagha! Das três qualidades materiais, a qualidade da bondade é favorável, ilumina o ser e é livre de vícios devido á sua pureza, mas prende a jiva através do apego, da felicidade e do conhecimento.

Bhavanuvada

Este verso descreve as características de sattva-guna e explica como ela ata á jiva. Quando a jiva se sente calma, o apego á felicidade produzido pelas atividades em sattva-guna lhe faz pensar que está materialmente satisfeita. Como é iluminada, o apego pelo conhecimento em sattva-guna lhe faz desenvolver um ego de conhecedor.

A felicidade e o conhecimento nestes estados se deve á ignorância que obriga a jiva á desenvolver concepções baseadas no falso ego. Tal ego é a causa do cativeiro da jiva . “Óh imaculado! Não deves aceitar este pecado , o aspecto do falso ego que o faz pensar; “Sou feliz, ou “Sou esperto”.

Sloka 7

Rajo ragatmakam viddhi

Trsna-sanga-samudbhavam

Tan nibadhnati kaunteya

Karma-sangena dehinam

Óh Kaunteya! Entende que a qualidade da paixão se manifesta pela qualidade do apego pelos objetos sensíveis e do desejo de desfruta-los. Esta energia ata a jiva corporificada através do apego pelas atividades fruitivas.


Bhavanuvada

Entende que rajo-guna é que outorga prazer mundano. O desejo por um objeto que não se possui é chamado trsna, o apego pelos objetos que já se obteve se chama sanga. O rajo-guna do qual nasce ambos os apegos, ata a alma corporificada através da ação consciente ou inconsciente, perceptível ou imperceptível. O apego pela atividade fruitiva se deve tanto ao desejo quanto á associação.

Prakasika-vrtti

A atração mútua entre macho e fêmea é a qualidade específica de rajo-guna. Esta qualidade material gera o anseio de desfrute nos seres corporificados, assim como o desejo de obter honra na sociedade ou nação, uma bonita esposa, boa progênie e uma família feliz. Tais são as características de rajo-guna.

A razão pela qual o universo todo caiu no cativeiro de maya é o apego aos prazeres sensuais produzido por rajo-guna. Sua influência é vista atualmente por todo lugar na sociedade moderna, mas no mundo antigo , sattva-guna predominava. Se um homem em sattva-guna é incapaz de obter mukti, muito menos um que está coberto por rajo-guna.

Sloka 8

Tamas tv ajnana-jam viddhi

Mohanam sarva-dehinam

Pramadalasya-nidrabhis

Tan nibadhnati bharata

Óh Bharata! O tamo-guna, que nasce da ignorância , é a causa da ilusão das entidades vivas. Ela aprisiona as almas condicionadas através da indolência(loucura), apatia e do sonho(depressão mental).

Prakasika-vrtti

O tamo-guna(qualidade da ignorância) é a mais baixa dos três gunas e é completamente oposta á sattva-guna. Uma pessoa em tamo-guna pensa que o corpo e os prazeres corporais são a coisa mais importante. Como resultado, perede sua capacidade de discriminação e praticamente enlouquece.

Vemos que nossos pais e avôs já morreram, nós também morreremos e nossos descendentes também irão morrer. Isto demonstra que a morte é certa.

Aqueles que se encontram em tamo-gunca não pode buscar pelo ser interno. Acumulam riqueza mediante o engano, hipocrisia, violência ou atos similares com o único propósito de satisfazer seus sentidos. Tal atitude é sintoma de loucura. O sintoma de uma pessoa em tamo-guna é que ela ingere drogas, carne, peixe, ovos, licor e produtos similares. Elas permanecem inativas, é preguiçosa, descuidada, negligente e dorme mais que o necessário. Um sadhaka deve abondanar por completo esta qualidade material.

Sloka 9

Sattvam sukhe sanjayati

Rajah karmani bharata

Jnanam avrtya tu tamah

Pramade sanjayaty uta

Óh Bharata! A qualidade da bondade aprisiona a pessoa através da felicidade e a qualidade da paixão através do trabalho fruitivo, mas a qualidade da ignorância cobre todo seu conhecimento e á conduz á loucura.

Sloka 10

Rajas tamas cabhibhuya

Sattvam bhavati bharata

Rajah sattvam tamas caiva

Tamah sattvam rajas tatha

Óh Bharata! Quando surge a qualidade da bondade, ela supera os modos da paixão e da ignorância. A qualidade da paixão submete ás da bondade e da ignorância ao aparecer, e quando a qualidade da ignorância se manifesta, vence todas as outras.

Sloka 11

Sarva-dvaresu dehe´smin

Prakasa upajayate

Jnanam yada tada vidyad

Vivrddham sattvam ity uta

Deve se entender que a qualidade da bondade predomina quando aparece o conhecimento, e quando todas as portas dos sentidos de adquisição de conhecimento se iluminam manifestando no ser a felicidade.

Bhavanuvada

Agora, Sri Bhagavan explica os sintomas da qualidade predominante. Quando os sentidos, como por exemplo o ouvido, começa á adquirir conhecimento védico perfeito, entende-se que sattva guna está predominando.A palavra uta enfatiza que a iluminação, na forma de felicidade, é gerada pelo ser.

Sloka 12

Lobhah pravrttir arambhah

Karmanam asamah sprha

Rajasy etani jayante

Vivrddhe bharatarsabha

Óh Bharata-rsabha! Os sintomas do predomínio da qualidade da paixão são a avareza, o esfôrço exagerado e o anseio constante pelo prazer sensual.

Sloka 13

Aprakaso pravttis ca

Pramado moha eva ca

Tamasy etani jayante

Vivrddhe kuru-nandana

Óh Kuru-nandana! O predomínio da qualidade da ignorância produz inércia(falta de esfôrço), loucura, ilusão e falta de discriminação.

Sloka 14

Yada sattve pravrddhe tu

Pralayam yati deha-bhrt

Tadottama-vidam lokam

Amalan pratipadyate

Quando uma pessoa abandona seu corpo predominada pelo modo da bondade, ela alcança os planetas superiores puros, onde moram os grandes sábios, os adoradores de Hiranyagarbha e também se tornam livres da qualidade da paixão e ignorãncia.

Sloka 15

Rajasi pralayam gatva

Karma-sangisu jayate

Tatha pralinas tamasi

Mudha-yonisu jayate

Os que morrem predominados pelo modo da paixão, nascem como humano entre os trabalhadores fruitivos, mas os que morrem no modo da ignorância nasce em uma espécie animal.

Sloka 16

Karmanah sukrtasyahuh

Sattvikam nirmalam phalam

Rajasas tu phalam duhkham

Ajnanam tamasah phalam

Os sábios dizem que a atividade realizada no modo da bondade produz resultados puros e prazeirosos, as que são realizadas no modo da paixão resultam em miséria e o único fruto das atividades realizadas no modo da ignorância é a prória ignorância.

Prakasika-vrtti

Aqueles que estão situados na qualidade da bondade se dedicam á seu bem estar pessoal, ao bem estar da sociedade e das pessoas em geral. Suas ações são denominadas de punya-karma, atividades piedosas. São felizes no mundo material e tem a possibilidade de obter sadhu-sanga. O karma executado pelas pessoas no modo da paixão, produz miséria pois as ações realizadas para o prazer sensual e momentâneo são inúteis. Sua vida é miserável e sua felicidade não é real. As ações de uma pessoa situada no modo da ignorância são dolorosas ao extremo para ela. Após a morte, tem que nascer como cachorros, pássaros ou em alguma outra espécie animal. O principal sintoma de quem está situado nesta qualidade é que ela mata e come carne de animais. Os que matam animais ignoram que no futuro o mesmo animal, de uma forma ou de outra o matará também. Esta é a lei da natureza. Na sociedade humana, se alguém mata um ser humano ela é punida pelo estado. Mas os ignorantes não sabem que Paramesvara é o controlador original do universo inteiro. Ele não toléra nem mesmo a morte de uma formiga pelo ser humano, por tanto, tais pessoa devem sofrer algum castigo. Matar animais apenas para satisfazer o paladar é uma ofensa gravíssima. Destas atividades a matança de vacas é severamente castigada. A vaca e o touro são nosso pai e mãe, por isso nos Vedas e nos Puranas se considera que a matança de vacas é o ato mais pecaminoso.

A vaca, com seu leite, é como uma mãe e o touro, com seu serviço na agricultura, é como um pai. Eles nos alimentam como nossos pais. Devido á ignorância, os seres humanos ‘cultos’ da atualidade vão contra esta verdade e assim aderem ao caminho da degradação de toda a sociedade. Destróem á si mesmos e a sociedade inteira. Por tanto é indispensável que que as pessoas inteligentes se situem na qualidade da bondade e se refugiem em bhagavad-bhakti e no canto dos santos nomes de Hari, para proteger a sociedade deste grande perigo. Quando uma pessoa se lembra de Bhagavan Sri Krsna na associação dos devotos, toda sua ignorância é dissolvida, seu sectarismo material e sua discriminação mundana desaparecem e ela vê Paramesvara em tudo.

Sloka 17

Sattvat sanjayate jnanam

Rajaso lobha eva ca

Pramada-mohau tamaso

Bhavato jnanam eva ca

O jnana nasce da qualidade da bondade, enquanto que a qualidade da paixão é a origem da avareza. O descuido, a ilusão e a ignorância são frutos da qualidade da ignorância.

Sloka 18

Urddhvam gacchanti sattva-stha

Madhye tisthanti rajasah

Jaghanya-guna-vrtti-stha

Adho gacchanti tamasah

Aqueles que estão situados na qualidade da bondade ascendem aos planetas celestiais. Os que estão na qualidade da paixão permanecem nos planetas terrenos e os que estão absortos nas abomináveis atividades da qualidade da ignorância são jogados nos planetas infernais.

Sloka 19

Nanyam gunebhyah karttaram

Yada drastanupasyate

Gunebhyas ca param vetti

Mad-bhavam so´dhigacchati

Quando a jiva observa de acordo com os Vedas que não há outro agente ativo além das três qualidades materiais e compreende que atma(alma) é transcendental á estas qualidades, pela influência de suddha-bhakti ela alcança minha natureza espiritual.

Bhavanuvada

Após descrever o mundo material, constituido pelas qualidades materiais, Sri Bhagavan explica neste e no próximo verso, a devoção pura, que é completamente distinta daquelas.

Prakasika-vrtti

Todas as jivas nas diferentes espécies de vida desde a formiga até os rios, montanhas ás árvoes e seres humanos, trabalham irremediavelmente atadas pelas qualidades materiais. Na realidade, nas suas atividades não há nenhum outro agente ativo á não ser estas qualidades materiais. Paramesvara se encontra além da natureza material e de suas qualidades, mesmo sendo o controlador original. Quem conhece esta realidade cruza a prakrti e suas qualidades para alcançar o destino supremo, mas nada pode entender através de sua própria inteligência e discriminação. Por tanto, a associação dos maha-purusas versados no conhecimento transcendental é extremamente necessária. Não importa quão degradada seja a jiva, na associação dos grandes sadhus(santos) ela transcende rápida e facilmente as três qualidades.

Sloka 20

Gunan etan atitya trin

Dehi deha-samudbhavan

Janma-mrtyu-jara-duhkhair

Vimukto mrtam asnute

Após transcender as três qualidades que geram o corpo, a jiva se libera do nascimento, morte, da enfermidade e da velhice. Assim ela alcança a imortalidade.

Prakasika-vrtti

Uma pessoa que alcançou a natureza do brahma não é afetada pelas misérias do nascimento, morte, velhice e doença. Mesmo os bhakti-misra-jnanis,que alcançaram a perfeição do jnana, abandonam tal jnana para obter param-bhakti aos pés de lótus de bhagavan. Ocupados constantemente na bem aventurança deste serviço, finalmente saboreiam o néctar de prema. O contrário, os nirvisesa-jnanis que se dedicam simplesmente ao cultivo de jnana não obtéem nada.

Sloka 21

Arjuna uvaca

Kair lingais trin gunan etan

Atito bhavati prabho

Kim-acarah katham caitams

Trin gunan ativarttate

Arjuna disse: Ó Prabhu! Quais são os sintomas de uma pessoa que transcendeu estas três qualidades? Como ela se comporta? Como ela ás transcende?

Sloka 22-25

Sri bhagavan uvaca

Prakasanca pravrttinca

Moham eva ca pandava

Na dvesti sampravrttani

Na nivrttani kanksati

Udasina-vad asino

Gunair yo na vicalyate

Guna vartanta ity evam

Yo´vatisthati nengate

Sama duhkha-sukhah sva-sthah

Sama-lostasma-kancanah

Tulya-priyaoriyo dhiras

Tulya-nindatma-samstutih

Manapamanayos tulyas

Tulyo mitrari-paksayoh

Sarvarambha-parityagi

Gunatitah sa ucyate

Sri Bhagavan disse: Óh! Filho de Pandu, uma pessoa que transcendeu as três qualidades materiais não se agita pela iluminação, atividades ou ilusão, quando estas se fazem presentes nem fica ansioso quando elas se esgotam; é indiferente e equânime diante ás qualidades materiais e suas reações como felicidade e aflição, consciente de que é apenas estas qualidades que estão atuando. Ela é impertubável e imparcial; está situada em sua svarupa e considera que a terra, a pedra e o ouro são iguais. É equlibrado nas situações agradáveis e desagradáveis, é inteligente, permanece equânime na crítica e no elogio, na honra e na desonra; trata com objetividade os amigos e os inimigos e renunciou á todas as atividades á não ser as que são necessárias para sua manutenção.

Sloka 26

Manca yo´vyabhicarena

Bhakti-yogena sevate

sa gunan samatityaitan

brahma-bhuyaya kalpate

Aquele que oferece serviço devocional exclusivo á mim, transcende por completo estas três qualidades materiais e capacita-se á compreender o brahma.

Bhavanuvada


Como pode alguém transcender as três qualidades materiais? Para responder esta pergunta, Bhagavan recita este verso. “Apenas quem me oferece serviço em minha forma de Syamasundara, Paramesvara, se capacita á experimentar minha natureza espiritual”. O Gita (7.14) afirma também: “ Apenas os que se rendem á mim, podem cruzar o oceano de maya.”

O Srimad Bhagavatam declara; “O praticante da ação que tem á mim como refúgio é nirguna.” Também diz:

“A pessoa situada em sattva-guna está desapegada, a que está em rajo-guna está extremamente apegada e a pessoa na qualidade de tamas perde sua memória e sua capacidade de discriminação. Mas á que se refugia em mim é nirguna.”

O verso explica que os karmis e jnanis desapegados são sadhakas em sattva-guna, enquanto que os que refugiam em Bhagavan são nirguna. Aqui, explica-se que os bhaktas são os únicos sadhakas verdadeiros.”

Sloka 27

Brahmano hi pratisthaham

Amrtasyavyayasya ca

Sasvatasya ca dharmasya

Sukhasyaikantikasya ca

Sou a base do nirvisesa-brahma e o único refúgio da imortalidade, o dharma eterno e a bem aventurança transcendental do prema que resulta da ekantika-bhakti (devoção pura e exclusiva).

Bhavanuvada

“Sou o fundamento do brahma e sou conhecido como a suprema base de todas as coisas. Visto que o brahma depende de mim, sou o fundamento. Também sou o fundamento da imortalidade ou amrta. É este amrta o néctar celestial? Não. O amrta é a liberação, moksa. Sou também o fundamento de bhakti, o dharma supremo e eterno, que existe tanto na etapa de sadhana quanto na etapa de siddha, e além do amis sou o prema que se obtém através de ekantika bhati. Visto que tudo depende de mim, uma pessoa pode alcançar a plataforma do brahma, sua fusão neste, quando executa meu bhajana com objetivo de alcançar kaivalya”. Kaivalya é um estado único de existência espiritual carente de atividades mentais e físicas.

Madhusudana Sarasvati compôs um verso que analiza se o brahma é nirvisesa ou savisesa.

“Adoro a refulgente forma que é a essência de toda beleza, o filho de Nanda Maharaja, o parabrahma possuidor de uma forma humana que dissipou a dualidade da minha mente.”

Prakasika-vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: “ Em minha plataforma nirguna eterna, em minha svarupa como Bhagavan, coloco na jiva, a semente consciente que provém da tatastha-sakti, no ventre da minha energia material inerte. A refulgência do meu corpo é a primeira manifestação do meu reino espiritual e constitue meu aspecto indiferenciado. A jiva avança progressivamente fazendo planos no cultivo de jnana yoga e finalmente alcança meu aspecto brahma. Este constitue o primeiro estado da plataforma nirguna. Antes de chegar alí, é desconcertada por um sentimento nirvisesa que se produz ao abandonar a atração pela diversidade mundana. Este sentimento acaba quando chega ao plano nirguna e decide se refugiar em suddha-bhakti-yoga. Mais tarde, através deste processo, alcança a plataforma da variedade espiritual.

Eu , a Suprema Personalidade de Deus, sou o refúgio do brahma, que é o destino supremo dos jnanis. A imortalidade, a eternidade, o prema em sua forma de ocupação eterna e a sempre bem aventurada plataforma de vraja rasa é alcançada através do refúgio em minha krsna-svarupa, a realidade suprema que transcende as qualidades materiais e está cheia de variedade.”

Assim, conclui-se o décimo quarto capítulo do Srimad Bhagavd Gita.




Capítulo 15

Purusottama Yoga




A compreensão da pessoa Suprema

Sloka 1



Sri bhagavan uvaca

Urddhva-mulam adhah-sakham

Asvattham prahur avyayam

Chandamsi yasya parnani

Yas tam veda sa veda-vit

Sri Bhagavan disse: Os sastras descrevem o mundo material como um asvattha imperecível, um tipo especial de árvore banyam no qual as raízes crescem para cima, aos ramos se extendem para baixo e as folhas são os hinos védicos que estabelecem as atividades fruitivas. Quem conhece a verdade sobre esta árvore, conhece os vedas de verdade.

Bhavanuvada

Sri Krishna corta as ataduras da existência material e ao mesmo tempo não está vinculado á ela. O atma ou jiva é uma parte de Isvara. Krsna é o purusa que se encontra além das entidades perecíveis e também imperecíveis. Tudo isto é descrito neste capítulo.

Foi dito no capítulo anterior: “ Aquele que me adora com ananya-bhakti transcende as qualidades materiais e se capacitam á experimentar o brahma” (Gita 14.26). Agora alguém poderia perguntar. “Se tu tens uma forma humana, como poderia alguém alcançar a natureza espiritual adorando-te através de bhakti-yoga?” Bhagavan responde: “Sou um ser humano, mas ao mesmo tempo sou o refúgio Supremo e o fundamento do brahma.”

Então surge as perguntas: “ Qual é então, a natureza do mundo material constituído pelos gunas? De onde eles foram gerados? Quais são as jivas que transcendem o mundo material através de bhakti? Qual é o significado da palavra brahma? Prevendo estas perguntas, Sri Bhagavan usa uma liguagem metafórica para descrever o mundo material comparando-o com uma árvore banyam. Satya loka é a região mais elevada deste mundo. “O mahat-tattva é o broto da semente fecundada por mim no ventre da prakrti.”

Adhah significa que os ramos desta árvore descendem aos planetas Svarga, Bhuah e Bhu, na forma de ilimitados semi-deuses, gandharvas, kinnaras, asuras, raksasas, pretas, seres humanos e animais tais como vaca, cavalos, pássaros, cisneis, insetos e entidades vivas imóveis. A árvore outorga frutos aos trabalhadores fruitivos na forma de religiosidade, desenvolvimento econômico, desfute sensual e liberação. Por tal razão se denomina uttama, o melhor.

Se diz que aquele que entende este mundo material, o qual se parece com tal árvore que é também temporária, conhece a verdade dos vedas.

Sloka 2

Adhas corddhvam prasrtas tasya sakha

Guna-pravrddha visaya-pravalah

Adhas ca mulany anusantatani

Karmanubandhini manusya-loke

As folhas desta árvore, que representam os diversos objetos sensíveis, são nutridas pelas três qualidades materiais. Seus ramos se extendem até as espécies inferiores de vida, como os seres humanos e animais, e também até os superiores como os semi-deuses. Algumas das suas raízes são os desejos de desfrute sensual e crescem para baixo gerando assim a corrente do karma na sociedade humana.

Bhavanuvada

Os ramos da árvore do mundo material se espalham por todo lugar. Assim como alimenta-se uma árvore regando-a com água, a árvore do mundo material alimenta-se de diferentes tendências das qualidades materiais. Os objetos sensíveis, tais como o som, são seus brotos. Alguns acreditam que debaixo dos seus ramos tem um grande tesouro. Mesmo que a origem das raízes se encontrem em Brahmaloka, há outras raízes na sociedade humana. Tais raízes, sustentadas pelo karma, estão em constante crescimento. Depois de experimentar os resultados de suas ações no corpo de alguma das espécies de vida, a jiva volta á gerar karma na forma humana de vida.

Prakasika-vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: “Numerosos ramos desta árvore se sustentam em tamo-guna e se extendem para baixo. Muitos ramos são nutridos por rajo-guna e estão situados em um nível intermediário. Muitos ramos, sustentados por sattva-guna, crescem para cima. Os prazeres sensuais materiais são os brotos destes ramos.

Slokas 3 – 4

Na rupam asyeha tathopalabhyate

Nanto na cadir na ca sampratistha

Asvattham enam su-virudha-mulam

Asanga-sastrena drdhena chittva

Tatah padam tat parimargitavyam

Yasmin gata na nivarttanti bhuyah

Tam eva cadyam purusam prapadye

Yatah pravrttih prasrta purani

A verdadeira forma desta árvore não é perceptível neste mundo. Seu começo, final e base, não é definítivo. Após cortar profundamente a raíz desta árvore da existência material com a afiada faca do desapego, é indispensável buscar pelos pés de lótus da pessoa primordial, Sri Bhagavan, que constituem as raízes desta árvore sem começo que simboliza o samsara. Aquele que se rendeu e alcançou Bhagavan, cortou o ciclo de nascimentos e mortes e assim jamais regressa á este mundo.

Bhavanuvada

Aqui a palavra asanga significa desapego de tudo. Após cortar esta árvore com a faca do desapego, deve-se buscar por brahma, a maior riqueza e a origem da árvore.

“Qual é a natureza da sua origem?”. Bhagavan responde: “Ao alcançar este destino, o estado original, jamais se regressa ao mundo material temporário.”.

“Como devemos busca-lo?” Bhagavan responde: “A pessoa deve se refugiar no purusa primordial e dedicar-se á seu bhajana, pois todo o mundo material é uma expansão dele, quem não tem começo. Por tanto, é necessário busca-lo através de bhakti.

“ A jiva perdeu sua memória desde tempos imemoriais como consequencia da sua aversão á Paramesvara. A aversão á conduziu para a absorção dos objetos dos sentidos. Ela confunde seu ser com seu corpo devido á influência da energia ilusória composta pelos três gunas, as quais lhe causam temor devido á esta absorção na matéria. As jivas condicionadas são cativadas por maya. Por isto, os eruditos devem se refugiar nos pés de lótus de Sri Guru e executar bhajana com ananya bhakti á Sri Krishna. Assim, podem transcender a energia ilusória (maya).

Sloka 5

Nirmana-moha jita-sanga-dosa

Adhyatma-nitya vinivrtta-kamah

Dvandvair vimuktah sukha-duhkha-samjnair

Gacchanty amudhah padam avyayam tat

Apenas as pessoas emancipadas que estão livres do orgulho e da ilusão, que superaram a degradação do falso desapego, que estão dedicadas á busca por Paramatma e não estão sujeitas ao desejo por desfrute material, dualidades como felicidade e miséria, alcançam a imutável morada eterna.

Bhavanuvada

Quais são os sintomas das pessoas que alcançaram a morada eterna de Bhagavan, após obterem bhakti? Sri Bhagavan responde com este verso que quem está interessado em entender o que é eterno e o que é temporário, permanece ocupado em deliberar sobre Paramatma e também deseja obte-lo.

Sloka 6

Na tad bhasayate suryo

Na sasanko na pavakah

Yad gatva na nivarttante

Tad dhama paramam mama

Nem mesmo o sol, a lua ou o fogo pode iluminar este reino supremo, que é auto refulgente por natureza e ilumina todos os demais. Quando as pessoas rendidas alcançam tal morada, jamais regressam á este mundo.

Prakasika-vrtti

Neste verso descreve-se as características da morada de Bhagavan. Após chegar á morada eterna, nunca mais se regressa ao mundo material. Esta morada não está iluminada pelo sol, lua, fogo, raio etc.. pois é auto refulgente. Esta morada se chama Goloka, Krishna-loka, Vraja, Gokula ou Vrindavana. Svayam Bhagavan, Vrajendra Nandana Sri Krishna, performa seus passatempos bem aventurados com seus associados em sua morada suprema. Pode-se alcança-la apenas mediante o cultivo de prema bhakti, raganuga bhakti seguindo especificamente os passos das gopis de Vraja. É impossível alcança-la por algum outro meio.

Sloka 7

Mamaivamso jiva-loke

Jiva-bhutah sanatanah

Manah sasthanindriyani

Prakrti-sthani karsati

As jivas eternas que se encontram no mundo material são minhas partes integrantes. Atadas pela natureza material, são atraídas pelos seis sentidos, incluindo a mente.

Bhavanuvada

As jivas são eternas, mas enquanto vivem em corpos materiais são atadas pela atração mundana que surge da mente e dos cinco sentidos. Isto é devido ao ego que as fazem pensar: “Tudo pertence á mim”, assim elas se sentem atraídas pelo mundo material.

Prakasika-vrtti

Neste verso, Bhagavan descreve jiva tattva. A jiva é uma parte de Bhagavan, mas deve compreender o seu tipo específico. As amsas(partes) de Bhagavan são de dois tipos: svamsa e vibhinnamsa. O visnu-tattva está dentro da categoria svamsa tais como Matsya, Kurma, Nrsimha e Rama são svamsa – tattva. As jivas são vibhinnamsa-tattva. Quando sac-cid-ananda Bhagavan está separado de todas suas energias, exceto a tatastha-sakti, suas partes separadas se denominam vibhinnamsa-tattva.

As jivas, geradas da jiva-sakti ou tatastha-sakti, a qual não é diferente de Bhagavan, são vibhinnamsa-tattva. Algumas das suas características são qualitativamente iguais á Bhagavan e outras são diferentes. Assim sendo, sua relação com Bhagavan é tanto de igualdade quanto de diferença simultânea e inconcebível ou acitya-bedha-abedha-tattva.

As jivas existem em dois estados ocndicionados: condicionados e liberados. No estado liberado a jiva está livre das designações ilusórias e permanece ocupada no serviço á Bhagavan, mas em seu estado condicionado se encontra enredada no mundo material e coberta pelas designações ilusórias dos corpos sutil e grosseiro. Isto é explicado no Srimad Bhagavatam:

“Ó inteligente Uddhava, as jivas são partes separadas de mim, a Realidade Absoluta não dual, ele é um sem um segundo. Devido á ignorância as entidades vivas são cativadas mas as vezes o conhecimento lhes proporciona mukti.”

“Devido á energia externa, a jiva entende que é um produto material e por tanto, tem que submeter-se ás reações do sofrimento material.”

Este verso explica que a entidade viva é uma entidade eterna, jamais se funde em nenhuma outra existência nem é destruída. A existência da jiva é eterna, tanto em seu estado liberado quanto no condicionado. A jiva é sempre jiva, jamais pode converter-se em brahma.

Sloka 8

Sariram yad avapnoti

Yac capy utkramatisvarah

Grhtvaitani samyati

Vayur gandhan ivasayat

Assim como o vento transporta o aroma das flores, a jiva corporificada transporta os seis sentidos juntamente com seus desejos do seu antigo corpo para o próximo corpo.

Prakasika-Vrtti

Sri Bhagavan está explicando como uma jiva condicionada obtém outro corpo. Depois da morte, seu condicionamento não se acaba. Até que a jiva se libere do mundo material mediante execução de bhagavad bhajana, ela tem que nascer repetidamente de acordo com as impressões de suas atividades prévias. Aqui foi usada a anlogia das flores para explicar este processo.

O Srimad Bhagavatam diz (11.22.26)

“A mente, onde se encontra as impressões do karma, viaja com os cinco sentidos de um corpo á outro. O atma é diferente dela, mas á segue devido ao falso ego.”

Sloka 9

Srotrancaksuh sparsananca

Rasanam ghranam eva ca

Adhisthaya manas cayam

Visayan upasevate

Refugiando-se nos ouvidos, olhos, língua, nariz, o sentido do tato e especialmente na mente, a jiva desfruta dos diversos objetos sensíveis.

Sloka 10

Utkramantam sthitam vapi

Bhunjanam va gunanvitam

Vimudha nanupasyanti

Pasyanti jnana-caksusah

O néscio que carece de discriminação não pode perceber com seus sentidos quando a jiva abandona o corpo, quando mora no corpo ou quando desfruta através dos sentidos. Mas os sábios podem ver tudo.

Sloka 11

Yatanto yoginas cainam

Pasyanty atmany avasthitam

Yatanto py akrtatmano

Nainam pasyanty acetasah

Os yogis perseverantes podem perceber a alma situada dentro do corpo, mas quem sustenta pensamentos impuros e carecem de sabedoria não pode percebe-la mesmo que se esfórce para isto.

Sloka 12

Yad aditya-gatam tejo

Jagad bhasayate khilam

Yac candramasi yac cagnau

Tat tejo viddhi mamakam

Deves entender que o resplendor do sol que ilumina todo universo, assim como a lua e o fogo, provém todos de minha pessoa.

Bhavanuvada

“Favoreço a jiva em seu estado condicionado, na forma do sol, da lua e outras luminárias, capacitando-a para satisfazer todas as suas necessidades.” Tal favor se indica com as palavras yad aditya-gatam e continua explicando nos dois versos seguintes. “Desde a montanha Udaya, eu, o resplendor do sol nascente, ilumino o universo para que começe a ação que satisfaz os desejos, tanto evidentes quanto ocultos, de desfrute sensual das jivas. O brilho da lua e do sol também são meus. Possuo diferentes nomes como Surya e Candra. Eles se eencontram entre minha opulências por que fazem parte da minha magnificiência.”

Prakasika-vrtti

Uma pessoa carente de bhakti, ego ignorante, confunde o corpo com o ser. Não pode compreender que Paramesvara é a causa original da existência ou manifestação de todas as entidades vivas, sentimentos, ações, e qualidades deste mundo. Pensa que a causa de tudo é a terra, a água, o ar, p éter, a lua, o sol, a eletricidade ou outros elementos. Sri Krishna expressa aqui claramente que o sol, a lua, o fogo e a eletricidade se manifestam dele. Ele cria as variedades de desfrute e liberação da jiva. Ele cria as variedades de desfrute visíveis e invisíveis, para as jivas, fazendo com que parte do seu resplendor entre no sol, na lua e outras luminárias.

Uma jiva pode entender facilmente o princípio mencionado através da prática de bhakti yoga. Assim ela pode compreender o aspecto da magnificiência de Sri Bhagavan que Ele está explicando. Mas uma jiva confundida por maya, jamais compreende esta realidade.

Sloka 13

Gam avisya ca bhutani

Dharayami aham ojasa

Pusnami causadhih sarvah

Somo bhutva rasatmakah

Eu infundo minha potência na terra e deste modo sustento todas as entidades vivas. Me converto na nectárea lua e assim alimento a vida vegetal.

Sloka 14

Aham vaisvanaro bhutva

Praninam deham asritah

Pranapana-samayuktah

Pacamy annam catur-vidham

Como o fogo da digestão nos corpos das entidades vivas, combinado com os ares vitais, digiro os quatro tipos de alimentos.

Sloka 15

Sarvasya caham hrdi sannivisto

Mattah smrtir jnanam apohananca

Vedais ca sarvair aham eva vedyo

Vedanta-krd veda-vid eva caham

Situo-me como Antaryami no coração de todas as entidades vivas. A lembrança e o conhecimento também vem de mim. Sou o objetivo único do conhecimento védico. Sou a origem, o compilador e o conhecedor do Vedanta.

Sloka 16

Dvav imau purusau loke

Ksaras caksara eva ca

Ksarah sarvani bhutani

Kuta-stho ksara ucyate

Nos quatorze sistemas planetários, há dois purusas famosos: o falível e o infalível. As entidades vivas, móveis e imóveis são falíveis e o purusa imutável é infalível.

Prakasika-vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krishna: “Se dissestes que a prakrti é uma, está certo. Mas há dois tipos de purusa neste mundo, o falível e o infalível. As jivas conscientes emanadas como porções são falíveis. A jiva se denomina ksara-purusa por que sua natureza é tatastha; por este motivo tem a tendência de cair de sua posição constitucional. As manifestações svamsa jamais caem de sua posição constitucional, elas são infalíveis. Outro nome do aksara purusa é kuta-stha. O kuta-stha se manifesta de três maneiras:

1 – Brahma, o aksara original que infiltra o universo inteiro. Este tattva é relativo ao universo, não é indepedente.

2 – Paramatma, a manifestação parcial da transcendencia, o refúgio e a testemunha da jiva consciente.

3 – Bhagavat-tattva, Sri Bhagavan que será explicado no capítulo dezoito.

Sloka 17

Uttamah purusas tv anyah

Paramatmety udahrtah

Yo loka-trayam avisya

Bibharty avyaya isvarah

Há uma personalidade infalível superior conhecida como Paramatma. Ele é Isvara, o imutável controlador que penetra e sustenta os três mundos.

Sloka 18

Yasmat ksaram atito ´ham

Aksarad api cottamah

Ato ´smi loke vede ca

Prathitah purusottamah

Por que sou superior tanto em relação ao princípio falível quanto ao infalível, o mundo inteiro e também os Vedas me conhecem como Purusottama, a Pessoa Suprema.

Bhavanuvada

Após descrever Paramatma, o objeto adorável dos yogis, Sri Bhagavan descreve o bhagavat-tattva, a deidade adorável dos bhaktas. De todas as formas, unicamente Krishna é reconhecido como Purusottama. Sri Bhagavan recita este verso para explicar tal denominação e sua supremacia. Esta formaé superior á ksara purusa, á jiva, e ao imutável Paramatma.

Prakasika-vrtti

A primeira compreensão do para-tattva é o brahma, a Segunda é Paramatma e a terceira é a compreensão de Svayam Bhagavan. Assim, Svayam Bhagavan é o limite superior do parambrahma, enquanto que brahma e Paramatma são apenas duas de suas manifestações. A refulgência de Krishna é conhecida como brahma e a porção de sua porção é conhecida como Paramatma. O terceiro e máximo aksara-purusa é conhecido como Bhagavan Sri Krishna.

Sloka 19

Yo mam evam asammudho

Janati purusottamam

As sarva-vid bhajati mam

Sarva-bhavena bharata

Ó Bharata! Aquele que não se engana pelas distintas crenças, sabe que sou Purusottama. Ele conhece tudo e por tanto se dedica á adorar-me de corpo e alma.

Prakasika-vrtti

Mesmo que não haja diferença entre Sri Krishna e Sri Narayana em relação á siddhanta(verdade filosófica), da perspectiva de rasa, a forma de Sri Krishna é superior. Esta é a glória da rasa.

Sloka 20

Iti guhyatamam sastram

Idam uktam mayanagha

Etad buddhva buddhimam syat

Krta-krtyas ca bharata

Ó imaculado Bharata! Te revelei o segredo mais confidencial dos sastras. A pessoa que possui inteligência pura se ilumina plenamente e é abençoada ao conhece-lo.

Praksika-vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krsna: “Ó imaculado! O purusottama-yoga é sem dúvida a instrução mais confidêncial dos sastras. Uma jiva obtém iluminação e bençãos ao conhece-la. Todas impurezas que a jiva possa Ter e a concepção sobre o objeto de devoção, desaparecem ao compreender este yoga.”

Os primeiro cinco versos deste capítulo explica que a renúncia pura destrói as debilidades mencionadas. Do sexto verso até o final do capítulo se descreve a discussão sobre o purusottama-tattva juntamente com a renúncia gerada pela devoção(bhakti). Em resumo, o capítulo descreve as diferenças entre a matéria inerte e o espírito assim como a deliberação sobre as diferentes manifestações da realidade consciente.

Assim se conclui o décimo quinto capítulo do Srimad Bhagavad Gita.




Capítulo 16


Daivasura Sampada Yoga


As qualidades divinas e as demoniacas


Sloka 1 – 3

Sri bhagavan uvaca

Abhayam sattva-samsuddhir

Jnana-yoga-vyavasthitih

Danam damas ca yajnas ca

Svadhyayas tapa arjavam

Ahimsa satyam akrodhas

Tyagah santir apaisunam

Daya bhutesv aloluptvam

Mardavam hrir acapalam

Tejah ksama dhrtih saucam

Adroho nati-manita

Bhavanti sampadam daivim

Abhijatasya bharata

Sri Bhagavan disse: Ó Bharata! A valentia, o regozijo do coração, a constância no cultivo de conhecimento, a caridade, o controle dos sentidos, a execução de yajna, o estudo dos sastras, a penitência, a sencibilidade, a não violência, a veracidade, a ausência da ira, o desapego da esposa, filhos e demais parentes, o sossego, a aversão á criticas, a bondade para com todos os seres vivos, a ausência de avareza, a gentileza, a modéstia, a determinação, o vigor, a indulgência, a paciência, a limpeza interna e externa, e a ausência total de ódio, são todas qualidades divinas que se manifestam em uma pessoa que aparece neste mundo em um momento auspicioso.

Prakasika-vrtti

As qualidades divinas e demoníacas juntamente com as inclinações descritas brevemente no capítulo anterior, são descritas agora detalhadamente. As pessoas de tendências demoníacas enroscadas na rede de maya, nascem em espécies de vida demoníaca e sofrem miséria e dor. Ao contrário, as pessoas de natureza divina, dotadas com qualidades divinas, cruzam o miserável oceano do nascimento e morte e gradualmente avançam no caminho mais auspicioso de bhakti. Finalmente desfrutam da bem aventurança do serviço á Bhagavan em sua morada. As pessoas liberadas jamais são atadas á este mundo material. O acúmulo de qualidades divinas só sem manifestam em pessoas elevadas que nasceram em um momento favorável e de pais auspiciosos que realizaram garbhadhana samskara, o processo védico para conceber um bom filho. Os pais devem evitar fazer filhos como fazem os gatos e cachorros. Sri Krishna expressa no Gita que ele é o sexo que produz bons filhos. Por tanto, o sexo não está proibido , mas quando se faz apenas para o desfrute, é de natureza infernal.

Pode-se ver todas estas boas qualidades nos suddha-bhaktas. Um bhakti-sadhaka rendido deve Ter a firme convicção: “Bhagavan é meu protetor e está sempre comigo. Ele me olha, conhece tudo e me sustenta.”Quando um devoto desenvolve este tipo de fé, ele está livre de todo temor por qualquer lugar que se encontre, seja em casa ou num bosque. Srila Haridasa Thakura se manteve parado quando os fanáticos muçulmanos o arrastaram por vinte mercados em navadvip. Após terem o espancado, eles o submergiram no ganges, mas quando ele emergiu estava com um corpo saudável e regressou ao seu bhajana-kutira. O kazi e os demais se surpreenderam ao ver a cena. Assim sendo, o bhakti-sadhaka deve ser sempre confiante.

Sloka 4

Dambho darpo ´bhimanasca

Krodhah parusyam eva ca

Ajnanam cabhijatasya

Partha sampadam asurim

Ó Partha! A hipocrisia, a arrogância, a ira, a dureza de coração e a falta de discriminação residem naqueles que nascem com qualidades demoníacas. Quem nasce em um momento inauspicioso, adquire estas qualidades.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan menciona agora os frutos que atam uma pessoa á existência material. Mostrar-se como uma pessoa religiosa quando se é irreligioso se denomina hipocrisia. A arrogância consiste no orgulho da riqueza e educação. O desejo de ser respeitado pelos demais e o apego pela esposa, filhos e família se chama vanidade.

Sloka 5

Daivi sampad vimoksaya

Nibandhayasuri mata

Ma sucah sampadam daivim

Abhijato ´si pandava

As qualidades divinas são a causa da liberação, enquanto que as demoníacas são a causa do cativeiro. Ó filho de Pandu, não lamentes, pois nascestes com qualidades divinas.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan mostra agora como funcionam as duas naturezas mencionadas. Mas antes que Arjuna se lamentasse dizendo “Que desgraça! Eu devo Ter qualidades demoníacas como a dureza do coração e ira, pois desejo matar meus parentes com estas flechas.” Sri Bhagavan lhe consola dizendo; “Não lamentes. Nasceste em uma dinastia de ksatriyas. As dharma-sastras aprovam que seja duro de coração e valente na guerra. Mas a violência em outras circunstâncias é demoníaca.”

Sloka 6

Dvau bhuta-sargau loke´smin

Daiva asura eva ca

Daivo vistarasah prokta

Asuram partha me srnu

Ó Partha! Neste mundo há dois tipos de seres: Os divinos e os demoníacos. Descrevi á ti detalhadamente as qualidades divinas. Escuta agora sobre a natureza demoníaca.

Sloka 7

Pravrttinca nivrttinca

Jana na vidur asurah

Na saucam napi cacaro

Na satyam tesu vidyate

As pessoas demoníacas não conhecem a virtude nem sabem como absterse do vício. Não se encontra nelas a limpeza, conduta apropriada ou veracidade.

Sloka 8

Asatyam apratistham te

Jagad ahur anisvaram

Aparaspara-sambhutam

Kim anyat kama-hetukam

Os demônios descrevem o mundo como sendo irreal, sem fundamento e carente de Deus. Afirmam que são produto da união sexual e que não há outra causa á não ser a luxúria.

Prakasika-vrtti

Neste verso Bhagavan explica a filosofia de quem possui uma natureza demoníaca. A essência do comentário de Baladeva Vidyabhusana para este verso é o seguinte:

1. De acordo com a opinião dos mayavadis, o mundo material é asatya, apratisthita e anisvara. Asatya porque é uma ilusão, tal como a corda pode ser confundida com uma serpente. Apratisthita por que não tem fundamento, tal como uma flor no céu. Anisvara por que nenhum Isvara o criou.
2. Na opinião dos budistas svabhava-vadis, o mundo é aparaspara-sambutam, melhor dizendo, não nasceu da união do macho com a fêmea se não que é o produto de svabhava: é produzido e sustentado pela ação natural e necessária de algumas substâncias segundo suas propriedades inerentes.
3. Segundo carvaka, este mundo é kama-haitukam, nascido da luxúria que flui entre macho e fêmea.
4. De acordo com os jainistas, o desejo egoísta é a causa deste mundo. Baseados em sua lógica especulativa, descartam a literatura védica e se dediacm á inútil tarefa de definir a causa do mundo material.

A afirmação de Sri Krishna expressa claramente que o mundo material, constituído por seres móveis e imóveis, foi criado pela prakriti sob sua supervisão. Visto que foi criado pela vontade de Bhagavan, o possuidor da verdadeira determinação, este mundo é real, ainda que mutável e perecível. Os asuras(demônios), carentes de sabedoria pura e perfeita, imaginam diversos tipos de conclusões ateístas temporárias.

Sloka 9

Etam drstim avastabhya

Nastatmano ípa-buddhayah

Prabhavanty ugra-karmanah

Ksayaya jagato ´hitah

Os demônios carecem de atma-tattva. Eles se refugiam nas visões ateístas e identificando o corpo como sendo seu verdadeiro ser, atuam com violência. Eles são a personificação de tudo que é indesejável e nascem com o único propósito de desfrutar do mundo.

Prakasika-Vrtti

Os demônios carecem de tattva-jnana. Eles inventam vários tipos de máquinas e com pretexto de avanço da civilazação humana, inventam numerosas armas e dispositivos para matar a maior quantidade de pessoas no menor tempo possível, mesmo se estas se encontram em outros continentes. Eles estão muito orgulhosos de tais inventos. A sociedade demoníaca trabalha para destruir o mundo visto que não tem fé em Isvara nem nos Vedas.

Sloka 10

Kamam asritya duspuram

Dambha-mana-madanvitah

Mohad grhitva ´sad-grahan

Pravarttante ´suci-vratah

Obsecados por desejos insaciáveis e cheios de hipocrisia, orgulho e arrogância, os demônios néscios anseiam constantemente os objetos temporários. Consagrados á depravação eles se dedicam á doração de semi-deuses insignificantes.

Slokas 11-12

Cintam aparimeyanca

Pralayantam upasritah

Kamopabhoga-parama

Etavad iti niscitah

Asa-pasa-satair baddhah

Kama-krodha-parayanah

Ihante kama-bhogartham

Anyayenartha-sancayan

Pensando que o desfrute sensual é o propósito da vida, eles se quedam ansiosos até o momento da morte. Atados ás cordas dos ilimitados desejos e dominados pela luxúria e a ira, se esfórçam em acumular riqueza mediante métodos indevidos, com o objetivo de obter prazer sensual.

Sloka 13

Idam adya maya labdham

Idam prapsye manoratham

Idam astidam api me

Bhavisyati punar dhanam

Os demônios pensam: “Consegui muita coisa hoje e assim satisfarei meu desejos. Tenho tanta riqueza agora e isto aumentará ainda mais no futuro.

Sloka 14

Asau maya hatah satrur

Hanisye caparan api

Isvaro ´ham aham bhogi

Siddho ´ham balavan sukhi

“Matei este meu inimigo e matarei outros também. Sou o senhor e o desfrutador. Sou perfeito, poderoso e feliz.”

Sloka 15

Adhyo ´bhijanavan asmi

Ko ´nyo ´sti sadrso maya

Yaksye dasyami modisya

Ity ajnana-vimohitah

“Sou afortunado e nobre de nascimento. Quem pode se comparar á mim? Executarei yajna, oferecerei caridade e como resultado gozarei de grande felicidade.” Eles falam assim por que estão enganados pela ilusão.

Sloka 16

Aneka-citta-vibhranta

Moha-jala-samavrtah

Prasaktah kama-bhogesu

Patanti narake ´sucau

Confundidos por numerosos desejos e ansiedades, emaranhados na rede da ilusão e escesivamente viciados no desfrute sensual. Eles caem em situações impuras e infernais.

Prakasika-vrtti

As pessoas demoníacas pensam que são Isvara(controlador) apesar de estarem agitadas por diversas ansiedades inúteis e atadas á uma rede de ilusão. Eles se convertem em instrutores e ensinam seus seguidores. “Tu és Isvara, podes fazer tudo que desejas.”

Hoje em dia, aqueles que possuem inclinações demoníacas pretendem alcançar os planetas superiores com diversos tipos de naves espaciais, mas não sabem que transitam em um caminho destrutivo.

Sloka 17

Atma-sambhavitah stabdha

Dhana-mana-madanvitah

Yajante nama-yajnais te

Dambhenavidhi-purvakam

Inflados, arrogantes e intoxicados pelo falso prestígio que a opulência outorga, os demônios realizam ostentosos yajnas apenas externamente, pois não seguem as instruções dos sastras.

Prakasika-vrtti

Hoje em dia a maioria das pessoas que adoram os semi-deuses e outras personalidades, o fazem segundo seus próprios caprichos, sem respeitar as instruções dos sastras. Devemos escutar as instruções de Krishna sobre este aspecto.

Sloka 18

Ahankaram balam darpam

Kamam krodhanca samsritah

Mam atma-para-dehesu

Pradvisanto bhyasuyakah

Confundidos pelo falso ego, pela força corpórea, pelo orgulho, pela luxúria e ira, eles me invejam e me criticam através dos sadhus, em cujos corações resido eternamente como Paramatma.

Sloka 19

Tan aham dvisatah kruran

Samsaresu naradhaman

Ksipamy ajasram asubhan

Asurisv eva yonisu

Aqueles que invejam os sadhus, que possuem um cruel coração e que são malévolos, são os seres humanos mais degradados. Eu os jogo na existência material entre as diversas espécies de demônios.

Sloka 20

Asurim yonim apanna

Mudha janmani janmani

Mam aprapyaiva kaunteya

Tato yanty adhamam gatim

Ó Kaunteya! Aceitando um nascimento atrás do outro em espécies demoníacas, tais néscios jamais me alcançam. Assim, eles continuam emaranhados nas formas mais degradadas de vida.

Prakasika-vrtti

Geralmente, a jiva obtém os frutos do seu próprio karma, e para experimentar os resultados deste karma, as pessoas que se opõe aos vedas, aos bhaktas e á Bhagavan, caem uma e outra vez nas espécies demoníacas de vida. Por que cometeu várias ofensas, elas não conseguem nenhuma oportunidade de se liberarem destas ofensas. Estas ofensas não podem ser expiadas nesta mesma vida, mas a pessoa tem a oportunidade de expia-las quando descende á espécies inferiores como a dos animais. O nascimento em qualquer espécie, com exceção da humana, tem como único objetivo a expiação dos resultados kármicos anteriores.

Sloka 21

Tri-vidham narkasyedam

Dvaram nasanam atmanah

Kamah krodhas tatha lobhas

Tasmad etat trayam tyajet

Há três portas que conduzem ao inferno: a luxúria, a ira e a cobiça. Deve-se ás abandonar por completo, pois são a causa da destruição da alma.

Prakasika-vrtti

As qualidades demoníacas mencionadas destroem o ser e o conduz ao inferno. A luxúria, a ira e a cobiça são a raíz das outras. Por tanto, todo ser humano que deseje seu próprio bem estar, deve erradica-las. Os karmis, os jnanis e yogis não podem controlar estas tendências apesar de seus esforços, mas um suddha-bhakta, pela influência de sadhu-sanga, pode subjulgar facilmente estes três inimigos e mostrar assim um extraordinário exemplo de como eles podem ser controlados.

Sloka 22

Etair vimuktah kaunteya

Tão-dvarais tribhir narah

Acaraty atmanah sreyas

Tato yati param gatim

Ó Kaunteya! Aquele que escapou das portas que conduzem ao inferno, atua para o bem estar do seu próprio ser e deste modo alcança o destino supremo.

Sloka 23

Yah sastra-vidhim utsrjya

Varttate kama karatah

Na as siddhim avapnoti

Na sukham na param gatim

Aqueles que recusam a sanção dos sastras e atuam segundo sua própria vontade, não alcançam a perfeição, a felicidade nem o destino supremo.

Sloka 24

Tasmac chastram pramanam te

Karyakarya-vyavasthitau

Jnatva sastra-vidhanoktam

Karma kartum iharhasi

Por tanto, os sastras são a única autoridade acerca da conduta correta e incorreta. Quanto ao seu dharma, deves executar todas as suas atividades compreendendo a essência dos sastras.

Prakasika-vrtti

Após aprender as instruções dos sastras, as pessoas que desejam bem aventurança eterna, devem cultivar bhakti á Sri Hari sob a guia do guru-varga, de acordo com sua qualificação respectiva. Para uma pessoa inteligente, não é espíritualmente favorável atuar contra os códigos dos sastras ou considerar autoritativas as idéias imaginárias de supostos instrutores que são glorificados pelos não devotos.

A ofensa original da jiva é o mau uso do seu livre arbítrio e sua aversão á Krishna. Por isto, maya, que é uma serva de Krishna, á coloca em cativeiro. Atrapada por maya, a jiva abandona a natureza sattvika que lhe permite compreender Bhagavan e desenvolve uma natureza demoníaca de qualidades tamasika. Neste momento manifestam-se muitas ofensas como a crítica aos sadhus, o conceito politeísta de Deus ou a idéia de que Deus não existe, a desobediência ao guru, a falta do devido respeito aos sastras entre outros.

Assim se conclui o décimo sexto capítulo do Bhagavad gita.




Capítulo 17

Sraddha-Traya-Vibhaga Yoga

Os três tipos de fé

Sloka 1

Arjuna uvaca

Ye sastra-vidhim utsriya

Yajante sraddhayanvitah

Tesam nistha tu ka krsna

Sattvam aho rajas tamah

Arjuna perguntou: Ó Krishna! Qual é a posição de quem ignora as instruções dos sastras, mas ainda sim adorão com fé? São eles sattvika, rajasika ou tamasika?

Sloka 2

Sri bhagavan uvaca

Tri-vidha bhavati sraddha

Dehinam as svabhava já

Sattviki rajasi caiva

Tamasi ceti tam srnu

Sri Bhagavan disse: A fé dos seres corporificados é de três tipos – sattvika, rajasika ou tamasika – e é determinada pelas impressões de suas vidas prévias. Escuta agora sobre estes três tipos de fé.

Prakasika-vrtti

Alguns pensam que é difícil e dolorozo seguir as instruções dos sastras, e outros ás descartam e adoram os semideuses caprichosamente com uma fé material nascidas das impressões de sua vidas prévias. A fé destas pessoas é de três tipos – sattvika, rajasika ou tamasika. Mas a fé que está dirigida ao cultivo de bhagavad-bhakti sob a guia dos suddha bhaktas versados nos sastras é nirguna. A fé de um bhakti-sadhaka pode ser sattvika nos estágios iniciais, mas pela influência dos sadhus, se converte rapidamente em nirguna-sraddha e transcende as qualidades materiais. Neste momento o sadhaka começa a progredir no caminho de bhakti e se ocupa com grande determinação em escutar, cantar e lembrar hari-nama e hari katha e assim segue meticulosamente as regras e regulações dos sastras.

Sloka 3

Sattvanurupa sarvasya

Sraddha bhavati bharata

Sraddha-mayo yam puruso

Yo yac-chraddhah as eva sah

Ó Bharata! A fé de uma pessoa é determinada pela natureza da sua mente. Todas as pessoas possuem fé e desenvolvem uma tendência correspondente ao objeto no qual á depositam

Sloka 4

Yajante sattvika devan

Yaksa-raksamsi rajasah

Pretan bhuta-ganams canye

Yajante tamasa janah

As pessoas que se encontram na qualidade da bondade adoram os semi-deuses de natureza similar. Aquelas que estão na qualidade da paixão adoram as bruxas e os demônios que possuem natureza apaixonada similar, e as pessoas na qualidade da ignorância adoram os fantasmas e espíritos.

Sloka 5 – 6

Asastra-vihitam ghoram

Tapyante ye tapo janah

Dambhahankara-samyuktah

Kama-raga-balanvitah

Karsayantah sarira-stham

Bhuta-gramam acetasah

Mancaivantah sarira-stham

Tan viddhy asura-niscayan

Devido ao orgulho e egoísmo, algumas pessoa realizam severas austeridades não recomendadas pelos sastras. Movidos pela luxúria, o apego mundano e o desejo de poder, infligem dor não apenas ao seu corpo mas também á mim, que moro no seu interior. Estas pessoas devem ser consideradas como demônios.

Bhavanuvada

Krishna disse: “Ó Arjuna! Perguntaste se aqueles que ignoram as regras dos sastras, mas executam adoração com fé, são sattvika, rajasika ou tamasika. Escuta agora minha resposta. A fé a renúncia aos desejos egoísta são a características que se observam nas pessoas que executam austeridades severas, as quais atemorizam os demais seres. As pessoas orgulhosas e interesseiras sem dúvida violarão as regras dos sastras. Kama se refere aos desejos como o de permanecer sempre jovem, se tornar imortal ou obter um reino. Raga se refere ao apego pelas austeridades e bala é a capacidade de executar austeridades como as realizadas por Hiranyakasipu. Tais austeridades torturam os elementos presentes no corpo e causam dor desnecessária tanto a mim, quanto a jiva. Estas pessoas possuem inclinações demoníacas.”

Prakasika – vrtti

As austeridades como os jejuns dolorosos e inúteis, o sacrifício do corpo, carne ou de outros seres huamnso ou animais, entre outros atos violentos similares, causam dor ao próprio ser e também á Paramatma. As pessoas que possuem tal natureza cruel devem ser consideradas demoníacas. Hoje em dia, algumas pessoas jejuam com propósitos egoístas ou políticos. Os jejuns estipulados pelos sastras que tem como propósito a meta transcendental são benéficos, como o ekadasi por exemplo. No ekadasi se estipula jejuar até mesmo de água e permanecer acordado toda a noite executando hari-kirtana. Hoje em dia, as pessoas permanecem acordadas comendo carne, bebendo vinho e cantando canções vulgares e vergonhosas. Elas violam as regras dos sastras. Tais atividades são executadas devido ao profundo orgulho e ao ego nascido do apego excessivo aos desejos materiais e ao desfrute sensual. Os que atuam assim infligem dor desnecessária ao corpo e pertubam a paz interna e também a alheia. Mas se por boa fortuna, consege a associação de um suddha-bhakta, podem receber algum benefício.

Sloka 7

Aharas tv api sarvasya

Tri-vidho bhavati priyah

Yajnas tapas tatha danam

Tesam bhedam imam srnu

O tipo de comida das diferentes classes de pessoas é de três tipos, dependendo das suas qualidades. O mesmo ocorre em relação á sacrifícios, austeridades e caridade. Escuta agora as diferenças entre elas.

Sloka 8

Ayuh-sattva-balarogya

Sukha-priti-vivarddhanah

Rasyah snigdhah sthira-hrdya

Aharah sattvika-priyah

Os alimentos que aumentam a duração da vida, o entusiasmo, a força, a saúde, a felicidade e a satisfação; que são saborosos, engordam, nutrem e são agradáveis ao coração e ao estômago, são muito apreciados pelas pessoas situadas na qualidade da bondade.

Bhavanuvada

É um fato bem conhecido no mundo, que por ingerir alimentos no modo da bondade, a duração da vida aumenta. A palavra sattvam significa entusiasmo. Rasya se refere ás substâncias como o pão de açúcar que são saborosos porém são secos. Sri Bhagavan se refere também aos alimentos como o leite e o creme de leite que são saborosos e pastosos porém não são sólidos.

Depois fala dos alimentos saborosos, pastosos e não sólidos como a fruta de pan. Ainda que esta fruta esteja nas categorias mencionadas, não é boa para o coração e estômago, por tanto Sri Bhagavan menciona especificamente os alimentos que são benéficos para isto. Os produtos da vaca como o leite e o yourgute, assim como o trigo, o açúcar e o arroz, possuem todas as boas características e as pessoas na qualidade da bondade gostam. Estas pessoas não gostam de alimentos impuros.

Prakasika-vrtti

É fácil de distinguir a diferença entre os efeitos de beber leite e beber alccol. As pessoas deixam de ingerir alimentos no modo da bondade devido á má associação, o conhecimento defeituoso e a falta de samskara apropriado.

Sloka 9

Katv-amla-lavanaty-usna

Tiksna-ruksa-vidahinah

Ahara rajasasyesta

Duhkha-sokamaya-pradah

Os alimentos margos, ágrios, salados, picantes, secos ou quentes e que causam dor, pesar e enfermidade, são consumidos pelas pessoas situadas no modo da paixão.

Prakasika-vrtti

Ao ingerir alimentos no modo da paixão, que logo provocam indigestão, imediatamente se experimenta sensação de ardor em sua língua, garganta e estômago. Posteriormente, a mente se torna inquieta com pensamentos dezagradáveis e ansiosa e assim se desenvolve diversas doenças. Assim sua vida se torna miserável.

Sloka 10

Yatayamam gatarasam

Puti paryusitanca yat

Ucchistamapi camedhyam

Bhojanam tamasapriyam

As pessoas situadas na qualidade da ignorância gostam de ingerir alimentos cozinhados á mais de três horas e também frios, insípidos, em putrefação, parcialmente comidos ou dispensados e também impuros.

Bhavanuvada

A palavra yata-yamam significa comida fria que foi cozinhada três horas antes de ser consumida. Gata-rasam indica aquilo que perdeu seu sabor natural ou cujo suco já tenha sido extraído como a semente de manga. Paryusitam indica algo cozinhado na véspera. Ucchistam significa sobras, mas não se refere aos remanentes de pessoas altamentes respeitáveis como as situadas no Guru parampara. Amedhya é tudo o que não é apto á ser consumido como a carne e o tabaco. As pessoas preocupadas com seu próprio bem estar, devem consumir alimentos no modo da bondade, mas os vaishnavas não devem aceitar nem sequer alimentos sattvika se este não foi oferecido á Bhagavan.

Prakasika-vrtti

O Srimad Bhagavatam (11.5.11) diz:

“É evidente que as pessoas no mundo material tem uma inclinação natural para com o consumo de carne, alcool e atividade sexual, mas as escrituras jamais estimulam estas atividades. È permitida a vida sexual até certo ponto, dentro de um matrimônio sagrado.”

Algumas pessoas pensam que mesmo que comer carne seja pecaminoso, ao ingerir peixe, isto não se inclui nas atividades pecaminosas. Porém o Manu-Samhita proíbe por completo o consumo de carne:

“Os consumidores de carne de um animal específico são conhecidos como comedores deste animal, mas aqueles que ingerem peixe comem a carne de todos, porque o peixe comem a carne de todas as entidades vivas , inclusive da vaca e do veado. Eles comem inclusive coisa putrefatas. Quem consome peixe na realidade ingere a carne de todos os seres.”

Os suddha-bhaktas comem apenas os alimentos que tenham sido oferecidos á Bhagavan Sri Krishna, e isto se denomina Maha Prasada. Este é o único alimento indicado para ser ingerido porque é nirguna e está completamente livre de pecado. No Padma Purana se diz:

“Ingerir comida ou água que não tenha sido oferecido á Sri Vishnu é como comer excremento e beber urina.”

Sloka 11

Aphalakansibhir yajno

Vidhi-disto ya ijyate

Yastavyam eveti manah

Samadhaya as sattvikah

A execução de yajna é obrigatória. O yajna que é oferecido com esta compreensão e executado segundo as instruções dos sastrase sem esperar recompensa está na qualidade da bondade.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan descreve agora os três tipos de yajna. Se alguém se pergunta como uma pessoa pode executar yajna sem esperar resultados, Sri Bhagavan responde: “Executa yajna porque compreende que é seu dever e também porque os sastras ordenam.”

Sloka 12

Abhisandhaya tu phalam

Dambhartham api caiva yat

Ijyate bharata-srestha

Tam yajnam viddhi rajasam

Ó melhor da dinastia Bharata! O yajna que se executa pretensa e pomposamente, desejando seus frutos, está sem duvida na qualidade da paixão.

Sloka 13

Vidhi-hinam asrstannam

Mantra-hinam adaksinam

Sraddha-virahitam yajnam

Tamasam paricaksate

O yajna que se executa contra as regras dos sastras, no qual não se distribui prasadam, não se canta mantras védicos e tampouco se oferece caridade aos sacerdotes, e que é realizado sem fé, é condenado pelos sábios que o consideram como estando no modo da ignorância.

Sloka 14

Deva-dvija-guru-prajna

Pujanam saucam arjavam

Brahmacaryam ahimsa ca

Sariram tapa ucyate

As austeridades relacionadas com o corpo que incluem a adoração aos semi-deuses, aos brahmanas, aos gurus e aos sábios, são; limpeza, celibato e não violência.

Sloka 15

Anudvega-karam vakyam

Satyam priya-hitanca yat

Svadhyayabhysanam caiva

Van-mayam tapa ucyate

As austeridades da fala confere em proferir palavras que não causem agitação e que sejam verazes, prazeirosas e benéficas, assim como também a recitação dos Vedas.

Sloka 16

Manah-prasadah saumyatvam

Maunam atma-vinigrahah

Bhava-samsuddhir ity etat

Tapo manasam ucyate

As austeridades da mente consistem na satisfação, gentileza, seriedade, disciplina mental e conduta pura.

Sloka 17

Sraddhaya paraya taptam

Tapas tat tri-vidham naraih

Aphalakanksibhir yuktaih

Sattvikam paricaksate

As austeridades do corpo, da fala e da mente, executadas por homens conectados com o Senhor Supremo e que estão livres do desejo de recompensa material, é considerada como estando no modo da bondade.

Sloka 18

Satkara-mana-pujartham

Tapo dambhena caiva yat

Kriyate tad iha proktam

Rajasam calam adhruvam

A austeridade executada com arrogância para obter reconhecimento, honra e adoração é considerada como estando no modo da paixão. Ela é temporária e incerta.

Sloka 19

Mudha-grahenatmano yat

Pidaya kriyate tapah

Parasyotsadanartham va

Tat tamasam udahrrtam

A austeridade executada sem sentido, que causa dor ao ser ou que é realizada para prejudicar os outros, é considerada com estando no modo da ignorância.

Sloka 20

Datavyam iti yad danam

Diyate nupakarine

Dese kale ca patre ca

Tad danam sattvikam smrtam

A caridade deve ser oferecida como uma questão de dever. A caridade outorgada com este critério, sem esperar na da em troca, que é realizada em um lugar sagrado, em um momento auspicioso e á uma pessoa venerável, situa-se no modo da bondade.

Sloka 21

Yat tu pratyupakarartham

Phalam uddisya va punah

Diyate ca pariklistam

Tad danam rajasam smrtam

Mas a caridade que é oferecida com mal humor ou com esperança de obter algum benefício, é considerada no modo da paixão.

Sloka 22

Adesa-kale yad danam

Apatrebhyas ca diyate

Asat-krtam avajnatam

Tat tamasam udahrtam

A caridade que é oferecida com uma atitude desrespeitosa, em um lugar impuro ou em um momento inauspicioso á uma pessoa indigna, é considerada como estando no modo da ignorância.

Slokas 23-24

Om tat sad iti nirdeso

Brahmanas tri-vidhah smrtah

Brahmanas tena vedas ca

Yajnas ca vihitah pura

Tasmad om ity udahrtya

Yajna-dana-tapah-kriyah

Pravarttante vidhanoktah

Satatam brahma-vadinam

É dito que om, tat e sat são as três palavras usadas para indicar a Realidade Absoluta Suprema. Os brahmanas, os Vedas e os yajnas foram criados destas três palavras. Por tanto, os seguidores consagrados dos Vedas, sempre começam a execução de sacrifícios, atos de caridade, austeridades e demais atividades prescritas nos sastras pronunciando a sagrada sílaba om.

Sloka 25

Tad ity anabhisandhaya

Phalam yajna-tapah-kriyah

Dana-kriyas ca vividhah

Kriyante moksa-kanksibhih

As pessoas que desejam obter moksa (liberação), executam diversos tipos de yajna, austeridades e caridades pronunciando a sílaba tat e renunciam os frutos de suas atividades.

Sloka 26

Sad-bhave sadhu-bhave ca

Sad ity etat prayujyate

Prasaste ksrmani tatha

Sac-chabdah partha yujyate

Ó Partha! A palavra sat se refere á Verdade Absoluta Suprema e aos adoradores do brahma. É utilizada também em conexão com atividades auspiciosas.

Sloka 27

Yajne tapasi dane ca

Sthitih sad iti cocyate

Karma caiva tad-arthiyam

Sad ity evabhidhiyate

A determinação no yajna, a austeridade, a caridade e o conhecimento do seu verdadeiro propósito, estão relacionados com a sílaba sat. As atividades como a limpeza do templo visando agradar á Sri Bhagavan são também consideradas sat.

Sloka 28

Asraddhaya hutam dattam

Tapas taptam krtanca yat

Asad ity ucyate partha

Na ca tat pretya no iha

Ó filho de Partha! O yajna, a caridade, a austeridade ou qualquer ação que é realizada sem fé se denomina asat. Estas atividades não produzem benefício nem neste mundo e nem no próximo.

Prakasika-vrtti

Todas as atividades que são realizadas para servir Bhagavan, o guru e os vaishnavas, como pedir caridade, cavar poços e tanques, plantar jardins de flores e tulasi, plantar árvores e construir templos, são consideradas tad-arthiyam karma, atividades para sua satisfação, e por tanto são sat.


Assim se conclui o décimo sétimo capítulo do Srimad bhagavd Gita de B.V.Narayana Goswami Maharaj.












Capítulo 18

Moksa Yoga


O princípio da liberação




Sloka 1

Arjuna uvaca

Sannyasasya maha-baho

Tattvam icchami veditum

Tyagasya ca hrsikesa

Prthak kesi-nisudana

Arjuna disse: Ó maha-baho! Ó Hrsikesa! Ó Kesi nisudana! Desejo saber a diferença entre sannyasa e tyaga, assim como a natureza de ambos.

Bhavanuvada

Este capítulo descreve os seguintes temas ; os três tipos de sannyasa, o jnana, o karma, a compreensão conclusiva de mukti e a essência mais confidencial de bhakti. No capítulo anterior Sri Bhagavan disse: “Após liberar-se dos desejos materiais, os que buscam moksa executam diversos tipos de yajna, oferecem caridade e realizam penitências pronunciando a sílaba sat.”

Arjuna é muito inteligente e inquisitivo , por isso se dirige á Krishna recitando este verso começando com com a palavra sannyasasya, para que possa compreender estes temas claramente.

Sloka 2

Sri bhagavan uvaca

Kamyanam karmanam nyasam

Sannyasam kavayo viduh

Sarva-karma-phala-tyagam

Prahus tyagam vicaksanah

Sri Bhagavan disse: Segundo os sábios, a renúncia total ás atividades fruitivas se chama sannyasa, enquanto que a renúncia aos resultados de todas as atividades se chama tyaga.

Bhavanuvada

O termo sannyasa se aplica á pessoa que abandona por completo todas as atividades fruitivas como por exemplo a execução de yajnas para satisfazer o desejo de ter um filho ou alcançar planetas superiores, mas não abandona as atividades obrigatórias como a meditação nos gayatri-mantras. O termo tyaga se aplica á pessoa que por uma questão de dever, realiza tanto atividades fruitivas quanto as obrigatórias mas renuncia os frutos destas atividades.

Sloka 3

Tyajyam dosa-vad ity eke

Karma prahur manisinah

Yajna-dana-tapah-karma

Na tyajyam iti capare

Alguns pensadores, como os sankhya-vadis, declaram que visto que toda ação é defeituosa, deve ser abandonada. Outros, como os mimamsakas, opinam que os atos de sacrifício, caridade e austeridade nunca devem ser abandonados.

Sloka 4

Niscayam srnu me tatra

Tyage bharata-sattama

Tyago hi purusa-vyaghra

Tri-vidhah samprakirttitah

Ó melhor entre os Bharatas! Escuta minha definitiva opinião sobre o tyaga. Ó supremo entre os homens! Se diz que o tyaga são de três tipos.

Sloka 5

Yajna-dana-tapah-karma

Na tyajyam karyam eva tat

Yajno danam tapas caiva

Pavanani manisinam

A ação na forma de sacrifício, caridade ou austeridade, jamais deve ser abandonada porque estes são deveres prescritos. O sacrifício, a caridade e a austeridade purificam até mesmo os corações dos pensadores e dos sábios.

Sloka 6

Etany api tu karmani

Sangam tyaktva phalani ca

Karttavyaniti me partha

Niscitam matam uttamam

Ó Partha! Uma pessoa deve realizar toda atividade sem considerar-se o atuante e abandonando o apego por seus frutos. Esta é minha opinião definitiva e suprema.

Sloka 7

Niyatasya tu sannyasah

Karmano nopapadyate

Mohat tasya parityagas

Tamasah parikirttitah

Mas a renúncia ao trabalho obrigatório não é correta. Esta renúncia é considerada tamasika porque é produto da ilusão.

Bhavanuvada

Dos três tipos de tyaga, este é o tyaga que se encontra no modo da ignorância.

Sloka 8

Duhkham ity eva yat karma

Kaya-klesa-bhayat tyajet

As krtva rajasam tyagam

Naiva tyaga-phalam labhet

Se uma pessoa considera que o dever prescrito é uma fonte de sofrimento e o abandona por temor á incomodidade corpórea, sua renúncia está no modo da paixão e é infrutífera.

Sloka 9

Karyam ity eva yat karma

Niyatam kriyate ´rjuna

Sangam tyaktva phalancaiva

sa tyagah sattviko matah

Ó Arjuna, a renúncia de uma pessoa que executa sua atividade prescrita como uma questão de dever e abandona o apego pelos frutos da ação, como também o ego de se considerar o atuante, é considerada como estando no modo da bondade.

Sloka 10

Na dvesty akusalam karma

Kusale nanusajjate

Tyagi sattva-samavisto

Medhavi chinna-samsayah

O renunciado dotado de sattva-guna, cuja inteligência é firme e que está livre de toda dúvida, não abomina o trabalho doloroso nem se apega ás coisas que outorgam felicidade.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan explica as características de uma pessoa firme no sattvika-tyaga. Akusalam significa que eles não abominamas atividades dolorosas, como os banhos matinais de água fria no inverno, e kusale significa que não estão apegados ás atividade que dão prazer, como os banhos de água fria durante o verão.

Sloka 11

Na hi deha-bhrta sakyam

Tyaktum karmany asesatah

Yas tu karma-phala-tyagi

sa tyagity abhidhiyate

Um ser corporificado não pode abandonar á ação por completo, mas aquele que abandona os frutos da ação é um real renunciado.

Sloka 12

Anistam istam misranca

Tri-vidham karmanah phalam

Bhavaty atyaginam pretya

Na tu sannyasinam kvacit

Aqueles que não se dedicam á renúncia descrita, alcançam três destinos após abandonar o corpo; uma existência infernal, um lugar onde residem os semi-deuses ou um nascimento humano neste mundo. Mas os sannyasis nunca obtém tais resultados.

Sloka 13

Pancaitani maha-baho

Karanani nibodha me

Sankhye krtante proktani

Siddhaye sarva-karmanam

Ó Maha-baho! Escuta agora sobre as cinco causas que intervem no cumprimento de qualquer ação. Estão descritas na filosofia sankhya, que explica como obter as reações do karma.

Bhavanuvada

“Ouve-me falar agora sobre as cinco causas da ação que são responsáveis pelo cumprimento de todas as atividades.” A filosofia que descreve Paramatma se denomina sankhya (san-completamente, e khya-descreve), isto é explicado no Vedanta-sastra e explica como anular as reações das ações que tenham sido executadas.

Sloka 14

O corpo, o agente e o atuante, os sentidos, as diversas classes de esforço e o inspirador interno ou Antaryami, são as cinco causas do karma que é mencionado no Vedanta.

Prakasika-vrtti

Aqui se explica as cinco causas da ação mencionadas no verso. A palavra adhisthanam neste contexto refere-se ao corpo, pois a ação só pode ser realizada quando a baddha-jiva está situada nele. A alma situada no corpo é a atuante, pois é ela quem executa a ação. A alma pura não tem relação alguma com o karma, mas se converte em quem desfruta dos resultados devido ao falso ego de atuante. Assim sendo, a alma é tanto quem conhece quanto quem atua. Isto é mencionado nos srutis: “A alma é tanto a testemunha quanto a atuante.” Por outro lado, a alma realiza diversos tipos de atividades com ajuda dos sentidos, os quais são por tanto, os instrumentos utilizados para a execução do karma. Cada atividade requer um esforço separado, mas todas elas dependem da sanção de Paramesvara, que está situada dentro dos corações de todos como controlador, testemunho e amigo. Paramesvara é a causa Suprema. As pessoas que estão inspiradas por uma grande personalidade esperta no significado dos sastras e conhecedora da realidade transcendental e por Paramesvara, sabem o que é obrigatório e o que não é. Assim, se dedicam á execução de bhakti e rapidamente alcançam o destino supremo sem se atar ás reações do seu bom e mal karma.

Sloka 15

Sarira-van-manobhir yat

Karma prarabhate narah

Nyayyam va viparitam va

Pancaite tasya hetavah

Estas são as cinco causas que existem atrás de qualquer atividade correta ou incorreta que uma pessoa execute com o corpo, fala ou mente.

Sloka 16

Tatraivam sati karttaram

Atmanam kevalantu yah

Pasyaty akrta-buddhitvan

Na as pasyati durmatih

Por tanto, aquele que ignora estes cinco fatores e considera que a alma é a única atuante de todas as atividades é um néscio que não pode ver as coisas apropriadamente devido á sua impura inteligência.

Sloka 17

Yasya nahankrto bhavo

Buddhir yasya na tipyate

Hatvapi as imallokan

Na hanti na nibadhyate

A pessoa que está livre do ego de se julgar o atuante e cuja inteligência não está apegada aos frutos do karma, mesmo que mate algum ser vivo, na realidade não mata e nem é atada pelos resultados de suas ações.

Prakasika-vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krishna: “Ó Arjuna! Tu estás confundido sobre sua posição nesta batalha devido ao falso ego. Se estivesse compreendido que os cinco fatores descritos são a causa do karma, não estava se sentindo assim. Por tanto, as pessoas cuja inteligência não se está coberta pelo falso ego de atuantes não mata mesmo que aniquile toda a humanidade, e por tanto não são atadas pelos resultados desta matança.”

Sloka 18

Jnanam jneyam parijnata

Tri-vidha karma-codana

Karanam karma kartteti

Tri-vidhah karma-sangrahah

O conhecimento, o conhecível e o conhecedor, constituem o impulso para executar o karma. O instrumento, a atividade e o agente formam a base tripla do karma.

Prakasika-vrtti

Srila Bhaktivinoda Thakura interpreta Krishna: O instrumento, o objeto e o atuante formam as três bases do karma conhecido como karma-sangrahah. Qualquer ação que uma pessoa execute tem duas etapas: codana ou inspiração e sangrahah ou base. O processo que antecede o karma chama-se codana. A inspiração constitue a existência sutil da ação e da fé que existe na mente antes que a ação se manifeste. A etapa que precede a ação se divide em três partes: o conhecimento do instrumento da ação, o objeto concebido da ação e o que executa a ação. A execução da ação tem três divisões: o instrumento, o objeto e o sujeito.”

Sloka 19

Jnanam karma ca kartta ca

Tridhaiva guna-bhedatah

Procyate guna-sankhyan

Yathavac chrnu tany api

Os sastras sankhya descrevem as diferentes qualidades da natureza, o conhecimento, a ação e o sujeito da ação. Se diz que cada um é de três tipos: sattvika, rajasika e tamasika. Escuta agora eu falar sobre eles.


Sloka 20

Sarva-bhutesu yenaikam

Bhavam avyayam iksate

Avibhaktam vibhaktesu

Taj jnanam viddhi sattvikam

O sattvika-jnana é o conhecimento no qual se percebe que as jivatmas corporificadas em humanos, semi-deuses e animais, são indivisíveis e imperecíveis, e possuem a mesma qualidade de consciência mesmo que ainda estejam experimentando diferentes tipos de frutos.

Prakasika-vrtti

Como se explicou anteriormente, as jivas são de dois tipos: baddha (condicionadas) e mukta (liberadas). Mesmo que sejam ilimitadas, elas são idênticas com relação á sua natureza consciente. Todas são, segundo sua natureza constitucional, servas de Krishna, mesmo que nasçam em diferentes espécies como os semi-deuses, seres humanos e animais. Para estabelecer este siddhanta, Sri Krishna explica que através de sattvika-jnana percebe-se que as inumeráveis jivas existem dentro de diferentes corpos. Desde a perspectiva da realidade consciente e mediante o sattvika-jnana, pode-se perceber como as entidades indivisíveis, são imutáveis e sem diferença alguma quanto á sua natureza.

Sloka 21

Prthaktvena tu yaj jnanam

Nana-bhavan prthag-vidhan

Vetti sarvesu bhutesu

Taj jnanam viddhi rajasam

O conhecimento no qual se percebe os diferentes tipos de jiva dentro de diferentes corpos, como semi-deuses ou humanos, pertencentes á diferentes categorias de existência com propósitos diversos, se denomina rajasika-jnana.

Prakasika-vrtti

O rajasika-jnana promove diferentes concepções. Isto significa que aqueles que não acreditam na existência de um plano transcendental dizem que o corpo é a alma. Os jainis dizem que mesmo que a alma seja diferente do corpo, está limitada pelo corpo, ou seja, não tem uma existência separada. Os budistas afirmam que a alma é consciente por um período de tempo limitado. Os lógicos afirmam que a alma é a base dos nove tipos de qualidades especiais, ou seja, que é diferente do corpo e não é inerte. O jnana que produz estas compreensões á respeito da alma é denominado de rajasika –jnana (conhecimento no modo da paixão)

Sloka 22

Yat tu krtsna-vad ekasmin

Karye saktam ahaitukam

Atattvartha vad alpanca

Tat tamasam udahrtam

O tamasika-jnana é o conhecimento que impulsiona o homen á absorver-se em atividades relacionadas com o corpo material, tais como tomar banho e comer, considerando-as como a perfeição máxima da vida. Este conhecimento é irracional, carente de substância espiritual e é não diferente do de um animal.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan descreve agora o conhecimento no modo da ignorância. É o conhecimento que carece de referência espiritual e que promove o apego pelos atos próprios tais como comer, beber e tomar banho, assim como desfrutar do sexo oposto.

Sloka 23

Niyatam sanga rahitam

Araga-dvesatah krtam

Aphala-prepsuna karma

Yat tat sattvikam ucyate

O karma que é executado sem desejos fruitivos e apegos e que está livre de qualquer atração ou aversão pessoal, é considerado sattvika.

Bhavanuvada

Após descrever os três tipos de conhecimento, Sri Bhagavan descreve agora os três tipos de karma.

Sloka 24

Yat tu kamepsuna karma

Sahankarena va punah

Kriyate bahulayasam

Tad rajasam udahrtam

Mas o karma que é executado com grande esforço por uma pessoa iludida pelo falso ego e que busca satisfazer seus desejos fruitivos, é denominado rajasika-karma.

Sloka 25

Anubandham ksayam himsam

Anapeksya ca paurusam

Mohad arabhyate karma

Yat tat tamasam ucyate

A atividade que é realizada através da ilusão sem considerar a habilidade para executa-la, que produz misérias futuras e causa a destruição do dharma e do jnana assim como a perda do ser ou dificuldades aos outros, é denominada de tamasika-jnana.

Bhavanuvada

Bandha significa o cativeiro causado por pessoas como a polícia ou os yamadutas. Qualquer esfôrço material que surge da ilusão sem se considerar as terríveis conseqüências futuras, a destruição do dharma ou a perda do próprio ser, é considerada tamasika.

Sloka 26

Mukta-sango naham-vadi

Dhrty-utsaha-samanvitah

Siddhy-asiddhyor nirvikarah

Kartta sattvika ucyate

O executor da ação que está livre de desejo fruitivo e do orgulho, que está dotado de fortaleza e entusiasmo, e que não se pertuba diante o êxito ou fracasso de seus atos, é considerado sattvika.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan explicou primeiro os três tipos de karma e agora explica os três tipos de atuantes.

Sloka 27

Ragi karma-phala-prepsur

Lubdho himsatmako sucih

Harsa-sokanvitah kartta

Rajasah parikirttitah

Aquele que atua apegado á ação e que anseia seus frutos, que é viciado em objetos sensíveis, que está sempre disposto á violência, que é invejoso e se deixa levar pela alegria e tristeza, é considerado rajasika.

Sloka 28

Ayuktah prakrtah stabdhah

Satho naiskrtiko lasah

Visadi dirgha-sutri ca

Kartta tamasa ucyate

Aquele que ignora as instruções dos sastras e atua segundo a natureza adquirida, que é obstinado, enganador, indignado, mal humorado e negligente, é considerado tamasika.

Prakasika-vrtti

No Srimad Bhagavatam (11.25.26) se diz:

“O trabalhador desapegado é sattvika, o que está apegado é rajasika, o que não possui discriminação entre bom ou mau é tamasika, mas aquele que se rende á mim é nirguna ou transcendental.”

Sloka 29

Buddher bhedam dhrtes caiva

Gunatas tri-vidham srnu

Procyamanam asesena

Prthaktvena dhananjaya

Ó Dhananjaya! Agora te explicarei detalhadamente sobre as três divisões da inteligência e da determinação relacionadas com as três qualidades materiais.

Sloka 30

Pravrttinca nivrttinca

Karyakarye bhayabhaye

Bandham moksanca ya vetti

Buddhih sa partha sattvika

Ó Partha! A inteligência é sattvika quando pode distinguir entre o que é apropriado e o que é incorreto, entre o que se deve temer e o que não se deve temer, e entre o que escraviza e o que libera.

Sloka 31

Yaya dharmam adharmanca

Karyancakaryam eva ca

Ayathavat prajanati

Buddhih sa partha rajasi

Ó Partha, a inteligência é rajasika, quando não se discerne perfeitamente entre o dharma e o adharma, e entre o que se deve e o que não se deve fazer.



Sloka 32

Adharmam dharmam iti ya

Manyate tamasavrta

Sarvathan viparitams ca

Buddhih sa partha tamasi

Ó Partha! A inteligência é tamasika quando está coberta pela ignorância e ilusão, quando confunde o dharma com adharma e quando atua de maneira perversa.

Sloka 33

Dhrtya yaya dharayate

Manah-pranendriya-kriyah

Yogenavyabhicarinya

Dhhrtih sa partha sattvika

Ó Partha! É considerada sattvika, a firme determinação que se alcança mediante a prática do yoga e o controle das funções da mente, ar vital e sentidos.

Sloka 34

Yaya tu dharma-kamarthan

Dhrtya dharayate ´rjuna

Prasangena phalakansi

Dhrtih sa partha rajasi

Ó Arjuna! A determinação na qual uma pessoa se apega ao dharma, ao desfrute sensual e ao desenvolvimento econômico, ansiando pelos frutos, é considerada rajasika.

Sloka 35

Yaya svaonam bhayam sokam

Visadam madam eva ca

Na vimuncati durmedha

Dhrtih sa tamasi mata

Mas a determinação carente de inteligência que não vai além do sonho, do temor, da lamentação e da loucura, é considerada tamasika.

Sloka 36

Sukham tv idanim tri-vidham

Srnu me bharatarsabha

Abhyasad ramate yatra

Duhkhantanca nigacchati

Ó melhor da dinastia Bharata! Me escuta falar agora sobre as três classes de felicidade. A felicidade que a jiva saboreia através do cultivo constante e que põe fim á miséria da existência material, é considerada sattvika.

Sloka 37

Yat tad agre visam ivã

Pariname ´mrtopamam

Tat sukham sattvikam proktam

Atma-buddhi-prasada-jam

A felicidade que é como um veneno no começo e néctar no final e que gera inteligência pura relacionada com o ser, é considerada sattvika.

Sloka 38

Visayenadriya-samyogad

Yat tad agre ´mrtopamam

Pariname visam ivã

Tat sukham rajasam smrtam

A felicidade rajasika é o resultado do contato dos sentidos com seus respectivos objetos. Ela é como néctar no começo e é como veneno no final.

Sloka 39

Yad agre canubandhe ca

Sukham mohanam atmanah

Nidralasya-pramadottham

Tat tamasam udahrtam

A felicidade que cobre a natureza do ser do princípio ao fim e que surge do sonho, da negligência e da indiferença, é considerada tamasika.

Sloka 40

Na tad asti prthivyam va

Divi devesu va punah

Sattvam p´rakrti-jair muktam

Yad ebhih syat tribhir gunaih

Entre os seres humanos e outras espécies terrenas, e até entre os semi-deuses em Svarga, nenhum objeto ou entidade nesta criação está livre das três qualidades nascidas da natureza material.

Prakasika-vrtti

Tudo que está relacionado com o mundo material está composto pelas três qualidades da natureza material. Bhagavan estabeleceu a superioridade da qualidade da bondade e por isto aconselha-se uma pessoa á aceitar e refugiar-se apenas no que é próprio desta natureza. Mesmo assim, para liberar-se do cativeiro material é necessário que as pessoas situan-se em nirguna (transcendentalmente). É através da associação com o sadhu (pessoa santa) que uma pessoa pode transcender os modos da natureza material e assim se liberar do cativeiro material, não há outra maneira.

O Srmad Bhagavatam (11.25.32) diz:

“As jivas estão atadas pelos gunas e o karma devido á confusão de achar que o corpo seja o ser. Por isto perambulam pelas distintas espécies de vida. Mas as pessoas que estão influenciadas pela associação dos devotos que praticam bhakti-yoga e como resultado conquistam os modos materiais que se manifestam na mente na forma do falso ego ( a identificação do corpo com o ser) e se dedicam firmemente á mim,

alcançam bhagavat-seva em minha morada.”

Sloka 41

Brahmana ksatriya visam

Sudrananca parantapa

Karmani pravibhaktani

Svabhava prabhavair gunaih

Ó Parantapa! Os deveres prescritos dos brahmanas, dos ksatriyas, dos vaisyas e dos sudras, estão divididos de acordo com as tendências provindas de suas respectivas naturezas.

Prakasika-vrtti

Com o propósito de situar os seres humanos além da jurisdição dos três gunas e promove-los gradualmente á uma atitude mais elevada, Bhagavan Sri Krishna estabelece o varna-dharma dividindo os deveres prescritos de acordo com as qualidades e ações.

O sistema de varna puro é muito benéfico, favorável e científico para a vida humana. Porém, com o decorrer do tempo, os homens ordinários perderam a fé neste sistema após detectar diversos defeitos em seus respectivos seguidores. Perdeu-se a fé de tal maneira que hoje em dia até as pessoas ordinárias da sociedade hindu responsabilizam o sistema de varnasrama, pelas divisões e hostilidade criada por suas castas.

A maioria da população hindu está determinada á destruir o varna-dharma para estabelecer uma sociedade ateísta sem nenhum varna. É fácil destruir algo útil, mas é muito difícil criar e propagar, neste caso, o sistema ideal. Que Sri Bhagavan outorgue uma boa inteligência á estas pessoas. Estão elas assumindo esta postura após a deliberação sobre o assunto ou elas estão sendo arrastadas por seus sentimentos? Com relação á isto, citaremos fragmentos dos comentários de Bhaktivinoda Thakura encontrados no Caitanya Caritamrta. Oramos humildemente ao leitor fiel que os examine cuidadosamente e tente compreende-los.

“As inclinações ou qualidades de uma pessoa depende da sua natureza, ela deve atuar de acordo com esta natureza individual, pois a ação que não é realizada de acordo com este princípio é defeituosa. A palavra “gênio” é usada para indicar uma atitude ou caráter particular. É difícil que uma pessoa mude sua natureza uma vez que esta amadureceu, por tanto ela deve trabalhar para viver e aperfeiçoar-se espiritualmente através das ações próprias da sua natureza específica. Na Índia, as pessoas são divididas em quatro varnas segundo suas naturezas. O resultado é que as pessoas situando-se em um lugar social adequado sempre atuam naturalmente de forma fruitiva e a humanidade se torna favorável. Uma sociedade com este fundamento é digna de respeito de toda a humanidade.”

“Pode ser que algumas pessoa duvidem do sistema de varnasrama e digam: ‘Na Europa e América ninguém segue as instruções baseadas nas divisões de varnas e as pessoas deste continentes são mais avançadas e respeitadas, econômica e científicamente, do que o povo hindu.’ Aqueles que pensam assim consideram que é inútil aceitar este sistema. Mas as dúvidas carecem de fundamento, poia as sociedades européias são consideravelmente novas. As pessoas destas sociedades são geralmente muito fortes e audaciosas. Com toda esta audácia e força executam diversas atividades no mundo e aceitam parte do conhecimento, ciência e artes que estão preservadas pelas sociedades mais antigas. Mas estas sociedades se extiguirão gradualmente por que sua estrutura social não tem fundamento cientìfico. Mas os sintomas do sistema de varna original que existia na sociedade ariana hindu, se pode ver também na sociedade hindu atual apesar de ser tão antiga e débil.

“Antigamente, as sociedades romanas e gregas erão muito mais poderosas e avançadas do que os países europeus modernos, mas qual é a sua condição atual? Perderam seu antigo sistema de castas e abraçaram as religiões e sistemas das sociedades modernas até o extremo, tanto que as pessoas destas castas nem sequer proclamam as glórias dos seus nobres ancestrais. Mesmo que a sociedade ariana da Índia seja mais antiga que a romana e a grega, os arianos atuais se sentem orgulhosos dos seus grandes de seus grandes e heróicos antepassados. Qual a razão disto? Se deve á fundação forte na qual se sustenta a sociedade ariana que é o sistema de varnasrama que suas divisões sociais ou de castas toda via ainda permanece. Os descedentes de Rana, que foram derrotados pelos mlecchas, ainda se consideram heróicos descendentes de Sri Ramacandra. Enquanto a estrutura do varna continuar existindo na Índia, as pessoas continuarão sendo arianas.”

“ Ainda que o varna-dharma seja parcialmente aceito na Europa, não se estabeleceu em sua forma plena e científica. Onde quer que o conhecimento e a civilização progressem, o varna-dharma se manifesta proporcionalmente de forma mais completa. Em qualquer atividade há duas classes de métodos efetivos; o científico e o intuitivo. Uma atividade é execuatada intuitivamente até que se aceite o processo científico. Por exemplo, antes da invenção dos barcos á vapor, as pessoas viajavam em botes desenhados para depender do vento. Mas quando se introduziu as embarcações fabricadas científicamente, todas as viagens começaram á ser feitas nelas. O mesmo princípio pode ser aplicado á sociedade. Enquanto o varna não se estabelecer apropriadamente em um país, sua sociedade se estruturará em um sistema rudimentario e intuitivo. Esta estrutura de varnarudimentária e primitiva opera e controla hoje, as sociedades de todos os países do mundo, com exceção da Índia. Por esta razão, a Índia vem sendo denominada como karma-ksetra, ou a terra ideal para a execução apropriada do karma.”

“Poderia se perguntar agora, se o sistema de varna ainda funciona na Índia atual. A resposta é não. Mesmo que este sistema tenha sido estabelecido plenamente, se debilitou com o decorrer do tempo e sua degradação é visível hoje em dia na Índia.”

“A fama da Índia se dinfundiu pelo mundo inteiro, como o poderoso brilho do sol meridional, quando o varna funcionava de maneira inteligente. Pessoas de todos os países do mundo ofereciam tributo á Índia e aceitavam seus governantes, regentes e mestres espirituais como sendo seus. As pessoas de países como o Egito e China escutavam e recebiam instruções dos hindus com grande fé e reverência.”

“O sistema de varnasrama-dharma mencionado perdurou na Índia, em sua forma pura, durante muito tempo. Logo, devido á influência do tempo, Jamadagani e Parasurama, que possuíam uma natureza ksatriya, foram ilegalmente aceitos como brahmanas, mas eles abandonaram esta casta que era oposta á suas naturezas. Então surgiu uma disputa entre os brahmanas e os ksatriyas que causou uma perturbação na paz em nível mundial. O resultado desfavorável desta luta no sistema de varna foi que se deu maior ênfase no nascimento. Com o passar do tempo, o sistema de varna deturpado foi infiltrando de modo incoberto de modo que até os sastras foram afetados. Os ksatriyas perderam toda esperança de alcançar um varna superior e começaram uma revolta. Eles apoiaram o dharma budista e focaram toda energia na destruição dos brahmanas. A oposição á qualquer atividade ou opinião nova se desenvolvia com a mesma intesidade da propagação. Quando o dharma budista, oposto aos Vedas, nasceu para confrotar os brahmanas, a estrutura do varna fundamentada no nascimento se aprofundou ainda mais. Logo surgiu um desacordo entre este sistema errôneamente concebido e um espírito nacionalista conduziu a virtual desintegração da civilização ariana da Índia.”

“Movidos por desejos egoístas, os supostos brahmanas carentes de qualidades bramínicas, criaram suas próprias escrituras religiosas e começaram á enganar as outras castas. Os supostos ksatriyas haviam perdido suas qualidades e seu espírito ksatriya e eram contrários á guerra, e assim perderam seus reinos. Finalmente todos começaram á pregar o dharma budista, que era insignificante e inferior. Como resultado, o cultivo de conhecimento e as discussões sobre os sastras Védicos foram barrados. Os governantes dos países baixos atacaram então a Índia e estabeleceram seu controle. A indústria naval da Índia sofreu e finalmente desapareceu devido á má administração. Assim, a influência de Kali se intesificou. A raça ariana da Índia, que havia sido um exemplo para o mundo inteiro, se deteriorizou até a lastimosa condição que vemos hoje. A razão deste desafortunado acontecimento não é o envelhecimento da civilazão hindu, mas os numerosos defeitos que se infiltraram neste sistema de varna.”

“Paramesvara é o controlador original de todos os sistemas e entidades vivas. Ele tem a capacidade de eliminar todos os elementos defavoráveis e outorgar aquele que é favorável. Ele pode se assim deseja, enviar um empoderado para restabelecer o varnasrama dharma. Mesmo os escritores dos Puranas afirmam que Sri Kalki-deva virá e reinstaurará a glória do varnasrama-dharma. A história do Rei Maru e Devapi descreve uma expectativa similar.”

“O princípio básico deste sistema é que uma pessoa adquire deveres de acordo com sua própria natureza.”


Sloka 42

Samo damas tapah saucam

Ksantir arajavam eva ca

Jnanam vijnanam astikyam

Brahma-karma svabhava-jam

O controle da mente e os sentidos, a penitência, a pureza, a tolerância, a sencibilidade, o conhecimento do ser e do bhajana, e a fé firme nos sastras, são qualidades e deveres característicos dos brahmanas, nascidos de sua própria natureza.

Prakasika-vrtti

Neste verso se desvreve as qualidades dos brahmanas. Rsabhadeva diz no Srimad Bhagavatam (5.5.24):

“Quem pode ser superior aos brahmanas? Através dos estudos, eles reafirmam minha charmosa forma primordial dos Vedas, os quais são o avatara do som transcendental. Eles estão dotados com as oito qualidades supremamente puras de sattva-guna; controle da mente, controle dos sentidos, veracidade, misericórdia, penitência, tolerância, conhecimento e bhakti. “O brahmana verdadeiro que possui estas qualidades não pode ser uma causa de violência para ninguém. Estes indivíduos são sem dúvida os bem querentes de todos os seres vivos. Esta declaração é definitivamente certa. Mas os que não possuem qualidades brahmínicas apenas causam dano á sociedade mesmo que se auto proclamen brahmanas. Mas não é correto criticar o sistema de castas devido á este defeito. A ação indicada para corrigir estes defeitos que se infiltraram neste sistema é oferecer a honra apropriada apenas para brahmanas que possuam boas qualidades.

A sociedade ateísta que está se formando atualmente não se preocupa pelas castas ou divisões e simplesmente avança ao assasinato, roubo, delinqüência, engano e outras atividades pecaminosas. A agitação e o temor tomou conta de todos. O mundo jamais havia estado em uma condição tão miserável.

Sloka 43

Sauryam tejo dhrtir daksyam

Yuddhe capy apalayanam

Danam isvara-bhavas ca

Ksatram karma-svabhava-jam

O heroísmo, a firmeza, valentia na batalha, generosidade e liderança, são as ações prescritas para os ksatriyas nascidas de sua própria natureza.

Sloka 44

Krsi-go-raksya-vanijyam

Vaisya-karma svabhava-jam

Paricaryatmakam karma

Sudrasyapi svabhava-jam

O karma prescrito dos vaisyas, nascido da sua própria natureza, é a agricultura, a proteção ás vacas e o comércio. O karma dos sudras, também nascido da sua própria natureza, é render serviço aos outros três varnas.

Bhavanuvada

Nos vaisyas, predomina-se rajo-guna e um pouco de tamo-guna. E tamo-guna é predominante nos sudras.

Sloka 45

Sve sve karmany abhiratah

Samsiddhim labhate narah

Sva-karma niratah siddhim

Yatha vindati tac chrnu

Os homens se dedicam á seu próprio karma segundo sua aptitutes respectivas. Deste modo conquistam a perfeição de ser elegíveis á obter jnana. Escuta agora como uma pessoa que não cumpre com seu dever prescrito jamais poderá alcançar a perfeição.

Sloka 46

Yatah pravrttir bhutanam

Yena sarvam idam tatam

Sva-karmana tam abhyarcya

Siddhim vindati manavah

Um homen conquista a perfeição mediante execução do seu karma prescrito adorando Paramesvara, que é a fonte de todas as jivas e quem penetra este mundo.

Sloka 47

Sreyan sva-dharmo vigunah

Para-dharma sv-anusthitat

Svabhava-niyatam karma

Kurvan napnoti kilbisam

É mais benéfico executar o dever próprio (sva-dharma), mesmo que seja inferior ou realizado de forma imperfeita, do que executar o dever mais elevado de outros (para-dharma). Um homen jamais incorre em pecado ao executar seu dever prescrito.

Sloka 48

Saha-jam karma kaunteya

As-dosam api na tyajet

Sarvarambha hi dosena

Dhumenagnir ivavrtah

Ó Kaunteya! Uma pessoa não deve abandonar seu dever natural mesmo este sendo defeituoso, pois assim como a fumaça cobre o fogo, todo esfôrço está coberto por algum defeito.

Sloka 49

Asakta-buddhih sarvatra

Jitatma vigata-sprhah

Naiskarmya-siddhim paramam

Sannyasenadhigacchati

A pessoa que possui uma inteligência desapegada dos objetos materiais, que tem uma mente controlada e que está livre de desejos incluindo o de alcançar a felicidade de Brahma-loka, renuncia completamente o karma e conquista a perfeição suprema da ação desiteressada que está livre de toda reação.

Sloka 50

Siddhim prapto yatha brahma

Tathapnoti nibodha me

Samasenaiva kaunteya

Nistha jnanasya ya para

Ó Kaunteya! Vou te explicar agora os meios pelos quais uma pessoa que alcançou a perfeição na forma de niskarmya, situa-se no brahma, que culmina no jnana.

Slokas 51-53

Buddhya visuddhaya yukto

Dhrtyatmanam niyamya ca

Sabdadin visayams tyakva

Raga-dvesu vyudasya ca

Vivikta-sevi laghv-asi

Yata-vak-kaya-manasah

Dhyana-yoga-paro nityam

Vairagyam samupasritah

Ahankaram balam darpam

Kamam krodham parigraham

Vimucya nirmamah santo

Brahma-bhuyaya kalpate

A pessoa pacífica e dotada de inteligência pura, que controla sua mente e é tolerante, que abandona os objetos de desfrute sensual, que está livre do apego e da aversão, que vive em um lugar solitário, come pouco, controla o corpo mediante a meditação em Bhagavan, que está totalmente desapegada e livre do ego e do apego falso, da arrogância, do desejo, da ira, do acúmulo desnecessário de posses e da noção de “meu”, está apta para conhecer o brahma.

Sloka 54

Brahma-bhutah prasannatma

Na socati na kanksati

Samah sarvesu bhutesu

Mad-bhaktim labhate param

Aquele que está situado no brahma é plenamente satisfeito. Ele jamais se lamenta e nem deseja nada. Ele é equânime com todos os seres. Neste estado ele obtém minha bhakti, a qual está abençoada com os sintomas de prema (amor puro por Krishna).

Prakasika-vrtti

As grandes almas que na associação com Sadhus, alcançaram a plataforma brahma-bhuta que está dotada com os sintomas mencionados, experimentam para-prema-bhakti á Sri Bhagavan. Chegando á este ponto, é necessário compreender o real significado da palavra para-bhakti.

“Uttama-bhakti é o cultivo de atividades que são realizadas exclusivamente para satisfazer Sri Krishna. Em outras palavras, é a corrente ininterrupta do serviço á Sri Krishna executado com cada ação do corpo, mente e sentidos, através da expressão de diversos sentimentos espirituais, que não está coberto pelo jnana, karma ou yoga, e que também está desprovido de qualquer desejo diferente da aspiração de satisfazer á Sri Krishna.”

Sloka 55

Bhaktya mam abhijanati

Yavan yas casmi tattvatah

Tato mam tattvato jnatva

Visate tad-anantaram

Apenas através de bhakti, uma pessoa pode conhecer o tattva (verdade) sobre as minhas glórias e minha svarupa (forma original). Ela então entra em meus passatempos através deste tattva, sustentada pela potência de prema-bhakti.

Bhavanuvada

Qual é o resultado de obter sua bhakti? Sri Bhagavan responde com este verso, dizendo: “Os jnanis e os diversos tipos de bhaktas que obteram bhakti, compreendem o princípio das minhas opulências e minha natureza, assim entram em meus passatempos eternos.”

Prakasika-vrtti

Sri Bhagavan explica neste verso, o resultado de para-bhakti (kevala-bhakti ou bhakti pura) que é caracterizada por prema. Devido á boa fortuna, uma pessoa que alcançou a plataforma de brahma-bhuta, obtém para bhakti pela misericórdia de uma grande personalidade. Neste momento ela perde seu interesse por moksa (liberação impessoal). Quando se libera do jnana, ela obtém nirguna bhakti e compreende o krishna-tattva. Isto acontece quando ela realiza sua svarupa siddhi (sua forma espiritual) e quando obtém vastu-siddhi ela entra nos passatempos de Bhagavan.

Sloka 56

Sarva-karmany api sada

Kurvano mad-vyapasrayah

Mat-prasadad avapnoti

Sasvatam padam avyayam

Aquele que se refugia em minha ekantika-bhakti (bhakti sem misturas) alcança minha eterna morada, mesmo que esteja executando diversos tipos de atividades.

Sloka 57

Cetasa sarva-karmani

Mayi sannyasya mat-parah

Buddhi-yogam upasritya

Mac-cittah satatam bhava

Com a mente livre do falso ego de se julgar o atuante, oferecendo-me todas as suas atividades com todo coração e refugiando-se em uma inteligência firme e dedicada á mim, permanece-te sempre consciente de mim.

Sloka 58

Mac cittah sarva-durgani

Mat-prasadat tarisyasi

Atha cet tvam ahankaran

Na srosyasi vinanksyasi

Fixando tua mente em mim com devoção incondicional, por minha graça superarás todos os obstáculos. Mas se devido ao falso ego, ignoras minhas instruções, se verás em ruínas.

Sloka 59

Yad ahankaram asritya

Na yotsya iti manyase

Mithyaiva vyavasayas te

Prakrtis tvam niyoksyati

Tua decisão de não lutar, se deve apenas á um pretensioso desejo de satisfação e é completamente inútil, pois minha maya na forma de rajo-guna te impulsionará á lutar de todo jeito.

Bhavanuvada

“Sou um ksatriya e lutar é meu dever. Mesmo assim, não desejo executa-lo porque temo em incorrer em grandes pecados como resultado de matar tantas pessoa.” Dando a resposta á este argumento, Sri Bhagavan repreende Arjuna recitando este verso. “Ó Maha-vira, agora você não aceita minhas instruções, mas quando teu entusiasmo natural pela luta despertar, me fará rir vendo como te lançarás voluntariamente á batalha e matarás personalidades como Bhisma.”

Prakasika-vrtti

Os sadhakas jamais devem fazer mal uso da sua independência realizando atividades frívolas. De acordo com as instruções de Bhagavan, devem abandonar o falso ego de considerar-se o atuante e desfrutadores, e assim realizar todas as atividades como um servo.

Estas instruções devem ser recebidas de bhagavan na forma dos sastras e do Caitya –guru. Se uma pessoa pensa que é ela quem atua e quem desfruta, coisa que os sastras se opõe, terá que experimentar os resultados bons ou maus de suas ações, vida pós vida.

Sloka 60

Svabhava-jena kaunteya

Nibaddhah svena karmana

Kartuum necchasi yan mohat

Karisyasy avaso ´pi tat

Ó Kaunteya! De qualquer maneira te verás impelido á executar esta ação que no seu estado confuso atual desejas evitar, pois estás atado pelas atividades que nascem da tua própria natureza.

Sloka 61

Isvarah sarva-bhutanam

Hrd-dese ´rjuna tisthati

Bhramayan sarva-bhutani

Yantrarudhani mayaya

Ó Arjuna! Sarvantaryami Paramatma está situada no coração de todas as jivas e mediante sua maya ás faz perambular pelo ciclo de nascimento e morte como se tivessem em uma máquina.

Bhavanuvada

Os srutis afirmam: “Sri Narayana penetra tudo que é visível ou audível neste universo e também tudo que está dentro e mais além dele” Assim conclui-se que Isvara está situado no coração como Antaryami. Ali ele faz com que todas as jivas perambulem dentro do mundo material através de sua maya-sakti, ocupando-as em diversas atividades.”Assim como um ator teatral manobra marionetes em um cenário mediante uma corda que controla os corpos dos bonecos, maya controla as jivas de um modo particular.

Sloka 62

Tam eva saranam gaccha

Sarva-bhavena bharata

Tat prasadat param santim

Sthanam prapsyasi sasvatam

Ó Bharata, rende-te exclusivamente á Isvara em todos os aspectos. Por sua graça obterás a paz transcendental na morada eterna suprema.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan recita este verso com o propósito de explicar a importância de se render á ele. No Srimad Bhagavatam (11.29.6), Uddhava diz:

“Ó Isa, até mesmo grandes eruditos que adquiriram uma duração de vida igual igual á de Brahma e recordam sua glórias, sentem endividados com você. Isto se deve ao fato de você iluminar as entidades vivas corporificadas com o processo para alcança-lo. Voc~e faz isto externamente como o Acarya-guru e internamente como o caitya-guru.

Sloka 63

Iti te jnanam akhyatam

Guhyad guhyataram maya

Vimrsyaitad asesena

Yathecchasi tatha kuru

Já te revelei o conhecimento mais confidencial que o secreto conhecimento do brahma. Reflexiona agora sobre ele e depois atua como queira.

Bhavanuvada

Sri Bhagavan recita este verso começando com a palavra iti, para concluir a Gita. “Uma pessoa pode entender o karma-yoga, o astanga-yoga e o jnana-yoga mediante este conhecimento que é inclusive mais confidêncial do que o conhecimento secreto do jnana-sastra. Por ser o segredo secreto supremo, até mesmo sábios como Vasistha, Veda-vyasa e Narada, não puderam revelar isto nos sastras que escreveram. Em outras palavras, sua onisciência é relativa, e a minha absoluta. Por isso, ó Arjuna, reflexiona cuidadosamente sobre este assunto e faça o que bem quiser.

Sloka 64

Sarva-guhyattamam bhuyah

Srnu me paramam vacah

Isto ´si me drdham iti

Tato vaksyami te hitam

Escuta de novo esta minha instrução suprema, que é o conhecimento mais confidencial. Porque és muito querido á mim, revelo este conhecimento para seu benefício máximo.

Bhavanuvada

Quando Sri Krishna viu que seu amigo Arjuna ficou em silêncio refletindo sobre os profundos significados da Gita-sastra, seu coração, que é tão suave como a manteiga, se derreteu e disse: “Ó Arjuna, meu querido amigo, agora te descreverei a mesma essência de todos os sastras neste oito versos finais”. Eu o repito para seu benéfico máximo, pois tu és uma amigo muito querido.”

Sloka 65

Manmana bhava mad bhakto

Mad-yaji mam namaskuru

Mam evaisyasi satyam te

Pratijane priyo ´si me

Oferéceme tua mente, converte-te em meu devoto, dedica-se á cantar meus nomes, formas, qualidades e passatempos, adora-me e oferéce-me reverências. Assim sem dúvida, tu virás á mim. Te prometo isso sinceramente porque és muito querido por mim.

Bhavanuvada

“Man-mana bhava significa que deves meditar em mim, convertendo-se em meu devoto exclusivo. Não te convertas em jnani ou yogi nem pense em mim assim como eles. Man mana bhava significa também que deves atuar como alguém que oferece a mente á mim, Syamansundara, e que derrama sobre ti um doce olhar vindo do seu rosto que é como a lua, adornado com sonbracelhas em forma de arco e um suave cabelo encaracolado.

Mad-bhaktah significa oferecer-me os sentidos. Em outras palavras, executa meu bhajana dedicando todos os sentidos á meu serviço: executando sravana e kirtanam, comtemplando minha forma, limpando e decorando meu templo, colhendo flores e fazendo guirlandas, oferecendo-me abano e sombrinha, e executando outros serviços. Mad-yaji significa adorar-me e oferecer-me diversos artigos como flores fragantes, incenso, lamparinas de manteiga clarificada e alimentos. Mam namaskuru significa oferecer-me dandavat-pranams caindo ao solo e oferecer reverências com cinco ou oito membros do corpo. Mam evaisyasi significa que sem dúvida me alcançarás mediante execução das quatro atividades de pensar em mim, servir-me, adorar-me e oferecer-me reverências, ou até mesmo apenas uma delas. Oferecendo-me tua mente e teus sentidos, em troca te darei meu ser.”

Prakasika-vrtti

Man mana bhava significa absorver a mente exclusivamente em Krishna. Sri Krishna aceitou as gopis como o ideal mais elevado de amn mana bhava e Ele expressa isto á Uddhava com doces palavras no Srimad Bhagavatam (10.46.4-6):

“Querido Uddhava, as mentes das gopis estão sempre absortas em Mim. Eu sou sua própria vida e tudo que elas tem. Apenas pelo meu prazer abandonaram tudo, incluindo suas casas, esposos, filhos, parentes, timidez e princípios morais. Elas permanecem sempre absortas pensando em Mim. Pela confiança delas em minha firmação “Eu voltarei”, de uma forma ou de outra, com grande dificuldade, elas se mantém com vida e me esperam.”

A instrução mad-bhakto bhava é dada para aqueles que não podem absorver-se por completo em Krishna como as gopis fazem. Significa oferecer-se á si mesmo em todos os aspectos aos pés de lótus de Bhagavan. Como pode um bhakta oferecer serviço continuamente? A resposta está na história e instruções de Prahlada maharaja descritas no Srimad Bhagavatam (7.5.23-24):

“Prahlada Maharaja disse: ‘Ó querido pai, a devoção á Sri Vishnu é executada de nove maneiras: escutar, cantar e lembrar do nome, forma, qualidades e passatempos, servir seus pés de lótus, adora-lo, orar, servir, convertenter-se em seu amigo e render-se á ele. Eu considero que esta é a melhor educação referente á bhakti por Bhagavan.”

Sloka 66

Sarva dharma parityaijya

Mam ekam saranam vraja

Aham tvam sarva papebhyo

Moksayisyami ma sucah

Abandona todo dharma corporal e mental, como o varna e asrama, e rende-te completamente á mim. Eu te livrarei de todas as reações dos seus pecados. Não temas.

Bhavanuvada

“Devo executar atividades tal como meditar em ti e ao mesmo tempo cumprir com os deveres do meu asrama-dharma, ou devo executar esta meditação sem depender de nenhum outro dharma?”

Para responder esta pergunta, Bhagavan recita este verso que começa com as palavras sarva-dharma. “Rende-te exclusivamente á mim, renunciando todos os tipos de varnasrama-dharma”. É incorreto traduzir a palavra parityajya como sanyassa ou a renúncia completa do karma, porque como ksatriya, Arjuna não tem uma atitude ideal para aceitar sanyassa, tampouco é correto traduzir a palavra parityajya como a renúncia aos frutos das atividades. O Srimad Bhagavatam (11.5.41) declara:

“Aquele que abandona o falso ego de se considerar o executor (atuante) e aceita o refúgio supremo de Sri Mukunda no âmago de seu coração, libera-se de todas as obrigações para com os semi-deuses, sábios, entidades vivas, familiares e antepassados.”

Outro verso do Srimad Bhagavatam declara (11.20.9):

“Uma pessoa deve continuar executando seus deveres prescritos permanentes e ocasionais até que se desapega dos objetos sensíveis e adquira fé em escutar sobre mim.”

O Srimad Bhagavatam (11.11.32) agrega:

“Aqueles que me oferecem serviço depois de abandonar todos os tipos de dharma e de compreender os aspectos negativos e positivos inerentes aos deveres prescritos intruídos por mim nos Vedas, são os melhores sadhus.”

É necessário explicar o significado deste verso do Gita sob a luz das profundas declarações feitas por Sri Bhagavan e destrinchar seus significados. A palavra parityajya indica que o objetivo supremo destas instruções não é renunciar os frutos do karma. “Pelo contrário, significa que deves refugiar-te plenamente em mim, não render-se ao dharma, ao jnana, ao yoga ou aos devas. Antes Eu te disse que não tinhas adhikara (qualificação) para executar ananya-bhakti e podias apenas praticar karma-misra-bhakti. Agora, por minha ilimitada e imotivada misericórdia estou te outorgando a qualificação necessária para para executar ananya-bhakti.Tal bhakti é obtida pela misericórdia de meus devotos puros. Esta é minha promessa. Se agora abandonas teus deveres prescritos cumprindo minha ordem, não terás nenhuma reação. Eu, na forma dos Vedas, dei instruções de execuatr nitya-karma, mas agora te ordeno pessoalmente que os abandones. Se aceitas minha ordem, que possibilidade há de incorrer em pecado como conseqüência de abandonar teu nitya-karma? Mas se decides ignorar Minha ordem direta e continuar executando seus deveres prescritos, cometerás pecado. Deves saber que esta é uma verdade. Se uma pessoa se rende á alguém, ela permanece sob controle e propriedade do outro como um animal que foi comprado. Deve fazer o que o amo lhe ordene, permanecer onde ele lhe coloque e comer o alimento que lhe proporcione. Esta é a essência do dharma tal como entendem os que se renderam completamente. O Vayu Purana enumera os seis aspectos da rendição ou saranagati:

“1- Aceitar com determinação tudo que é favorável para bhakti, 2- recusar e abandonar tudo que é desfavorável para bhakti, 3- ter uma inquebrantável fé que Bhagavan é o único protetor, 4- aceitar Bhagavan como seu sustentador, 5- oferecer-se completamente á Ele e 6- ser humilde.”

O saranagati (renidção total) é a execução destas seis atividades com a intenção de obter prema por Bhagavan.

Sri Krishna diz aqui á Arjuna:

“Não te aflites pensando.’”Ai de mim! Coloquei uma carga pesada sobre meu Senhor e amo.’ Para Mim, isto não representa nenhum esforço, a aceitação deste peso. Sou bhakta-vatsala, afetuoso com meus devotos, e satya-sankalpa, sempre cumpro minhas promessas. Após seguir esta instrução não há a necessidade de mais nada. Por tanto, concluo aqui este sastra”.

Prakasika-Vrtti

No verso anterior, Sri krishna deu a instrução mais confidencial do Bhagavad Gita referente á suddha-bhakti. Agora, neste verso, declara que primiero é necessário render-se completamente com objetivo de de qualificar- se para recebe-lo. A palavra sarva dharma significa que o varnasrama dharma e todos seus componentes – karma, jnana, yoga, adoração dos semi-deuses e as crenças religiosas distintas de krishna-bhajana, estão todos baseados na plataforma mental ou corpórea. É incorreto pensar que a palavra parityajya significa apenas abandonar o apego por karma e seus frutos. O significado íntimo desta declaração de Bhagavan é abandonar completamente a adesão ao karma.Alguém poderia pensar que que existe a possibilidade de incorrer em pecado ao abandonar os dharmas prescritos para a rendição á Bhagavan. Para acabar com esta dúvida das mentes das pessoas fiéis comuns, Sri Krishna declara: sarva papebhyo moksayisyami ma sucah, “Não te aflites, eu te libertarei de todo tipo de pecado”.

Sloka 67

Idante natapaskaya

Nabhaktaya kadacana

Na casusrusave vacyam

Na c amam yo ´bhyasuyati

Jamais deves explicar esta essência da Gita-sastra á uma pessoa de sentidos descontrolados, á um não devoto, á quem não tem uma atitude de serviço, ou á quem tem inveja de mim.

Bhavanuvada

Após culminar as instruções da Gita-sastra, Sri Bhagavan explica o princípio de continuidade da sampradaya. Em outras palavras, Ele formula o critério para definir quem está preparado para receber estas instruções. Uma pessoa de sentidos descontrolados se denomina atapaska. Estas instruções não devem ser dadas á não devotos, mesmo se eles controlam os sentidos. Também não deve-se dar tais instruções á um devoto que controlou os sentidos mas não escuta submissamente.

Sloka 68

Ya imam paramam guhyam

Mad-bhaktesv abhidhasyati

Bhaktim mayi param krtva

Mam evaisyaty asamsayah

E aquele que instrui este conhecimento super confidencial da Gita-sastra á meu devotos, obterá minha para-bhakti e após por um fim em todas as dúvidas, finalmente me alcançarão.

Prakasika-vrtti

É indispensável que o pregador da Gita-sastra possua amor e firme fé por Krishna. Ele deve ser esperto no tattva-jnana e está livre de dúvidas. Se um pregador da Gita tem um conhecimento teórico mas não prático, ou se carece de qualidades mencionadas, não é um pregador genuíno e não deve-se escutar a Gita dele. Os sastras descrevem as características de um ouvinte sincero. Sri Krishna disse á Uddhava:

“Este ensinamento deve ser dado aos que estão livres dos defeitos do engano, ateísmo, infidelidade, arrogância e carência de bhakti. Deve ser destinado ao bem estar dos brahmanas, os que anseiam por bhagavat-prema, os que possuem natureza santa e sobre tudo ao bem estar dos bhaktas. Mas pode-se dar estas instruções á um sudra que possua fé em Mim.”

Esta declaração afirma que não deve-se levar em conta a casta, cor, credo, ou idade, se a pessoa possui as qualidades descritas acima, ela está apta á receber tal conhecimento.

Sloka 69

Na ca tasman manusyesu

Kascin me priya-krttamah

Bhavita na ca me tasmad

Anyah priyataro bhuvi

Não existe ninguém na sociedade humana que me satisfaça mais do que aquele que explica a mensagem da Gita. Tampouco existirá nada neste mundo inteiro que seja mais querido por Mim.

Prakasika-vrtti

Os pregadores genuínos da Gita-sastra são muito queridos por Sri Krishna. Por tanto, o dever dos suddha bhaktas é pregar a mensagem da Gita. Mas, os que nos enganam sob pretexto de pregar a Gita e não pregam o tattva (verdade) mais confidencial e apenas pregam mayavada, karma, jnana e yoga, ofendem os pés de lótus de Bhagavan. Não há benefício em se escutar a Gita dos lábios destes pregadores.

Sloka 70

Adhyesyate ca ya imam

Dharmyam samvadam avayoh

Jnana-yajnena tenaham

Istah syam iti me matih

Serei adorado através deste jnana-yajna, o princípio do verdadeiro conhecimento, por aqueles que estudarem este sagrado diálogo entre nós. Esta é minha opinião.

Sloka 71

Sraddhavan anasuyas ca

Srnuyad api yo narah

So ´pi muktah subhal lokan

Prapnuyat punya-karmanam

E aquele que simplesmente escuta a Gita com fé e sem inveja, também se libera dos pecados e vai aos planetas auspiciosos onde residem as pessoas piedosas.

Sloka 72

Kaccid etac chrutam partha

Tvayaikagrena cetasa

Kaccid ajnana-sammohah

Pranastas te dhananjaya

Ó Partha! Ó Dhananjaya! Escutou a Gita com atenção? Após ter escutado, a ilusão nascida da ignorância se foi?

Prakasika-vrtti

Sri Krishna pergunta á Arjuna se ele tem alguma outra pergunta. Aqui, se entende que deve-se escutar a Gita com muita atenção e mesmo após escutar dos lábios de Sri Gurudeva e sábios, o estudante deve continuar escutando continuamente através do processo de indagação submissa e oferecer serviço, até que compreenda completamente.

Sloka 73

Arjuna uvaca

Nasto mohah smrtir labdha

Tvat prasadan mayacyuta

Sthito ´smi gata-sandehah

Karisye vacanam tava

Arjuna disse: Ó Acyuta, agora minha ilusão se foi por tua graça e recuperei a percepção do meu verdadeiro ser. Minha dúvida se foi e estou situado firmemente no verdadeiro conhecimento. Agora cumprirei tua ordem.

Bhavanuvada

“Que mais posso perguntar?” Ao abandonar todo tipo de dharma e render-me á ti, me libertei de toda ansiedade. Arjuna recita este verso para mostrar á Krishna a condição atual de seu coração. Arjuna, o portador do arco gandiva, se preparou para lutar quando escutou Bhagavan dizer: “Ó meu querido amigo Arjuna, ainda tenho que realizar algumas atividades para eliminar a carga da terra. Executarei através de você.”

Sloka 74

Sanjaya uvaca

Ity aham vasudevasya

Parthasya ca mahatmanah

Samvadam imam asrausam

Adbhutam roma-harsanam

Sanjaya disse: Ó Rei! Foi assim que escutei este maravilhoso diálogo entre mahatma Vasudeva e Partha, fico arrepiado de escuta-lo.

Bhavanuvada

As duas folhas nas quais eu havia escrito a explicação dos cinco versos finais que resumem a essência da Gita, desapareceram. Suponho que Ganesaji mandou seu rato me roubar. Depois disso, não escrevi mais sobre estes significados. Quie Ganesaji fique satisfeito comigo. Eu lhe ofereço reverências.

Aqui finaliza-se o comentári oBhavanuvada do Srimad Bhagavad Gita. Que este aumente o prazer das pessoas santa. Que a doçura deste comentário, que é benéfico para toda a sociedade, satisfaça completamente os bhaktas que são como pássaros cataka. E que a doçura se manifeste em nosso corações.

Sloka 75

Vyas-prasade chrutavan

Imam guhyam aham param

Yogam yogesvarat krsnat

Saksat kathayatah svayam

Pela graça de Srila Vyasadeva, escutei este yoga super confidencial explicado por Yogesvara, o super atrativo Sri Krishna.



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Vyasadeva instruindo Sanjaya





Prakasika-vrtti

Sanjaya reconhece queque escutou e compreendeu os ensinamentos divinos do Srimad Bhagavad Gita pela graça de seu mestre espiritual Srila Vyasadeva. Sem a graça do guru, não pode-se compreender o tattva da Gita-sastra. Apenas o fiel discípulo pode conseguir a perfeição na compreensão de bhagavat-tattva. Assim como Arjuna e sanjaya foram abençoados e conseguiram a perfeição, qualquer pessoa que deseje aperfeiçoar sua vida, pode conseguir se refugia-se em um guru genuíno com rendição. Sem aceitar um devoto puro é impossível que alguém obtenha bhagavat-tattva (conhecimento sobre Bhagavan.)

Sloka 76

Rajan samsmrtya samsmrtya

Samvadam imam adbhutam

Kesavarjunayoh punyam

Hrsyami ca muhur muhuh

Ó Rei! Ao me lembrar deste maravilhoso e sagrado diálogo entre Sri Krishna e Arjuna, me regozijo vez e outra.

Sloka 77

Tac ca samsmrtya samsmrtya

Rupam atyadbhutam hareh

Vismayo me mahan rajan

Hrsyami ca punah punah

Ó Rei. Me assombro e me deleito a cada instante, recordando esta maravilhosa forma de Sri Hari.

Prakasika-vrtti

Este verso evidência que a forma vista por Arjuna em kuruksetra foi a mesma vista por Sanjaya pela misericórdia de Srila Vyasadeva., mesmo estando ele no palácio real de Hastinapura.


Sloka 78

Yatra yogesvarah krsno

Yatra partho dhanurdharah

Tatra srir vijayo bhutir

Dhruva nitir matir mama

Onde quer que esteja Krishna, o amo de todos os yogas, e onde quer que esteja Arjuna, o grande arqueiro, haverá opulência, vitória, prosperidade e moralidade. Esta é minha opinião.

Prakasika-vrtti

O décimo oitavo cápítulo descreve brevemente essência de todo o Gita. Uma parte descreve o karma-yoga predominado por dhyana-yoga que produz atma-jnana, e a outra parte descreve o suddha-bhakti-yoga que nasce da sraddha relacionada com Bhagavan. Esta é a essência da Gita.A instrução mais confidencial é cultivar atma-jnana através de dhyana-yoga e a instrução confidêncial suprema é dedicar-se á bhakti-yoga rendedo-se exclusivamente á Svayam Bhagavan Sri Krishna.

Após recompilar o siddhanta de todos os Vedas e o Vedanta no Gita, foi determinado que a meta suprema é krishna-prema (amor puro por Deus) através da prática de bhakti-yoga. Deve-se abandonar a adesão pelo processo inferior e desenvolver fé pelo processo superior. Finalmente, deve se estabelecer com firmeza em bhakti-yoga através da rendição e vivendo desta maneira Bhagavan o recompensará com suddha-prema. Uma pessoa obtém a misericórdia de Bhagavan ao entrar neste processo de purificação da existência. Esta misericórdia é imortal, libera da lamentação, e assim a pessoa absorve-se eternamente em seu prema (amor puro).


Assim se conclui o comentário Prakasika-vrtti de Srimad Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja sobre o décimo oitavo capítulo do Srimad Bhagavad Gita.
http://www.bhagavad-gita.org/Images/header2.jpg

The Disciplic Succession
of the
Brahma Madhva Gaudiya Vaisnava Sampradaya


LORD KRISHNA

evam uktva tato rajan maha-yogesvaro harih
darsayamasa parthaya paramam rupam aisvaram

aneka-vaktra-nayanam anekadbhuta-darsanam

aneka-divyabharanam divyanekodyatayudham

divya-malyambara-dharam divya-gandhanulepanam

sarvascaryamayam devam anantam visvato-mukham
The Supreme Lord Krishna exhibited His omnipotent and almighty universal form of innumerable faces and eyes, revealing innumerable miraculous wonders, decorated with innumerable, dazzling ornaments, armed with innumerable gleaming weapons, magnificently attired and resplendently garlanded, annointed with equisite, celestial fragrances; phenomenally astounding, unlimited, effulgent and all pervading.
Bhagavad-Gita, chapter 11, verses 9,10,11
isvarah paramah krishna sac-cid-ananda vigrahah
anadir adir govindah sarva karana karanam

Lord Krishna is the supreme absolute controller, whose form is pure immortality, omniscience and bliss. He is without beginning, the origin of all, the cause of all causes and the source of the eternal Vedas.

Brahma Samhita, Chapter 5, Verse 1


ete camsa-kalah pumsah krishnas tu bhagavan svayam
indras vyakulam lokam mrdayanti yuge yuge
All the incarnations are plenary portions or explansions of plenary expansions appearing in various universes to protect the theists; but Lord Krishna is the original Supreme Lord and the source of all.
Srimad Bhagavatam, Canto 1, chapter 3,verse 28


sarvasya caham hrdi sannivistho mattah smrtir jnanam apohanam ca
vedais ca sarvair aham eva vedyo vedanta-krd veda-vid eva caham
Lord Krishna said I am situated as the soul within the heart of all beings, remembrance and forgetfulness comes from me. I can be known by the knowledge of the Vedas. I am the original creator of the Vedic scriptures and a knower of the Vedas.
Bhagavad-Gita, chapter 15, verse 15


Factually all the Vedic scriptures unamimously are the establisher of Lord Krishna as the Supreme Lord of all; but the unique speciality of the Bhagavad-Gita is that the Supreme Lord Krishna is directly speaking this divine revelation Himself.


bhaktya tu ananyaya sakya aham evam-vidho r'juna
jnatum drastum ca tattvena pravestum ca parantapa
Lord Krishna said only by unalloyed devotional service can I be understood as I am and can be seen directly. Only in this way can one enter into the mystery of my understanding.
Bhagavad-Gita, chapter 11, verse, 54


The relationship between the Supreme Lord Krishna and the Bhagavad-Gita is that Lord Krishna is the established and the Bhagavad-Gita is the establisher. The subject matter of the Bhagavad-Gita categorically and scientifically in a complete and comprehensive way establishes the eternal reality of Lord Krishnas as the supreme ultimate truth. The accomplished objective of Bhagavad-Gita confirms that the highest goal in all of existence is to surrender fully unto Lord Krishna and by the cessation of ignorance and all other obstacles in the material worlds become liberated by loving devotion in this very life and join Him in His transcendental and blissful pastimes eternally.
krsnam enam avehi tvam atmanam akhilatmanam
jagad-dhitaya so'py atra dehivabhati mayaya
Understand that the Supreme Lord Krishna is the original soul of all living entities. For the benefit of the whole universe He has out of His causeless mercy manifested Himself appearing as a human being. He has manifested this by the power of His internal potency.
Srimad Bhagavatam, Canto 10, chapter 14, verse 55


Brahma

brahmovaca
tad astu me natha sa bhuri-bhago
bhave'tra vanyatra tu va tirascam
yenaham eko'pi bhavaj-jananam
bhutva niseve tava pada-pallavam
Lord Brahma said: My dear Lord Krishna, I pray to be so fortunate that in this life or in another life, wherever I may take birth even if it is in the animal species that I may be your devotee and engage myself in your devotional service.
Srimad Bhagavatam, Canto 10, chapter 14, verse 30

Narada Muni

tubyam ca narada bhrsam bhagavan vivrddha
bhavena sadhu paritusta uvaca yogam
jnanam ca bhagavatam atma-satattva-dipam
yad vasudeva-sarana vidur anjasaiva
O' Narada being very satisfied by your goodness and service you were taught the ultimate science of transcendental devotion to the Supreme Lord fully illuminating the truth of the soul which is perfectly known by souls surrendered to Lord Krishna.
Srimad Bhagavatam, Canto 2, chapter 7, verse 9

Krishna Dvaipayana Vyasa

kalena milita-dhyam avamrsya nrnam
stokayasam sva-nigamo bata dura-parah
avirhitas tu anuyugam sa hi satyavatyam
veda-drumam vita-paso vibhajisyati sma
In course of time Vyasa bearing in mind the intelligence and short life span of humanity at large considered his compilation of the Vedas to be too difficult, so he divided the Vedic knowledge into different branches.
Srimad Bhagavatam, Canto 2, chapter 7, verse 36

Madhvacarya

visnuswami vamanangsastatha madhvastu brahmanah
ramanujastu sesangsa nimbaditya sanakasya ca
Visnuswami, Madhvacarya, Ramanuja and Nimbaditya will appear respectively as a portion of Vamana, Brahma, Ananta Sesha and Sanaka Kumara.
Garga Samhita, Canto 10, chapter 61, verse 24

It is verified in Garga Samhita:

vamanas vidih sesah sanako visnu vakyatah
dharmartha hetave caite bhavisyanti dvijah kalau
Vamana, Brahma, Ananta Sesha and Sanaka Kumara will appear as brahmanas by the order of Visnu, for the preservation of eternal righteousness in kali yuga.
visnuswami vamanangsastatha madhvastu brahmanah
ramanujastu sesangsa nimbaditya sanakasya ca
Visnuswami, Madhvacarya, Ramanuja and Nimbaditya will appear respectively as a portion of Vamana, Brahma, Ananta Sesha and Sanaka Kumara.
ete kalau yuge bhavyah sampradaya pravartakah
samvatsare vikrama catvarah ksiti pavanah
These four saviours will be the establishers of the four authorised and empowered spiritual channels of disciplic succession in the period calculated from the reign of King Vikrama in 54 B.C. subsequently through the 432,000 year cycle of kali yuga.
sampradaya vihina ye mantraste nisphalah smritah
tasmacca gamanang hyasti sampradaya narairapi
These four authorised and empowered spiritual channels of disciplic succession are to be fully accepted by all beings; as any word, combination of words or formulation of sound frequencies, invoked or addressed, audible or inaudible, secret or revealed, ancient or contemporary outside their auspices prove to have absolutely no efficacy.

Garga Samhita, Canto 10, chapter 61, verses 23, 24, 25, 26

Visnuswami
Rudra Vaisnava Sampradaya

Madhvacarya
Brahma Vaisnava Sampradaya
Ramanuja
Sri Vaisnava Sampradaya
Nimbaditya
Kumara Vaisnava Sampradaya

Brahma Madhva Gaudiya Vaisnava Sampradaya

LORD KRISHNA
Brahma
Narada Muni
Krishna Dvaipayana Vyasa
Madhvacarya
Padmanabha
Narahari
Madhava
Aksobhya
Jayatirtha
Jnanasindhu
Dayanidhi
Vidyanidhi
Rajendra
Jayadharma
Purusottama
Brahmanyatirtha
Vyasatirtha
Laksmipati
Nityananda Prabhu, Madhavendra Puri
Advaita Acarya, Isvara Puri
SRI KRISHNA CAITANYA MAHAPRABHU
Svarupa Damodara, Sanatana Goswami
Rupa Goswami
Jiva Goswami, Ragunatha Goswami
Krishna das Kaviraj
Narottama
Visvanatha Cakravarti
Baladeva Vidyabhusana
Uddharan Dasa
Madhusudana Dasa
Jagannatha das Babaji
Bhaktivinode Thakura
Gaura Kishore das Babaji
Bhakti Siddhanta Saraswati Prabhupada
Bhakti Prajnana Keshava, Bhaktivedanta Swami
Bhaktivedanta Vamana, Bhaktivedanta Narayana

Srila Jagannatha das Babaji

gauravirbhava-bhumes tvam nirdesta saj-jana-priyah
vaisnava-sarvabhaumah sri jagannathaya te namah
I offer my humble obeisance to Srila Jagannatha das Babaji, chief among the Vaisnavas and dear to saintly souls and who confirmed the appearance place of Sri Krishna Caitanya Mahaprabhu.

Srila Bhaktivinode Thakura

namo bhakti vinodaya sac-cid-ananda-namine
gaura-sakti-svarupaya rupanuga-varaya te
I offer my humble obeisance to Srila Saccidananda Bhaktivinode Thakura, who is the personified energy of Sri Krishna Caitanya Mahaprabhu and who follows the rupanuga path of Rupa Goswami.

Srila Gaura Kishore das Babaji

namo-gaura-kishoraya saksad-vairagya-murtaye
vipralambha-rasanbhode padambujaya te namah
I offer my humble obeisance to Srila Gaura Kishora das Babaji, who is the personification of renunciation immersed in the ocean of seperation from Lord Krishna.

Srila Bhakti Siddhanta Saraswati Prabhupada

namah om visnupadaya krishna prestaya bhutale
srimate bhakti siddhanta-saraswati iti namine
I offer my humble obeisance unto Srila Bhakti Siddhanta Saraswati Prabhupada, who is very dear to Lord Krishna in this world having taken shelter of the Lords lotus feet.

Srila Bhakti Prajnana Keshava Goswami Maharaj

namah om visnupadaya acarya-simha rupine
sri srimad bhakti prajnan keshava iti namine
I offer my humble obeisance unto Srila Bhakti Prajnan Keshava, the lion-like acarya who never fears having taken shelter of Lord Krishna.

Srila Bhaktivedanta Vamana Maharaj

namah om visnupadaya caitanya prestaya bhutale
acarya murta vigrahaya vaman goswami iti namine
I offer my humble obeisance unto Srila Bhaktivedanta Vaman Goswami Maharaja, the acarya who is like the deity personified and who is very dear to Sri Krishna Caitanya Mahaprabhu in this world.

Srila Bhaktivedanta Narayana Maharaj

Bhakti Master

Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja

Srila A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
©Bhaktivedanta Book Trust

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Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja Srila A.C. Bhaktivedanta Swami PrabhupadaSrila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja

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Lord Sri Krishna
Sri Krsna
©Bhaktivedanta Book Trust
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Lord Brahma
Sri Brahma
©Bhaktivedanta Book Trust
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Sri Narada Muni
Sri Narada Muni
©Bhaktivedanta Book Trust
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Srila Vyasa
Sri Vyasa
©Syamarani dasi
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Sri Madhva
Sri Madhva
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Madhva to Madhavenda Puri
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Madhavendra Puri
Sri Madhavendra Puripada
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Isvara Puri
Golden Tilak
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Sri Caitanya Mahaprabhu
Sri Caitanya Mahaprabhu
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Srila Sanatana Gosvami
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Srila Rupa Gosvami
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Sri Raghunatha Gosvami
Srila Ragunatha dasa gosvami
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Srila Jiva Gosvami
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Sri Krsnadas Kaviraja Gosvami
Srila Krsna Dasa Kaviraja
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Sri Narotama, Srinivas, Syamananda
Srila Narotam dasa Thakur
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Sri Vishvanatha Cakravati Thakur
Sri Vishvanatha
©Syamarani dasi
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Sri Baladeva Vidyabhusana
Srila Baladeva Vidyabhusana
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Sri Jagannatha das Babaji
Srila Jagganatha dasa babaji
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Srila Bhaktivinode Thakur
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Srila Gaurakisora Dasa Babaji Maharaja
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Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada
Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Prabhupada
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Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami
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Srila A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
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Srila Bhaktivedanta Vaman Gosvami
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Srila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja
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Bhakti Yoga Teachers

The Bhakti Yoga practitioners, listed by ashram, age, and initiation date, are speakers on Bhakti Yoga world wide. The schedules and locations of those that travel can be seen by clicking on their photos.

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BV Bhagavat Maharja
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Sripad BV Bhagavat Maharaja
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Sripad BV Damodara Maharaja
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Sripad BV Dandi Maharaja
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Sripad BV Giri Maharaja
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Sripad BV Muni Maharaja
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Sripad BV Sadhu Maharaja
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Sripad BV Sagar Maharaja
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Sripad BV Suddhadvaiti Maharaja
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Sripad BV Srauti Maharja
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Sripad BV Tirtha Maharaja
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Sripad BV Tridandi Maharaja
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Sripad BV Vishnu Maharaja
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Sripad Rasananda dasa
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Sriman Ramachandra dasa
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Sriman Mukunda dasa
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Sriman Prem Prayojan dasa
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Sriman Kishorimohan dasa
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Srimati Sudevi didi
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Srimati Caru Chandrika dasi
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HARI KATHA


Bhakti Love A Yoga do Amor

Interview with Srila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja

Srila Bhaktivedanta Narayana Maharaja

Interview by a Reporter
Perth, Australia: December 23, 1998
[Respected Readers, Please accept our humble obeisances. We pray that those of you who are new to Krsna consciousness, and also those of you who are already experienced practitioners, will find inspiration from the following interview with Srila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja. (You can also see the video of this interview by clicking on the link at the bottom of the lecture).
Your servants, the Harikatha team]
Mantra Meditation
Japa Mala
Life of Sri Chaitanya Mahaprabhu
Life of Sri Caitanya Mahaprabhu
©Bhaktivedanta Book Trust
God, Love and Reincarnation
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The Search for Happiness
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How to Find a Sadhu?
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Sri Krishna As Guru
Sri Krishna as Guru
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Only by Guru's Grace
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©Bhaktivedanta Book Trust
Selected Nectarean Advice
Nectar

Galeria de Fotos de Srila Gurudeva


Srila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja
Srila Gurudeva
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Parikrama
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Dandavats e Pranamas ! Sejam Todos Bem Vindos ....

Om Namo Bhagavate Vasudevaya

Om Namo Bhagavate Vasudevaya

Om Namo Bhagavate Vasudevaya

हरे कृष्णा हरे कृष्णा = hare krsna hare krsna
कृष्णा कृष्णा हरे हरे = krsna krsna hare hare
हरे राम हरे राम = hare rama hare rama
राम राम हरे हरे = rama rama hare hare